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Na última convocação da seleção brasileira antes da lista final para a Copa do Mundo, dois nomes chamaram a atenção nesta sexta-feira: os zagueiros Bremer, da Juventus, e Ibañez, da Roma. Os dois nunca haviam sido chamados por Tite e surgem agora com potencial para ir ao Mundial do Catar. Sobre o jogador da Roma, o técnico ressaltou sua versatilidade e capacidade de atuar na lateral-direita - uma posição que tira o sono da comissão técnica.

"Acompanhamos seus jogos e já na outra convocação eu busquei um contato com o Mourinho (técnico da Roma). Ele foi extremamente solícito, nós conversamos, colocamos o grande momento dele", disse Tite.

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O treinador exaltou as opções táticas que terá com o zagueiro da Roma. "Jogando com linha de três, jogando com linha de quatro, tem essas duas possibilidades. Algumas, ele até funcionou como lateral. Tem toda essa versatilidade, essa preparação, esse melhor momento. Esse crescimento e consolidação do atleta são fundamentais", considerou, ao justificar a convocação.

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Sobre Bremer, Tite lembrou as duas últimas edições do Campeonato Italiano e, agora, a chegada do jogador à Juventus. "Nos últimos dois Campeonatos Italianos, ele foi o melhor zagueiro, melhor defensor. Fez a transferência do Torino para a Juventus agora, está fazendo um belo campeonato de novo", disse.

Por fim, o técnico da seleção resumiu o perfil dos dois novos convocados. "É uma escola italiana com o (Massimiliano) Allegri e com o (José) Mourinho, que é bastante exigente nas ações defensivas", pontuou.

Aquela máxima de que a seleção brasileira tem 200 milhões de treinadores, desta vez, parece ter encontrado correspondência na realidade. Exaltado por torcedores de todos os times, o atacante Pedro, do Flamengo, foi finalmente convocado pelo técnico Tite. O jogador, definido pelo comandante da seleção nesta sexta-feira como "o Fred atual", enfrentará Gana e Tunísia e está muito perto de ir à Copa do Mundo do Catar.

O jogador foi um dos últimos a ser anunciado por Tite, mas na coletiva de imprensa que a comissão técnica concedeu logo após o anúncio da lista ele acabou sendo o assunto mais abordado.

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"No primeiro jogo, quando eu assumi, eu ficava ouvindo (que tinha que convocar) o Jefferson, do Botafogo, no meu ouvido o tempo todo. Agora nesta última era o Pedro", lembrou Tite, na primeira das mais de cinco perguntas feitas sobre o atacante do Flamengo. "O Pedro já fez parte, a gente já convocou. Ele estava convocado no lugar do Richarlison, mas depois se machucou, teve aquele problema no joelho", recordou Tite, citando uma convocação para amistosos feita logo após a Copa do Mundo da Rússia.

Sobre o goleador do Flamengo, Tite o definiu como "um nove terminal" e o comparou a outro atacante que teve passagem pela seleção brasileira na década passada e na Copa do Mundo de 2006. "Ele é o jogador da última bola, o jogador da conclusão, ele é o Fred atual. Vamos colocar dessa forma", considerou.

Mais tarde, o treinador voltou a comparar Pedro com o ex-atacante do Fluminense, que deixou os gramados este ano. E aproveitou para fazer analogia de outros dois convocados com um ex-atacante da seleção, do Guarani e do Palmeiras. "O Pedro é mais Fred. O Matheus Cunha ou o Firmino estão mais para Evair, um dez que jogava de nove também."

O técnico Tite faz nesta sexta-feira a segunda convocação mais importante do ano da seleção brasileira. A partir das 11h, o treinador e sua comissão técnica anunciam a lista de jogadores para os amistosos com Gana e Tunísia. E a expectativa pela divulgação dos nomes só não é maior do que aquela marcada para o próximo mês, quando serão conhecidos os 26 jogadores que irão representar o País na Copa do Mundo do Catar.

A lista é muito aguardada porque será a última chance de quem ainda não foi convocado - ou não é chamado há um bom tempo. No mês passado, Tite afirmou em entrevista exclusiva ao Estadão que ele já tinha "80% ou 85%" do grupo da Copa definido. E será na observação dos amistosos com as seleções africanas, nos próximos dias 23 e 27, que o treinador irá bater o martelo sobre os outros 15% ou 20%.

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O nome mais aguardado é o do atacante Pedro, que vive grande fase no Flamengo. Ele teve o nome especulado na última convocação, e ganhou ainda mais força após a confirmação de que as equipes poderão contar com 26 atletas no Mundial do Catar, três a mais do que o habitual. A comissão técnica já definiu que dois desses nomes serão de jogadores de frente.

"A expectativa é boa. Vou continuar trabalhando (e sei) que as portas vão se abrir na seleção brasileira", disse Pedro, logo após o jogo de quarta-feira contra o Velez, pelas semifinais da Libertadores. No agregado, o time rubro-negro venceu os argentinos por 6 a 1, com quatro gols do atacante.

Quem também pode aparecer no ataque é Rodrygo, em alta no Real Madrid. No sábado, ele fez o gol da vitória por 2 a 1 do time merengue sobre o Betis - o outro gol fora marcado por Vinicius Junior, praticamente garantido no Mundial do Catar.

Após aquela partida, o técnico Carlo Ancelotti - de quem Tite é fã declarado - afirmou que Rodrygo é "um jogador para todos os momentos" e que "pode jogar em todas as posições", justamente o perfil buscado pela comissão técnica brasileira.

Outra posição que pode reservar alguma surpresa é a lateral-direita. Apesar de Daniel Alves ser dado quase como certo no Catar, o momento do jogador causa preocupação na seleção. Ele migrou para o futebol mexicano neste segundo semestre e tem tido atuações irregulares. Sua melhor partida foi na quarta-feira, quando venceu a primeira em oito jogos com o Pumas. No jogo, o lateral deu uma bonita assistência na vitória por 4 a 1 sobre o lanterna Querétaro.

Entre os nomes para a lateral-direita cotados para os amistosos com Gana e Tunísia estão o do palmeirense Marcos Rocha e o do flamenguista Rodinei. Por muito tempo o lateral rubro-negro foi visto com desdém pelos torcedores, mas nesta temporada ele vem tendo atuações seguras e se acertou com a chegada de Dorival Junior.

Adenor Bachi, o Tite, não se reinventa. O técnico da seleção brasileira considera que se molda, se adapta e se ajusta de acordo com as circunstâncias. Mas há um posicionamento imutável do treinador de 61 anos prestes a disputar a sua segunda Copa do Mundo consecutiva: a decisão de evitar detalhar a sua posição política enquanto estiver no cargo da seleção mais campeã da história do futebol mundial e a certeza de que não irá a Brasília depois das eleições para presidente, seja quem for o novo comandante da nação, e do torneio no Catar caso o Brasil conquiste o hexa. "O direito que eu me dou é dar o melhor no trabalho e a seleção brasileira é um patrimônio cultural e educacional, não é partidário", afirma.

O Estadão conversou com Tite e o membro mais importante de seu núcleo duro, o auxiliar Cléber Xavier, durante uma hora em São Paulo nesta semana. Eles estão juntos há 21 anos e dividem tudo, inclusive as respostas. Tite tem sempre a última palavra, mas ouve seu parceiro com muita atenção. Cléber é persuasivo. Tite é sedutor. A dupla corre o Brasil para suas últimas entrevistas. Eles falaram sobre bola e campo, mas também sobre política, família, Neymar e futuro. O treinador reafirmou que vai usar o próximo ano - ou parte dele, que seja - para descansar, namorar a mulher e se aprofundar nos estudos.

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Disse ainda crer que o torcedor não está distante da seleção, pelo menos os mais jovens, contou que Neymar está mais motivado e preparado para liderar o Brasil no Catar e revelou o momento mais complicado de sua trajetória à frente da seleção desde que assumiu o cargo na metade de 2016. "Foi o momento em que foi feito o convite para eu permanecer no cargo após o Mundial da Rússia porque eu sabia, enquanto trajetória, que ser campeão é legal, mas se não for 'a carne vai cortar'". Tite disputou a Copa de 2018 e perdeu nas quartas de final para a Bélgica.

O treinador também respondeu sobre a lista final para o Mundial do Catar e reforçou que duas das três vagas a mais liberadas pela Fifa serão ocupadas por jogadores do ataque, o setor mais concorrido. Hoje, segundo Tite, o grupo está "80 ou 85%" definido, mas essa porcentagem pode e deve mudar. Por isso, ele tem um leque ampliado de atletas observados. São 45 jogadores no radar. Destes, 26 serão convocados no dia 7 de novembro. A lista enviada à Fifa pode ser alterada até o dia 14. Serão apenas dez dias de preparação antes da estreia contra a Sérvia, dia 24. Parte desse trabalho será na Itália, a primeira parada de Tite antes de chegar ao Catar.

Você já disse que não vai continuar na seleção após a Copa, independentemente do que acontecer no Catar. Onde você estará no ano que vem?

Tite: Em 2023, a dona Rosmari, minha mulher, vai ter toda a preferência. Tem um momento que ele é familiar, tem um momento em que a gente tem de dar uma pausa porque a trajetória profissional é extraordinária, mas também absorve bastante. Vou dar um tempo para a família e vou dar um tempo para estudos. Eu vou dar um tempo para a reorganização, mas segundo o meu filho, não vai passar de dois meses. Minha mulher vai me jogar para fora do apartamento (risos). E eu não vou me aposentar.

Você vai continuar sendo treinador de futebol e vai escolher a melhor proposta depois desse descanso. Essa é a ideia?

Tite: Sim. Essa é a ideia já preestabelecida e maturada. Eu externei isso para comissão técnica um ano e meio atrás, depois externei para as pessoas de forma pública que não sabiam, os atletas já são sabedores. São aqueles ciclos normais e naturais da vida de qualquer profissional. Eles acontecem e isso vai acontecer também.

Mas pelo nível que alcançou, pelos títulos que têm, não está nos seus planos voltar ao Brasil no ano que vem? A ideia é continuar em alguma seleção ou assumir algum clube na Europa?

Tite: Para o futebol brasileiro, não. O ano de 2023 será de estudo. Será o momento de reciclagem, de observação e de readaptação. Eu não gosto de usar o termo reinventar porque eu não me reinvento, eu me modelo, me moldo e me ajusto. Agora meu foco é voltado para a Copa.

Quando surgem propostas para o Tite, vocês decidem juntos para onde vão? Como funciona isso?

Cléber: É uma decisão dele, em primeiro lugar. Sempre foi assim. Em alguns momentos, ele me pede opinião porque estamos há 21 anos juntos. Para nós, o mais importante agora é focar na seleção e na Copa. Depois, vamos descansar como a gente fez em 2014, quando estava no Corinthians. O futuro fica para depois. A decisão tomada e já comunicada é não continuar na seleção.

Vivemos em um País no qual a política está em efervescência, sobretudo agora, às vésperas da eleição para presidente. Por que a comunidade do futebol não se envolve em política?

Tite: Democraticamente, a gente deve respeitar as posições de cada um. E, democraticamente, a gente tem de respeitar as opiniões de não emitir opiniões. O que eu entendo de futebol? Que cada pessoa, individualmente, tem todo o direito de se manifestar no seu particular. Se eu externar as minhas preferências ou aquilo que eu entendo no aspecto político, vou estar expondo o meu cargo ainda estando técnico da seleção brasileira e daqui a pouco ele reverbera mais e eu não me dou esse direito. O direito que me dou é dar o melhor no trabalho e a seleção brasileira é um patrimônio cultural e educacional, não é partidário. Então, devo ter essas percepções educacionais de que forma ética o técnico se comporta e de que forma que nós, enquanto comissão técnica, nos conduzimos. E não fazer do cargo que ocupo alguma coisa que possa ecoar mais. Eu tenho noção exata de que o técnico da seleção ecoa mais do que o Adenor. O Adenor tem a sua voz e o seu voto, mas na seleção ele vai ter de ter a grandeza de fazer o melhor trabalho possível em cima da responsabilidade de trazer uma Copa de volta. Essa é a essência. Faço das minhas as palavras do Marquinhos (zagueiro): que cada um se manifeste. Essa é a minha opinião. Manifeste-se no seu particular e vamos colocar na seleção a vontade, o ânimo, a dedicação, a competência e o amor para chegar na final como o primeiro objetivo e para sermos campeão depois. Talvez o nosso comportamental fale mais do que qualquer palavra.

Cléber: Eu não sei por que os atletas de futebol não se manifestam, não posso falar pelos outros. Eu posso falar por mim, tenho as minhas posições e elas sempre foram claras. Quem é meu amigo e me acompanha, sabe como me posiciono. Mas a partir do momento em que a gente chega à seleção, parei porque a gente chega num momento muito difícil e o foco foi essa busca pelo trabalho. O Brasil entra numa turbulência política e a gente resolve ficar trabalhando em cima do nosso objetivo, fazendo futebol, esse grande caminho para a educação, que é o que a gente entende, mas não nos manifestamos para não criar mais burburinho e uma saída de foco. Continuo me posicionando no meu íntimo, dando o meu voto àquelas pessoas que acredito que vão me representar no quesito político, mas não me posiciono abertamente.

Vocês ficariam desconfortáveis de desfilar em Brasília, caso o Brasil ganhe o hexa após as eleições para presidente, como aconteceu em 2002, depois do penta?

Tite: Eu dei uma resposta em 2017 e ela continua a mesma. Quando o presidente era o (Michel) Temer, disse que não iria nem na ida nem na volta, se perdesse ou ganhasse. Às vezes, com o tempo, a gente a gente modifica, reformata algumas posições, mas essa resposta continua a mesma.

Um dos maiores símbolos da seleção sempre foi a camisa amarelinha. Hoje, existe a impressão de que ela foi apropriada por um grupo político (do presidente Jair Bolsonaro). É comum ver nas ruas pessoas falando que não vão usar a camisa do Brasil. Não te incomoda ver um símbolo tão importante da seleção ser politizado dessa maneira?

Tite: Eu tenho visto que, por parte de uma geração mais jovem, de crianças e adolescentes, essa situação não vinga. Ela é do amor pela seleção, verdadeiramente da torcida. Quando o cara está mais cascudo, já com a cabeça feita, ele está com os seus caminhos, está preestabelecido e fica de boa. Eu quero ficar voltado a esse simbolismo da criança de ser um exemplo educacional, de ser exemplo do esporte como uma ferramenta em que tu possas ser melhor que o adversário, mais competente, como uma série de valores porque fui educado no esporte dessa forma, de ter essas percepções e entender que para essa garotada mais jovem esse simbolismo não existe.

Cléber: A camisa da seleção tem uma representatividade no mundo inteiro. A camisa da seleção é da seleção e é de todos os brasileiros. Ela não representa um grupo A ou B. Eu penso dessa maneira.

A Copa do Catar, ao contrário de todas as outras anteriores, começa em novembro. O fato de a seleção não ser usada politicamente porque a Copa só vai acontecer depois da eleição te tranquiliza?

Tite: Esse assunto não me pertence, enquanto o foco é o Mundial. Eu tenho duas coisas paralelas extraordinárias. Então imagina se eu vou gastar energia, se eu vou gastar o meu foco de atenção a não acompanhar devidamente os atletas, a não falar sobre o esporte? Eu sei, sim, da responsabilidade social, sei o quanto politicamente é importante, tenho noção exata, não sou alienado do quanto nós podemos ter um Brasil com oportunidades e uma equidade maior. Tenho consciência exata, mas sei colocar isso no seu plano e sei da responsabilidade em cima do foco no futebol que é a minha essência.

O que fez a seleção se afastar do torcedor e como trazer esse torcedor de volta?

Tite: Será que está mesmo distante? Eu, enquanto jovem, tinha esse envolvimento com a seleção e continuo sentindo o envolvimento do jovem. Não sinto em outro segmento. Fui em dois jogos no Allianz Parque e fiquei extremamente feliz de ver que todas as pessoas com quem tive contato estavam falando da seleção e da Copa e o quanto estavam engajadas. Há, sim, uma faixa etária que continua ligada à seleção. Nós é que crescemos e nos afastamos. Eu aprendi que o torcedor torce primeiro para o seu clube e quer ter um jogador do time dele na seleção. Eu era assim. Queria um gaúcho na seleção. E te confesso que quando jogaram seleção gaúcha contra a seleção nacional, torci para a gaúcha. Conto essas histórias não para me tornar herói, mas para gerar conexões com as pessoas. E um detalhe: quando chega perto da Copa, há uma atmosfera diferente, tal qual senti do torcedor palmeirense no Allianz. Talvez porque é o melhor momento da seleção dentro desse ciclo de preparação.

Qual foi o momento mais difícil durante esse ciclo que terminará no Catar?

Tite: Foi o momento em que foi feito o convite para eu permanecer no cargo. Naquele momento, pensei que eram quatro anos de trabalho e, dos últimos 13 trabalhos, é apenas o quinto que a gente começa e vai para a Copa fazendo todo o processo juntos. Foram duas vezes com Zagallo, uma vez com o Parreira e uma vez com Dunga. E agora nós temos a oportunidade desse trabalho com início, meio e fim. Poxa, são quatro anos numa coisa extraordinária, o máximo que um profissional quer é ser técnico de futebol da seleção brasileira, mas ao mesmo tempo ele te traz exposição, exposição da família, uma série de aspectos que te drenam, te absorvem. Eu fiquei refletindo, conversei com a comissão técnica, conversei com a minha família. Aquele foi o momento mais difícil porque sabia, enquanto trajetória, que sendo campeão seria legal, mas se não for 'a carne vai cortar'. Essa exposição acaba sendo inevitável. Concordar nesse momento foi o momento mais difícil.

Vocês tiveram um ciclo inteiro desta vez à frente da seleção. O que mais mudou em vocês em relação à última Copa?

Tite: O próprio ciclo permitiu mais segurança, uma relação pessoal maior de confiança com os atletas porque a relação de confiança é passar por momentos difíceis e bons e saber que tipo de conduta se tem. A confiança se estabelece com o nível de conhecimento que as pessoas têm. O atleta sabe que nível de conhecimento a comissão tem, ele sabe as relações pessoais que se estabelecem. Isso gera uma confiança maior, além de que, no aspecto técnico e tático, a gente pôde oportunizar sistemas diferentes e atletas num número maior diferente que o ciclo anterior.

Um dos momentos mais tensos na sua trajetória à frente da seleção foi a disputa da Copa América com mudança de sede para o Brasil em meio à pandemia de covid-19. Houve até um manifesto dos jogadores naquela ocasião. Como foi controlar aquela situação?

Tite: Conseguimos controlar dentro do ambiente, com transparência. A gente queria priorizar os dois jogos das Eliminatórias importantes, contra o Equador em Porto Alegre e diante do Paraguai fora, para depois nos manifestarmos publicamente. Os atletas têm liberdade. Eu não tenho absolutamente nenhuma pretensão de direcionar qualquer comportamento e manifestação dos atletas. Antes dessa manifestação houve uma reunião com seis atletas-lideranças da equipe comigo e com o Juninho (Paulista, coordenador) para que nos manifestássemos diretamente ao (então) presidente (da CBF, Rogério Caboclo) para que não acontecesse a Copa América no Brasil pelo constrangimento que nós estávamos tendo em relação ao número de mortes que estavam acontecendo e em relação ao momento e à situação toda. Isso tudo foi colocado. Isso tudo foi manifestado, inclusive logo após o jogo por parte de alguns atletas, mas anteriormente também já tínhamos falado. Se fosse determinado que jogássemos, a gente iria fazer da melhor maneira possível.

O que vocês vão dizer para os atletas que não forem convocados para a Copa?

Tite: Já estou falando, como forma de respeito e acompanhamento de todos. Eu trago a minha experiência enquanto ex-atleta. Quando eu era atleta, eu entendia que é do jogo escolher os titulares e os atletas que ficam no banco, mas quero que tenha comigo o mesmo respeito pessoal e o mesmo treinamento, aí eu tinha respeito com o técnico. Eu trago esse legado comigo como técnico. Carlos Alberto Silva foi um exemplo no Guarani. Ele dizia: 'respeita o ser humano, depois o profissional pode escolher, é sua atribuição'. O atleta sabe disso. A esses outros que não forem para a Copa, o meu respeito. Eu fico constantemente reconhecendo o trabalho dos atletas que não estão sendo convocados. Eles (membros da comissão técnica) que preparem a espada porque eu digo que a gente esgrima ideias ou quebra pau.

Cléber: A gente tem uma lista larga de 45 nomes no momento, considerando a convocação para os jogos amistosos com Gana e Tunísia em setembro. Estamos trabalhando e observando os atletas aqui do Brasil, em jogos da Libertadores, Copa do Brasil e do Brasileirão. Já retomamos as visitas à Europa. O Tite e o Juninho vão agora para Europa acompanhar PSG e o Arsenal. Depois a gente se encontra na CBF para discutir a rodada do fim de semana, cada atleta, as observações e cada um coloca sua posição. A partir disso, a lista vai diminuindo até que a gente defina os 26. No dia 21 de outubro, entregamos a lista de até 55 atletas, no dia 7 de novembro faremos a convocação final e no dia 14, a confirmação dessa lista. Compete a nós reconhecer o trabalho dos que não estão sendo convocados para que eles se sintam pertencentes. Todos eles se sentem pertencentes porque a gente manda mensagem de WhatsApp elogiando e fazendo comentário para manter essa relação. A gente faz visitas, ligações, chamadas de vídeo. Todos eles se sentem no grupo de 26. Até porque ninguém sabe o que vai acontecer nos dez dias de preparação. Às vezes um atleta tem uma lesão ou chega num condicionamento que não é o melhor. Eles sabem disso e a coisa rola naturalmente.

Além do aspecto técnico, o que vocês mais consideram na hora de fechar a lista final?

Tite: Tem uma série de componentes importantes. Estar na forma física e clínica ideal. Para a outra Copa, foram 27 dias de preparação. Nessa do Catar, jogamos com cinco dias e com dez dias no máximo de preparação. Não tem tempo de recuperação, ou se faz uma prevenção anterior, ou uma antecipação do condicionamento físico e técnico dos atletas nos seus clubes. Nós assistimos a treinos, jogos e temos contatos com os jogadores. O fisiologista, o médico e o preparador físico estão monitorando essa situação anterior porque o tempo é exíguo. Tem de se preparar antes e não vem dizer para mim depois que 'ah, eu gosto de ganhar'. Quem não gosta de ganhar em alto nível? A pergunta que se faz é: tu gostas de te preparar? Esse é um momento de preparação.

Qual a porcentagem da lista definida dos atletas para a Copa?

Tite: Se fosse hoje, teria 80% ou 85%, mas temos de pontuar a palavra do nosso preparador físico, o Fábio Mahseredjian. Ele disse essa semana: 'aumente o leque de observações porque tenho um receio muito grande que nós percamos atletas em função da exigência física das competições, do desgaste que está acontecendo. Eu não quero que isso aconteça, mas nós, enquanto comissão técnica, temos de nos preparar para essa situação, então ampliem a observação para ficarem seguros nesse aspecto'.

Cléber: Tem uma porcentagem, mas a gente não conta, não fica focado nisso. A gente está focado nos 45 atletas que hoje estão brigando por uma definição dessa competição. E tem o exemplo da Copa passada. Perdemos o Daniel Alves, que era um líder, perdemos o Douglas Costa, o Neymar estava numa situação abaixo do seu 100%, assim como o Fred e o Renato Augusto. Tem esse aspecto preventivo.

Será uma Copa diferente em vários aspectos. O Brasil chegará forte, mas as outras seleções também. Como os amistosos contra Gana e Tunísia podem ajudar a seleção brasileira? O que podem acrescentar?

Tite: Não sei como as pessoas não compreendem ainda que não é por vontade nossa que não enfrentamos as grandes seleções. As pessoas ficam recorrentes nessa pergunta. Nós queremos jogar contra a Itália, a Inglaterra, mas o calendário não nos permite.

Cléber: No mundo ideal, a gente gostaria de enfrentar uma grande seleção europeia, mas o calendário deles não permite, e o jogo contra a Argentina, que demorou para ser definido que não haveria, retardou a nossa programação. Conseguimos amistosos contra duas seleções africanas que estão na Copa, da África Negra, com uma característica, e outra da África Branca, com outra característica interessante. Gana pode ser adversário nosso no mata-mata. Se a gente pensar que são seleções menores, a gente não pode esquecer que Sérvia e Suíça, que estão no nosso grupo, eliminaram a Itália. Gana e Tunísia estão na Copa e vão oferecer dificuldades para nós. Vai ser um bom enfrentamento para a gente, por isso o nosso foco em cima desses jogos.

Como vão administrar as três vagas a mais? O ataque será a prioridade?

Tite: O ataque, predominantemente, terá duas das três vagas. Quando falo de ataque, falo da criação também e da conclusão porque há uma geração muito grande de atletas surgindo. São pontas e externos. Ter jogadores com essas opções, como Anthony, Rafinha, Vinícius, Rodrygo, Martinelli, Dudu, David Neres, Richarlison, Gabriel Jesus, é muito bom. A outra vaga, vamos analisar dentro da necessidade. Um jogador versátil, que possa jogar como zagueiro e lateral, ou um meio-campista que possa atuar como zagueiro.

O que traz de lição da Rússia e como vai administrar o extracampo durante o período no Catar?

Tite: No meu modo de ver, humanamente falando, eu não consigo conceber se alijar da família e como isso seja proveitoso. Eu vejo como ela potencializa as atividades. Com as minhas próprias experiências dentro dos clubes por onde passei, tenho histórias para contar. Durante o Mundial, pelo Corinthians, dois andares acima estava a família toda. Na Libertadores, não concentrava com os jogadores, ficava em casa. A relação de respeito e de confiança a gente constrói ao longo do tempo. Na Copa da Rússia, naquela parte onde é reservada para nós, não havia entrada de absolutamente ninguém que não fosse do trabalho. Quem fala o contrário é mentiroso. Eu falo porque estava lá e posso falar de cadeira. Palavra de honra, as famílias que entravam era nos momentos à noite, num grande salão, quando podiam nos visitar. Veio meu neto, minha nora. A gente perdeu por outros motivos. Mas é claro que é preciso fazer ajustes. Em relação aos treinamentos, por exemplo, havia familiares de jogadores gravando, enquanto a imprensa não podia. Esses ajustes têm de ser feitos.

Quem você indicaria para te substituir no comando da seleção após a Copa?

Tite: Não sou o melhor conselheiro e não me permito eticamente fazer esse tipo de comentário.

Sua mãe morreu em 2019. Como lidou com essa perda?

Tite: Eu tenho 61 anos e vou chegar aos 80, mas a lacuna do pai e da mãe permanecem. É uma coisa atemporal. Quero fazer uma lembrança carinhosa do meu pai. Ele foi meu primeiro técnico, me colocou como quarto homem de meio-campo. Eu vi uma imagem hoje minha olhando para o céu. Estava olhando e pensando para ter uma inspiração. Quero ter essa espiritualidade, ter a mãe e o pai próximos. Tem um carinho e uma dimensão dos familiares e das pessoas que a gente representa. É independente de resultado, é do processo e não só do resultado final.

Como quer ser lembrado depois que deixar a seleção?

Tite: Como um cara do bem.

A partida entre Brasil e Argentina, prevista para acontecer em setembro deste ano, foi cancelada a pedido do técnico Tite ao presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. Com isso, foi enviada uma solicitação formal à FIFA, entidade máxima do futebol. A informação é do jornalista Pedro Ivo Almeida, da ESPN.

Um dos motivos por trás do pedido foi a preocupação com uma possível suspensão de algum jogador durante a partida. Caso acontecesse, o atleta em questão poderia desfalcar a seleção durante a Copa do Mundo, que acontece em novembro deste ano.

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Inicialmente, o confronto, válido pelas eliminatórias da Copa do Mundo 2022, estava previsto para acontecer em 5 de setembro de 2021. Mas, devido à invasão dos fiscais da Anvisa ao gramado, o duelo acabou sendo remarcado para 22 de setembro deste ano.

O clássico interestadual entre Corinthians e Flamengo, que definirá um dos brasileiros semifinalistas da Copa Libertadores, terá um espectador importante. Tite estará na Neo Química Arena para assistir à partida desta terça-feira e analisar nomes que estão no seu radar para a seleção brasileira.

No estádio em que viveu momentos memoráveis pelo Corinthians e ergueu taças importantes, Tite terá a companhia do auxiliar César Sampaio. Na quarta-feira, o auxiliar Matheus Bachi e o analista de desempenho Bruno Baquete estarão no Mineirão para ver Palmeiras x Atlético-MG.

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A menos de quatro meses para a Copa do Mundo do Catar, será cada vez mais comum ver o técnico e seus auxiliares em estádios no Brasil e no exterior. Na semana passada, Tite assistiu no Maracanã ao empate sem gols entre Flamengo x Athletico-PR, pelas quartas de final da Copa do Brasil.

A última vez que esteve na Neo Química Arena foi em junho passado, ocasião em que acompanhou Corinthians 1 x 0 Goiás, pela 13ª rodada do Brasileirão.

Na Neo Química Arena, Tite vai observar Fagner, que é quem mais tem chance de ser convocado do elenco corintiano, mesmo que não seja chamado desde 2019. O veterano lateral-direito jogou a Copa da Rússia, em 2018, e o treinador admitiu, em entrevista recente, que o atleta é um dos que o técnico "sempre tem acompanhado e buscado, dentro daquele hall de atletas selecionados".

Do Flamengo, Everton Ribeiro e Gabriel receberam várias oportunidades nesse ciclo para a Copa do Catar, e Pedro voltou a ganhar força para figurar na lista dos 26 convocados da seleção brasileira com a sequência goleadora que emendou sob o comando de Dorival Júnior.

Na avaliação do técnico da seleção, Pedro é um "9 diferente" em relação aos seus concorrentes - Gabriel Jesus, Matheus Cunha, Richarlison e Firmino, entre outros. "Ele tem essas virtudes, de proteção, de uma tabela curta, de preparação da jogada. É um "9" específico, fincado, atacante que não sai muito da área, esse jogador é o Pedro", explicou o treinador.

A próxima convocação será apenas em setembro, mês da última Data Fifa antes do Mundial do Catar. Tite convocará o Brasil para o duelo com a Argentina, o famoso "Clássico da Anvisa". Trata-se daquele jogo interrompido logo aos 5 minutos, quando agentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária entraram no gramado da Neo Química Arena por conta da entrada irregular de alguns jogadores argentinos no País.

Também está previsto mais um amistoso contra um rival que ainda não foi definido. O Brasil estreia na Copa do Mundo no dia 24 de novembro, contra a Sérvia.

O ex-presidente e pré-candidato à presidência da República, Lula prestou solodariedade, por meio de suas redes sociais, neste domingo (31), aos atores Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso pela opisódio de racismo sofrido pelos filhos do casal, Tite e Bless. 

As crianças foram e uma família de angolanos que estavam no mesmo restaurante que eles , em Portugal, foram xingados por uma mulher branca. A mulher teria dito que eles "voltassem para a África" e os chamou de “pretos imundos”. 

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Na sua postagem, o petista disse que "nenhuma mãe ou pai merece ver seus filhos sendo vítimas de xingamentos racistas". Ele também prestou solidariedade aos angolanos ofendidos e fanalizou afirmando: "vamos construir um mundo sem racismo". 

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Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver Giovanna Ewbank reagindo aos insultos. Bruno chamou a polícia e mulher foi conduzida a uma delegacia, mas logo depois foi liberada.

Tite revelou em entrevista ao jornal inglês The Guardian que recebeu contatos de Real Madrid, Paris Saint-Germain e Sporting enquanto esteve no comando da seleção brasileira nos últimos anos. O treinador disse que todas as tentativas dos clubes europeus foram rechaçadas porque ele queria focar no seu trabalho na seleção brasileira.

"Sim, (recebi propostas de) Real Madrid e Sporting. O que eu gosto é quando um clube europeu tem interesse em um profissional, há uma conversa para explicar o que eles precisam. Isso é muito legal. Houve um outro clube que quis falar comigo e eu disse não: o PSG (em 2018). Não quero abrir a possibilidade de algo. Eu quero focar no meu trabalho. Depois, é outra história", contou.

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"Na Copa do Mundo (antes da ediçaõ de 2018), eles (Real Madrid) disseram que queriam conversar e eu disse não, não vou falar, não chegue perto. Quero estar em paz comigo e com o meu trabalho. Estou dando o meu melhor. Quando você faz algo em paralelo, isso não está sendo feito ao máximo. Recebi ofertas do Real Madrid, PSG e Sporting. Mas eu não queria isso. Eu quero ganhar a Copa do Mundo. Depois da Copa do Mundo, vou decidir meu futuro".

O treinador também disse que não deve voltar ao futebol brasileiro após a disputa da Copa do Mundo e planeja entrar no mercado europeu após um ano sabático para curtir a família. "Se você ganhar a Copa do Mundo, você tem um mercado aberto. Você pode escolher. Não vou mentir: minha ideia definitivamente não é trabalhar no Brasil. Eu quero passar um ano sabático com a minha família, estudar, não ter nenhuma responsabilidade porque ela é muito grande. Se chegar algo de fora, vai acontecer. Agora tenho a responsabilidade e o prazer de ser técnico da seleção brasileira".

Tite, que já anunciou sua despedida da seleção brasileira após a Copa do Mundo deste ano, também citou números do seu trabalho no comando da seleção brasileira, como as duas finais da Copa América, com o título em 2019 e o vice no ano passado, além da campanha recordista de pontos nas Eliminatórias Sul-Americanas para o Mundial. O objetivo final, claro, é o Mundial do Catar.

"Chegamos à Copa do Mundo. Agora é hora de chegar à final e ser campeão. Essa é a verdade. Na última Copa, eu fui técnico por outras circunstâncias (demissão de Dunga). Agora tive a oportunidade de fazer o ciclo completo de quatro anos. As expectativas são altas, mas o foco está no trabalho".

Questionado se Neymar continua sendo o principal jogador da seleção brasileira ou se chegou o momento de Vinícius Júnior, Tite voltou a mostrar confiança no astro do PSG e explicar sua importância para os jovens jogadores. "Neymar é Neymar. Ele continua sendo nossa maior estrela. A diferença agora é que esse brilho está diluído entre outras que também podem brilhar. A grandeza de Neymar é que ele entende isso – sobre o crescimento destes jovens. Ele encoraja os meninos a subir de nível. O tempo e a experiência proporcionam essa maturidade".

O técnico Tite afirmou neste domingo que é contra marcar amistoso da seleção brasileira às vésperas da Copa do Mundo deste ano, marcada para novembro e dezembro. O treinador acredita que o risco de lesões é maior do que os possíveis benefícios numa partida eventualmente marcada para cinco dias antes da abertura do Mundial.

"Eu disse: cinco dias antes da Copa vamos fazer amistoso e eles (ex-jogadores) me olharam e foram indo para trás. O risco de lesão supera o benefício técnico e tático quando é muito próximo. Se é pra ser, tem que ser nove ou dez dias antes, por exemplo, como o jogo que o Peru vai fazer. Muito próximo, a cabeça não funciona, e quando não funciona, o corpo não funciona. Para mim, a resposta é não

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Após golear a Coreia do Sul por 5 a 1, na quinta-feira, o Brasil fará amistoso com Japão nesta segunda-feira, às 7h20, pelo horário de Brasília. Depois desta Data Fifa, a seleção deve fazer mais dois amistosos em setembro. Havia ainda a possibilidade de um amistoso ser realizado a uma semana da Copa, em novembro.

Para os jogos de setembro, está agendada apenas a partida com a Argentina, no dia 21, no famoso "Clássico da Anvisa". Trata-se daquele jogo interrompido logo aos 5 minutos, quando agentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária entraram no gramado da Neo Química Arena, em São Paulo, por conta da entrada irregular de alguns jogadores argentinos no País.

A partida era válida pelas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo. E, de acordo com a Fifa, ainda precisará ser disputado, embora não vá interferir na tabela final da competição, que terminou com o Brasil em primeiro e a Argentina, em segundo. A CBF ainda deve definir mais um adversário para o Brasil em setembro.

Estes dois amistosos serão a última chance para os jogadores que ainda sonham em defender a seleção na Copa do Catar. Também neste domingo, Tite garantiu que o grupo ainda está aberto, tanto para a lista final de possíveis 26 convocados (a Fifa ainda não oficializou a ampliação da relação) quando para os 11 titulares.

"Ainda não tenho escalação, a equipe está aberta, não só a convocação final, mas a equipe titular está aberta também. Os níveis apresentados pelos atletas deixam a comissão com a cabeça... boa", disse Tite, bem-humorado sobre a possível "dor de cabeça" ao definir os convocados na lista final. "Pelo desempenho bom e pela competitividade de cada um... Talvez nos último estágio, nos últimos jogos e treinamentos, buscaremos a sintonia fina, mas estamos numa fase anterior a essa ainda."

Tite citou Renan Lodi, Arthur, Gerson, entre outros, para confirmar que segue monitorando jogadores para a convocação final, ainda sem data certa para acontecer. "Não esquecemos o Renan Lodi, não esquecemos o Arthur, não esquecemos Gerson, não. Tem cinco meses até a Copa. A gente não esqueceu o Firmino, o Douglas Luiz, o Emerson, o Lucas Veríssimo, o Rodrigo Caio. O trabalho de bastidor lá fora (continua), temos que estar ligados para estes 45, 50 jogadores", declarou.

Se em 2002 a seleção brasileira faturou o pentacampeonato com a "família Scolari", o time nacional comandado por Tite quer, 20 anos depois, sonhar com o título da Copa do Mundo do Catar na base da "equipe solidária". É neste clima de união que o treinador pretende orientar o time na reta final da preparação para o Mundial marcado para novembro e dezembro deste ano.

No amistoso com a Coreia do Sul, na quinta-feira, o lado solidário foi a marca do time em campo, na avaliação do próprio Tite. "Quando o atleta entra com o aspecto solidário que teve o Gabriel Jesus... Antes de marcar o gol, ele baixou (a linha) duas ou três vezes e fez cobertura de bola do outro lado, depois chegou na frente", comentou.

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Para o treinador, o esforço e a disposição dos jogadores em campo é reflexo direto da amizade fora dos gramados. "É porque eles se gostam. E quando tem um time que se gosta, que tem amizade, ele está muito mais perto de fazer algo a mais", afirmou.

Esse "algo a mais" pode ser um passe mais preciso, uma corrida mais forte para alcançar a bola, a assistência decisiva. "É conhecer o que é o futebol. Quando tu está propenso a fazer uma cobertura, uma relação está se formando no grupo. Temos uma equipe bastante solidária."

A solidariedade, na avaliação do técnico, foi vista em campo também no empenho daqueles que estiveram na final da Liga dos Campeões, no sábado passado. O volante Casemiro, do Real Madrid, chegou a ser titular na quinta, apenas dois dias após se apresentar ao time nacional, apesar da temporada desgastante e da viagem longa até Seul. Outros entraram somente no segundo tempo e não deixaram o nível de atuação da seleção baixar.

Faltando cinco meses para a Copa do Mundo, o técnico aposta neste esforço extra dos atletas para consolidar a amizade do grupo na busca por acertar os detalhes da seleção e fortalecer o entrosamento. A boa relação dentro do elenco pôde ser constatada no fim de semana, quando os jogadores aproveitaram horas de folga juntos em passeios pela capital sul-coreana e até uma visita a um parque de diversões.

Tite se diz satisfeito com essa amizade, mas destaca que tenta não interferir nestes vínculos, diferentemente da famosa "família Scolari". "Eu não sou um cara invasivo, tento ser mais discreto, meu estilo é de falar, dizer, não ficar toda hora enchendo o saco, vai pra lá, vem pra cá. Mas fomentar esse estilo de relação."

Para tanto, ele conta com o apoio de Juninho Paulista, coordenador de seleções da CBF, e do auxiliar técnico César Sampaio, ambos com passagem pelo time nacional como jogadores. "Eu não tenho esse lugar de fala, mas tem dois jogadores de seleção brasileira, um campeão do mundo, que têm lugar de fala, sabem a importância de ter esse tipo de relação."

Com este ambiente favorável, Tite vai fechar nos próximos meses o grupo que defenderá as cores nacionais na Copa do Mundo. Ao contrário do seu primeiro Mundial, quando teve pouco mais de um ano e meio para dar a sua cara ao time, desta vez ele contou com o ciclo completo. E pode levar em consideração a amizade entre os jogadores na hora de decidir quem arrumará as malas para o Catar.

A seleção brasileira aproveita os amistosos na Ásia nesta penúltima Data Fifa antes da Copa do Mundo do Catar para afinar o entrosamento, dar oportunidade aos que ainda não estão garantidos no Mundial e criar o ambiente ideal faltando pouco mais de cinco meses para começar a caminhada com o desejo de conquistar o hexa. O adversário desta quinta-feira é a Coreia do Sul. O jogo contra os sul-coreanos será disputado às 8h (de Brasília), em Seul, no Estádio Copa do Mundo, palco de abertura do Mundial de 2002, provavelmente sem Neymar.

Neymar levou um pisão no pé direito e deixou mais cedo a última atividade antes da partida. O local da pancada ficou inchado. Não se sabe também se o craque do Paris Saint-Germain estará apto para enfrentar o Japão, segunda, às 7h20, em Tóquio. "Todo mundo quer jogar, mas cada jogador se recupera em um ritmo diferente", afirmou Tite.

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"É uma preparação importante, um momento decisivo que termina uma etapa de Eliminatórias importante. Tem essa concorrência do atleta que quer ir e fomento essa competição leal entre eles", completou o treinador, que diz ter uma lista com 50 atletas em seu radar. Destes, 26 estarão na lista final.

Haveria um duelo com a Argentina, mas o arquirrival desistiu de jogar. A seleção deve se reunir somente mais uma vez antes da Copa, em setembro, para amistosos e também no jogo válido pelas Eliminatórias contra a Argentina, o "clássico da Anvisa", que acabou em agosto do ano passado. Existe a possibilidade de fazer amistosos às vésperas da Copa, mas o martelo ainda não foi batido.

A princípio, nenhum jogador que esteve na final da Liga dos Campeões em Paris no último sábado jogaria. Mas Tite decidiu abrir uma exceção para colocar Casemiro entre os titulares em virtude de o volante ser "bem dotado fisicamente", e, se Neymar não puder atuar, Vinicius Junior, estrela do título europeu conquistado pelo Real Madrid há poucos dias, será o escolhido. Philippe Coutinho é outra opção.

Tite considera que os amistosos na Ásia são importantes para caras novas mostrarem "seu talento em campo" com a ideia de estarem na lista final para o Catar. Será possível convocar 26 jogadores e não mais 23. Essa ampliação no número de convocados acirrou ainda mais a disputa pelas vagas, especialmente no ataque, setor com mais selecionáveis.

É também mais uma oportunidade para o treinador testar diferentes formações para o Brasil a fim de eliminar dúvidas para a convocação final do Mundial de 2022. A seleção fez campanha irretocável nas Eliminatórias, torneio em que terminou invicto e não é derrotada há quase um ano. Em seus últimos três confrontos, aplicou goleadas por 4 a 0. O último revés foi para a Argentina na decisão da Copa América em julho de 2021.

No gol, o palmeirense Weverton assume o lugar de Ederson, cortado por lesão. Daniel Alves será o capitão da seleção diante da Coreia do Sul, que pode vir a ser o adversário da seleção nas oitavas de final da Copa do Mundo do Catar. "Vai ser um bom espetáculo pela característica das duas equipes, que gostam de jogo, de bola", avaliou Tite.

SON, FÃ DE NEYMAR, É ESPERANÇA DOS COREANOS

O craque da Coreia do Sul é Heung-Min Son. É no astro do Tottenham, artilheiro do último Campeonato Inglês, em quem confiam os sul-coreanos para surpreender o Brasil em Seul. Son disse que trabalha para ser o melhor do mundo, mas acredita que Neymar ocupe o posto no momento. "Neymar é o melhor jogador do mundo", opinou.

Para o astro sul-coreano, o amistoso com o Brasil é o teste mais importante que a sua seleção terá na preparação para o Mundial. "O Brasil tem muito bons jogadores e penso que se dermos nosso melhor neste jogo, podemos ter um bom resultado. Mas são muitos jogadores de nível mundial no Brasil. Estamos ansiosos por esse jogo".

Os sul-coreanos repetiram uma boa campanha nas Eliminatórias Asiáticas, ficaram atrás somente do Irã em seu grupo e querem solidificar seu estilo de jogo para avançar às oitavas de final da Copa, feito que só alcançaram em 2010 e 2002, quando sediaram o evento. A Coreia do Sul é comandado por um conhecido do futebol brasileiro, o técnico português Paulo Bento, que teve breve e discreta passagem pelo Cruzeiro.

Tite pediu nesta quarta-feira cautela com jogadores jovens da seleção brasileira, como Vinicius Junior e Raphinha, que brilharam na última temporada europeia. O primeiro ganhou as manchetes do mundo todo nos últimos dias por ter marcado o gol do título do Real Madrid na Liga dos Campeões, enquanto o segundo despontou na Inglaterra defendendo as cores do Leeds.

"Calma com Vinicius Junior, calma com Raphinha, calma com Neymar", disse o treinador, ao ser questionado sobre o eventual protagonismo de Vinicius na Copa do Mundo do Catar. Para Tite, os elogios ao jogador ajudam na confiança e contribuem para aliviar a pressão concentrada sobre Neymar. Mas não podem ser exagerados.

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"Divide-se os protagonismos na seleção, divide-se os 'Juninhos da vida' para ser o jogador que define lá na frente. Discernimento, sensatez, calma. É bom fomentar esse grau de confiança, sim", declarou. "(Temos que) Olhar com mais discernimento essa situação toda, se não gera expectativa: 'Ah, tu tem que arrebentar, decidir todos os jogos'. Não é assim."

Tite confirmou que Vinicius Junior será a primeira opção para eventual substituição de Neymar no amistoso desta quinta-feira, com a Coreia do Sul, em Seul. O atacante do Paris Saint-Germain levou um pisão no pé direito, que ficou inchado e será reavaliado antes do jogo.

No treino desta quarta, o treinador escalou Philippe Coutinho para substituir Neymar. Mas, na entrevista coletiva, ele confirmou que a prioridade é Vinicius, quebrando uma regra que o próprio técnico impôs: a de não usar neste primeiro amistoso os jogadores que estiveram na final da Liga dos Campeões, no sábado passado - eles só se apresentaram na terça e tiveram pouco tempo de treino com a seleção.

"As opções são Coutinho ou Vini. Desde que o Vini tenha uma resposta boa, que durma bem e relate isso ao departamento médico e físico e diga que está bem e está legal. Não vamos colocar a saúde do atleta em detrimento à performance do jogo, independentemente da importância dele para o Brasil e para o Real", declarou Tite.

Ele avisou outra exceção será Casemiro, que também defendeu o Real e foi campeão no sábado. "Inicialmente, ninguém que jogou a final da Champions iria para o jogo. Exceção foi feita ao Casemiro em função de tudo que conversei com ele, pelas avaliações físicas e pelo biotipo dele, ele é bem dotado fisicamente, tem muita força. Isso proporcionou a possibilidade de utilização ele, de ele ser uma exceção", explicou o técnico.

Tite, que confirmou Daniel Alves como capitão da seleção, valorizou a importância do amistoso com a Coreia do Sul, que pode vir a ser o eventual adversário da seleção nas oitavas de final da Copa do Mundo do Catar, que será disputada entre novembro e dezembro deste ano. O amistoso está marcado para as 8h desta quinta, pelo horário de Brasília.

"É uma preparação importante, é um momento decisivo porque termina uma fase de eliminatória e passa para uma outra situação, que é de quatro jogos até a definição ali na frente (dos convocados para a Copa). Tem a concorrência para os jogadores que querem ir. Eles competem, sim. A diferença é a lealdade com que fazem isso. Queremos fomentar isso e dar oportunidades todos num enfrentamento de alto nível", afirmou.

O volante Danilo, do Palmeiras, é a única surpresa da lista de convocados na manhã desta quarta-feira pelo técnico Tite para dois amistosos da seleção brasileira em junho, contra a Coreia do Sul, em Seul, no dia 2, e contra o Japão, em Tóquio, no dia 6. O treinador elogiou as boas apresentações para justificar a convocação do jogador.

"É um jogador que a gente vem acompanhando dentro daquele rol de atletas importantes, 50 atletas ou mais. Essa sequência de grandes jogos do Danilo, como a final do Mundial, a final da Libertadores, a gente vai buscando uma série de componentes importantes que credenciam o atleta a ser convocado, como foi o caso do Danilo", afirmou Tite.

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O treinador ainda celebrou o fato de a lista final da Copa do Mundo ter aumentado de 23 para 26 jogadores. "Concordo que 26 te dá mais opções. NO aspecto ofensivo te dá mais possibilidades. Temos uma geração com perninha rápida, jogadores de um nível técnico impressionante", enfatizou. Danilo se enquadraria nessas características, pois é um volante de enorme mobilidade e que aparece no ataque para fazer gols.

"Pela experiência que tive no mundo árabe, sei que a perna vai inchar (na Copa do Catar). A condição física será um fator importante e ter opção de jogadores de velocidade e qualidade técnica é importante", avaliou o treinador, deixando no ar que pode optar por muitos jovens na relação final.

O atacante Rodrygo, convocado uma semana após brilhar pelo Real Madrid ao fazer dois gols na semifinal da Liga dos Campeões, também foi elogiado. Tite agradeceu a Jair Ventura, técnico que lançou profissionalmente o jogador, quando dirigia o Santos. "Eu tenho que falar do Jair Ventura, foi ele que lançou Rodrygo no Santos, foi ele que falou, no contato que tive, sobre todas as características e qualidades", afirmou.

O técnico Tite evitou comentar o cancelamento do jogo entre a seleção brasileira e a Argentina, mas não negou o incômodo com a situação. A partida era a terceira da série de amistosos que o Brasil fará em junho, na Ásia. A CBF vai tentar substituir o time argentino por um africano.

"Eu tenho opinião, mas não quero comentar o fato, não me sinto à vontade", afirmou, antes de transferir a palavra ao coordenador de seleções da CBF, Juninho Paulista. O dirigente evitou se esquivar e admitiu que o cancelamento afeta o planejamento da equipe nacional. "Não é o fato de jogar com a Argentina ou não, é o fato de ter todo um planejamento. Sim, é prejudicial esse jogo ser cancelado", declarou.

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A partida estava agendada para o dia 11 e seria disputada em Melbourne, na Austrália. Seria o primeiro de dois jogos seguidos com os argentinos. Isso porque a Fifa determinou que o Brasil enfrente o rival em 22 de setembro, em jogo válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.

Essa partida começou a ser disputada em 5 de setembro de 2021, no estádio do Corinthians, em São Paulo, mas foi suspensa aos 5 minutos por intervenção de agentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), depois que jogadores argentinos violaram regras sanitárias brasileiras.

Juninho afirmou que a CBF ainda está discutindo sobre esse jogo. "Em relação ao jogo de setembro, é um assunto ainda que nós estamos discutindo internamente e será decidido juntamente com a presidência. Tivemos a resolução da Fifa, a CBF está pedindo essa resolução para poder analisar e futuramente ver o que será decidido."

O técnico Tite convocou o volante Danilo, do Palmeiras, e oito atacantes para os dois amistosos da seleção brasileira marcados para o mês de junho, em preparação para a Copa do Mundo do Catar. Foi a penúltima convocação do treinador antes do anúncio da lista final dos jogadores que disputará o Mundial, entre novembro e dezembro deste ano.

Inicialmente, a seleção tinha três jogos agendados para o próximo mês. Mas o amistoso com a Argentina, o chamado Superclássico das Américas, foi cancelado, segundo informou o coordenador de seleções da CBF, Juninho Paulista, antes do anúncio da lista de Tite. Ele revelou que a entidade tenta marcar amistoso com uma seleção africana para a mesma data em que haveria o duelo sul-americano.

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O primeiro jogo desta série será contra a Coreia do Sul no Seul World Cup Stadium, na capital sul-coreana, às 20h (8h de Brasília) do dia 2 de junho. Na sequência, o adversário será o Japão no estádio Nacional de Tóquio, às 19h20 (7h20 de Brasília) do dia 6. O terceiro e último jogo, inicialmente contra a Argentina, estava agendado para o dia 11. Juninho Paulista adiantou que tentará realizar o jogo contra o rival africano na Europa.

Para estes jogos, Tite apresentou uma novidade em sua lista: o volante Danilo. O jogador de 21 anos vem se destacando com a camisa do Palmeiras nos últimos meses. Curiosamente, não era o jogador que a torcida palmeirense esperava ver na relação do treinador da seleção. Ultimamente, era o meia Raphael Veiga o nome mais cotado para aparecer no time nacional.

Tite também surpreendeu ao chamar 27 jogadores. Inicialmente, era esperado que convocasse apenas 26, na expectativa de que a Fifa confirme esse mesmo número de atletas para a Copa do Mundo. A entidade já indicou que vai permitir o aumento na lista de convocados, mas ainda não oficializou essa ampliação.

Com 27 atletas, o treinador inflou a lista de atacantes e de laterais (que passou de quatro para cinco atletas). Geralmente, Tite chama seis ou sete atacantes. Desta vez, ampliou para oito ao promover os retornos de Gabriel Jesus, Raphinha e Matheus Cunha. Ele confirmou as presenças de Vinicius Junior e Rodrygo, ambos do Real Madrid, além de Richarlison e Gabriel Martinelli. Antony foi a baixa de maior peso.

Havia expectativa também para a lista de laterais. A disputa está aberta para os dois lados. Tite chamou Daniel Alves e Danilo para a direita. Na esquerda, há quatro nomes para duas vagas. Nesta quarta, Alex Sandro, Guilherme Arana e Alex Telles foram chamados e esquentaram a briga - Renan Lodi ficou fora.

Tite ampliou a relação de atletas por conta do risco de lesões e também pela proximidade da final da Liga dos Campeões. A aguardada partida, marcada para o dia 28 deste mês, vai reunir Real Madrid e Liverpool, times europeus que contam com diversos brasileiros convocáveis em seus elencos.

Um deles é o volante Fabinho, que saiu de campo machucado na terça em jogo do Liverpool. Ele foi chamado mesmo assim. No meio-campo, Tite demonstra ter menos dúvidas. Philippe Coutinho, que voltou à seleção na convocação anterior, voltou a ser chamado e ganhou força para assegurar seu lugar na Copa. Arthur e Gerson não foram incluídos na lista desta quarta.

Na zaga, Gabriel Magalhães saiu na frente na disputa direta com Felipe, do Atlético de Madrid. Tite vem indicando em suas convocações que Marquinhos, Thiago Silva e Éder Militão já estão garantidos no Mundial. O trio foi chamado mais uma vez nesta quarta.

Depois desta série de amistosos, a seleção de Tite enfrentará a Argentina, no dia 22 de setembro, em partida válida ainda pelas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo do Catar. Trata-se da reedição daquele jogo interrompido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no estádio do Corinthians, em São Paulo, em 5 de setembro do ano passado. O resultado não vai alterar a classificação final das Eliminatórias, com o Brasil no primeiro lugar e a Argentina, em segundo.

Confira abaixo a lista dos convocados de Tite:

Goleiros: Alisson (Liverpool), Ederson (Manchester City) e Weverton (Palmeiras);

Laterais: Daniel Alves (Barcelona), Alex Sandro (Juventus), Guilherme Arana (Atlético-MG), Alex Telles (Manchester United) e Danilo (Juventus);

Zagueiros: Marquinhos (Paris Saint-Germain), Thiago Silva (Chelsea), Éder Militão (Real Madrid) e Gabriel Magalhães (Arsenal).

Meio-campistas: Casemiro (Real Madrid), Fred (Manchester United), Bruno Guimarães (Newcastle), Lucas Paquetá (Lyon), Danilo (Palmeiras), Fabinho (Liverpool) e Philippe Coutinho (Aston Villa);

Atacantes: Neymar (PSG), Raphinha (Leeds), Gabriel Jesus (Manchester City), Vinicius Junior (Real Madrid), Rodrygo (Real Madrid), Richarlison (Everton), Matheus Cunha (Atlético de Madrid) e Gabriel Martinelli (Arsenal).

A CBF parece já ter um nome forte para o lugar de Tite após a Copa do Mundo do Catar. Segundo o jornal Marca, um dos principais diários esportivos da Espanha, a entidade teria oferecido a Pep Guardiola um salário anual de 12 milhões de euros (cerca de R$ 61,7 milhões na cotação atual) para o técnico espanhol, atualmente no Manchester City, assumir a seleção em 2023. Ele seria o primeiro estrangeiro da história a comandar o Brasil.

De acordo com a publicação, o planejamento na busca por Guardiola tomou forma após a chegada oficial de Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF, ocorrida no final de março. Com a certeza de que Tite encerrará o seu ciclo após o Mundial deste ano, o nome do espanhol de 51 anos surgiu como candidato indiscutível à vaga. O contrato seria de quatro anos, até a Copa de 2026.

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A estratégia para fisgar o homem que popularizou o tiki-taka para o mundo inclui reuniões e conversas com Pere Guardiola, irmão e representante do técnico do City. No entanto, a questão financeira pode ser um entrave. O salário proposto está abaixo dos 20 milhões de euros (R$ 102,8 milhões) anuais que o espanhol recebe na Inglaterra.

Guardiola tem contrato com o City até 2023. Como a temporada europeia termina em julho e a Copa do Catar se encerra em dezembro, diferentemente de outras edições, existe a dúvida se o comandante deixaria o clube nesta janela do meio do ano ou esperaria até a próxima, em janeiro, para se despedir do clube de Manchester. Nos bastidores, a expectativa pelo "sim" do espanhol é grande.

Tido por muitos como um dos melhores técnicos da história do futebol, Guardiola possui um currículo invejável apesar de ter dirigido apenas três clubes na carreira - Barcelona, Bayern de Munique e City. Ele conquistou duas vezes a Liga dos Campeões, três vezes o Campeonato Espanhol, Alemão, Inglês e o Mundial de Clubes. Em 2019, foi eleito pela revista France Football, responsável pelo prêmio Bola de Ouro, como o quinto melhor treinador de todos os tempos.

O nome de Guardiola é aprovado inclusive por Tite. Em entrevista ao programa "Último Lance", do canal TNT Sports, o treinador brasileiro afirmou que o espanhol é "extraordinário", citando ainda o italiano Carlo Ancelotti, do Real Madrid, e o alemão Jürgen Klopp, do Liverpool, como exemplo de treinadores de ponta. Sobre o fato de se tratar de um estrangeiro, Tite minimizou e disse que "preza pela qualidade, e não pela nacionalidade".

A comissão técnica da seleção brasileira ficou satisfeita com o sorteio dos grupos para a Copa do Mundo do Catar, que colocou Sérvia, Suíça e Camarões no caminho do Brasil na primeira fase. Com um único jogo diante de europeus no atual ciclo, Tite terá na fase de grupos duas seleções daquele continente que precisou encarar no Mundial de 2018 - e, portanto, já com algum conhecimento. De quebra, o Brasil fará sua estreia apenas no último dia reservado para a primeira rodada, o que dará mais tempo para treinamentos.

"Expectativa, mas novidade não é, em termos de nomes. Claro, com um acompanhamento maior e o objetivo na seleção brasileira", disse o técnico logo após o sorteio, em entrevista ao SporTV. "Se pegar os resultados, a eliminação da Itália e de Portugal, com Suíça e Sérvia, traz (um alerta), e também a equipe de Camarões, que é muito forte na escola africana."

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A "eliminação" a que Tite se refere diz respeito às Eliminatórias Europeias. A Itália perdeu a vaga direta no grupo que classificou a Suíça, enquanto Portugal foi superado pela Sérvia. Os portugueses acabariam buscando a classificação na repescagem, enquanto os italianos ficaram pelo caminho.

"Assisti ao jogo da Suíça, foi um jogo logo depois do nosso nas Eliminatórias. Era o jogo contra a Itália, fez 1 a 0 no início, teve perto de fazer 2 a 0, mas levou o empate. Jogo de nível mundial, alto, também precisa ser alto o nível nosso. Tudo igual. Só faltou a Costa Rica", considerou Tite, lembrando do único adversário que acabou não sendo repetido da Copa de 2018.

Naquele ano, o Brasil estreou diante da Suíça e sofreu para empatar por 1 a 1. O resultado fez com que a seleção fosse para a rodada derradeira, diante da Sérvia, correndo o risco de ficar de fora das oitavas de final. Aquela jornada foi assimilada pela comissão técnica.

"A equipe tem que iniciar bem. A gente já tem essa experiência, (de ter) de iniciar bem, ter um nível de desempenho desde o primeiro jogo, para projetar e crescer na competição", disse Tite, que ainda vibrou pelo fato de o Brasil ser uma das últimas seleções a estrear na Copa do Mundo do Catar. "Qualquer tempo que possa ter, de contato com os atletas, de treinamento, é uma vantagem."

Tem um português de olho na seleção brasileira e esse cara não é o atacante Cristiano Ronaldo nem Abel Ferreira, que acaba de renovar seu contrato com o Palmeiras até 2024. Trata-se de Jorge Jesus, segundo o jornal A Bola, de Portugal. Jesus recusou nesta semana oferta de clube do mundo árabe para se firmar como uma das opções, quem sabe, para assumir o lugar de Tite, de acordo com a publicação europeia. A CBF ainda não se manifestou sobre a troca. Apenas Tite já disse que se despede do cargo após a Copa do Mundo do Catar.

Jorge Jesus foi embora, mas seu fantasma sempre rondou o Brasil. O Flamengo e os flamenguistas nunca se esqueceram do treinador campeão da Copa Libertadores de 2019. Já tentaram trazer o 'mister' de volta algumas vezes. Dinheiro não é o problema para Jesus. Ele ainda recebe do Benfica, seu último clube. Treinar a seleção seria um salto em sua carreira.

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"Tenho certeza de que vou voltar ao futebol português, mas de momento a minha ideia é que a próxima equipe que vou treinar seja de fora de Portugal. As propostas de trabalho que tive desde que saí do Benfica foram analisadas e rejeitadas porque só quero pensar nisso a partir de maio ou junho", explicou, à margem do Fórum promovido pela Associação Nacional de Treinadores de Futebol, no dia 22 de março.

Além da seleção, informações vindas de Portugal dão conta de seu crescente interesse em retomar as rédeas no próprio Flamengo, atualmente comandado por um compatriota, Paulo Sousa, que começa a sofrer críticas no Rio de Janeiro e terá missão dura na decisão do Carioca diante do Fluminense após derrota na partida de ida por 2 a 0.

No Brasil, por ora, nenhum treinador salta aos olhos do torcedor para ocupar o cargo de Tite. Quando foi escolhido, em 2016, Tite era único e foi conduzido ao posto nos braços do torcedor. Há ainda bons meses até a troca, marcada para o fim de dezembro, com ou sem a conquista do hexa. A CBF já deve estar observando os possíveis candidatos. Jorge Jesus tem a seu favor a proximidade e o trabalho que deixou com o Flamengo.

Ainda não se sabe o que pensa o novo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, sobre o assunto "treinador estrangeiro no comando da seleção brasileira". Com a saída do ex-presidente Rogério Caboclo, a casa do futebol está desarrumada ainda. O fato é que a safra de técnicos no País é apenas modesta, com raras exceções em formação, como Rogério Ceni, do São Paulo. A legião de treinadores estrangeiros invadiu o futebol nacional de clubes e isso, de certa forma, abriu as portas para ao menos se pensar na possibilidade de um forasteiro na seleção. O time feminino tem a sueca Pia Sundhage, por exemplo.

Se a CBF aceitar um estrangeiro, o que se sabe é que ele teria de ser acima de qualquer suspeita, um treinador que não tivesse resistência do torcedor nem fosse colocar a entidade contra a parede em sua escolha. Há muitas dúvidas de que esse técnico seja Jorge Jesus.

Treinador da atual melhor seleção do mundo na lista da FIFA, Tite é o terceiro técnico mais bem pago no ranking dos que vão disputar a Copa do Mundo do Catar, em novembro. O comandante da Seleção Brasileira é o único sul-americano na lista dos dez maiores salários.

Com planos de deixar a amarelinha com o fim da sua segunda Copa do Mundo consecutiva, Tite embolsa 3,9 milhões de euros por ano, equivalente a R$ 20,6 milhões. No mês, o salário do treinador gira em torno de R$ 1,716 milhão.

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Embora o valor pareça ser astronômico, o brasileiro recebe menos que dois europeus. Na ponta da lista, o treinador da Alemanha Hansi Flick é o mais bem pago, com o salário anual de 6,5 milhões de euros. Na segunda colocação, o atual campeão mundial Didier Deschamps recebe 4,4 milhões de euros por ano para comandar a França.

Fora a Europa, o treinador do Catar, o espanhol Felix Sánchez, aparece na sexta posição com 2,5 milhões por ano. O top 10 ainda tem outro espanhol Luis Enrique, que treina a sua seleção por 1,5 milhão de euros.

Confira o salário anual dos treinadores mais bem pagos na Copa de 2022

 1º - Hansi Flick - Alemanha - 6,5 milhões de euros;

2º- Didier Deschamps - França - 4,4 milhões de euros;

3º- Tite - Brasil - 3,9 milhões de euros;

4º- Gareth Southgate - Inglaterra - 3,5 milhões de euros;

5º- Louis van Gaal - Holanda - 3 milhões de euros;

6º- Felix Sánchez - Qatar - 2,5 milhões de euros;

7º- Fernando Santos - Portugal - 2,5 milhões de euros;

8º- Hervé Renard - Arábia Saudita - 1,8 milhão de euros;

9º- Murat Yakin - Suíça - 1,6 milhão de euros;

10º- Luis Enrique - Espanha - 1,5 milhão de euros;

O placar de 4 a 0 sobre o Chile no Maracanã lotado foi a despedida que a seleção brasileira esperava. Apesar do placar elástico, a goleada sobre os chilenos não foi exatamente fácil; o time do técnico Martín Lasarte povoou a defesa e ofereceu dificuldades ao trio ofensivo do Brasil - que em determinado momento se transformou em quarteto, com Paquetá aparecendo próximo à área. Para o técnico Tite, o resultado final demonstra que a estratégia de jogo do Brasil foi acertada.

"Quando se joga contra 5-3-2, com cinco atrás, abre-se dois pontas, trabalha-se com dois entre linhas com liberdade de articulação - Paquetá e Neymar, ou Coutinho, depois que entrou. Os dois, um avançado como meia esquerda, lateral que vira meia-esquerda, e segundo meio-campista que joga entre linhas, e que joga num plano de corredor pelo lado direito", explicou Tite.

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O treinador disse que a opção tática tinha como finalidade dar liberdade ao "talento desses jovens", o que de fato o torcedor pôde ver nas atuações de Vinicius Jr., Neymar e Antony, em especial no primeiro tempo.

"Construção com quatro, balança a bola e inverte pro outro lado, que vai ter um corredor livre para as construções e para deixar os atletas no último terço com liberdade de criação, ou de condução, ou de passe, ou de finta, ou de drible, ou cruzamento ou de chute. Ali é um espaço do talento desses jovens jogadores, que tem essa característica que é impressionante", considerou Tite.

Com os quatro gols diante do Chile, o Brasil chegou à marca de 36 gols marcados nas Eliminatórias, média de 2,25 por jogo. Os bons números são reflexo de um pedido comum de Tite aos jogadores. "O que eu tento colocar bastante a eles (jogadores) é: façam a jogada de uma forma vertical, procurem o gol, porque o gol é a essência maior do futebol. Todo o talento buscando essa objetividade", afirmou o técnico.

Para a despedida da seleção Brasileira nas Eliminatórias Sul-Americanas, terça-feira, na casa da Bolívia, Tite terá de mexer bem no elogiado ataque. Vinícius Jr. e Neymar levaram o segundo cartão amarelo e terão de cumprir suspensão.

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