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O Conselho Universitário da Universidade Federal de Pernambuco (Consuni/UFPE) decidiu, em reunião remota realizada nessa segunda-feira (19), pelo retorno de algumas aulas práticas, na modalidade presencial, que são fundamentais para a conclusão dos cursos pelos estudantes. A maioria das disciplinas é de cursos de saúde.

Mesmo com a decisão, ainda foram mantidas as medidas restritivas em virtude da Covid-19, em vigor desde o dia 3 de março, contabilizando mais de 93% das matérias sendo ministradas on-line. De acordo com o foi decidido, fica a cargo dos colegiados das graduações, junto com a direção dos centros, escolher por retornar ao modo presencial ou não. Para isso, a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) deve ser informada por meio do Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos (Sipac).

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As disciplinas mencionadas na reunião são dos cursos de odontologia e fisioterapia do Centro de Ciências da Saúde (CCS); medicina do Campus Recife e do Centro Acadêmico do Agreste (CAA); e educação física e enfermagem do Centro Acadêmico de Vitória (CAV). A demanda é pela realização das atividades práticas em clínicas, laboratórios, unidades básicas de saúde, serviços de atenção primária e postos de saúde, também no Hospital das Clínicas, gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HC/Ebserh) da UFPE. “Nessas disciplinas, os estudantes estarão observando os cuidados de biossegurança e serão supervisionados pelos cursos e centros”, explicitou Magna do Carmo Silva, pró-reitora de Graduação, segundo a assessoria de imprensa da instituição de ensino.

Ainda segundo a docente, consta no calendário acadêmico-administrativo para o ano letivo 2020/2021 a abertura para tais ajustes. As diretrizes de retomada da UFPE e os protocolos sanitários de biossegurança devem ser considerados para a tomada de qualquer decisão. Alfredo Gomes, reitor da UFPE, reconhece a necessidade de estudar caso a caso sobre o retorno das aulas práticas presenciais. “Desde o primeiro momento da pandemia, a universidade tem atuado incansavelmente, em diversas frentes, no enfrentamento desta emergência em saúde pública, cumprindo nossa função social através do ensino, da pesquisa, da extensão e da assistência. De maneira prioritária, estamos com atividades remotas, mas há uma demanda concreta de nossos estudantes por esse retorno, principalmente daqueles que estão em fase de conclusão de cursos que têm habilidades que precisam ser desenvolvidas na presencialidade”, observa. O reitor ainda reitera a manutenção das medidas de distanciamento em todos os campi da universidade.

João Alves Gonçalves Neto, do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFPE, analisa que o momento é de união, para acelerar a imunização e o consequente retorno das aulas. “Este é um debate que atinge a Universidade em todos os níveis, por isso a importância da discussão nesta instância mais ampla de deliberação. Desde a semana passada, junto às Direções de Centro e especialistas em saúde, a gente tem discutido com a gestão da UFPE sobre a possibilidade do nosso retorno presencial. Entendemos que, para um retorno 100% seguro, é preciso ter a vacinação dos estudantes. Parabenizo os alunos mobilizados pela ampliação da vacinação e a gestão da Universidade por estarem correndo atrás dessa imunização e por terem conseguido alguns avanços junto às Secretarias de Saúde”, ele declarou.

O vice-reitor Moacyr Araújo comentou as medidas de biossegurança tomadas pela UFPE para proteger estudantes e servidores. O Grupo de Trabalho para o Enfrentamento da Covid-19 (GT Covid-19) listou a produção e aquisição de equipamentos de proteção individual e coletiva, álcool 70%, triagem de estudantes e servidores com sintomas de Covid-19, testagem, telemonitoramento, entre outras ações.

Daniela Feitosa, vice-diretora do CCS, reafirma o compromisso das instituições diante da crise de saúde pública, e destaca a necessidade de decisões em conjunto, como no Conselho de Centro. “A assistência à saúde da população, o reconhecimento do papel do SUS e a disponibilidade de profissionais qualificados são compromissos da universidade pública”, declarou, conforme a assessoria.

A Universidade de Pernambuco (UPE) anunciou que manterá o calendário do semestre de 2020.1, assim como suas atividades acadêmicas através do site da instituição.

Segundo a reitoria, “as aulas práticas presenciais, de alguns cursos de graduação, estão suspensas até 18/03, ou serão readaptadas mediante o formato híbrido adotado pela instituição.” A instituição ainda ressalva que todas as medidas de proteção e protocolos estão sendo tomados e que a decisão foi deferida com base nos dados recentes da Covid-19 e o aumento de casos.

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A UPE ainda lembra que é um multi-campus com mais de 54 cursos de graduação e por isso a comunidade acadêmica deve procurar informações específicas de cada área/setor.

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A proposta da Escola Técnica CEDTEC é no mínimo curiosa. Como no mercado existem muitos trabalhadores que há bastante tempo atuam em várias funções, mas nunca pisaram em uma sala de aula e consequentemente não receberam certificação técnica, a unidade de ensino, localizada no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, resolveu criar uma modalidade de curso técnico a distância que busca certificar em um curto período quem já tem experiência de mercado. Na “prática”, ou melhor, em linhas gerais, o aluno faz um curso EAD e em 120 dias pode ser formado como técnico pela escola. Porém, uma questão da formação chama a atenção: os alunos não passam por nenhuma aula prática, mesmo o Conselho Estadual de Educação de Pernambuco (CEE-PE) exigindo um percentual mínimo de 20% de aulas presenciais. Além disso, como se trata de um ensino virtual, até quem não tem experiência de mercado pode se matricular e, ao final do curso, terá diploma de técnico.

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A instituição de ensino começou seus trabalhos no Recife em 2013, ofertando cursos de mecânica, eletrotécnica e logística na modalidade presencial. Com 14 anos de atuação em outras cidades brasileiras, a CEDTEC possui autorização do CEP para funcionar em Pernambuco e, segundo o site do Conselho, tem registro entre as escolas autorizadas no Estado. De acordo com a direção da instituição de ensino, em fevereiro de 2014 saiu mais uma autorização para o estabelecimento, que foi a educação a distância. Essa modalidade é aplicada na escola de duas formas: os alunos podem fazer um curso mais tradicional, com duração de 18 meses, incluindo um percentual de aulas práticas ou optam pela capacitação apurada nesta reportagem, que ignora qualquer possibilidade de aula prática.

O diretor técnico da CEDTEC, Marcelo Bravin, é claro ao dizer que o curso totalmente a distância é direcionado para os trabalhadores que já têm experiência de mercado. Segundo ele, esses alunos passam por entrevistas e comprovam através de documentos seus níveis de vivência nas empresas. Entretanto, o diretor técnico também reconhece que qualquer pessoa, com ou sem experiência, pode fazer o curso a distância e ao final se tornará um técnico – pelo menos documentalmente - sem nunca ter tocado em uma ferramenta de trabalho.

“O que nós fazemos hoje, não para facilitar, mas para ter um diferencial no mercado, é oferecer um produto que possibilite a alguns profissionais que não têm formação técnica, mas que precisam dessa formação para dar continuidade a sua carreira, um aproveitamento de estudos e isso a própria legislação dos conselhos estaduais de educação permite normalmente. Esse aproveitamento de estudo vai diminuir o tempo do aluno para uma formação técnica”, explica o diretor. “Mas eu não tenho como negar que pessoas sem experiência façam esse curso. Eu até indico a elas que procurem o EAD mais longo, o presencial ou converse com amigos que têm experiência. Se o aluno sem experiência não fizer isso, ele até vai terminar o curso, receberá o diploma, mas vai passar aperto no mercado. Ele vai passar por todo o processo, vai se matricular no curso técnico, mas não vou poder fazer nada. Não tenho como impedir, mas por ética, faço meu papel de orientar”, revela Bravin.

A capacitação técnica totalmente a distância oferecida pelo CEDTEC transformou disciplinas em cursos de qualificação, justamente para diminuir o tempo de duração. Como exemplo, na área de mecânica industrial o aluno pode fazer 17 qualificações, cada uma ao preço de R$ 149. Em sete dias, o estudante já tem acesso a uma avaliação e consegue finalizar a qualificação. De acordo com Marcelo Bravin, após as 17 qualificações, o aluno só precisa cursar, também a distância, mais duas disciplinas das turmas técnicas tradicionais (com duração de 18 meses) e alcança certificado. Em 120 dias, sem nenhuma aula prática, o formado obtém o mesmo diploma do aluno que cursou 18 meses e fez aulas presenciais. “Na modalidade totalmente EAD não temos em nenhum momento aula prática. Todo o sistema é online.  É direcionado para quem está no mercado, mas não tenho como filtrar quem vai cursar. Qualquer pessoa pode fazer”, reafirma o diretor técnico do CEDTEC, em entrevista ao LeiaJá. No vídeo a seguir, Bravin detalha a proposta de curso:

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Nossa reportagem tentou conversar com alunos do curso de mecânica industrial do CEDTEC, mas não obtivemos contato. Quem falou com o LeiaJá foi o também aluno da instituição, mas do curso de eletrotécnica, Natanael José dos Santos. Mesmo com experiência na área, ele optou por fazer o curso EAD que possui um percentual presencial. Para o aluno, aulas práticas são essenciais para quem ainda não possui vivência empresarial.

“Eu já tinha experiência na área, mas resolvi fazer o curso porque precisava complementar minha profissão e porque também penso em ingressar na área acadêmica. Como não tinha hora certa para estudar, optei por fazer o curso a distância, mas, em alguns momentos participei de aulas presenciais, aos sábados. Eu acredito que, para quem não possui experiência, é essencial cursar aulas práticas. Quem for para o mercado só com teoria não vai se dar bem. Por isso aconselho que procurem a prática”, orienta o aluno. Segundo a direção do CEDTEC, a instituição de ensino forma, por semestre, cerca de 60 alunos.

A favor da prática

De acordo com a presidente do Conselho Estadual de Educação de Pernambuco (CEE-PE), Maria Ieda Nogueira, todos os cursos técnicos a distância são obrigados a ter aulas práticas. “O percentual mínimo exigido é de 20%”, explica a presidente. Segundo Maria Ieda, a prática faz parte das grades curriculares dos cursos autorizados e, o Conselho só autoriza o funcionamento de um curso, caso ele respeite essa norma. Ela orienta que quem tiver alguma denúncia de irregularidades sobre qualquer instituição de ensino, deve procurar o Conselho, mesmo depois da escola já ter sido autorizada. Em nota enviada ao LeiaJá, a Secretaria de Educação de Pernambuco, responsável pelo Conselho, esclareceu “que em quaisquer casos de inconformidade, estrutural ou pedagógica, nos cursos técnicos oferecidos no Estado, os mesmos devem ser comunicados formalmente à Secretaria para que seja aberto procedimento de averiguação e, caso o fato seja procedente, que sejam tomadas as medidas cabíveis para a regularização do curso”.

A Assessoria Pedagógica da Educação a Distância do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) – instituição referência em formações técnicas -, Rosa Vasconcelos, também afirma que os cursos técnicos devem ter, obrigatoriamente, momentos práticos entre alunos e professores. “A prática profissional está prevista na grade curricular. No IFPE não trabalhamos sem a prática”, conta a coordenadora.

Outra instituição considerada referência no Brasil quando o assunto é formação técnica, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) também defende a utilização de aulas práticas para que um aluno ingresse no mercado de trabalho. Ao LeiaJá, a diretora técnica do Senai em Pernambuco, Ana Dias, defendeu a prática como essencial para a realização de um bom curso técnico.

“A gente acredita que a prática é um complemento da teoria. A prática proporciona ao técnico a capacidade de diagnosticar várias situações no dia a dia das empresas. Existem coisas que só a vivência possibilita o aprendizado. A junção da teoria e prática consolida a formação”, opina a diretora técnica do Senai.  

A Agência JCMazella, empresa que oferece serviços de fotojornalismo, está com inscrições disponíveis, até 1º de junho, para a nova turma do curso “Fotojornalismo: o dia a dia em uma agência de notícias”. A qualificação promete colocar os alunos em pautas reais, bem como serão realizadas aulas práticas e teóricas. Segundo a Agência, o participante que tiver o melhor desempenho poderá ganhar um estágio remunerado de um mês.

Cada turma terá, no máximo, seis alunos. Durante as aulas práticas, os alunos cobrirão pautas reais sob o acompanhamento de um monitor. A JCMazella pede que os participantes tenham noções básicas de fotografia para facilitar o andamento das aulas.

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O curso terá três aulas práticas semanais com duas horas de duração cada, durante um período de quatro semanas. É possível agendar a aula conforme o horário que o aluno esteja disponível. A Agência também promete, ao final do curso, expor o material produzido pela turma.

Informações sobre inscrições podem ser obtidas pelo e-mail imprensajcm@uol.com.br ou pelos telefones (81) 3221-4488, 9704-0491 ou 8807-8024. A JCMazella fica na Rua da Aurora, 1071, S/L, no bairro de Santo Amaro, Centro do Recife.

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