O bullying é um sério problema presente na sociedade, principalmente nas escolas e universidades. É uma ação de violência moral ou física contra uma pessoa, feita por um grupo ou apenas um indivíduo. O ato violento, cometido de forma sistemática, afeta vítimas, que na maioria das vezes são frágeis e, intimidadas, não têm nem coragem de procurar ajuda. Nos últimos anos, o problema teve bastante divulgação no Brasil, principalmente através da mídia. Entretanto, muitas pessoas acham que qualquer tipo de atrito ocorrido nos grupos sociais pode ser considerado bullying, e a história não é bem assim.
Um jovem universitário, que não quis ser identificado nesta matéria, diz ter certeza que sofreu bullying na faculdade. Ele conta que um grupo da sua sala sempre divergia das suas opiniões nas aulas e segundo o estudante, tudo o que ele falava era rebatido pelos companheiros. “Sempre discordavam de mim, e a minha opinião não tinha valor. Eles me bloqueavam”, conta.
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Os problemas de relacionamento entre o jovem e o grupo cada vez mais aumentavam. Ele revela que era taxado de excluído e não tinha as próprias opiniões respeitadas. Em um determinado episódio, ele chegou a ser prejudicado numa simples fotografia. “A turma toda tirou uma foto ao lado de um professor, e depois, o grupo queria me cortar da foto”, relata o estudante. Todos esses atritos acabaram prejudicando o estudante, que pensou até em largar o curso. “Eu me entristeci muito, porque ter amigo assim dói. Pensei até em sair do curso por causa do grupo”, fala o jovem. Para ele, tudo o que aconteceu pode ser considerado bullying. “Acho que foram agressões que podem ser consideradas como bullying”, acredita.
Para a pedagoga e mestra em psicologia social, Simone Bérgamo, o caso do jovem citado nesta matéria, de uma forma geral, não se caracteriza como bullying. “Parece que é mais uma questão de relacionamento com o grupo. A gente tem que descobrir com cuidado o que está levando essa indiferença de opiniões. A verdade é que em muitas escolas e universidades existem alunos que gostam de aparecer, atrapalham as aulas e fazem coisas que não deveriam ser feitas. Esses, geralmente, não são muito aceitos entre as turmas”, esclarece Simone.
“O bullying da escola é igual ao da universidade. O índice maior está na adolescência, e é de fato uma ação de inibição e violência moral e/ou física. Geralmente é uma violência contra gordinhos, cdf´s, de um agressor que se diz forte e poderoso contra um indivíduo frágil. O bullying acontece várias vezes e de forma sistemática”, explica Simone Bérgamo (foto à esquerda).
De acordo com Simone, outra característica de quem é vítima é o fato de que “a pessoa que sofre tem vergonha e medo de revelar, até porque ela tem resistência. Então, quem sofre o bullying, dificilmente se expões ou procura ajuda”. No entanto, a questão de uma situação como a exclusão da foto, pode até ser um princípio do bullying, desde que isso se torne corriqueiro. Segundo o ela, o ideal é que o jovem tentasse conversar com a turma, a fim de se entenderem e acabarem as brigas.
A profissional conta está sendo muito comum as pessoas confundirem outros problemas com o bullying. “Existem pais que me ligam dizendo que o seu filho pequeno foi mordido na escola, pensando se trata de bullying. Isso é muito normal entre as crianças. Outras pensam que o problema pode acontecer no ambiente de trabalho, e na verdade, isso é assédio moral”, revela Simone.
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Um alerta
Quem comete bullying também precisa de ajuda, segundo a pedagoga. “Aquele que faz também precisa ser ajudado. Os pais devem identificar não somente se seus filhos estão sofrendo, mas, se eles estão cometendo o bullying”, comenta.
E os resultados para quem sofre podem ser perigosos. “A vítima é uma bomba que pode explodir para fora, agredindo os opressores e até cometendo atos mais violentos. Mas também ela pode explodir para dentro, se deprimindo e se excluindo da sociedade”, analisa a profissional.