O ouro de Rafaela Silva foi muito comemorado, mas a ressaca veio nesta terça-feira (9), dia sem medalhas para o Brasil nos Jogos do Rio e com poucas satisfações, tirando a vitória espetacular da seleção masculina de vôlei sobre a atual vice-campeã Espanha (66-65).
O jogo foi emocionante, decidido com uma cesta de Marquinhos a cinco segundos do fim. Com esse triunfo tão importante quanto inesperado, os comandados de Ruben Magnano ainda podem sonhar com a classificação para o mata-mata, apesar de integrar uma chave dificílima, com Lituânia, Croácia e Argentina, e até evitar um confronto com a 'Dream Team' americana.
##RECOMENDA##Enquanto isso, a seleção feminina sofreu a terceira derrota em três jogos, com derrota por 65-63 Nos tatames, esperava-se muito de Victor Penalber, único medalhista do país no último Mundial (levou o bronze em Kazan-2015), mas o judoca carioca caiu logo na segunda luta.
A grata surpresa foi Mariana Silva, que estava longe de ser considerada favorita e chegou às semifinais, com direito a vitória sobre a israelense Yarden Gerbi, campeã mundial em 2013, no Rio. A medalha não saiu, mas o desempenho da paulista de 26 anos foi digno de elogios.
Na ginástica artística, as meninas do Brasil se renderam ao nervosismo e cometeram muito mais erros do que na fase classificatório. Mesmo assim, só o fato de participar da final por equipes já é um feito e tanto.
A natação continua decepcionando: apenas Marcelo Chierighini avançou para semifinais nesta terça-feira, nos 100 m livre, com o 13º tempo. Nos esportes individuais, o alento veio com o o pugilista baiano Robson Conceição, que ficou a uma vitória da medalha ao vencer sua luta das quartas de final por nocaute técnico.
- A FAÇANHA: SELEÇÃO MASCULINA DE HÓQUEI
Era difícil imaginar que uma equipe que leva uma surra atrás da outra poderia entrar nessa categoria, mas o Brasil, estreante na competição olímpica de hóquei sobre grama, finalmente conseguiu anotar seu primeiro gol na competição. O autor da façanha foi Stéphane Verley-Smith, nascido em Recife e adotado por um casal europeu, com pai inglês e mãe inglesa.
O gol saiu aos três minutos de jogo contra a Grã-Bretanha e foi muito comemorado pela torcida, até porque foi o primeiro da partida, deixando no ar a ilusão uma possível surpresa. Não foi nada disso. A virada dos britânicos virou massacre, mas o primeiro gol marcado pelo Brasil não deixa de ser histórico. No total, o Brasil levou 28 gols em três partidas, mas, como diz o lema de Pierre de Coubertin, pai dos Jogos, "o importante é competir".
- A DECEPÇÃO: PEDRO E EVANDRO
O Brasil não tem tradição nenhuma no hóquei, mas tudo indicava que iria arrebentar no vôlei de praia, na praia de Copacabana.
As duas duplas femininas mantêm 100% de aproveitamento, mas não se pode dizer o mesmo dos homens. A derrota surpreendente de Alison e Bruno Schmidt para os canadenses Doppler e Horst, na segunda-feira, já ligou o sinal de alerta, mas a dupla ganhou o primeiro jogo e ainda tem boas chance de se classificar.
Para Pedro e Evandro, no entanto, a situação ficou bem mais complicada: a dupla carioca perdeu de virada para outros canadenses, Schalk e Saxton, o segundo revés em duas partidas. Um panorama preocupante quando se sabe que a expectativa era que as quatro duplas do Brasil brigassem por medalha.
- AS FRASES:
"Como estamos numa Olimpíada, a gente quer tirar foto de tudo para lembrar de cada momento especial que a gente teve aqui. Eu estou curtindo muito, é um momento muito importante. São amigas que eu já conheço de outras competições e eu gosto de tirar fotos com elas para ter elas na memória. Já tirei até foto com Simone Biles e quero tirar mais. Ela é super simpática, todas as americanas são. Ela foi muito bem", elogiou Flavinha Saraiva, da equipe feminina de ginástica artística, justificando porque fez questão de tirar 'selfies' com rivais.
"É uma inspiração a mais seguir o exemplo da Rafaela, que ganhou a medalha, uma menina que é da favela, assim como eu, veio debaixo como eu, batalhou bastante. É uma inspiração a mais para conseguir a medalha que ela tem também, que é a medalha de ouro", comentou Robson Conceição, que sonha em imitar a menina dourada da Cidade de Deus.
"Eu fui buscar a vitória, talvez tenha sido por isso que o público gritou meu nome mesmo depois da derrota. Até me surpreendi com isso no momento em que saí do tatame, não sabia o que pensar. Eu estava até meio envergonhado, para falar a verdade", relatou Victor Penalber, depois de dar adeus ao sonho da medalha em casa.
- A HISTÓRIA
Judoca brasileiro naturalizado libanês, Nacif Elias protagonizou uma das cenas mais curiosas desses Jogos. Inconformado por ter sido desclassificado na luta contra o argentino Emmanuel Lucenti por causa de um golpe ilegal, o capixaba se recusou a deixar tatame. Permaneceu no local por cerca de cinco minutos, gesticulando e reclamando, com o apoio da torcida, que não parava de gritar seu nome.
Quando finalmente aceitou sair, foi chamado para conversar com dirigentes da Federação Internacional de Judô e voltou cerca de uma hora depois, sozinho no tatame, para fazer a tradicional saudação japonesa, em forma de pedido de desculpas.
"Não me obrigaram a voltar, eu mesmo quis voltar para pedir desculpas, porque o povo merece esse pedido de desculpas. Peço desculpas pela minha atitude, porque isso não condiz com a postura de um atleta", confessou.
Por mais que tenha pedido perdão pelo 'chilique', Nacif continua discordando de decisão dos juízes e se disse vítima da "catimba argentina".
Mais um episódio da rivalidade com os 'Hermanos', que já resultou em briga entre torcedores na quadra central de tênis.