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A cultura musical brasileira é formada por nomes distintos que carregam a arte e a mensagem musical como base. Entre aqueles que fazem a diferença, criam a cultura, se tornam referência de sua época e moldam o que novos artistas farão em suas próximas gerações, o LeiaJá separou 5 artistas negros que fizeram história na cultura brasileira.

1 – Bezerra da Silva

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Nascido José Bezerra da Silva (1927-2005) em Pernambuco, foi um cantor, compositor e intérprete brasileiro. Se consolidou no gênero samba de coco, foi responsável por trazer o estilo de vida boêmio para a grande massa. Em suas letras que eram ‘’porta voz dos morros e favelas’’, ele se transformou em nome de resistência em sua época.

 

2 – Elza Soares

Aos 83 anos de idade, Elza Soares continua fazendo história. Sendo uma das cantoras mais notáveis da música brasileira, Elza foi linha de frente na luta da violência contra a mulher. Mãe aos 13 anos, a 'mulher do fim do mundo' relata que “hoje eu acho mais fácil. A ideia da mulher, do negro, o ser humano, ele hoje tem mais liberdade para falar. O negro pode falar, ser o que ele sente”, como expressou ao Alma Preta, em 2018.

 

3 – Gilberto Gil

Ex-ministro da Cultura e dono de hits como ‘’Aquele Abraço’’ (1969) e ‘’Toda Menina Baiana’’ (1979), Gilberto Passos Gil Moreira (77) é vencedor de prêmios como o Grammy Latino e o Grammy Americano e foi condecorado pelo governo francês com a Ordem Nacional do Mérito. Gil foi nome de destaque contra a Ditadura Militar (1964-1985), tendo que sair de seu país por conta de perseguições.

 

4 – Sabotage

Nascido Mauro Mateus dos Santos, o rapper Sabotage (1973-2004) é nome de destaque na cena hip hop brasileira. Sabotage acumula mais de 70 milhões de visualizações no Youtube e mais de 500 mil ouvintes mensais no Spotify. Ano após ano, a prefeitura de São Paulo premia os rappers mais promissores da cidade com um prêmio que carrega seu nome. No Grajaú, Zona Sul da capital, o cinema público da região é nomeado em sua homenagem. 

 

5 – Djonga

Gustavo Pereira Marques (26), mais conhecido pelo nome artístico Djonga, é um rapper, escritor e compositor brasileiro. Considerado um dos nomes mais influentes do rap na atualidade, o artista chama a atenção por sua lírica afiada, marginalizada e agressiva e por suas fortes críticas sociais em suas letras. Djonga já foi citado como um ‘’nome para ficar de olho’’ por publicações internacionais, como a Daily Art Magazine.

Para os que podem ficar em casa, a quarentena tem sido preenchida com inúmeras atividades. O LeiaJá separou cinco documentários que contam a história do samba por meio da trajetória de seus maiores representantes, uma lista para quem quer diversificar a rotina entre exercícios, estudos e atividades artísticas.

Todas as produções estão disponíveis no YouTube.

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1. "Onde a Coruja Dorme" (2012)

Com direção de Simplício Neto e Marcia Derraik, o documentário expõe a vida e obra de Bezerra da Silva (1937-2005). Classificado inicialmente pela crítica como "sambandido", sua música encantou o público brasileiro com crônicas bem-humoradas sobre o cotidiano das favelas cariocas e da Baixada Fluminense.

 

2 . "Cartola, Música para os Olhos" (2006)

O filme faz uma cronologia sobre a formação cultural no Brasil por meio do samba, dando o maior espaço e foco em um dos mais nobres nomes brasileiros: Cartola (1908-1980). A direção e roteiro ficam por conta de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda.

 

3. "Geraldo Pereira, o Rei do Samba" (1999)

É um filme musical que retrata parte da vida e da obra do compositor, cantor, ator e sambista Geraldo Pereira (1918-1955). Amigo de Cartola, ele criou o samba sincopado, que influenciaria a bossa nova anos mais tarde. Uma de suas mais conhecidas composições é "Falsa Baiana", gravada por Gal Costa.

 

4. "Heitor dos Prazeres" (1965)

O documentário reúne as memórias do sambista e pintor Heitor dos Prazeres (1898-1966) em seu ateliê na Cidade Clara, bairro periférico do Rio de Janeiro, esclarecendo que, no fim da vida, o artista dependia de suas músicas e obras para sobreviver.

 

5 . "Jards Macalé - Um Morcego na Porta Principal" (2008)

O documentário marca a trajetória de um dos personagens mais controversos da cultura brasileira. Sua vida nada linear é exposta em um filme de 71 minutos que foca em Jards Macalé e seus amigos pessoais.

A cada ano que se passa, a tecnologia mostra suas novidades para facilitar o cotidiano das pessoas. Com o advento dos serviços de streaming, por exemplo, ter acesso aos álbuns que não foram conquistados em forma física se tornou muito mais fácil de achar. Apesar de ter o trabalho do artista preferido com praticidade, algumas pessoas preferem ter os discos em mãos, sentindo mais de perto a essência do ídolo nos encartes. 

Entre nostalgia e modernidade, a foto ainda é um dos fatores que chama a atenção de quem não vive sem a música. Simples ou sofistacadas, as imagens são retratadas pela transparência que cada cantor propõe exibir para o público.

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Para celebrar o Dia do Fotógrafo, nesta terça-feira (8), o LeiaJá selecionou sete capas de discos de artistas nacionais que foram idealizadas para causar empatia e discussão.

Confira as imagens selecionadas:

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Há quem pense que a música da atualidade tem pior qualidade e só trata de temas impróprios, se comparada às de antigamente. Porém, se procurar direitinho, é possível achar canções - muitas delas de grandes ícones da música mundial - que lá atrás já traziam para as paradas musicais assuntos tidos como ‘politicamente incorretos’ e ninguém percebia. Se lançadas hoje, talvez estas pérolas do cancioneiro popular, nacional e internacional, seriam motivo de incontáveis textões nas redes sociais.

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Relembre alguns desses ‘sucessos’ e sinta-se à vontade para problematizar:

The Beatles - Run for Your Life

A música de 1965, lançada no disco Rubber Soul, tem aquela pegada 'iê iê iê', bem característica da primeira fase da banda na qual os Beatles exploravam ao máximo a imagem de bons moços, cantando canções de amor. Run for your life, porém, de amor não tem nada. A canção já começa com uma ameaça no título, 'Corra por sua vida'; na letra, escrita por Lennon e McCartney, se ouve os seguintes versos: "Prefiro ver você morta a te ver com outro homem. É melhor você correr pela sua vida. Pegar você com outro homem, é o fim, garotinha. Baby, estou determinado, prefiro ver você morta". Hoje, seria acusada por incitação à violência contra a mulher e uma clara demonstração de machismo.


Racionais MC's - Mulheres Vulgares

Logo em seu disco de estreia, Holocausto Urbano, de 1990, o grupo Racionais MC's já mandou uma música cheia de machismo, misoginia e ataque ao feminismo. Em Mulheres Vulgares, eles cantam que feminista "não aceita ser subjugada, exigem direitos iguais, e do outro lado, como é que é?". Em outro verso, dizem: "fique esperto com o mundo e atento com tudo e com nada, mulheres só querem/preferem o que as favorecem, dinheiro e posse. Te esquecem se não os tiverem".


Sublime - Date Rape

Embora tenha uma melodia bastante divertida, Date Rape, de 2005, abusa da violência. Ela conta sobre um caso de paquera que acabou em estupro, quando um desconhecido convence uma garota, em um bar, a dar uma volta no seu "carro novo", após lhe pagar algumas bebidas. Não bastasse o relato da violência sexual contra uma mulher incapaz de se defender por estar alcoolizada, o estuprador também acaba sendo estuprado, na cadeia, após ser denunciado por ela. A canção termina com os seguintes versos: "Não posso ter pena de um homem desse tipo, apesar de que agora ele está levando por trás".  


Raimundos - Me Lambe

"O que essa criança tá fazendo aí, toda mocinha? á sabe rebolar", assim começa esta música lançada em 1999. Na canção, a banda de rock fala sobre uma menina que desperta o desejo de um homem. E, apesar de mencionar que pedofilia é crime: "Se ela der mole, eu juro, não faço nada. Dá cadeia e é contra o costume", o restante da letra demonstra que a lembrança não fez muita diferença: "Sinto, amigo, lhe dizer, mas ela é de menor, isso é crime. Seu guarda, se não fosse eu, podia ser pior, imagine".


Mara Maravilha - Curumim

Em 1991, Mara Maravilha cantava para crianças e, talvez, sua intenção com a música Curumim tenha sido apresentar um pouco da cultura indígena para seu público. Ela abre a canção com a seguinte frase: "Índia gostar barulho", reforçando estereótipos linguísticos. Já no clipe, Mara aparece com uma maquiagem que deixa todo o seu corpo com um tom avermelhado, seminua, ela abusa da sensualidade - sexualizando a imagem da mulher indígena -  em meio a pequenos indígenas e termina batendo a mão na boca e fazendo "uh uh uh", em mais um forte estereótipo a respeito dos povos originários. Não satisfeita com a obra da colega de trabalho, a apresentadora Eliana gravou Curumim anos depois, em 2003, e produziu um clipe ainda mais estereotipado: com crianças brancas usando cocares e com os rostos pintados, como as escolas infantis adoram fazer no dia 19 de Abril, em que se comemora o Dia do Índio. Levantaria o debate sobre apropriação cultural e preconceito.


Luiz Caldas - Fricote

Apesar de ter sido considerada a música que deu início ao Axé, em 1985, Fricote pode ser apontada como racista e machista. Ela fala de uma mulher, chamada de "nega", que tem o "cabelo duro" e que mexe com a cabeça de um "negão". Hoje em dia teria sido mote para incontáveis textões nas redes sociais, certamente.


The Police - Every Breath you take

Mais uma canção de 'amor' que pode esconder ameaça, incitação à violência contra a mulher e machismo. Nos versos, Sting canta: "Cada respiro que você der, cada movimento que você fizer, cada passo que você der, estarei te olhando", obviamente um 'stalkeador'. E, ainda diz: "Você não consegue ver que você pertence a mim?". Seria facilmente acusado de abusivo.


Bob Marley - I shot the sheriff

Bob Marley pode parecer ser só paz e amor, porém, nesta canção de 1974, 'ele' mata um xerife só porque a autoridade encrencou com sua plantação de "sementes". Além de incitar a violência, faz apologia ao uso de drogas. Apesar da música garantir sido feito em "legítima defesa".


Chico Cesar - Odeio Rodeio

Em 2005, Chico Cesar fez um verdadeiro desabafo e assumiu mesmo odiar essas festas que exploram os animais. Defensores dos bichos podem ter gostado, porém, a música trata de forma pejorativa e preconceituosa aquelas pessoas que vivem no meio. "Sinto um certo nojo quando um sertanejo começa a tocar", canta Chico. Mas ele não parece preocupado com suas afirmações e declara: "Eu sei que é preconceito, mas ninguém é perfeito".


Mamonas Assassinas - Robocop Gay

Várias músicas do Mamonas Assassinas poderiam levantar debates hoje em dia. Robocop Gay poderia ser acusada de homofóbica e preconceituosa por versos como: "O meu andar é erótico, sou um amante robótico. Boneca cibernética". E, ainda termina com mais chacota: "Ai, como dói".


Gaúcho da Fronteira - Churrasco lá em casa

Talvez o Gaúcho da Fronteira não seja assim tão conhecido em todo o país, mas ele é um dos mais importantes intérpretes da música regional gaúcha. A cultura gaúcha tem uma forte gastronomia baseada em carnes. Junte-se os dois primeiros itens e o resultado é a música Churrasco lá em casa, de 1984. Na canção, o cantor não se intimida em dizer: "Qualquer dia, vou matar um bichinho. Se não der um, eu mato dois ou três, e vou levar vocês para comer lá em casa". Na festa, ele garante que vai ter ovelha, gado, "e também um tal de galeto, deitado no espeto de pata para cima". Mas, garante ser "um cara de muito bom coração" e, por isso, vai levar todo mundo para se fartar no seu churrasco". O que diriam os vegetarianos e veganos?


Bezerra da Silva - Minha sogra parece sapatão

Bezerra da Slva poderia render uma matéria à parte, no que diz respeito a músicas ‘politicamente incorretas’. Várias de suas composições falam sobre misoginia, drogas e violência. A escolhida, no entanto, para fechar esta lista, foi 'Minha sogra parece sapatão', de 1983. Nela, o sambista canta: “Ela bebe cachaça e fuma charuto, tem bigode e cabelo no peito. Eu não sei não, minha sogra parece sapatão”.

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Para esquentar os domingos de Olinda, o projeto Reunião de Bacana, realizado pelo DJ 440 desde 2006, volta neste domingo (5), abrindo espaço para a saudosista e irreverente música de Bezerra da Silva. A festa, que tem início às 16h, recebe o grupo Bando da Silva, que dá vida às canções do grande sambista pernambucano.

O grupo conta com a direção do consagrado músico Bozó 7 Cordas, que teve a honra de tocar junto ao próprio Bezerra e de Rubens França, outro grande nome do samba pernambucano. No repertório, não vão faltar sucessos como Malandro é Malandro, Mané é Mané, Cocada Boa, A Semente, Malandragem dá um tempo, entre outros. A rapaziada ainda conta com a participação especial de Demóstenes, mais conhecido como Macaco, do grupo Trio Pouca Chinfra.

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O DJ 440, que tem na música brasileira o seu principal campo de trabalho, também agita a festa com a sua discotecagem. O público ainda pode consumir clone de chopp até às 17h.

Serviço

Reunião de Bacana - com DJ 440, Bando da Silva e part. de Demóstenes Macaco (Pouca Chinfra)

Domingo, 5, às 16h

Sítio das Artes - Clube do Chopp de Pernambuco (Alto da Sé - Olinda)

R$ 10 (até as 17h) e R$ 15 (após as 17h)

Informações: 81 9751-3503 | http://www.flickr.com/photos/reuniaodebacana



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