Tópicos | Boulos no Recife

Pré-candidato a presidente pelo PSOL, Guilherme Boulos admitiu, nesta quarta-feira (16), que “não tem soluções mágicas” para todos os problemas que o país enfrenta, mas apresentou ponderações, durante um debate no Recife, sobre investimentos que pretende fazer para combater à seca, dar equidade a distribuição da água da Transposição do Rio São Francisco e garantir um desenvolvimento, segundo ele, “mais justo” para o Brasil. 

Sob a ótica de Boulos, o programa de governo ideal precisa ser “calcado em investimento público”, deixando de lado a tese de que o interesse econômico precisa estar à frente do social.

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“Precisamos pensar em um novo modelo de desenvolvimento para o país, um modelo que tenha investimento público, em infraestrutura, que gere emprego, mas que não seja um modelo que devaste o meio ambiente e passe por cima das populações tradicionais e privatize os bens naturais, como a água”, salientou, ao participar de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) sobre "convivência com a seca e combate à desertificação do semiárido". 

Nesse aspecto, Boulos disse que era possível “conviver com a seca tendo água” a partir da retomada da instalação de cisternas que sejam construídas com a participação dos agricultores e suspensão dos recipientes de armazenamento de água de plástico. 

Já sobre a transposição do São Francisco, que até hoje não foi concluída, o pré-candidato destacou que “o rio precisa servir, sobretudo, a população que vive em torno dele”. 

“Um rio que dá água apenas para as grandes empresas de agronegócio ou esteja focada nas hidroelétricas não é a transposição que interessa ao povo nordestino. O debate de levar água para quem precisa é essencial, estamos em pleno século 21 e é inadmissível que em 2018 a falta de água ainda atinge centenas de milhares de pessoas. É possível conviver com a seca tendo água”, salientou.

Origem dos investimentos e reforma tributária

Ao apresentar sua visão sobre dois temas que são latentes em Pernambuco, Guilherme Boulos também disse que tais implementações passam por um debate de financiamento de políticas públicas no país. 

“Essa história de que não tem dinheiro não convence. O Brasil é a sétima economia do mundo. Dinheiro tem, o problema é que ele está mal distribuído e faz da gente, além de ser a sétima economia, estar entre os países mais desiguais do mundo”, argumentou. “O problema não é falta de recurso, mas de prioridade de investimentos. Falta de uma política de distribuição de renda. Hoje no Brasil quem paga imposto de verdade é quem tem menos”, completou.

Para Boulos, a solução para encontrar um novo modelo econômico que possibilite crescimento, mas também distribuição de renda e combate a desigualdade é a reforma tributária. 

“De onde vem o dinheiro para fazer este investimento? De uma reforma tributária progressiva que é o que nós temos defendido no país afora. O sistema tributário do país precisa deixar de ser um Robin Hood ao contrário, que pelas altas taxas de juros se tira do pobre para repassar aos mais ricos. Queremos imposto sobre operação financeira, imposto sobre grandes fortunas”, explicou.

Pré-candidato à Presidência da República, Guilherme Boulos (PSOL) fez um panorama do cenário político-eleitoral do país, nesta quarta-feira (16), e afirmou que todas as candidaturas já colocadas por partidos de direita ou centro representam o projeto do presidente Michel Temer (MDB). Na ótica do psolista, que está no Recife para cumprir uma série de agendas, isso ficará claro durante a campanha e os eleitores "não vão mandar dois Temer para o segundo turno". 

"Se você pega candidaturas de direita ou centro-direita no país, todas representam Temer. Algumas disfarçadas outras assumidas”, observou, sem citar nomes, pouco antes de dizer que “seguramente no segundo turno terá uma candidatura do campo progressista [de esquerda]”, pois “Temer é o presidente mais rejeitado que o país já teve” e, para ele, uma boa parcela da população não quer a manutenção da gestão emedebista, mesmo que com outro nome. 

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Guilherme Boulos também projetou que, em caso de segundo turno, os partidos de esquerda estarão juntos quer o candidato seja ele, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), ou a deputada Manuela D’Ávila. “O campo progressista precisa ter unidade para combater Temer. É natural que estejamos unidos quem quer se seja o candidato”, salientou.

Unidos, mas não tanto

Apesar disso, o presidenciável descartou que ele, Ciro, Manuela e Lula formem uma unidade eleitoral para o primeiro turno. De acordo com Boulos, a frente permanente integrada por esses partidos é democrática e não eleitoral, porque no último campo há diversas divergências entre eles. 

“[A unidade no primeiro turno] não está colocada. Existem várias candidaturas próprias que estão rodando o Brasil e com muitos pontos em comum, para isso a unidade democrática, mas elas têm divergências que são expostas no debate eleitoral”, destacou.

“Temos uma crise democrática grave e a condenação sem provas de Lula é algo inadmissível. Quando se condena alguém sem prova é a democracia que está em jogo. Não podemos ser coniventes com essa injustiça. Vivemos uma união democrática que não pode ser confundida com união eleitoral… Queremos a convivência entre várias candidaturas, sem jogar as divergências para debaixo do tapete”, complementou.

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