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O Ministério Público Federal (MPF) apresentou ontem (15) à Justiça nova denúncia contra o ex-presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) Edison Pereira Rodrigues, desta vez acusado em esquema cujos prejuízos aos cofres públicos chegam a R$ 43 milhões.

Rodrigues é acusado, com mais sete pessoas, de participar de um esquema para dar decisões favoráveis à empresa Mundial S.A., braço brasileiro da multinacional famosa pela fabricação de tesouras, em processos sobre dívida tributária julgados no Carf.

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O Carf é uma espécie de tribunal administrativo da Receita Federal que funciona como última instância de recurso contra a cobrança de impostos.

Junto com Edison Rodrigues, foram acusados o ex-conselheiro do Carf José Ricardo da Silva, a ex-conselheira suplente Adriana Oliveira e Ribeiro, o advogado Anderson Cerioli Munaretto e o delegado aposentado da PF Casimiro de Andrade Emerim, bem como o diretor presidente da Mundial, Michel Lenn Ceitlin, e o diretor financeiro da companhia, Paulo Ricardo de Moraes Machado.

As acusações são pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e formação de quadrilha.

Voto

Segundo nota do MPF, o esquema teve início em 2008, quando José Ricardo da Silva, então conselheiro titular do Carf entrou em contato com a Mundial, por intermédio do escritório de advocacia de Edison Rodrigues, para comunicar a existência de diversos processos em tramitação no órgão em desfavor da companhia.

Os procuradores Frederico Paiva e Herbert Mesquita disseram ter provas sobre a compra de pelo menos um voto de José Ricardo da Silva em favor da Mundial no Carf, em um processo de 2010 no valor de R$ 43 milhões, mas que o favorecimento pode chegar a 29 recursos apresentados pela companhia no órgão.

Edison Rodrigues e Adriana Oliveira tiveram papel chave nas negociações, por possuírem “trânsito livre no tribunal administrativo, uma vez que ela era suplente e ele já havia presidido o Carf por nove anos”, diz a nota do MPF.

O delegado aposentado da PF Casimiro Emerim era quem se reunia com os executivos da Mundial, de acordo com os procuradores.

A Agência Brasil entrou em contato com a Mundial S.A. e, até o momento de publicação da matéria, a companhia não se manifestou sobre a denúncia. A reportagem tentou contato também com os números de telefone do escritório de advocacia de Edison Pereira Rodrigues em Brasília, mas não foi atendida. Os outros acusados não puderam ser localizados.

Em junho, Edison Rodrigues foi acusado pelo MPF, junto com sua filha Meigan Rodrigues, de participação em um outro esquema para favorecer a empresa TOV Corretora em julgamentos no Carf.

Ao todo, a Operação Zelotes gerou até agora nove processos contra 54 pessoas suspeitas de envolvimento em esquemas de corrupção no Carf, com prejuízos aos cofres públicos que somam R$ 19 bilhões, segundo estimativa do MPF.

Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) foram encerrados sem sequer ter o relatório lido e votado. A comissão foi instalada ainda pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para investigar denúncias e fraudes contra a Receita Federal de bancos e grandes empresas, mediante suposto pagamento de propina para manipular resultados dos julgamentos referentes à sonegação fiscal do Carf.

O último encontro do colegiado aconteceu na última terça-feira (9) ainda com a expectativa de que o novo presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), pudesse prorrogar os trabalhos. Pouco depois que chegou à presidência, Maia afirmou que não concederia mais prazo para os parlamentares e, para que o pedido não fosse votado na quarta-feira, argumentou falta de quórum. Ele chegou a cancelar o período maior que o então presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), tinha autorizado para funcionamento da CPI.

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Durante os trabalhos, alguns parlamentares foram acusados de ter um "grupo de blindadores" nas investigações. O relator, deputado João Carlos Bacelar (PR-BA), pediu mais prazo para que seu relatório fosse apresentado sob esse argumento.

"O PSDB está blindando a CPI", disse o relator, na semana passada, afirmando que o partido condicionou o apoio a Rodrigo Maia ao fim da CPI. Ele chegou a dizer que o colegiado ouviu apenas um terço dos depoentes que seriam necessários. "Não conseguimos trazer ninguém do setor financeiro, ninguém do setor industrial, ninguém do setor automotivo", disse. "Não quero ser imprudente e indiciar dezenas de empresas sem ouvi-las", afirmou.

A CPI do Carf foi criada em fevereiro para investigar supostos pagamentos de propina para manipular os resultados do colegiado, que é uma espécie de tribunal administrativo recursal ligado ao Ministério da Fazenda, responsável por julgar processos tributários.

De acordo com a secretaria da Comissão, não há como prorrogar os trabalhos do colegiado.

O Ministério da Fazenda divulgou na tarde desta quinta-feira, uma nota afirmando que a direção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) lamenta a prisão de um de seus conselheiros. O alvo da Operação Mãos Limpas da Polícia Federal (PF), realizada na noite de quarta-feira, 6, foi o conselheiro orador do processo de fusão do Itaú com o Unibanco, João Carlos Figueiredo Neto. A operação foi deferida judicialmente pela 12ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal,

"A direção do órgão lamenta o ocorrido e reafirma o compromisso com a defesa da ética e da integridade institucional e aguarda ser oficialmente notificada dos fatos investigados para analisar os impactos e as medidas a serem adotadas, inclusive as correcionais, previstas na Lei nº 8.112/90 e no Regimento Interno do Carf", aponta o documento.

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A nota também destaca que o órgão tem adotado medidas para corrigir "vulnerabilidades". "O Carf, que passa neste momento por amplo processo de reestruturação visando fortalecer a governança do órgão e vem adotando medidas para corrigir as vulnerabilidades apontadas pela Operação Zelotes, coloca-se, desde já, à disposição dos órgãos de investigação para prestar os esclarecimentos necessários às investigações em curso", diz a Pasta.

O membro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), João Carlos Figueiredo Neto, preso em flagrante na noite de quarta-feira, 6, pela Polícia Federal, exigiu R$ 1,5 milhão de propina. Conselheiro orador do processo de fusão Itaú Unibanco, João Carlos Figueiredo Neto foi detido por extorsão no café Suplicy, do Shopping Iguatemi em Brasília por volta das 21h.

Segundo a PF, a operação se deu a partir de denúncia de uma empresa privada de grande porte no momento em que o conselheiro solicitou vantagens para proferir decisão favorável e influenciar em julgamento de processo administrativo no âmbito do CARF.

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O flagrante se deu no curso de Ação Controlada deferida judicialmente pelo Juiz Federal Marcus Vinícius dos Reis Bastos da 12ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, com base em representação da Polícia Federal, para que fosse aguardado um momento mais oportuno do ponto de vista da produção de prova.

O nome da operação é baseado na proposta inicial feita pelo investigado a representante da instituição financeira, para que a elaboração do voto fosse feita a "quatro mãos".

Apesar da semelhança, referida ação ocorreu independentemente das investigações levadas pela operação Zelotes.

A Polícia Federal, durante uma ação controlada autorizada judicialmente, prendeu, na noite desta quarta-feira (6), um membro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), espécie de Tribunal da Receita. A ação foi denominada Operação Quatro Mãos.

Segundo a PF, a operação se deu a partir de denúncia de uma empresa privada de grande porte no momento em que o conselheiro solicitou vantagens para proferir decisão favorável e influenciar em julgamento de processo administrativo no âmbito do CARF.

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O flagrante se deu no curso de Ação Controlada deferida judicialmente pelo Juiz Federal Marcus Vinícius dos Reis Bastos da 12ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, com base em representação da Polícia Federal, para que fosse aguardado um momento mais oportuno do ponto de vista da produção de prova.

O nome da operação é baseado na proposta inicial feita pelo investigado a representante da instituição financeira, para que a elaboração do voto fosse feita a "quatro mãos".

Apesar da semelhança, referida ação ocorreu independentemente das investigações levadas pela operação Zelotes.

O Ministério da Fazenda informou há pouco que a Corregedoria-Geral da Pasta (Coger/MF) instaurou nesta segunda-feira, 9, um processo administrativo disciplinar para apurar a responsabilidade funcional de conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) que teriam atuado de modo a prejudicar os interesses da Administração Tributária. A atuação indevida de membros do colegiado é investigada pela Operação Zelotes da Polícia Federal, que deflagrou nesta segunda uma nova fase em que levou para depor o ex-ministro Guido Mantega.

As apurações promovidas pela força-tarefa integrada pela Corregedoria-Geral da Fazenda revelaram irregularidades cometidas por um grupo composto por advogados, conselheiros e ex-conselheiros do Carf, que, segundo a pasta, resultaram na exoneração de crédito tributário da ordem de R$ 8,6 milhões constituído em face do empresário Walter Faria. A Corregedoria-Geral encaminhou ainda a documentação ao Carf para que o Conselho anule esse julgamento.

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A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira, 9, em cinco unidades da federação, ações contra um dos grupos empresariais investigados pela Operação Zelotes. As empresas investigadas nesta fase tiveram multas julgadas no Conselho de Recursos Administrativos (Carf) que somam R$ 57 milhões.

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi levado para depor à Polícia Federal e deve ser liberado em seguida. Ele é amigo de Victor Sandri, dono da Cimento Penha, que teria sido favorecida em decisões do Carf.

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Estão sendo cumpridos 12 mandados de buscas e apreensões e 15 mandados de conduções coercitivas em Brasília (DF), Recife (PE), Olinda (PE), Paulista (PE), João Pessoa (PB), São Paulo (SP), Juazeiro do Norte (CE), Florianópolis (SC) e 1 oitiva autorizada judicialmente no Complexo da Papuda, em Brasília. Todas as medidas judiciais foram determinadas pela 10ª Vara da Justiça Federal no DF.

Segundo a PF, durante a investigação, foi constatada "a existência de associação criminosa voltada a manipular e influenciar decisões do Carf, por meio de corrupção de Conselheiros, em prol de empresas desfavorecidas em decisões administrativas condenatórias de instâncias inferiores".

Alvo desta fase de ações da Polícia Federal, uma empresa produtora de material de construção celebrou contratos com escritórios de advocacia e de consultoria que, por meio de seus sócios, "agiram de maneira ilícita, manipulando o andamento, a distribuição e decisões do Carf, visando obter provimento de seus recursos e cancelamento da cobrança de tributos em seus processos".

Desde a deflagração da Operação Zelotes, em 26 de março de 2015, a Polícia Federal recolhe evidências das práticas de crimes de tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro por parte de uma estrutura criminosa complexa e composta por conselheiros e ex-conselheiros do Carf, advogados e as empresas alvos das ações.

Mantega

Em novembro do ano passado, o juiz titular da 10ª Vara da Justiça Federal, Vallisney de Souza Oliveira, responsável pela Zelotes, autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Guido Mantega. O objetivo era apurar se ele tinha envolvimento no suposto favorecimento de empresas que obtiveram decisões favoráveis no Carf.

Na época, os investigadores também quiseram levantar mais informações sobre a relação do então ministro com o dono da Cimentos Penha, grupo empresarial que conseguiu abater débito de R$ 106 milhões no "tribunal da Receita". Os dois seriam amigos e já fizeram negócios imobiliários.

Nesta segunda-feira, a defesa do ex-ministro disse que "não há o que recear" sobre a condução coercitiva de Mantega para depor. "Ele não tem nada a esconder", afirmou o criminalista José Roberto Batochio.

O Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF) denunciou 23 pessoas por corrupção ativa e passiva no âmbito da Operação Zelotes, entre elas o ex-secretário da Receita Federal Otacílio Cartaxo. Os processos investigados envolvem o Banco Santander, a Qualy Marcas Comércio e Exportação de Cereais e a Brazil Trading. Juntas, essas empresas teriam pago R$ 4,5 milhões em propina para obter decisões favoráveis no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão administrativo responsável por julgar litígios sobre pagamento de impostos.

De acordo com o MPF-DF, as negociações criminosas teriam sido conduzidas por intermediários, consultores e ex-conselheiros do Carf, na tentativa de corromper conselheiros do órgão e servidores da Receita Federal. Dos 23 denunciados, quatro já respondem a outra ação por crime cometido no órgão.

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Ex-secretário da Receita Federal entre 2009 e 2010, Cartaxo teria favorecido a Qualy em um processo na época em que era conselheiro. A reportagem tentou entrar em contato com Otacílio Cartaxo, mas ele não foi localizado. A companhia teria pago R$ 4,3 milhões a um grupo de intermediários para influenciar no resultado do julgamento.

A propina teria sido paga em quatro momentos diferentes do julgamento do caso, entre 2002 e 2012. Ao longo do processo, a empresa conseguiu modificar o voto de conselheiros a seu favor, mas a área técnica da Receita Federal recorreu diversas vezes.

Ao fim do processo, a Qualy recebeu R$ 37,6 milhões da União na forma de expurgos inflacionários que teriam sido acumulados na década de 1990 devido a planos econômicos e mudanças de moeda. Em uma das mensagens apreendidas pela equipe da Zelotes, enviada no mesmo dia em que a propina foi paga, um dos denunciados agradeceu pelos "vinhos" que teria recebido da companhia.

No caso do Santander, as investigações apontaram negociações que levaram a intervenções irregulares em cinco procedimentos administrativos fiscais e tentativa de anular uma multa de R$ 890,6 milhões. De acordo com o MPF-DF, a negociação foi documentada por meio de conversas telefônicas e mensagens interceptadas pela Força Tarefa.

A ação envolvendo a Brazil Trading mostrou que a direção da empresa ofereceu vantagens indevidas a um conselheiro para que ele votasse a favor de um recurso e livrasse a empresa de uma cobrança de R$ 568 mil. Ele teria recebido R$ 37,5 mil.

O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), ligado ao Ministério da Fazenda, sofreu uma mudança em seu regimento interno. De acordo com o Carf, uma das mais importantes alterações foi a reintrodução do agravo como recurso previsto no regimento.

O Conselho esclareceu que, no procedimento de análise de admissibilidade de Recurso Especial de divergência, houve substituição do antigo reexame necessário pelo agravo, nas hipóteses de negativa de seguimento, total ou parcial do recurso, seja da Fazenda Nacional ou do Contribuinte. "Trata-se de instrumento muito aguardado pelas partes", classificou o Conselho em nota. "Em resumo, todas as decisões que eram passíveis de reexame poderão ser objeto de agravo pela parte interessada, no prazo de cinco dias. O agravo é endereçado ao presidente do Carf, que analisará a petição."

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O agravo havia sido suprimido do Regimento Interno do Carf, com uma portaria editada pela Fazenda. À época, os processos ainda tramitavam na forma de autos em papel e, portanto, a existência do agravo implicava a necessidade de remessa física dos autos para ciência da parte interessada e posterior retorno ao Carf, para sua apreciação. Atualmente, entretanto, com a utilização do e-Processo e os autos em meio digital, essa remessa e seu retorno são instantâneo e os motivos da anterior supressão do recurso não mais subsistem.

O Carf esclareceu ainda que a reintrodução do agravo somente traz vantagens ao órgão, às partes, ao processo administrativo fiscal e, em última instância, ao País, "por resultar em melhoria substancial para a transparência e segurança jurídica das decisões monocráticas, garantindo o contraditório e a ampla defesa".

A partir de agora, no agravo, o interessado tem a oportunidade de se manifestar acerca do critério utilizado pelo presidente de Câmara na análise da admissibilidade de seu recurso especial, apresentando seus argumentos à autoridade superior. Na avaliação do Conselho, isso, inegavelmente, aumenta a profundidade da discussão e, consequentemente, a legitimidade das decisões.

O Ministério da Fazenda publicou no Diário Oficial da União (DOU) portaria que altera trecho do novo Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que foi editado em junho do ano passado, depois das investigações da Operação Zelotes no órgão. A portaria publicada traz mudanças no anexo II do regimento original, que trata da competência, estrutura e funcionamento dos colegiados internos do Carf.

O novo texto abrange modificações em temas como deveres dos conselheiros, distribuição e sorteio de casos, recursos e súmulas, entre outros. Clique aqui e veja a íntegra da portaria.

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A CPI do Carf da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 26, a convocação do empresário Joseph Yacoub Safra, acionista majoritário do Banco Safra. A convocação, proposta pelo deputado Altineu Cortês (PMDB-RJ), foi aprovada por 12 votos a dois, após muita discussão entre os integrantes do colegiado. Houve ainda duas abstenções.

Joseph Safra foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) e já é investigado pela Justiça Federal sob a suspeita de envolvimento no esquema de pagamento de propina para influenciar julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão do Ministério da Fazenda que analisa recursos de cobranças de impostos feitas pela Receita Federal.

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O esquema é investigado pela Operação Zelotes, deflagrada em março do ano passado pelo MPF, Polícia Federal, Receita Federal e Corregedoria do Ministério da Fazenda. A operação também apura suposta compra de medidas provisórias (MPs) durante o governo Lula para beneficiar o setor automotivo, caso revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

Deputados da oposição se posicionaram contra a convocação de Safra. "Ele não é presidente do conselho, é acionista do banco. Para que vamos convocar o acionista? Defendo chamar funcionário do banco, alguém diretamente ligado à administração", questionou o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA).

O deputado Hildo Rocha (PMDB-MA), por sua vez, argumentou que a convocação era dispensável, porque o funcionário do banco Safra João Inácio Puga já tinha tido sua convocação aprovada pela CPI. "Quem tem conhecimento do assunto é diretor do banco e não o acionista", afirmou o parlamentar.

Lobistas

Na sessão de hoje, a CPI do Carf da Câmara também aprovou a convocação dos lobistas Cristina Mautoni e Mauro Marcondes Machado, sócios da Marcondes e Mautoni. Eles são suspeitos de ter feito lobby junto ao governo Lula para aprovar MPs que beneficiaram montadoras.

A Justiça Federal aceitou denúncia contra o dono do Grupo Safra, Joseph Yacoub Safra, e mais cinco pessoas por suposto envolvimento em esquema de "compra" de decisões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) - espécie de tribunal que avalia débitos de contribuintes com a Receita Federal. Eles passam agora à condição de réus e responderão a ação penal que discute sua participação em crimes de corrupção e falsidade ideológica.

Em decisão assinada no dia 14, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara em Brasília, justificou que a denúncia atende aos requisitos legais, descrevendo de modo claro e objetivo os fatos imputados a cada acusado, "não se tratando de hipótese de indeferimento da peça".

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"Está demonstrada a plausibilidade das alegações contidas na denúncia em face da circunstanciada exposição dos fatos tidos por criminosos e as descrições das condutas em correspondência aos documentos constantes inquérito policial, havendo prova da materialidade e indícios da autoria delitiva", escreveu.

Segundo na lista dos homens mais ricos do Brasil, publicada pela revista Forbes, o dono do Safra pediu para ser excluído da ação por "ausência de justa causa". Contudo, o magistrado entendeu que este não é o momento adequado para análise de resposta à acusação e, sim, após o recebimento da denúncia, quando a defesa do empresário poderá apresentar os argumentos que entender pertinentes.

O juiz determinou a notificação dos réus para apresentarem alegações e documentos, além de indicar testemunhas.

Conforme a denúncia da Procuradoria da República no Distrito Federal, Lutero Fernandes do Nascimento e Eduardo Cerqueira Leite, servidores da Receita, e dois ex-funcionários do Fisco, Jorge Victor Rodrigues e Jeferson Ribeiro Salazar, teriam pedido propina de R$ 15,3 milhões para conseguir decisões favoráveis com os conselheiros do Carf.

A JS Administração de Recursos - sociedade empresarial do Grupo Safra - tinha três processos em curso no órgão, pelos quais questionava a cobrança de R$ 1,8 bilhão em tributos. O suposto pagamento de suborno teria sido negociado por João Inácio Puga, diretor da JS.

Os procuradores sustentam que, embora não tenha tratado diretamente com os "intermediários" do esquema, Safra tinha conhecimento das irregularidades. Eles argumentam que em pelo menos três conversas, interceptadas com autorização da Justiça, fica claro que Puga se reportava ao superior.

Além disso, alegam os procuradores, os processos em andamento envolvem valores que representam mais de 40% do capital do grupo, estimado em R$ 4,3 bilhões. "Um mero diretor não poderia, como realmente não o fez, tomar as decisões que envolviam dívidas correspondentes a 41,26% do capital social."

Outro lado. Em nota enviada ao Estado, a JS informou serem infundadas as suspeitas levantadas pelo Ministério Público Federal. A empresa sustentou que "nenhum" de seus representantes "ofereceu vantagem para qualquer funcionário público". "A JS não recebeu nenhum tipo de benefício no Carf. Portanto, não há justa causa para o processo", acrescentou. O advogado de Lutero, Délio Lins e Silva, disse que seu cliente não participou de irregularidade e que, oportunamente, sua defesa será apresentada nos autos.

Renato Vieira, que representa Eduardo Cerqueira, afirmou que as alegações não são verdadeiras e que o provará ao longo do processo. A defesa de Salazar não retornou o contato do Estado. Em outra ocasião, os advogados dele "refutaram" a acusação de que teria participado de qualquer oferta ou pagamento de propina. Jorge Victor não foi localizado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O advogado Eduardo Valadão, réu na ação penal decorrente da Operação Zelotes, da Polícia Federal, negou nesta quarta-feira (9), em depoimento prestado à Justiça Federal, em Brasília, que tenha contatos políticos ou que tenha tentado induzir a aprovação de medidas provisórias. A operação investiga um suposto esquema de venda de sentenças do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) para beneficiar empresas que foram multadas pela Receita Federal. O Carf é um órgão do Ministério da Fazenda onde contribuintes recorrem contra multas.

Esse é o segundo dia de depoimentos. Eduardo Valadão foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) em novembro do ano passado, junto com outras 15 pessoas. Segundo a Polícia Federal, o esquema também negociava medidas provisórias a favor de empresas do setor automobilístico.

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“Eu não tenho nenhum tipo de envolvimento político. Nunca tive relacionamento dentro da política que pudesse me dar qualquer tipo de possibilidade de tratar qualquer assunto relativo à medida provisória objeto da denúncia”, disse o advogado, ao ser interrogado pelo juiz federal Vallisney de Souza, titular da 10ª Vara Federal em Brasília.

Durante toda a audiência, Valadão negou as acusações feitas contra ele, como lavagem de dinheiro e corrupção. O advogado disse ainda que não tinha conhecimento da área tributária. 

Depois de responder às perguntas feitas pelo juiz, o advogado se negou a responder questionamentos do procurador do Ministério Público Federal Frederico Paiva. Ao fazer comentários sobre a situação, o procurador foi interrompido pelos advogados e houve discussão.

No período da tarde, será ouvido outro réu da ação, Mauro Marcondes, sócio de José Ricardo da Silva, ex-conselheiro do Carf.

Silva, que foi interrogado ontem (8), está preso preventivamente na Penitenciária da Papuda, em Brasília, desde outubro do ano passado.

O advogado José Ricardo da Silva, ex-conselheiro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), disse nesta terça-feira (8), em depoimento à Justiça Federal em Brasília, que pagava uma porcentagem a parlamentares que indicavam seus serviços a outros colegas.

Silva está preso preventivamente na Penitenciária da Papuda, em Brasília, desde outubro do ano passado, detido durante a Operação Zelotes, da Polícia Federal (PF). A operação investiga a suposta compra de medidas provisórias e a venda de sentenças para beneficiar empresas multadas pela Receita Federal.

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José Ricardo é suspeito de ser um dos principais operadores no esquema de venda de sentenças do Carf para beneficiar empresas que foram multadas pela Receita Federal. O Carf é a última instância administrativa de recurso contra cobranças tributárias. O Ministério Público Federal investiga também o envolvimento do advogado na aprovação de medidas provisórias favoráveis ao setor automotivo.

Ao ser questionado pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, responsável pelo caso na 1ª instância, sobre um e-mail enviado em dezembro de 2009, no qual pedia a seu antigo sócio, Eduardo Valadão, também acusado de envolvimento no esquema, que “acalmasse” parlamentares que lhe faziam cobranças, José Ricardo respondeu que “a história por trás desse e-mail não tem nada, absolutamente nada a ver com nenhuma medida provisória, nem com a tramitação de qualquer coisa no Congresso Nacional".  

Ele explicou que a mensagem é referente ao pagamento de comissões a parlamentares pela indicação para serviços de advocacia junto aos seus pares. José Ricardo deu, como exemplo, o repasse ao deputado José Janene, morto em 2010, de 20% do valor recebido por sua intervenção em um processo de improbidade administrativa no STJ, envolvendo o ex-deputado João Pizzolatti (PP-SC). O objetivo foi evitar uma condenação que enquadrasse o parlamentar na então recém-aprovada Lei da Ficha Limpa.

José Ricardo não quis revelar outras transações envolvendo pagamento a parlamentares por questões de “sigilo profissional”, mas prometeu apensar aos autos da Operação Zelotes notas fiscais de todos os serviços prestados a deputados.

Em outra parte do depoimento, José Ricardo admitiu que sua empresa, a SGR Consultoria, recebeu cerca de R$ 5 milhões pela prestação de serviços à Mitsubishi no Brasil, e que ele se reuniu com diretores da empresa. A MMC, companhia que representa os automóveis da Mitsubishi no Brasil, conseguiu posteriormente reduzir um débito de R$ 266 milhões para menos de R$ 1 milhão em um julgamento no Carf, de acordo com as investigações. 

O lobista Alexandre Paes dos Santos, também preso por envolvimento no esquema, deve ser ouvido pela Justiça Federal ainda nesta terça-feira.

O Ministério da Fazenda publicou no Diário Oficial da União (DOU) mudanças no Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). A nova portaria, assinada pelo ministro Nelson Barbosa, altera trechos dos anexos 1 e 2 do texto original, editado em junho do ano passado.

No anexo 1, as mudanças abrangem questões relacionadas à organização e à estrutura administrativa do colegiado. No anexo 2, houve alterações em aspectos a serem observados nos julgamentos pelas turmas do Conselho.

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O ex- ministro da Fazenda, Guido Mantega, que foi arrolado como testemunha pela defesa de Eduardo Valadão, foi dispensado do depoimento que prestaria por videoconferência em São Paulo nesta quinta-feira (4). Segundo a Justiça Federal, na última quarta-feira (3) o réu desistiu da oitiva. Valadão é réu de uma ação penal decorrente da Operação Zelotes. A operação investiga a manipulação de julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), do Ministério da Fazenda, além da suposta compra de medidas provisórias.

Um ofício chegou a ser enviado pelos advogados de Mantega à Justiça Federal antes da dispensa. No documento a defesa diz que o ex-ministro não conhece Valadão. “O requerente não conhece esse acusado [nem qualquer outro] daquela ação penal”, diz o texto que tem a data do dia 2 de fevereiro. A defesa de Eduardo Valadão não se pronunciou sobre os motivos que levaram à desistência do depoimento.

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A audiência nesta quinta-feira teve início com a oitiva do deputado federal Alexandre Baldy (PSDB-GO). Baldy falou na condição de testemunha arrolada pela defesa de Robert de Macedo. “O que eu falei foi a importância das atividades industriais para as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste em termos dos incentivos fiscais”, disse após o depoimento.

Para o deputado, os incentivos fiscais foram importantes para que houvesse desconcentração da atividade industrial. “Para que a indústria se deslocasse de regiões como Sul e Sudeste para a região de Goiás, ou Bahia ou Pernambuco” exemplificou. O deputado disse ainda aos jornalistas que foi secretário no estado do Goiás quando as medidas provisórias foram editadas.

“Eu era secretário de Indústria e Comércio [de Goiás] e estive aqui para poder dar o testemunho no sentido do quanto é importante o incentivo fiscal para a instalação de uma atividade industrial nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste”.

Após o depoimento do deputado, foram ouvidas testemunhas que estavam em São Paulo. Entre as pessoas ouvidas por videoconferência, estava o ex-ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, arrolado pela defesa de Cristina Mautoni e Mauro Marcondes. Miguel Jorge disse que conheceu Marcondes na época que trabalhou na indústria automobilística e que a relação dos dois foi profissional.

O ex-ministro disse que as Medidas Provisórias (MPs) 471/2009 e 512/2010 foram importantes para o desenvolvimento de outras regiões. “Eu considero que tanto uma quanto a outra foram importantes para estabelecer um regime diferenciado que permitisse o desenvolvimento regional”.

O ex-ministro disse que considerou normal a tramitação das duas medidas e que Mauro Marcondes nunca conversou com ele a respeito das MPs. Ao ser questionado por um dos advogados se sabia de alguém do ministério ou no Congresso que tenha recebido valores, importâncias ou proposta para a aprovação da MP, o ex-ministro disse não ter nenhuma informação sobre o assunto.

Além do deputado e do ex-ministro, mais quatro testemunhas foram ouvidas na audiência desta quinta-feira. A audiência da Operação Zelotes foi presidida pelo o juiz federal Vallisney de Souza, titular da 10ª Vara Federal em Brasília.

Ao final da semana de volta aos trabalhos do Legislativo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), autorizou a criação de uma CPI para investigar denúncias de fraudes contra a Receita Federal de bancos e grandes empresas, mediante supostos pagamentos de propinas para manipular os resultados dos julgamentos pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) de casos de sonegação fiscal.

Partidos já podem indicar membros para integrar a comissão parlamentar de inquérito. No entanto, ela ainda não tem previsão para começar a funcionar, já que Cunha condicionou o início dos trabalhos de todas as comissões à resposta do Supremo Tribunal Federal (STF) a questionamentos apresentados no início desta semana. A expectativa é que, após o carnaval, Cunha reveja sua posição e permita o início dos trabalhos dos colegiados.

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A criação da CPI do Carf é a primeira ofensiva clara de Cunha contra o governo neste ano. O autor do requerimento de criação da CPI, João Carlos Bacelar (PR-BA), deve ficar com a relatoria da comissão.

A prioridade da CPI, segundo Bacelar, é o sistema financeiro e o setor automotivo. Ele quer convocar executivos de bancos e montadoras para prestar depoimento à comissão. O envolvimento de políticos, no entanto, deve ficar de fora do alvo da CPI. "Temos que ir primeiro em cima dos bancos, que deram origem a essa confusão toda. Depois, sistema automotivo. Acho que não temos que polemizar a política, de Lula, de Dilma", disse o autor do requerimento.

No ano passado, o jornal O Estado de S. Paulo revelou suspeitas de compra de Medidas Provisórias (MPs) e pagamento de propina a integrantes do Carf. De acordo com investigações da Operação Zelotes, MPs teriam sido editadas durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva para favorecer montadoras de veículos.

Como a compra de MPs foi revelada apenas meses depois da apresentação do requerimento, o tema deve ficar de fora dos trabalhos da comissão, assim como ocorreu na CPI do Carf realizada no ano passado no Senado.

A CPI do Carf no Senado terminou em dezembro de 2015 recomendando o indiciamento de 28 pessoas, a maioria ex-conselheiros do Carf, lobistas e servidores públicos. Da base aliada ao governo, a relatora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) não pediu o indiciamento de nenhum político nem de suspeitos de participar da "compra" de medidas provisórias em 2009 e 2010 para favorecer o setor automotivo, entre eles o ex-ministro Gilberto Carvalho e Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula.

O presidente da CPI no Senado, Ataídes Oliveira (PSDB-TO), pediu ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), suplente do colegiado, que apresentasse um relatório paralelo pedindo o indiciamento de pessoas envolvidas na compra das MPs. O voto em separado não chegou a ser analisado pelos senadores.

Mesmo assim, a oposição tentará usar a nova CPI do Carf como novo front de ataque ao governo. O novo líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM), disse que o esquema investigado pela Operação Zelotes indica que houve venda de MPs e que, segundo as apurações policiais, está comprovado o envolvimento da Casa Civil do Palácio do Planalto. "É quase impossível acreditar que o presidente da República não soubesse o que estava acontecendo do seu lado, com o principal ministro, já que as Medidas Provisórias chegam sempre na Casa Civil e, obviamente, o presidente da República não assina sem ler", afirmou.

Ainda na intenção de desgastar o governo, a oposição coleta assinaturas para criar a CPI da Bancoop (Cooperativa Habitacional do Sindicato dos Bancários), visando também o ex-presidente Lula.

O governo já prepara a retaliação. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira, 4, deputados petistas passarão a coletar assinaturas, depois do carnaval, para criar as CPIs da máfia da merenda escolar, com foco no governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e da Mineração, com foco no senador e ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB).

A primeira pretende investigar denúncias de superfaturamento e pagamento de propina em contratos de merenda escolar em São Paulo, que envolvem secretários do governo tucano e o presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez (PSDB).

Já a outra CPI pretende se debruçar sobre apuração do Ministério Público de Minas Gerais que investiga como a mineradora Samarco conseguiu autorização do governo estadual para a construção da barragem de Fundão, que rompeu em novembro do ano passado. Em 2007, quando o Estado era governado por Aécio, a licença prévia para a obra em Mariana foi concedida sem que a empresa apresentasse informações consideradas essenciais para a realização do empreendimento.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), anunciou que serão criadas duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) em fevereiro. A primeira delas será para investigar um suposto esquema de extinção de débitos tributários no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão do Ministério da Fazenda onde contribuintes recorrem contra multas. Já a segunda tratará de denúncias de corrupção contra dirigentes da Federação Internacional de Futebol (Fifa).

“A CPI do Carf é a primeira da fila. Não tem nenhuma escolha minha”, declarou Cunha. O novo colegiado será instalado após o fim da CPI dos Maus-Tratos de Animais, que encerra na quarta-feira (3). Enquanto a CPI da Fifa será criada após o término da CPI do BNDES, na semana seguinte ao Carnaval. 

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De acordo com o presidente, as votações no Plenário da Câmara começam na próxima quarta-feira (3), em sessão extraordinária após as 17 horas, e prosseguirão na quinta-feira (4) pela manhã. Ele disse que a ideia é votar as três medidas provisórias (MPs) que trancam a pauta.

O presidente da Câmara também pretende protocolar na terça-feira (2) os embargos em relação à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as regras do processo de impeachment de presidente da República.

*Com informações da Agência Câmara

Após abrir o processo de impeachment e articular a desidratação da candidatura governista para a liderança do PMDB, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mantém sob sigilo seus planos para o governo em 2016. Mas um item de sua ofensiva contra o Palácio do Planalto já está definido. Cunha vai criar a CPI do Carf.

A comissão parlamentar de inquérito será criada para investigar denúncias de fraudes contra a Receita Federal de bancos e grandes empresas, mediante supostos pagamentos de propinas para manipular os resultados dos julgamentos pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais de casos de sonegação fiscal.

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O autor do requerimento de criação da CPI, João Carlos Bacelar (PR-BA), ficará com um dos postos de comando da comissão - a presidência ou a relatoria. O outro cargo ainda será negociado em fevereiro, quando terminar o recesso parlamentar. O deputado tem uma preferência. "Acho que a relatoria é um trabalho mais técnico e estudei o tema, me aprofundei", afirmou.

Cunha é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sob acusação de corrupção.

A prioridade da CPI, segundo Bacelar, é o sistema financeiro e o setor automotivo. Ele disse querer convocar executivos de bancos e montadoras para prestar depoimento à comissão. O envolvimento de políticos, no entanto, deve ficar de fora do alvo da CPI. "Temos que ir primeiro em cima dos bancos, que deram origem a essa confusão toda. Depois, sistema automotivo. Acho que não temos que polemizar a política, de Lula, de Dilma", disse o autor do requerimento.

No ano passado, o Estado revelou suspeitas de compra de Medidas Provisórias (MPs) e pagamento de propina a integrantes do Carf. De acordo com investigações da Operação Zelotes, MPs teriam sido editadas durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva para favorecer montadoras de veículos.

Como a compra de MPs foi revelada apenas meses depois da apresentação do requerimento, o tema deve ficar de fora dos trabalhos da comissão, assim como ocorreu na CPI do Carf realizada no ano passado no Senado.

Senado. A CPI do Carf no Senado terminou em dezembro de 2015 recomendando o indiciamento de 28 pessoas, a maioria ex-conselheiros do Carf, lobistas e servidores públicos. Da base aliada ao governo, a relatora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) não pediu o indiciamento de nenhum político nem de suspeitos de participar da "compra" de medidas provisórias em 2009 e 2010 para favorecer o setor automotivo, entre eles o ex-ministro Gilberto Carvalho e Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula.

O presidente da CPI no Senado, Ataídes Oliveira (PSDB-TO), pediu ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), suplente do colegiado, que apresentasse um relatório paralelo pedindo o indiciamento de pessoas envolvidas na compra das MPs. O voto em separado não chegou a ser analisado pelos senadores.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve assinar nesta terça-feira (22), a autorização para instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Carf. O requerimento é o primeiro da fila de pedidos de instalação de CPIs na Casa.

O requerimento de instalação foi apresentado pelo deputado João Carlos Bacelar (PR-BA) e protocolado em 12 de maio deste ano. O parlamentar pede investigação das denúncias de fraudes contra a Receita Federal "de bancos e grandes empresas, mediante supostos pagamentos de propinas para manipular os resultados dos julgamentos referentes à sonegação fiscal pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

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No começo deste mês, o Senado encerrou os trabalhos de sua CPI que tinha o mesmo foco. Na ocasião, foi aprovado um relatório final citando irregularidades no julgamento de mais de 70 processos pelo órgão, envolvendo 73 empresas e pessoas físicas, como bancos, montadoras e siderúrgicas. Entre as companhias, foram citadas Santander, Bradesco, Gerdau e MMC Automotores, fabricante da Mitsubishi no País.

Mesmo assinando a autorização, a CPI do Carf na Câmara só será instalada em fevereiro de 2016, após o recesso parlamentar.

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