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Completando 53 anos da morte de Che Guevara nesta sexta-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) publicou em sua conta no Twitter que o legado do revolucionário marxista "só inspira marginais, drogados e a escória da esquerda".

Além disso, o presidente aponta que com a morte de Che, "o comunismo perdia força na América Latina, mas voltaria via Foto de São Paulo, o qual seguimos combatendo", disse.

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Adela penteia sua peruca rosa, cercada por fotos do namorado e de Che Guevara. É enfermeira, transgênero e vereadora em Caibarién, um povoado pesqueiro situado a 50 quilômetros de Santa Clara, no centro de Cuba.

Santa Clara é a capital da província de Villa Clara. Nessa cidade, Ernesto Che Guevara descarrilou um trem militar de Fulgencio Batista em 1958, e a cidade adotou o argentino como filho. É lá que descansam seus restos, em um memorial, junto com seus companheiros da guerrilha boliviana.

A 30 quilômetros de Santa Clara está Placetas, terra do atual presidente Miguel Díaz-Canel. E, nas últimas décadas, toda província se tornou a mais inclusiva para pessoas LGBT.

"Sou mais revolucionário do que gay, e mostrei para esse governo, essa sociedade, para muitos dirigentes e oponentes homofóbicos (...) E olha que mais gay do que eu não tem, porque sou de nascimento", afirma José Agustín Hernández, de 53 anos, ou Adela, autoridade do Poder Popular em Caibarién e que fala de si mesmo como ele, ou ela, indistintamente.

Seu nome como mulher, Adela, veio da central açucareira onde nasceu. Além de suas ocupações habituais como autoridade, acumula quase três décadas como transformista.

No momento em que a ilha socialista debate a inclusão do casamento homossexual em sua nova Constituição, em Santa Clara, de 200.000 habitantes, lembra-se que a luta começou ali.

Além de sua vereadora, a província tem um hotel "gay friendly" e um centro cultural com shows de drag queens, o qual sobreviveu desde 1984 a anos de homofobia.

"Quando leio o projeto de Constituição me dou conta de que não estava enganado: não discriminação por gênero", diz Ramón Silverio, de 69 anos e fundador de El Mejunje, um espaço inclusivo que fica perto da praça principal.

"Santa Clara é outra. Não estranha, nem se choca com nada, porque tudo pode acontecer", acrescentou.

- Uma mistura que cura tudo -

Um "mejunje" é uma poção de diversas ervas medicinais.

Construído sobre as ruínas de um hotel, El Mejunje abre espaço para jovens artistas e músicos. Tem teatro, sala de concertos e para dança para crianças e adultos. A entrada custa 5 pesos cubanos (20 centavos de dólar).

"Minha ideia foi fazer um lugar para todas e todos, sem importar quem fosse, ou quais suas preferências", explicou Silverio à AFP.

"Nesses primeiros anos, El Mejunje era visto como o inferno, aquele lugar que reunia essas pessoas que, por estereótipos, não eram aceitas pela sociedade", explica.

Eram épocas em Cuba, durante as quais os homossexuais eram hostilizados e marginalizados. Pouco a pouco, porém, "a imagem foi mudando, e as pessoas se deram conta de que era algo que não se podia negar", afirma.

"Díaz-Canel chega aqui ao Mejunje antes de ser primeiro-secretário do Partido (Comunista de Cuba, em Villa Clara), porque traz os filhos para as atividades para crianças que nós oferecíamos", lembra Silverio.

O hoje presidente de Cuba assumiu o cargo provincial em 1994.

"El Mejunje mudou a cidade e fez que se olhasse o país de outra maneira", comentou.

No pátio, interagem gays, "otakus", skaters, artistas, cantores, padres, filhos: "Esta é a sociedade do futuro", afirma Silverio.

Próximo dali, em uma casa com uma porta de amarelo intenso, Saily González e seu marido abriram, há três anos um pequeno hotel que se tornou um lugar inclusivo.

"Surgiu com um hóspede, hoje amigo, que veio fazer um documentário sobre os transformistas. Recebi vários drag queen que gravaram suas entrevistas nesta casa. Suas histórias me comoveram", conta Saily, de 27 anos.

Ela acredita que as mudanças constitucionais possam atrair o turismo LGBTI.

"Que uma pequena ilha no Caribe, como é Cuba, com a história política que tem, complicada e contraditória, aprove de repente o casamento igualitário vai ser 'the big deal'", afirma.

- 'Bicha, mas não ladrão' -

Adela vive em uma modesta casa em Caibarién, onde foi três vezes eleita vereadora.

"Caibarién é um município que se caracteriza por ser aberto às preferências sexuais. Mesmo sendo um município pesqueiro", diz.

Emigrou para Caibarién do engenho açucareiro Adela. Seu pai não aceitava que fosse gay. Denunciou-o à polícia por outro motivo e ele acabou dois anos preso.

Eram os primeiros tempos do triunfo da Revolução. "Naquela época, se cometia muita crueldade. Você não podia ser gay, porque era marginalizado pela sociedade e pelo governo", lembra.

Em Caibarién, ele encontrou compreensão.

"Um agente da Polícia Nacional Revolucionária me propôs ser presidente do CDR", relatou, referindo-se aos Comitês de Defesa da Revolução.

Depois, chegou a ser delegado (vereador). Conta que até eleitores conservadores lhe disseram: "Prefiro o bicha do que o dirigente ladrão".

Antes, Adela quis ser soldado e se apresentou na escola de cadetes, desconcertando os instrutores. Foi mandada para a escola de Enfermaria.

Hoje trabalha na área de electrocardiograma da policlínica de seu bairro. Vive com seu parceiro, um jardineiro de 27 anos, um longo relacionamento.

E sonha com se casar: "É uma conquista da evolução da raça humana". Adela lembra que foi a deputada Mariela Castro, filha do ex-presidente Raúl Castro, a promotora dessa iniciativa.

Como vereadora, foi à Polícia para que pedissem aos religiosos de seu bairro a retirada de cartazes que rejeitavam o casamento gay.

Usando uma camiseta com a estampa de Che Guevara em sua cerimônia de formatura na Academia Militar dos Estados Unidos, em West Point (NY), um jovem cadete, identificado como Spenser Rapone, de 26 anos, acabou sendo expulso das forças armadas americanas por "conduta imprópria". Ele serviria ao exército como segundo-tenete na infantaria. As investigações contra o homem foram concluídas nesta última terça-feira (19). 

Segundo informações do G1, os militares americanos começaram a investigar o jovem em outubro do ano passado (2017), depois que ele postou fotos pró-comunismo nas suas redes sociais. As fotos viralizaram e Rapone foi apelidado de "Cadete Comunista". Em entrevista à imprensa americana, Spenser Rapone disse que se considerava um socialista revolucionário. 

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Um selo com o rosto de Ernesto Che Guevara, editado pelo 50º aniversário de sua morte, é um sucesso de vendas na Irlanda, país onde o revolucionário argentino tinha raízes familiares.

"Inicialmente havíamos impresso 122.000 selos... Nos vemos obrigados a reimprimir" diante da grande demanda, declarou nesta sexta-feira um porta-voz dos Correios irlandeses.

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O selo de 1 euro reproduz o célebre retrato em preto e branco criado pelo artista de Dublin Jim Fitzpatrick em 1968, sobre um fundo vermelho.

O pai de Che Guevara, Ernesto Guevara Lynch, era um engenheiro civil de origem irlandesa, e a frase que lhe é atribuída - "nas veias de meu filho corre o sangue dos rebeldes irlandeses" - aparece no envelope feito para acompanhar o selo.

A homenagem não suscita, entretanto, unanimidade. O senador Neale Richmond considerou a iniciativa "totalmente inaceitável", e perguntou se os Correios da Irlanda também têm a intenção de honrar ditadores como Pol Pot e Nicolae Ceausescu.

Cerca de 70 mil cubanos prestaram neste domingo (8) uma homenagem ao guerrilheiro argentino Ernesto 'Che' Guevara, em celebração aos 50 anos de sua morte. Neste ano, será a primeira vez que a cerimônia não contará com a presença do ex-presidente de Cuba Fidel Castro, seu amigo e líder durante a Revolução Cubana morto em novembro de 2016, que instituiu o dia 8 de outubro como dia do "Guerrilheiro Heroico", apesar de Che ter morrido um dia depois.

A celebração ocorre em Santa Clara, a 300 quilômetros de Havana, e teve a presença do chefe de Estado cubano, Raúl Castro. Ele participou do evento vestido com uniforme militar.

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Na Bolívia, onde Che morreu, uma comitiva oficial cubana foi enviada neste sábado (7) para participar de uma série de atos comemorativos que estão sendo realizados com apoio do presidente Evo Morales.

O argentino Ernesto Guevara, ao lado de Castro, liderou a revolução que destituiu o ditador Fulgencio Batista do poder em Cuba. Che faleceu em 1967, aos 39 anos, quando foi capturado e morto pelo Exército boliviano.

Mostra na Itália Do dia 6 de dezembro até abril de 2018, a cidade de Milão receberá uma exposição sobre a vida do guerrilheiro, que contará com mais de dois mil documentos, entre fotos, cartas e discursos.

O objetivo da mostra é relembrar a história do comandante que simbolizou a Revolução Cubana.

Da Ansa

Em 10 de outubro de 1967, o corpo do guerrilheiro argentino Ernesto "Che" Guevara foi exposto, um dia depois da sua morte, em um necrotério improvisado em Villa Grande, sul da Bolívia, onde ele tentava lançar uma revolução.

Marc Hutten, fotógrafo da AFP, foi um dos poucos jornalistas estrangeiros a testemunhar a cena. Suas fotografias coloridas do corpo do companheiro de armas de Fidel Castro rodaram o mundo.

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O exército boliviano afirmou na época que "Che" morreu em decorrência de seus ferimentos. Mais tarde, se saberia que ele foi executado depois de ter sido feito prisioneiro.

Marc Hutten morreu em 2012. Apenas algumas fotografias dessa reportagem ainda estão nos arquivos da AFP.

A seguir, a descrição histórica da cena ocorrida há 50 anos de acordo com suas anotações, difundidas em 11 de outubro de 1967:

Diante do corpo de "Ramón".

VALLE GRANDE (Bolívia), 11 outubro 1967 (AFP) - (Do enviado especial da AFP: Marc Hutten)

Ontem à tarde vi o corpo, cravejado pelas balas e sem vida, de um guerrilheiro apelidado "Ramón", o suposto nome de guerra de Ernesto "Che" Guevara.

Fomos cerca de trinta jornalistas, entre eles apenas três correspondentes estrangeiros, que chegamos a Valle Grande, um povoado pacato no sudeste boliviano, para constatar ali a morte do mais prestigiado dos guerrilheiros.

Após descer das alturas enevoadas do aeródromo militar de La Paz (4.100 metros), nosso "Dakota" parou em Valle Grande na hora da siesta. No outro extremo do povoado de ruas desertas, uma cerca diante da qual estavam parados aproximadamente 50 curiosos dava acesso a um terreno no fim do qual se erguia, em uma ladeira, um necrotério improvisado em um antigo estábulo. Altos oficiais e soldados armados nos receberam.

O cadáver de um homem barbudo, de cabelo longo e vestido apenas com uma calça verde oliva, jazia sobre uma maca colocada sobre uma pia de cimento. Um cheiro de formol pairava acima do corpo cravejado por balas e ensanguentado, que tinha a seus pés outros dois cadáveres, sobre o mesmo solo. Os oficiais encarregados de dissipar cada uma de nossas eventuais objeções sobre a identidade de "Ramón" se empenhavam em apontar a semelhança, traço por traço, do corpo com o guerrilheiro. Não há dúvida possível, nos diziam: as impressões digitais do cadáver correspondem às de Guevara.

"Ramón" foi fatalmente ferido na batalha do domingo anterior, a poucos quilômetros de La Higuera, perto de Valle Grande. Morreu pelos ferimentos na primeira hora de segunda-feira. "Não foi executado", garantiu o coronel Arnaldo Saucedo, comandante do segundo batalhão de 'rangers' que opera no setor.

"Sou Che Guevara, fracassei", teria murmurado, dirigindo-se aos soldados que o fizeram prisioneiro. Isso pelo menos é o que afirma o general Alfredo Ovando, comandante-chefe das Forças Armadas bolivianas. Mas ao ser perguntado sobre isso, pouco antes, em uma entrevista coletiva, o coronel Saucedo declarou que "Ramón" não tinha estado consciente em nenhum momento.

Os jornalistas que se amontoavam ao redor do necrotério, incluindo fotógrafos e cinegrafistas, dão sinais de estupefação e incredulidade. O erro na identificação pareceria ser, contudo, impossível.

Um colega boliviano me diz: "Valle Grande acaba de entrar na história revolucionária da América do Sul".

Aos pés do corpo de "Ramón", outros dois guerrilheiros jazem sobre o solo. Seriam os corpos de "El Chino", um peruano, e de "El Moro", um médico cubano. Outros dois cadáveres, que seriam ao que tudo indica bolivianos, ainda não foram identificados definitivamente.

O coronel Saucedo, que oferece uma entrevista coletiva depois da apresentação dos corpos, afirma que só restam nove guerrilheiros em todo o sudeste boliviano e que já não há focos de insurreição. Atlético e com um bigote preto, fala de pé sob a imagem religiosa que decora uma das paredes da sala do hotel em que nos reunimos.

Um militar americano assiste a essa coletiva. Não usa nenhuma insígnia, mas sua estatura, sua pele corada e seu uniforme entregam sua nacionalidade. O abordo para entrevistá-lo em inglês. Ele vira para um soldado boliviano e pergunta, em espanhol, o que queremos. Dirigindo-se a mim, acrescenta: "não compreendo..." e vai embora. Ao ser perguntado sobre isso, o coronel Saucedo me diz: "sim, é um militar americano, um instrutor do centro de Santa Cruz. Veio aqui como observador. Nenhum 'boina verde' americano participa nas operações militares na Bolívia".

Uma lista de 33 guerrilheiros, incluindo mais de uma dezena de cubanos, abatidos desde que começaram as hostilidades no dia 23 de março, foi publicada em Valle Grande.

O general Ovando reduz a guerrilha boliviana a proporções tão reduzidas quanto inesperadas, afirmando que seus efetivos nunca passaram de sessenta homens.

"A aventura da guerrilha chegou ao fim", afirma. "Como toda aventura destrambelhada deve chegar ao fim. Seu fracasso se deve à ausência de qualquer apoio popular e à aridez do terreno escolhido". E acrescenta: "enterraremos Guevara aqui mesmo, em Valle Grande".

O guerrilheiro "Ramón" teria encontrado a morte no fundo de um vale estreito, ao fim de uma violenta batalha, de corpo a corpo ou quase: as nove balas que o atingiram foram disparadas a 50 metros de distância.

Ele deixou um diário, cujos escritos, que preenchem uma agenda alemã de 7 de novembro de 1966 a 7 de outubro de 1967 -onze meses exatamente- não dá margem a dúvidas, dizem, sobre a identidade do autor. Ali se encontra uma frase "irrefutável" para Régis Debray*: "Foi encarregado de uma missão em nome da guerrilha...".

AFP

* O escritor francês Régis Debray, que se juntou a Che Guevara, foi preso e julgado na Bolívia em 1967, acusado de ter participado em confrontos que deixaram 18 mortos nas fileiras do exército boliviano.

"Ele é toda a ilha", escreveu o francês Jean-Paul Sartre após conhecer, deslumbrado, Fidel Castro, no auge da Revolução Cubana, um sentimento que ainda domina muitos intelectuais, apesar do passar das décadas e dos crimes contra os direitos humanos atribuídos ao líder cubano.

Quando, em 1º janeiro de 1959, Fidel Castro proclama o "início da Revolução" na varanda do hotel da cidade de Santiago de Cuba (sudeste), ela ainda não é marxista, mas é inegavelmente de esquerda e representa uma esperança formidável para intelectuais e jovens do mundo todo, após a crise stalinista.

No momento em que um vento de libertação sopra pelo mundo, o homem de charuto seduz. Ele tem apenas 32 anos e promete acabar com a corrupção que predominou na ditadura de Fulgencio Batista, assim como com o embargo americano nessa ilha situada a menos de 160 km da costa da Flórida.

A seu lado, está Ernesto "Che" Guevara, o médico argentino que bebe na teoria marxista, sonha com unificar a América Latina e se tornará um ícone da Revolução, após sua morte como um "mártir" na Bolívia, em 1967.

Mas é um outro ícone, o da intelligentsia francesa, Jean-Paul Sartre, que desembarca em 22 de fevereiro de 1960, em Havana, com a também escritora Simone de Beauvoir ao lado.

Durante um mês, o casal passeia pela ilha com Fidel. Sartre escreve um longo texto, "Furacão sobre o açúcar", e multidões de jovens estrangeiros, entre eles o futuro ministro francês das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, ou o intelectual Régis Debray, que se uniria a Che, na Bolívia, vão viver o "milagre" cubano.

Ainda em 1960, a jovem Françoise Sagan, nova coqueluche do mundo literário francês, é enviada por Cuba pela revista "L'Express" e volta desiludida com os primeiros desvios do regime.

Mas esse ainda era um momento glorioso da Revolução. Mesmo que, em 1961, no primeiro congresso "revolucionário" dos escritores, Fidel Castro tenha traçado claramente os limites da liberdade de expressão: "Na Revolução tudo, contra a Revolução, nada".

O dramaturgo Virgilio Piñera murmura no microfone: "Quero apenas dizer que eu tenho muito medo". Em 1971, o poeta Heberto Padilla, de prestígio mundial, é preso e o caso afasta do regime muitos intelectuais.

Vários escritores, como peruano Mario Vargas Llosa, o mexicano Octavio Paz, o espanhol Jorge Semprun, ou o próprio Sartre, denunciam a detenção do poeta, que acaba sendo solto. O preço foi alto, porém. Durante horas, ele é obrigado a fazer uma "autocrítica" humilhante, denunciando seus amigos e até sua mulher como "inimigos da Revolução".

A perseguição aos intelectuais e aos artistas por seu "pensamento subversivo" continuará com mais ou menos vigor. Escritores como Guillermo Cabrera Infante, Reinaldo Arenas, ou Zoé Valdés, escolhem o exílio. Ainda assim, Fidel continua a fascinar.

Apesar das divergências com o regime, o escritor colombiano e antigo jornalista da agência cubana Prensa Latina Gabriel Garcia Marquez, Prêmio Nobel de Literatura, era um grande amigo do comandante Fidel.

Toda uma geração de presidentes latino-americanos - do falecido Hugo Chávez (Venezuela) a Evo Morales (Bolívia), passando por Luiz Inácio Lula da Silva - reivindica a herança do líder Fidel que, doente, afastou-se do poder há dois anos, entregando-o a seu irmão, Raúl.

Para os europeus, sobretudo, socialistas como Danielle Mitterrand, Fidel e sua Revolução continuam sendo um capítulo único da História do comunismo.

A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) incluiu, em cerimônia realizada nesta sexta-feira em Havana, os escritos de Ernesto "Che" Guevara no Programa Memória do Mundo. Com isso, os manuscritos do médico argentino convertido em líder revolucionário são reconhecidos agora como patrimônio da humanidade.

O Programa Memória do Mundo possui quase 300 documentos e compilações de cinco continentes. Os textos de Che estão entre as 54 novas adições de 2013.

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Os manuscritos incluem seus "Diários de Motocicleta" e os registros feitos nas montanhas da Bolívia antes de sua execução, em 1967.

O reconhecimento dos manuscritos de Che como patrimônio da humanidade faz com que esses documentos passem a contar com o apoio da Unesco para sua proteção e sua preservação.

A viúva, a esposa e o filho de Che estiveram presentes à cerimônia promovida hoje pela Unesco na capital cubana. Fonte: Associated Press.

Os manuscritos originais da juventude de Ernesto Che Guevara figuram entre os documentos candidatos à inscrição no Registro Memória do Mundo que o Comitê Consultivo deste programa da Unesco irá estudar na próxima semana, informou um comunicado da organização.

O Comitê Consultivo Internacional do Programa Memória do Mundo se reunirá de 18 a 21 de junho em Gwangju (Coreia do Sul) para estudar 84 pedidos de inscrição apresentados por 54 países e por uma organização internacional.

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Entre estas candidaturas figuram a coleção de manuscritos originais de Ernesto Che Guevara (Bolívia e Cuba), os arquivos da universidade de Toronto relativos à descoberta da insulina (Canadá) e a coleção de manuscritos do Alcorão da Biblioteca Nacional do Egito.

Criado em 1997, o Registro Memória do Mundo tem por objetivo proteger o patrimônio documental. Conta atualmente com 245 bens, que vão de discos originais da música de Carlos Gardel até as listas de ouro dos exames imperiais da dinastia Qing chinesa.

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