Na última semana, durante uma aula de novas tecnologias no curso de graduação em jornalismo, um aluno trouxe ao debate um questionamento que gostaria de compartilhar com vocês e colher comentários. Eu falava da velocidade na qual as coisas surgem e se tornam obsoletas. Falava das transformações sociais geradas pelo surgimento de ferramentas tecnológicas quando veio a pergunta: “professor, poderíamos dizer que há um conchavo entre Hollywood, as empresas de tecnologia e o governo americano? Porque a maioria dos recursos tecnológicos que chegam ao mercado já apareceram em filmes um pouco antes”.
De imediato a minha resposta foi que não e que era apenas coincidência. Citei alguns exemplos de produtos que apareceram em filmes e, apesar de também serem maravilhosos, nunca viraram realidade, como o carro voador dos Jetsons ou o tele-transporte de seres humanos de Jornada nas Estrelas e aparentemente convenci a turma.
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A aula continuou e aquilo ficou na minha cabeça (e continua). Voltamos ao assunto e levantamos vários exemplos, como o fantástico painel multi touch do filme Minority Report, de 2002. Hoje não é só Tom Cruise que pode usá-lo, ele está na vida real e já faz algum tempo; ou os órgãos mecânicos para seres humanos, presentes desde Robocop, de 1987, e que hoje estão presentes em muitos homens e mulheres comuns; ou ainda os robôs, como o R2D2 e C3PO, de Guerra nas estrelas - Uma Nova Esperança, de 1977, que hoje embarcam nas missões da Nasa e estão presentes em diversos projetos.
Poderíamos passar dias citando exemplos, mas para finalizar, um dos filmes que mais ‘retratou’ os produtos que utilizamos hoje foi De Volta para o Futuro 2, de 1989. No filme de Robert Zemeckis aparece, entre outras tantas coisas, um vídeo game controlado apenas por gestos e movimentos do corpo, a possibilidade de se fazer uma vídeo conferência (e olhe que eles nem disseram que podia ser pelo celular), televisões ultrafinas, penduradas nas paredes, nas quais era possível acompanhar múltiplos conteúdos simultâneos e filmes em 3D, por exemplo, ou ainda os tablets e handhelds utilizados pelos figurantes do filme.
Tá, tá, com isso quero dizer que eles já sabiam o que iria acontecer no futuro? Não, claro que não! O que defendo é que a imaginação humana é fértil e que, quando não precisa fazer funcionar de verdade conseguimos sonhar ainda mais e projetar coisas fantásticas, que anos depois se tornarão realidade, quando a tecnologia chegar ao mesmo ponto. Tudo vai se tornar real? Não posso dizer. Vai demorar? Talvez. Um exemplo histórico foi o helicóptero, projetado por Leonardo Da Vinci no século XV e que só veio sair do papel depois da invenção do avião, já no século XX. Mas hoje o intervalo de tempo entre uma ideia futurista e sua concretização é cada vez menor e isso não é só por causa do cinema.
Temos a tendência de criar sonhos e objetos de desejo e a sétima arte tem um papel fundamental de amplificar seus efeitos e elevar os produtos ao status de ‘sonhos de consumo’. Quem não sonhava em ter o vídeo fone, o celular, uma BMW cheia de funções tecnológicas, um sapato voador, ou tantos outros Gadgets que povoam o cinema mundial?
Para reforçar a minha teoria, mostrei que esse modismo lançado pelo cinema não está ligado apenas a área tecnológica, afinal, quem nunca quis ter o óculos escuro de missão impossível ou uma maleta 007? E por falar no agente britânico, ele é outro dos campeões na geração de objetos de desejo, como óculos escuros, relógios, carros, roupas, e, por que não, os mirabolantes gadgets que o agente “Q” sempre preparava para James Bond e que sempre, inevitavelmente, eram destruídos ao longo do filme .
Mas e você, leitor, o que acha disso? Tudo não passa de uma conspiração governamental para controle das massas, como em Teoria da Conspiração, de 1997, é uma evolução do pensar e do fazer dos seres humanos ou é tudo apenas uma grande coincidência? Aproveite e deixe o seu comentário.