Tópicos | Contas no exterior

A Receita Federal já contabiliza R$ 7,2 bilhões de arrecadação com o programa de repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior. Até sexta-feira (23) este era o valor declarado - correspondente, em multa e Imposto de Renda, a 30% do total dos ativos - por cerca de 2,5 mil contribuintes que aderiram ao programa, mas ainda aguardam para efetuar o pagamento. O prazo final é 31 de outubro.

A expectativa da Receita é que este valor suba para R$ 9 bilhões até o fim desta semana, segundo apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Cerca de R$ 1 bilhão já foram efetivamente pagos e há um grupo de parlamentares que tentam aprovar a extensão do prazo até dezembro.

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Em relatório do Orçamento deste ano, enviado ao Congresso na sexta-feira passada, o governo passou a contar com R$ 6,2 bilhões de receitas com a repatriação. Esse valor evitaria um corte de R$ 3,5 bilhões no fim deste mês e garante uma reserva financeira de R$ 1,1 bilhão para a equipe econômica administrar riscos de descumprimento da meta fiscal de 2016.

Quando há a declaração, o contribuinte já confessou o valor que mantém fora do País. Por isso, o ingresso desses recursos é dado como certo pela Receita. A grande preocupação do Ministério da Fazenda é com o risco de o Congresso aprovar novo projeto facilitando as regras e permitindo ao contribuinte regularizar o dinheiro que está fora do País pagando menos Imposto de Renda (IR) e multa. O pagamento da multa e IR permite ao contribuinte ter anistia para os crimes de lavagem de dinheiro e evasão fiscal.

A votação do projeto é patrocinada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que defende que o pagamento do IR incida sobre o valor do saldo do patrimônio no dia 31 de dezembro de 2014. Pela lei em vigor, o IR deve incidir sobre toda a renda consumida enviada ao exterior e não declarada. Lideranças políticas vão se reunir nesta segunda-feira para definir o cronograma de votação.

Mudança

O relator do projeto que prevê mudanças no programa, deputado Alexandre Baldy (PTN-GO), vai propor que o prazo de adesão seja estendido de 31 de outubro para 16 de dezembro - e não mais para o último dia do ano, como pensado inicialmente. "Se mudarem a lei para excluir os valores consumidos, certamente o montante já declarado vai reduzir", alertou uma fonte do Ministério da Fazenda. A Receita e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já se declararam publicamente contrários à mudança.

O Ministério Público está acompanhando a movimentação do Congresso para flexibilizar a lei, principalmente, a proposta de permitir que políticos e detentores de cargos públicos, além de seus parentes, sejam beneficiados pelas mudanças. Hoje, eles estão impedidos de aderir à repatriação.

Os governadores, que vão receber uma fatia da arrecadação da repatriação, não querem a mudança. Assim como o governo federal, eles precisam desse dinheiro para ter um alívio até o final do ano e boa parte deles não quer que o Congresso mude as regras para diminuir o valor do que for arrecadado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os governadores não querem que o Congresso Nacional altere o prazo de adesão ao programa de repatriação de recursos no exterior não declarados. Como a arrecadação do programa é dividida pelo governo federal com os Estados, o adiamento do final de outubro para o fim de dezembro faria com que os recursos só entrassem no caixa dos Estados em janeiro.

A equipe econômica já avisou aos governadores que o programa vai surpreender positivamente, em termos de arrecadação. Mas o governo deixou claro não pode antecipar os recursos, como querem alguns Estados. Segundo o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia, será um alívio importante para os governadores, que vêm pleiteando uma ajuda financeira extra do governo por causa das dificuldades que vêm atravessando.

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Para o presidente do Unafisco, o sindicato dos auditores fiscais da Receita Federal, Kléber Cabral, as mudanças no projeto previstas para serem votadas no Congresso, como a permissão para que o pagamento da multa e do Imposto de Renda seja só sobre o saldo nas contas, e não sobre todo o dinheiro enviado irregularmente ao exterior, premiam quem praticou ilegalidades. Com a crise fiscal da União e dos Estados, disse Cabral, não faz sentido o governo mudar a lei para receber menos imposto e multa. "É um contrassenso", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após mais de 10 meses em tramitação, o plenário da Câmara dos Deputados vota, nesta segunda-feira (12), o parecer do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) que recomenda a cassação definitiva do mandato do ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O texto do democrata foi aprovado em junho pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

Cunha é acusado de mentir durante um depoimento prestado a CPI da Petrobras ao dizer que não possuía contas no exterior. Durante o processo, ele argumentou que as transações financeiras eram, na realidade, oriundas de um trust familiar contratado por ele para administrar seus recursos no exterior. A informação é contestada por delações premiadas concedidas a Lava Jato e investigações já em andamento. 

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O peemedebista está afastado das funções de deputado federal desde maio por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e, em consequência, da presidência da Câmara até 7 de julho, quando renunciou ao cargo, dizendo, inúmeras vezes, que estava sendo “vítima de vingança” após a abertura do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

A votação está marcada para acontecer numa sessão extraordinária às 19h. De acordo com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a apreciação só deve iniciar quando o quórum estiver com cerca de 420 deputados. Para a perda do mandato, a maioria absoluta dos membros [257] devem votar contra Eduardo Cunha. 

Antes dos deputados pronunciarem se são contra ou a favor, acontecerá a fase de discussão, quando o relator vai defender o parecer por 25 minutos e em seguida, os advogados de Cunha terão outros 25 minutos para usar a palavra. O próprio peemedebista, que confirmou presença para acompanhar o julgamento, também poderá usar mais 25 minutos para se defender.

Depois disto, deputados inscritos vão poder expor seus argumentos por cinco minutos cada. A votação será realizada a seguir de forma nominal e aberta, pelo painel eletrônico.

Histórico 

O processo que pede a cassação de Cunha é o mais longo da história da Câmara. Ele começou em 13 de outubro de 2015 com representação do Psol e da Rede.

Escolhido como relator em 5 de novembro de 2015, o deputado Fausto Pinato (PP-SP) apresentou seu parecer preliminar pela continuidade do processo contra Cunha em 24 do mesmo mês, mas teve de deixar a relatoria depois de o vice-presidente, Waldir Maranhão (PP-MA), aceitar recurso contra sua escolha por ser do mesmo bloco partidário do PMDB, formado no início da legislatura. Na época, Pinato pertencia ao PRB.

Em 9 de dezembro de 2015, o deputado Marcos Rogério assumiu a relatoria e, após vários recursos no andamento do processo, o parecer foi aprovado pelo Conselho de Ética, por 11 votos a 9, em 14 de junho de 2016.

Em 23 de junho foi apresentado recurso regimental à CCJ contra essa decisão do conselho. Entre os argumentos constavam cerceamento do direito de defesa, aditamento de denúncias novas ao processo e parcialidade do presidente do conselho, deputado José Carlos Araújo (PR-BA).

A CCJ finalizou o julgamento do recurso em 14 de julho, rejeitando, por 48 votos a 12, o relatório do deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF), que era favorável à volta do processo ao Conselho de Ética.

Após a ameaça de ter o nome incluído na lista de procurados pela Interpol, o empresário Humberto do Amaral Carrilho, que teve prisão temporária decretada na última segunda-feira (23) durante a 29ª fase da Operação Lava Jato, e estava foragido, se entregou à Polícia Federal (PF). 

Segundo informações da PF, o empresário que reside em Pernambuco se entregou espontaneamente na tarde dessa quinta-feira (26), em Curitiba. Ele prestou depoimento e ficará preso na Superintendência da PF na capital paranaense. Na segunda-feira, ele foi procurado pela polícia na capital pernambucana, mas seu apartamento, no bairro de Apipucos, na Zona Norte do Recife, estava em obras e sem quaisquer documentos.

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Carrilho é sócio-proprietário do grupo Dislub Equador. Carrilho aparece no esquema, após propor construir um estaleiro para o uso da Petrobras no Rio Amazonas, local onde a estatal já tinha um navio. Seu nome foi citado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, em delação premiada. Paulo Roberto Costa optou por abrir mão do navio e usar o trabalho de terceiros, o que garantiu uma mesada paga ao ex-diretor até meses antes dele ser preso. 

Além de envolvimento com Roberto Costa, Humberto Carrilho também é citado como mantenedor de contas no exterior para o benefício de João Claudio Genu, absolvido na Ação Penal 470, o processo do mensalão, e principal alvo da 29ª fase da Lava Jato. As contas ainda não foram identificadas. 

Na etapa, que recebeu o nome de Repescagem, os mandados expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba investigam crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ativa envolvendo verbas desviadas da Petrobras. 

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), divulgou há pouco nota em que afirma que não tem a intenção de se afastar nem de renunciar ao cargo. A manifestação ocorre menos de uma hora após lideranças de partidos da oposição terem pedido conjuntamente a saída de Cunha diante da revelação de documentos do Ministério Público suíço entregues a autoridades brasileiras, de que o parlamentar possuía contas no exterior não declaradas ao Fisco. Cunha acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de tê-lo escolhido para ser investigado.

"Em relação a qualquer pedido de afastamento ou de renúncia por parte do presidente da Câmara, ele informa que foi eleito pela maioria absoluta dos deputados, em primeiro turno, para cumprir um mandato de dois anos e irá cumpri-lo, respeitando a posição de qualquer um que pense diferente, mas afirmando categoricamente que não tem intenção de se afastar nem de renunciar", disse Cunha, em nota distribuída pela assessoria de imprensa.

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O peemedebista reafirmou que nunca recebeu qualquer vantagem de qualquer natureza, seja da Petrobras ou de qualquer outra empresa, órgão público ou do gênero. O presidente da Câmara também manteve o que disse, de forma espontânea à CPI da Petrobras, ou seja, de que não possui contas no exterior.

Na nota, o presidente da Câmara disse ter alertado para o que classifica como "viés político" de Janot. Segundo ele, o chefe do Ministério Público Federal escolheu-o para ser investigado em março e depois ser denunciado em agosto. Agora, citou Cunha, "o escolhe como alvo de vazamentos absurdos, que impõem o constrangimento de se ver incluído em tudo que se refere à apuração de responsabilidades nesse processo de corrupção na Petrobras, que tanto envergonha o Brasil e está muito distante dele".

"A pergunta que não quer calar é onde estão as demais denúncias? Onde estão os dados dos demais investigados? Como estão os demais inquéritos? Por que o PGR tem essa obstinação pelo presidente da Câmara? Alguma vez na história do Ministério Publico um PGR respondeu a um ofício de partido político da forma como foi respondido com relação ao presidente da Câmara? A quem interessa essa atuação parcial do PGR? São algumas das perguntas que gostaríamos de ver respondidas para que a atuação do PGR não exponha ainda mais a respeitada instituição Ministério Público. Saímos de um passado de que se acusava um PGR de atuar como engavetador geral da República para um que se torna o acusador do governo geral da República", acusou.

Cunha informou que na terça-feira, 13, seus advogados vão ingressar no Supremo Tribunal Federal com um pedido para ter acesso imediato aos documentos que existam no Ministério Público Federal a fim de dar as respostas aos fatos "que por ventura existam". E disse que cobrará responsabilidade dos autores do "vazamento político".

"Até o presente momento, o procurador-geral da República divulgou dados que, em tese, deveriam estar protegidos por sigilo, sem dar ao presidente da Câmara o direito de ampla defesa e ao contraditório que a nossa Constituição assegura, e o faz, estranhamente, de forma ostensiva e fatiada entre os principais órgãos de imprensa, ao fim de uma sexta-feira véspera de feriado prolongado, tendo como motivação gerar o constrangimento político da divulgação de dados que, por serem desconhecidos, não podem ser contestados", criticou.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, da Câmara dos Deputados, fechou contrato com a empresa alemã Kroll para investigar e identificar recursos desviados da empresa para contas no exterior.

A informação é da secretaria da CPI e foi confirmada, na noite dessa quinta-feira (26), pelo presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), que havia anunciado a intenção de contratar a empresa no dia 5 de março. O contrato foi feito sem licitação, sob a justificativa do critério de “inexigibilidade”, por se tratar de serviço específico.

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A expectativa é que a empresa descubra e ajude a repatriar os valores desviados da Petrobras pelos ex-funcionários e pessoas envolvidas no esquema de corrupção e pagamento de propina investigado pela Operação Lava Jato.

A Kroll é conhecida por sua atuação na CPI do caso PC Farias, em 1992, que levou à renúncia do então presidente e hoje senador Fernando Collor (PTB-AL).

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