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Um dia depois de bater enfaticamente na posição de que manteria os parâmetros da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para as contas públicas de 2013, o Banco Central (BC) decidiu apresentar, de forma inédita, três cenários para o setor fiscal no fim do ano.

A autarquia mostra que seu cenário central contempla uma avaliação idêntica à do Ministério da Fazenda, de fazer economia para pagar juros proporcionais a 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), mas também apresenta projeções que consideram um superávit até inferior a 2% do PIB.

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O primeiro cenário descrito pelo chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, contempla o cumprimento da meta cheia de R$ 155,9 bilhões (cerca de 3,2% do PIB), o que está praticamente descartado pelo governo, já que a própria LDO considera o abatimento de até R$ 65 bilhões desse total. Por esse cenário, a projeção para a dívida líquida em relação ao PIB ficaria em 33,7%, a dívida bruta em relação ao PIB em 59,7% e o resultado nominal ante o PIB em 1,5%, além de 4,7% de despesas com juros.

O técnico explicou que o cenário central da instituição passa a ser o de o governo fazer uma economia de 2,3% do PIB para o pagamento de juros este ano, assim como adiantou o ministro Guido Mantega. Com esse parâmetro, a projeção para dívida líquida é de 34,6%; para a dívida bruta, de 60,2%; e para o déficit nominal, de 2,4%.

Na véspera, também em entrevista à imprensa, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton de Araújo, salientou que ainda considerava a meta de superávit fiscal de R$ 155,9 bilhões este ano. "Consideramos esse valor e os abatimentos. O mesmo vale para 2014", disse. Ele afirmou que, conforme for obtendo novas e melhores informações, o BC as acrescentará ao seu cenário. Sem citar a Fazenda, Hamilton disse que as autoridades fiscais têm manifestado compromisso com o cumprimento fiscal equivalente a 2,3% do PIB. "Essas declarações são positivas, encorajadoras."

Ousadia

Além dos cenário convencional e central, Maciel apresentou as projeções para o fim do ano baseadas em um superávit primário de 1,95% do PIB. A relação tem como referência a taxa acumulada em 12 meses até maio, dado que foi divulgado nesta manhã pelo BC. Se esse quadro prevalecer no fim do ano, a dívida líquida deve ficar em 34,9% do PIB; a dívida bruta chegará em 60,4% do PIB e o déficit nominal em 2,7% do PIB.

Em todos os casos, o BC considerou um crescimento do PIB de 2,7% em 2013, que constou do Relatório Trimestral de Inflação divulgado na véspera. As demais variáveis são da última pesquisa Focus: dólar cotdo a R$ 2,13 no fim do ano, IPCA de 5,86%, IGP-DI de 4,72% e Selic média de 8,19% ao ano.

A dívida líquida do setor público recuou para 34,8% do Produto Interno Bruto (PIB) no mês de maio, de 35,5% em abril. Em dezembro de 2012, estava em 35,2% do PIB. A dívida do Governo Central, Governos Regionais e Empresas Estatais terminou o mês passado em R$ 1,583 trilhão, conforme informou o Banco Central, nesta sexta-feira, 28.

A dívida bruta do governo geral encerrou maio em R$ 2,710 trilhões, o que representou 59,6% do PIB. Em abril, essa relação estava em 59,4% e, em dezembro do ano passado, em 58,7%. De acordo com o BC, a depreciação de 6,5% do câmbio em maio foi o principal fator para a queda da dívida líquida em maio sobre abril, com impacto de 0,9 ponto porcentual.

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Gastos com juros

Os gastos do setor público com juros atingiu R$ 20,200 bilhões no mês de maio. Houve ligeira alta em relação ao gasto de R$ 18,008 bilhões registrado em abril deste ano e também uma alta ante os R$ 18,717 bilhões vistos em maio de 2012. O Governo Central (Tesouro; Banco Central e Previdência) teve, no mês passado, um gasto com juros de R$ 17,222 bilhões. Já os governos regionais registraram uma despesa de R$ 2,658 bilhões com juros, e as empresas estatais gastaram R$ 320 milhões em juros.

No acumulado do ano, o gasto com juros do setor público soma R$ 100,466 bilhões, o equivalente a 5,27% do PIB. No mesmo período de 2012, o gasto com juros foi de R$ 94,908 bilhões ou 5,38% do PIB. Já nos últimos 12 meses encerrados em maio, a despesa chega a R$ 219,421 bilhões, ou 4,83% do PIB.

As contas do setor público consolidado apresentaram um superávit primário de R$ 5,681 bilhões no mês de maio, informou o Banco Central, nesta sexta-feira, 28. Em abril, o saldo foi de R$ 10,337 bilhões e, em março, de R$ 3,5 bilhões. Em maio de 2012, o resultado ficou positivo em R$ 2,653 bilhões.

O superávit primário consolidado de maio ficou abaixo do piso das estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo AE Projeções, que iam de R$ 6,9 bilhões a R$ 13,1 bilhões.

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O esforço fiscal de maio foi feito com a ajuda de um superávit de R$ 5,236 bilhões do Governo Central (Tesouro, Banco Central e Previdência). Os governos regionais (Estados e municípios) contribuíram com R$ 1,235 bilhão no mês. Enquanto os Estados registraram um superávit de R$ 1,050 bilhão, os municípios alcançaram um saldo positivo de R$ 185 milhões. Já as empresas estatais registraram déficit primário de R$ 790 milhões.

Acumulado no ano

Nos primeiros cinco meses de 2013, o esforço fiscal do setor público recuou 25,67% em relação ao mesmo período de 2012. As contas do setor público acumulam até maio um superávit primário de R$ 46,729 bilhões, o equivalente a 2,45% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos primeiros cinco meses de 2012, o superávit primário era bem maior: de R$ 62,865 bilhões ou 3,56% do PIB.

O esforço fiscal foi feito com a ajuda de um superávit de R$ 32,304 bilhões do Governo Central (1,69% do PIB). Os governos regionais registraram superávit de R$ 15,247 bilhões (0,80% do PIB) entre janeiro e maio deste ano. Enquanto os Estados tiveram um superávit de R$ 12,424 bilhões, os municípios alcançaram um saldo positivo de R$ 2,823 bilhões. As empresas estatais apresentaram déficit de R$ 821 milhões (0,04% do PIB).

 

Em 12 meses

As contas do setor público acumulam um superávit primário de R$ 88,816 bilhões em 12 meses até maio, o equivalente a 1,95% do PIB. O esforço fiscal subiu em relação a abril, quando o superávit em 12 meses estava em 1,90% do PIB ou o equivalente a R$ 85,788 bilhões.

O superávit em 12 meses está bem abaixo não apenas da meta de 3,1% do PIB fixada para 2013, como também da estimativa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de alcançar um saldo positivo de 2,3% do PIB ao final de 2013.

As prefeituras das cidades com menos de 50 mil habitantes têm até o dia 27 deste mês para cumprirem as exigências da Lei da Transparência. Aprovada há quatro anos pelo Congresso, a norma determina a publicação, em meio eletrônico de acesso público, das informações sobre a execução orçamentária e financeira dos entes federados.

Para o senador João Capiberibe (PSB-AP), autor do projeto, o prazo dado às prefeituras foi suficiente. "A facilidade que a tecnologia criou para essa comunicação na rede mundial de computadores é enorme. Então não tem como os prefeitos tentarem se justificar arguindo dificuldades tecnológicas para cumprir a lei. Isso é descuido mesmo", salientou.

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Já o secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco, considera que dificilmente todas as prefeituras conseguirão obedecer à norma. "Eu receio que isso [o cumprimento da lei à risca] não vai acontecer porque os municípios, embora tenham tido um prazo longo, desde 2009, muito provavelmente não se prepararam para essas mudanças", explicou.

Em caso de descumprimento, as prefeituras podem ser punidas com a suspensão das transferências voluntárias de recursos, como as emendas parlamentares e o dinheiro de programas dos ministérios. "A população é punida junto com a prefeitura. O prefeito que não cumpre a lei acaba atraindo a punição para si e para toda a comunidade, que fica sem recursos", disse.

A população pode denunciar a falta de transparência ao Ministério Público.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, descarta com veemência uma "maquiagem" no fechamento das contas públicas em 2012. "Não costumamos usar maquiagem no ministério, pelo menos que eu saiba. Fazemos tudo de acordo com a lei orçamentária e com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)", afirmou nesta quarta-feira, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

A declaração responde ao senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que acusou o governo de usar "truques", "manobras contábeis" e "kit maquiagem" para chegar ao superávit primário do ano passado. Na opinião dele, ações que se configuram como "contabilidade criativa".

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Mantega ressalta que não há irregularidade nos instrumentos usados pelo governo. "Tem que demonstrar. Eu posso demonstrar! Nós colocamos o Fundo Soberano do Brasil (FSB) para dentro do Orçamento. Ele foi criado para ter uma poupança primária para o dia que precisasse. Como o FSB possuía ações da Petrobras, e não queríamos vender estas ações, o BNDES ficou com as ações. São todas ações transparentes e não ferem um milímetro das leis orçamentárias", disse o ministro, lembrando que as operações são auditadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Na avaliação dele, as contas públicas brasileiras estão entre as melhores do mundo. "Na dívida líquida, estamos muito bem em relação a vários países do mundo. A nossa política fiscal é séria e sólida e vai continuar nesta trajetória e vamos continuar reduzindo a dívida líquida."

O setor público consolidado (Governo Central, governos regionais e empresas estatais, com exceção da Petrobras e Eletrobrás) registrou em janeiro um superávit primário de R$ 30,251 bilhões, segundo informou nesta quarta-feira o Banco Central. O saldo é o maior da série iniciada em 2001 e supera o recorde anterior, de R$ 28,157 bilhões, registrado em setembro de 2010.

Segundo o BC, a maior parte do superávit do mês passado foi gerada pelo governo federal, que encerrou o período com saldo positivo de R$ 32,253 bilhões. Os governos regionais contribuíram com R$ 4,212 bilhões e as empresas estatais registraram um pequeno déficit de R$ 49 milhões.

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A autoridade monetária informou também que, no acumulado dos 12 meses encerrados em janeiro, o superávit do setor público está em R$ 109,187 bilhões, o que representa 2,46% do Produto Interno Bruto (PIB). O compromisso do governo para 2013 é economizar R$ 155,9 bilhões para pagar os juros da dívida.

Juros

De acordo com o Banco Central, o setor público consolidado gastou R$ 22,649 bilhões com juros em janeiro. Houve uma alta em relação ao gasto de R$ 19,102 bilhões, registrado em dezembro do ano passado, e também em relação aos R$ 19,661 bilhões despendidos em janeiro de 2012. O gasto do Governo Central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) com juros foi de R$ 16,628 bilhões no primeiro mês deste ano. Já os governos regionais registraram uma despesa de R$ 5,815 bilhões com essa rubrica, e as empresas estatais, R$ 207 milhões.

Nos 12 meses encerrados em janeiro, a despesa com pagamento de juros foi de R$ 216,851 bilhões, ou o equivalente a 4,88% do PIB. De acordo com o Banco Central, o maior número de dias úteis no mês de janeiro contribuiu para um gasto maior com esse item.

Em meio ao cenário de desaceleração do crescimento e aumento das desonerações tributárias, o governo perdeu o controle dos gastos e chegou ao final de 2012 com enorme dificuldade para o cumprimento da meta fiscal. Pela primeira vez no governo Dilma Rousseff, as contas do setor público fecharam um mês no vermelho. As despesas da União, Estados, municípios e empresas estatais ficaram R$ 5,5 bilhões acima das receitas em novembro.

O resultado negativo quebrou uma sequência de 31 meses sucessivos de superávits, acendendo a luz amarela para o quadro de deterioração da política fiscal no governo Dilma. O ultimo déficit, de R$ 158,6 milhões, tinha sido registrado em março de 2010, ainda no governo Lula.

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O tamanho do rombo não só surpreendeu como também sinalizou que a equipe econômica terá que abater um volume maior de despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para dar como cumprida a meta de superávit primário - a economia feita para o pagamento das despesas com juros da dívida pública - de R$ 139,8 bilhões fixada para este ano. A política fiscal permite esse abatimento por se tratar de despesas com investimentos.

Oficialmente, o governo informou que pretende abater R$ 25,6 bilhões dos gastos com o PAC. Mas com o déficit de novembro, as contas públicas teriam que registrar um superávit de quase R$ 32 bilhões em dezembro para que a meta ajustada fosse cumprida com esse volume de abatimento previsto.

A maior dor de cabeça para o governo está justamente no fato de que as despesas pagas do PAC somaram até novembro apenas R$ 28,4 bilhões. Pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o governo pode abater até R$ 40,6 bilhões de despesas do PAC, mas é pouco provável que consiga gastar todo esse dinheiro até o final do ano, o que diminui a margem para o abatimento.

Acumulado

Por conta do resultado de novembro, o superávit acumulado no ano caiu para R$ 82,69 bilhões, o que corresponde a apenas 1,93% do Produto Interno Bruto (PIB). No mesmo período do ano passado, o superávit primário somava o equivalente a 3,11% do PIB.

Para piorar o quadro fiscal, além da elevação das despesas e das desonerações, o Ministério da Fazenda aprovou o aumento da liberação de endividamento dos Estados para gastos com investimentos, o que afetou o resultado das contas dos governos regionais e aumentou o buraco a ser coberto pelo governo federal para o cumprimento da meta. Até novembro, as contas dos Estados e Municípios apresentaram um superávit de R$ 24,6 bilhões, patamar muito distante da meta de R$42,8 bilhões a ser cumprida pelos prefeitos e governadores. A Fazenda se comprometeu a cobrir a diferença.

Para o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, o déficit expressivo de novembro é decorrente do crescimento das despesas em ritmo muito maior do que as receitas. Ele ponderou, no entanto, que se deve analisar essa resultado no contexto da conjuntura econômica deste ano e, por isso, na sua avaliação o desempenho fiscal foi favorável em 2012. "O cenário se configurou adverso, sobretudo, pelas incertezas do panorama internacional. Tivemos ajustes da projeção do PIB e o contexto influenciou a área fiscal, tanto pelo lado das receitas, quanto pelas despesas", disse.

Pelos dados do Tesouro Nacional, enquanto as receitas do governo cresceram até novembro 6,4%, as despesas avançaram 12,4%. O secretário do Tesouro, Arno Augustin, evitou ontem comentar a possibilidade de o governo ter que fazer um abatimento na meta superior aos R$ 25,6 bilhões, mas garantiu que a meta ajustada será alcançada. Ele antecipou que o superávit do governo central (Tesouro, BC e Previdência) em dezembro será de dois dígitos. Segundo ele, a arrecadação e o repasse de dividendos das estatais para os cofres públicos serão maiores em dezembro, enquanto as despesas serão menores.

O Tribunal de Contas do Município de Salvador (TCM-Salvador) condenou o prefeito João Henrique Carneiro (PP) a pagar três milhões de reais por dívidas públicas. O TCM de Salvador considerou parcialmente procedentes as conclusões no Relatório de Auditória Especial do exercício financeiro de 2009. No relatório foram constatadas falhas e irregularidades na publicidade da prefeitura.

O relator do processo, Paolo Marconi, multou o prefeito em 36 mil reais e determinou que ele devolvesse os dois milhões e novecentos mil reais à prefeitura com recursos próprios. No total, a equipe que elaborou o projeto afirmou que João Henrique gastou cerca de 75 milhões de reais em publicidade.

No relatório, alguns valores foram discriminados "em decorrência do pagamento de publicidade com caráter autopromocional do gestor (R$ 117.324,00)"; da falta de justificativa para o pagamento de R$ 10 mil a um jornal de outra cidade e "da falta de apresentação do conteúdo das publicidades relativas a 96 processos de pagamento (R$ 1.329.345,07); e apresentação de mídias defeituosas prejudicando a análise material dos respectivos conteúdos (R$ 1.451.531,70)".

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A meta cheia de superávit primário do setor público, de R$ 139,8 bilhões, não será cumprida este ano, informou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. O governo vai abater do resultado parte dos investimentos realizados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida. O tamanho do desconto ainda não está definido.

Essa é a primeira vez que o ministro admitiu que não conseguirá atingir o esforço fiscal previsto. "De fato, está ficando mais difícil fazer a meta cheia de superávit primário em 2012."

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Mantega disse que três fatores levaram o governo a desistir de buscar a economia prevista para pagar os juros sobre a dívida pública: frustração da arrecadação, desoneração de tributos de R$ 45 bilhões até o fim do ano e dificuldade de Estados e municípios de fazerem a sua parte do primário. "Com essas três variáveis, já podemos concluir o abatimento da meta. Só saberemos (de quanto) em dezembro. Em outubro teremos um bom desempenho fiscal, mas, mesmo assim, não vamos fazer a meta cheia a qualquer custo."

Conforme antecipou o jornal O Estado de S. Paulo, desde o mês passado o governo abandonou a meta cheia e passou a considerar a possibilidade de usar o mecanismo legal que permite tirar da conta de despesas parte dos gastos com investimentos.

A equipe econômica concluiu que o superávit primário cheio já foi importante no passado para dar credibilidade internacional ao Brasil e permitir a queda da taxa básica de juros (Selic) no Brasil. Mas agora, com a economia patinando e os juros no menor patamar da história, usará o instrumento para não ter de sacrificar os investimentos.

Críticas

Os críticos do abatimento da meta argumentam que a medida pode jogar mais dinheiro no mercado e ter impacto na inflação. Mas, ainda assim, muitos analistas já admitem que essa é a saída em momento de crise internacional. Mantega fez questão de destacar que a decisão não significa mudança na política fiscal. "O governo continuará buscando metas e, fundamentalmente, a redução do déficit, que é nominal, e da dívida pública, objetivos perseguidos desde o início do governo Lula, desde que me tornei ministro da Fazenda."

O ministro disse que 2012 é um ano excepcional e exige ações anticíclicas. Segundo ele, se não houvesse uma desoneração expressiva não seria necessário usar o abatimento. Ele garantiu, no entanto, que não abandonou o tripé macroeconômico - câmbio flutuante, política fiscal e meta de inflação. E disse que não há flexibilidade na meta de inflação ou na solidez fiscal, embora tenha admitido que o câmbio é administrado para não prejudicar a indústria. "Continuamos pregando no deserto pelo câmbio flutuante, mas os outros não estão nos ouvindo." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Os números das contas públicas para o mês de julho mostram que a economia brasileira ainda não apresenta sinais claros de recuperação no início do segundo semestre.

Influenciado pela queda das receitas da União, Estados e municípios, o superávit do setor público recuou pelo quinto mês consecutivo e apresentou o pior resultado em 20 meses.

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Segundo o Banco Central, o setor público economizou R$ 5,6 bilhões para o pagamento de juros da dívida em julho, 60% a menos do que no mesmo período do ano passado, quando o governo recebeu receitas extraordinárias.

O resultado em 12 meses caiu para R$ 108 bilhões, bem abaixo da meta de R$ 138,9 bilhões para 2012 e o menor valor desde janeiro de 2011.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, disse esperar melhora nesse resultado ao longo do segundo semestre, diante da expectativa de aumento na arrecadação por causa da recuperação da atividade.

Preocupante

Para Felipe Salto, da consultoria Tendências, "o dado é preocupante" e indica que, provavelmente, o governo não cumprirá o objetivo fixado em lei para este ano. Na comparação com o Produto Interno Bruto (PIB), a meta para 2012 é de 3,1%. Salto projeta um resultado entre 2,7% a 2,8%.

Na última quarta-feira, ao divulgar os resultados do Tesouro Nacional, o secretário Arno Augustin afirmou que o resultado do governo federal estava dentro da previsão de cumprimento da meta, mas que é cedo para avaliar se os governos estaduais e municipais conseguirão cumprir sua parte.

De qualquer forma, o governo ainda tem na manga a possibilidade de usar os dividendos das estatais para reforçar o caixa.

O BC destacou ainda que houve queda nos juros pagos pelo setor público por causa do recuo da inflação e da taxa básica (Selic) e que esse movimento deve prosseguir ao longo dos próximos meses.

Apesar da queda no superávit que o setor público faz para pagar juros, a dívida recuou novamente na comparação com o PIB e atingiu em julho o menor porcentual da série histórica iniciada em dezembro de 2001 pelo BC.

A dívida recuou para 34,9% do PIB em julho, e a previsão da instituição é que tenha fechado agosto em 34,8%. O mínimo anterior havia sido atingido em maio deste ano (35% do PIB). Na comparação com dezembro do ano passado, a dívida líquida apresenta redução de 1,5 ponto porcentual do PIB. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O setor público consolidado cumpriu menos da metade da meta fiscal do ano nos primeiros seis meses de 2012. Dados divulgados nesta terça-feira pelo Banco Central mostram que o governo alcançou 47% da meta de janeiro a junho. Em igual período de 2011, o governo havia cumprido 61% da meta.

Em 2012, o compromisso do setor público é economizar R$ 139,8 bilhões para pagar os juros da dívida, o chamado superávit primário. Na primeira metade do ano, o valor acumulado chegou a R$ 65,659 bilhões. Pouco menos da metade, portanto.

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"A trajetória (das contas públicas) em 2012 é diferente da do ano passado", disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel. "Já temos uma perspectiva de sinais de retomada do crescimento no segundo semestre. Já começamos a ver os sinais em julho. Aguardem os próximos números", respondeu, ao ser questionado sobre quais seriam os indicadores que sinalizam a retomada da economia.

Maciel segue otimista com o cumprimento da meta de R$ 139,8 bilhões no ano porque, segundo ele, a economia vai crescer a um ritmo mais forte na segunda metade do ano, o que vai garantir o aumento da receita obtida com impostos. "Com a perspectiva de retomada do crescimento da economia, haverá recuperação da receita, especialmente dos impostos que são mais sensíveis à atividade econômica", disse.

Usando a mesma explicação da última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), Maciel explicou o otimismo com os próximos meses pelo fato de que a economia ainda não reagiu completamente aos estímulos anunciados pela equipe econômica. "As medidas têm efeitos cumulativos e impacto defasado. Certamente, esses impactos se acentuarão no segundo semestre", disse.

O setor público consolidado encerrou junho com déficit nominal de R$ 13,325 bilhões. Segundo o Banco Central, o rombo nas contas públicas é maior que o verificado em igual mês do ano passado, quando o saldo negativo ficou em R$ 5,618 bilhões. O déficit nominal acontece sempre que a economia realizada pelo governo para pagar os juros (o superávit primário) é insuficiente para pagar os juros do período.

Ainda segundo o BC, a maior parcela do déficit nominal em junho foi do governo central, que amargou saldo nominal negativo R$ 7,179 bilhões. Entre os outros setores do poder público, os governos regionais terminaram com saldo negativo de R$ 7,068 bilhões, enquanto as empresas estatais registraram superávit nominal (soba após o pagamento de juros) de R$ 922 milhões no mês passado.

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De janeiro a junho de 2012, o setor público registrou déficit nominal de R$ 45,368 bilhões, ou 2,12% do PIB. No primeiro semestre de 2011, a conta havia ficado negativa em 2,07% do PIB. No acumulado dos últimos 12 meses até junho deste ano, o setor público registra déficit nominal de R$ 111,773 bilhões, ou 2,61% do PIB.

Juros

Os gastos com juros do setor público consolidado somaram R$ 16,119 bilhões em junho. No mesmo mês de 2011, essa despesa foi de R$ 18,988 bilhões. No acumulado do primeiro semestre, o gasto com juros foi de R$ 111,027 bilhões (5,18% do PIB). Em igual período do ano passado, essa despesa foi de R$ 119,748 bilhões (5,97% do PIB). Nos últimos 12 meses até junho, o gasto com juros somou R$ 227,953 bilhões (5,33% do PIB).

Dívida

A dívida líquida do setor público consolidado alcançou R$ 1,503 trilhão em junho, o que corresponde a 35,1% do PIB. Em maio, a dívida estava em R$ 1,492 trilhão, ou 35,0% do PIB. O BC informou também que a dívida bruta do governo geral alcançou R$ 2,449 trilhões em junho (57,2% do PIB). Em maio, a dívida bruta somava R$ 2,425 trilhões (57,0% do PIB).

Em relação à dívida líquida, a queda acumulada no primeiro semestre foi de 1,3 ponto porcentual do PIB em relação ao verificado em dezembro do ano passado. Segundo o BC, o superávit primário contribuiu sozinho para uma redução equivalente a 1,5 ponto porcentual do PIB. O crescimento da economia levou a uma redução de mais 1,2 ponto porcentual. A desvalorização cambial no período, de 7,8%, ajudou a diminuir a dívida em mais 1,1 ponto porcentual.

No sentido contrário, a apropriação de juros elevou a relação dívida/PIB em 2,6 pontos porcentuais.

O setor público consolidado registrou em junho R$ 2,794 bilhões em superávit primário. Os dados foram divulgados nesta terça-feira pelo Banco Central. O desempenho ficou abaixo da mediana das estimativas coletadas pelo AE Projeções, cuja mediana ficou em R$ 6,130 bilhões, com piso em R$ 2,7 bilhões e teto das expectativas em R$ 14,2 bilhões.

Segundo o BC, a maior parte do superávit primário do mês passado foi gerada pelo governo central, que terminou o período com saldo positivo de R$ 2,019 bilhões. Já os governos regionais encerram junho déficit primário de R$ 333 milhões. As empresas estatais, por sua vez, registraram superávit primário de R$ 1,101 bilhão em junho.

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O BC informou ainda que de janeiro a junho de 2012, o superávit primário do setor público alcançou R$ 65,659 bilhões, o equivalente a 3,06% do PIB, menos que a fatia de 3,90% do PIB em igual período de 2011. Nos últimos 12 meses encerrados em junho, o setor público registrou superávit primário de R$ 116,180 bilhões, o que representa 2,71% do PIB.

O Banco Central (BC) aumentou a previsão para o tamanho do déficit nominal do setor público em 2012. De acordo com cenário divulgado nesta sexta-feira (29), o ano deve terminar com déficit nominal equivalente a 1,4% do PIB. Em março, a instituição havia previsto 1,2% do PIB. O déficit nominal é gerado porque o esforço fiscal para pagamento de juros, o chamado superávit primário, é insuficiente para pagar toda a conta aos credores da dívida.

Mesmo com o aumento da previsão de déficit nominal, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, mantém o discurso otimista. Ele destacou que a expectativa de terminar o ano com saldo negativo equivalente a 1,4% do PIB, se confirmada, será o menor déficit nominal da série histórica iniciada em 2001. Ao apresentar os números, Maciel comentou que o déficit nominal registrado no mês passado - de R$ 16,064 bilhões - é o pior resultado para o mês da série histórica iniciada em 2001.

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Mesmo com a piora da previsão do BC para o crescimento do PIB em 2012, a estimativa da instituição para o patamar do superávit primário em relação ao PIB neste ano segue inalterada. Segundo Maciel, o correspondente à meta de primário de R$ 139,8 bilhões continua em 3,1% do PIB.

Ao apresentar os números, Maciel afirmou que a nova previsão de PIB mudou o dado "na segunda casa após a vírgula". Por isso, emendou, o número seguiu inalterado em 3,1% do PIB. Maciel ressaltou, contudo, que a meta de primário é em reais e não em proporção do PIB.

Dólar

Maciel disse que a influência da variação do dólar sobre a dívida líquida do setor público cresceu nos últimos 12 meses encerrados em abril, devido ao aumento das reservas internacionais. Em abril do ano passado, último dado disponível, uma alta de 1% no dólar, por exemplo, reduzia a dívida líquida em 0,12 ponto porcentual do PIB. Em abril deste ano, o impacto foi calculado em 0,16 ponto porcentual do PIB.

Como o País é credor em moeda estrangeira, a alta no preço da moeda eleva seus ativos, o que reduz a dívida líquida (diferença entre ativos e passivos). Também houve mudanças na "sensibilidade" da dívida em relação à taxa básica de juros e à inflação, por causa, principalmente, da troca feita pelo Tesouro Nacional das LFTs dos fundos extramercado por outros papeis neste ano.

A redução da inflação em um ponto porcentual, por exemplo, contribui para diminuir a relação dívida/PIB em 0,13 ponto porcentual, ante 0,11 ponto de impacto em abril do ano passado. Em relação à taxa Selic, o impacto de uma variação de um ponto porcentual para baixo passou de 0,29 ponto porcentual para 0,27 ponto porcentual na mesma base de comparação.

O Banco Central reduziu a sua estimativa para a relação dívida líquida/PIB para o final de 2012 de 35,7%, projetados em março, para 35,0%. Essa previsão leva em conta a perspectiva para o dólar no fechamento do ano coletada pelo BC na pesquisa Focus com agentes do mercado financeiro, que aponta uma cotação de R$ 1,95.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que, se o dólar ficar em outro patamar, obviamente, o resultado para o indicador será diferente.

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Para o fechamento de junho, a previsão do BC é de uma dívida líquida de 34,5% do PIB, considerando câmbio de R$ 2,06 no fim do mês atual. Se confirmado, será o menor patamar da série histórica, iniciada em dezembro de 2001. Em maio, a dívida ficou em 35% do PIB, também a menor da série.

O chefe do departamento econômico do Banco Central, Tulio Maciel, explicou nesta sexta-feira que o desempenho das contas públicas em março - que não repetiram recorde positivo visto em janeiro e fevereiro - refletem especialmente o aumento das despesas. Entre os gastos do governo, pesa o aumento do salário mínimo.

"Houve reflexo das despesas, especialmente o salário mínimo mais alto do que no ano passado. Isso tem impacto nos benefícios sociais, na Previdência", disse Maciel. Ele lembrou, ainda, que o desempenho do superávit primário - economia feita para o pagamento de juros da dívida - reflete, ainda, o aumento dos desembolsos para investimentos públicos.

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No trimestre, porém, o desempenho segue favorável e as receitas seguem com crescimento maior do que as despesas: enquanto o ingresso de recursos nos cofres do governo cresceu 13,8% nos três primeiros meses do ano, as despesas públicas aumentaram 12%.

Sobre o gasto com juros, Maciel avaliou como positiva a relativa estabilidade da despesa para o pagamento com o serviço da dívida. A leitura positiva tem como base o fato de a dívida bruta ter crescido 11% no período, o que deveria aumentar o gasto com juros.

Explicam o fato a Selic menor e a inflação inferior em 2012 na comparação com 2011. Sem esse efeito positivo, diz Maciel, o gasto com juros poderia ter crescimento de dois dígitos no trimestre ante igual período de 2011.

Resultado dos governos regionais abaixo do previsto

O chefe do Depec afirmou que o superávit primário da contas dos governos regionais e suas estatais acumulado em 12 meses até março está abaixo da meta para o ano. Mas ele ponderou que o superávit do governo central tem margem de folga para cobrir qualquer necessidade.

Pelos dados do BC, o superávit dos governos regionais e das suas empresas estatais soma 0,82% do PIB no acumulado em 12 meses até março: 0,77% (dos Estados e municípios) e 0,05% das suas empresas estatais. A meta fiscal é de 0,95% do PIB.

Já o governo central acumula no período um superávit de 2,38% do PIB, enquanto a meta para o ano foi fixada em 2,15% do PIB. "Os governos regionais estão abaixo, mas há margem nas contas do governo central para cobrir com folga o resultado", avaliou Maciel.

De acordo com Maciel, a dívida líquida do setor público poderá atingir em abril o menor patamar da série histórica do Banco Central (BC). Ele prevê um recuo da dívida líquida para 36% do Produto Interno Bruto (PIB) em abril, com o impacto da alta do dólar nos ativos que o setor público possui atrelados à moeda norte-americana, basicamente as reservas internacionais.

Essa previsão leva em conta uma cotação do dólar em abril de R$ 1,87. Em março, a dívida líquida chegou a 36,6% do PIB, com um recuo de 0,9 ponto porcentual em relação a fevereiro (37,5%). Até agora, o menor patamar da dívida foi registrado em setembro de 2011, de 36,3% do PIB.

A previsão do BC para o fechamento da dívida líquida em 2012 é de 35,7% do PIB. Esse valor pode cair, porque a instituição considerou uma taxa de câmbio de R$ 1,76 para fazer a previsão. O BC só faz revisão semestral da sua previsão para dívida líquida do setor público. Maciel previu ainda que a dívida bruta do setor público feche abril em 56,2% do PIB, ante 56,3% do PIB em março.

O superávit primário do setor público ficou em R$ 9,514 bilhões em fevereiro, conforme dados divulgados nesta sexta-feira pelo Banco Central (BC). O resultado é o maior para meses de fevereiro desde o início da série histórica, em 2001.

No mês passado, o governo central registrou superávit de R$ 5,317 bilhões, os governos regionais fizeram uma economia de R$ 5,070 bilhões e as estatais registraram déficit de R$ 872 milhões. No acumulado do ano, o superávit do setor público soma R$ 35,530 bilhões (5,38% do PIB). Nos 12 meses encerrados em fevereiro, a economia do setor público foi de R$ 138,579 bilhões, o equivalente a 3,33% do Produto Interno Bruto (PIB).

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A dívida líquida do setor público terminou o mês de fevereiro em montante correspondente a 37,5% do PIB. O indicador apresentou elevação em relação a janeiro, quando correspondia a 37,2% do PIB. Em valores nominais, a dívida líquida do setor público somou R$ 1,563 trilhão no mês passado. De acordo com o BC, "a apropriação de juros nominais, o efeito da valorização cambial de 8,9% no ano e o reconhecimento de dívidas" contribuíram para a alta do indicador.

O BC também informou que a dívida bruta do governo geral alcançou 55,7% do PIB em fevereiro, o equivalente a R$ 2,322 trilhões. Em janeiro deste ano, o indicador estava em 55,0% do PIB.

Juros
Os gastos com juros do setor público somaram R$ 18,269 bilhões em fevereiro. Em janeiro, o gasto foi de R$ 19,661 bilhões. No acumulado do ano, foram gastos R$ 37,930 bilhões (5,74% do PIB) com pagamento de juros. No acumulado em 12 meses, o valor com desembolso com juros equivale 5,67% do PIB, totalizando R$ 236,208 bilhões.

O pagamento de juros no mês apenas por parte do governo central foi de R$ 14,362 bilhões. Os governos regionais tiveram uma despesa de R$ 3,725 bilhões. As estatais tiveram despesa de R$ 181 milhões. De acordo com o BC, a redução dos juros em fevereiro na comparação com janeiro se deve ao menor número de dias úteis no mês.

Nos dados acumulados no ano em 12 meses, as quedas estão relacionadas à redução da taxa Selic e nos principais índices de preços que corrigem a dívida pública.

Déficit nominal
O setor público consolidado encerrou o mês de fevereiro com déficit nominal de R$ 8,755 bilhões. Com esse desempenho, as contas públicas voltam a ter resultado nominal negativo, após terminar janeiro deste ano com R$ 6,355 bilhões positivo.

Entre os fatores que levaram ao resultado deficitário do mês passado, o governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) encerrou o período com déficit nominal de R$ 9,046 bilhões. Já os governos regionais fecharam o mês com caixa positivo, em R$ 1,345 bilhão, sendo que a maior contribuição foi dos governos estaduais, que contribuíram com R$ 1,996 bilhão de superávit nominal. Ainda no mês passado, as empresas estatais (excluindo Petrobras e Eletrobras) registraram déficit nominal de R$ 1,053 bilhão.

No acumulado de janeiro e fevereiro deste ano, o déficit nominal do setor público soma R$ 2,400 bilhões, resultado inferior ao saldo negativo de R$ 12,735 bilhões verificado no primeiro bimestre de 2011. Já no acumulado dos últimos 12 meses até fevereiro, o déficit nominal alcançou R$ 97,628 bilhões, o equivalente a 2,34% do PIB.

Até o final deste mês, os ministérios e demais órgãos da administração direta da União terão de se adequar para participar do Sistema de Informação de Custos do Governo Federal (SIC). Será uma espécie de Big Brother das contas públicas que o Tesouro Nacional adotará para monitorar a qualidade dos gastos. Ainda que o governo não trabalhe com uma meta, a mudança visa a reduzir as despesas com a análise de cruzamento de dados e comparações sobre custos similares nas diferentes áreas de atuação da máquina pública.

Por exemplo: há determinadas atividades nas Forças Armadas que existem no Exército, na Aeronáutica e na Marinha e, com a apresentação dos dados num único sistema e com a mesma metodologia, será possível identificar discrepâncias. O mesmo poderá ser feito, no futuro, com universidades e hospitais federais. "Nessa análise, vamos identificar onde os custos estão altos e vamos fazer a gestão dos custos para otimizar a utilização do recurso público", explicou o subsecretário de contabilidade pública do Tesouro, Gilvan Dantas.

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O sistema não gerará informações novas. Apenas aglutinará em um só local os dados do Executivo e das demais esferas administrativas: o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), o Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape) e o Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento do Governo Federal (Sigplan).

O subsecretário não quis comentar o caso específico da denúncia feita pelo jornal O Estado de S. Paulo de que 90% das verbas antienchentes do Ministério da Integração Nacional foram aplicadas em Pernambuco, Estado do ministro Fernando Bezerra (PSB). "Esse tipo de informação já está disponível hoje. Se for feita consulta da execução orçamentária se vê a situação, mas seria preciso ter uma pessoa mais debruçada sobre essa análise, que é o que pretendemos com a mudança", disse.

Atualmente, os ministérios apresentam ao governo as despesas da pasta. Com o SIC, será preciso informar periodicamente o real consumo em relação às expectativas. Assim, se a aquisição de um lote de vacinas foi orçada para o ano seguinte, ela aparecerá como "despesas", mas o novo sistema receberá também os dados sobre o consumo dessas vacinas ao longo do ano. "Queremos saber o custo de determinado programa e o resultado de cada ação, saber o custo de cada órgão. Qual o custo da Receita Federal? Do Dnit? De uma agência reguladora?", citou o subsecretário.

A ideia não é se ater apenas ao resultado global dos ministérios e demais órgãos do governo. Será possível também esmiuçar as contas públicas nos níveis dos departamentos, diretorias, secretarias e até de seções. "É uma mudança de cultura que precisamos colocar na administração pública", argumentou.

Este ano, o sistema funcionará como uma espécie de "café com leite", mas, a partir de 2013, os relatórios produzidos pelos órgãos do governo deverão ser enviados trimestralmente para a Fazenda. Eles serão usados apenas para consumo interno por se tratar de um momento de aprendizagem. A expectativa é de que, a partir de 2014, passem a ficar disponíveis na internet.

Sem punição

Como a novidade está sendo vista como uma "mudança de cultura", não foram previstas penalidades para quem não participar da empreitada. Caso o Tesouro detecte algum dado incompleto ou contraditório, o primeiro passo será entrar em contato com o órgão gerador da informação. "É mais um instrumento proativo, de direção. Não queremos tirar o incentivo da participação, por isso não há punição", alegou Dantas.

Os Estados foram os principais responsáveis pelo superávit primário registrado nas contas do setor público (formado pelo governo federal, Estados, municípios e empresas estatais) de agosto, que atingiram R$ 4,561 bilhões, segundo divulgou hoje o Banco Central (BC). O superávit primário é a economia feita pelo governo para o pagamento de juros da dívida pública.

Os Estados responderam pelo resultado positivo de R$ 2,697 bilhões no mês. Os municípios fecharam agosto com zero de superávit. As contas do governo central, que englobam Tesouro, Banco Central e Previdência, ficaram com superávit primário de R$ 2,031 bilhões.

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As empresas estatais atingiram no mês um déficit de R$ 166 milhões. Enquanto as empresas estatais federais tiveram déficit de R$ 262 milhões, as estaduais registraram superávit de R$ 163 milhões e as municipais apresentaram resultado negativo de R$ 67 milhões.

No acumulado do ano, de janeiro a agosto, os governos estaduais registram superávit primário de R$ 24,408 bilhões, o equivalente a 0,92% do Produto Interno Bruto (PIB). Os municípios fizeram superávit primário de R$ 2,049 bilhões, equivalente a 0,08% do PIB. Juntos, Estados e municípios registram superávit primário de janeiro a agosto de 1% do PIB, o equivalente a R$ 26,458 bilhões.

As contas do governo central acumulam superávit no ano de R$ 68,338 bilhões, ou 2,58% do PIB. As empresas estatais têm resultado positivo de R$ 1,744 bilhão, ou 0,07% do PIB. Empresas federais contribuíram com superávit de R$ 356 milhões, as estaduais com R$ 1,238 bilhão e as empresas estatais municipais, com superávit de R$ 151 milhões.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Túlio Maciel, afirmou nesta sexta-feira que o resultado primário de julho, de R$ 13,789 bilhões, foi o melhor para o mês dos últimos 10 anos. A série da autoridade monetária teve início em 2001. "As contas do setor publico apresentaram bom resultado", avaliou.

Maciel ressaltou também que cerca de 80% da meta do primário para 2011 (R$ 117,9 bilhões) já foi cumprida nos primeiros sete meses do ano. O quadro positivo, segundo ele, se dá em função da expansão da atividade no País. "O crescimento da economia tem sido o principal determinante desse desempenho", disse, citando variáveis como emprego e renda, entre outros.

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Com o desempenho positivo da atividade econômica, há uma contribuição maior para o aumento da arrecadação e das receitas, conforme o técnico. "Temos um cenário mais confortável e bem melhor para o fiscal este ano comparativamente ao ano passado", considerou. Ele salientou que, em 2010, a economia cresceu mais, mas sobre uma base deprimida em função da crise econômica externa que apresentou impactos no Brasil. "Isso trazia restrições em termos fiscais." Este ano, segundo Maciel, a economia continua crescendo em cima de um patamar mais alto da atividade.

O chefe do departamento evitou falar sobre as decisões da autoridade monetária em relação ao rumo da política monetária. "Sobre eventuais decisões do Copom, prefiro não me manifestar."

Impostos

Maciel destacou que o crescimento da arrecadação no País está ligado aos impostos relacionados à expansão da atividade econômica. Ele mencionou que o aumento da arrecadação pela Receita Federal registrou avanço de 22% de janeiro a julho na comparação com idêntico período de 2010.

O chefe do Departamento Econômico do BC citou, por exemplo, que a expansão da arrecadação com IPI no período foi de 17% e de imposto de renda, 19%. "Com a maior arrecadação de impostos, consegue-se perceber que esse é o principal fator que tem predominado para o quadro fiscal e são impostos ligados à produção", considerou. Ele disse também que se observa no período uma moderação no aumento das despesas, sobretudo em relação a 2010. "Com a continuidade dessa evolução e com crescimento da economia, a perspectiva é de que o cenário para o fiscal continue favorável", previu.

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