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A Segunda Câmara do Tribunal de Contas do Estado julgou irregulares as contas de gestão da Prefeitura de Barreiros, relativas ao exercício financeiro de 2012. O prefeito, à época, era Antônio Vicente de Souza Albuquerque. A relatora do processo foi a auditora substituta Alda Magalhães, que teve o seu voto aprovado pela unanimidade da Câmara de julgamento.

De acordo com o voto da relatoria, mesmo após a análise da defesa do gestor não foram justificadas diversas falhas relativas à prestação de contas de gestão, como a ausência de documentos exigidos quando do envio da prestação de contas ao TCE; alimentação desatualizada do Sistema Sagres do TCE, o que configura sonegação de informações e descumprimento da Resolução TC nº 05/2012; desconstituição da área de controle interno no final do mandato do então prefeito; situação de descontrole dos serviços de abastecimento de combustíveis; e irregularidades no setor de merenda escolar, dentre outros tópicos.

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Também foram apontadas irregulares relativas à Previdência Municipal. Neste tópico, houve recolhimento parcial das contribuições previdenciárias retidas dos servidores ao Regimente Geral de Previdência Social (RGPS), o que acarretou uma dívida de R$ 542.390,04. Não foi realizado o recolhimento das obrigações patronais ao RGPS no montante de R$ 4.489.867,77. Por fim, foi detectado o pagamento de multa em função do recolhimento intempestivo das contribuições previdenciárias dos servidores no total de R$ 42.297,97.

Ainda foram apontadas irregularidades pelo Núcleo de Engenharia do TCE nos serviços de transporte escolar e locação de veículos para as Secretarias de Educação e Obras, resultando em um excesso de R$ 964.604,52.

Por essas razões, as contas, processo TC n° 1330080-5, foram julgadas irregulares e foi imputado os seguintes débitos ao prefeito no valor de R$ 49.297,97, referente ao pagamento de multa por atraso no pagamento das contribuições previdenciárias e solidariamente com Jurandy Clemente de Lira e Amarina Freitas Pereira Alves e com a empresa AG Serviços e Locações Ltda pelos excessos identificados no laudo de engenharia do TCE.

Além disso, foram aplicadas multas de R$ 3.000,00 a Jurandy Clemente de Lira e Amarina Freitas Pereira Alves. Ao prefeito foi aplicada uma multa de R$ 6.000,00. Esses valores deverão ser pagos até 15 dias após o trânsito em julgado desta decisão.

A Sessão da Segunda Câmara foi dirigida por sua presidente, conselheira Teresa Duere. O Ministério Público de Contas foi representado pelo procurador Ricardo Alexandre.

*Com informações do TCE

O prefeito de Igarassu, Mario Ricardo (PTB), decidiu exonerar 17 secretários para enxugar as contas públicas. Apesar de ainda não ter se pronunciado sobre o caso, o petebista pretende ficar em dias com a Lei de Responsabilidade Fiscal e começar o ano de 2015 com as contas do município estabilizadas. 

De acordo com a assessoria de Imprensa do município, em breve o prefeito encaminhará nota com os detalhes da ação. Porém, a assessoria adiantou que um grupo de trabalho irá estudar uma reforma administrativa em Igarassu. 

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Quase 50% da receita municipal é repassada ao pagamento dos servidores. “Vamos ter que fazer uma redução de quadros. Montamos um grupo de trabalho para analisar cada secretaria. Não podemos fazer investimentos na cidade e em obras se não nos adequarmos”, pontuou Mario Ricardo, em entrevista a um jornal local. 

O novo ministro da Fazenda ainda não foi anunciado pela presidente Dilma Rousseff, mas muitos economistas já têm uma certeza. O maior desafio do futuro substituto de Guido Mantega será administrar o atual déficit gêmeo brasileiro.

Em 12 meses, os déficits nas contas internas e externas orbitam em torno de 4% do Produto Interno Bruto (PIB). Os economistas afirmam que o número por si só não significa que o País está em apuros. O diagnóstico depende de algumas variáveis. Uma delas é a finalidade do excesso de gastos públicos. Se o Estado gasta mais para garantir segurança, educação, saúde, saneamento público, ou seja, bem-estar, o estilo perdulário pode ser perdoado.

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Quando o rombo fiscal chega no patamar em que está atualmente, os sinais de alerta costumam ser ligados nas mesas de operação e departamentos de economia. "Em uma receita de bolo simples, 4% de déficit é atenção. Acima de 7%, significa que um país está mais vulnerável", afirma o superintendente do Departamento Econômico do Citi Brasil, Marcelo Kfoury.

O sinal amarelo pode se transformar em vermelho no curto prazo se a economia mundial for surpreendida com um problema macroeconômico relevante e, com isso, minguar o fluxo de capital estrangeiro no Brasil. "O Brasil é o segundo país mais vulnerável. Ou seja, qualquer peteleco no fluxo de investimentos diretos, a economia brasileira vai sofrer", diz o professor da Universidade de São Paulo, Simão Davi Silber. Mais vulnerável que o Brasil é a Turquia, segundo artigo do Relatório de Política Monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) que analisou 15 países emergentes no início desse ano.

No curto prazo, o déficit fiscal também representa um obstáculo a mais para os investimentos no setor produtivo, na avaliação do professor de Economia do Insper, Otto Nogami. Ao gastar além do que arrecada via tributos e do que capta da poupança doméstica e internacional, o setor público compete com o setor privado por mais recursos, segundo argumenta Nogami. "O problema é que governo gasta mal, não dá contrapartida à sociedade e ainda absorve os recursos do poupador externo para pagar o seu custeio", diz.

O maior problema do déficit gêmeo para o Brasil está em um horizonte mais distante. No longo prazo, argumenta Silber, o déficit gêmeo significa uma maior doação da estrutura produtiva nacional para os estrangeiros. "Se tem déficit, tem de dar algo, seja ações, empresas, infraestrutura, bancos", diz Silber. Nogami concorda. Lembra que, nesse toma-lá-dá-cá, a indústria nacional é a mais sacrificada nesse contexto. "O capital estrangeiro predomina em vários segmentos: bens duráveis, bens de consumo e não duráveis, como higiene e limpeza", afirma.

As estatísticas mostram que praticamente um terço do capital produtivo do Brasil depende do arbítrio de quem não mora no Brasil. De acordo com dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), o estoque do Investimento Estrangeiro Direto (IED) representava 32% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. O mesmo porcentual se repete nos dados preliminares do PIB no primeiro semestre de 2014, divulgados pelo IBGE.

Há quem possa argumentar que a maior economia do mundo também entregou a estrangeiros quase um terço de sua estrutura produtiva. O estoque de IED nos Estados Unidos até 2013 equivale a 29% do PIB, segundo a Unctad. "A diferença é que uma boa parte do IED nos Estados Unidos serve para o país aumentar as exportações", diz Nogami.

Não é o caso do Brasil. Uma amostra disso é que a balança comercial brasileira está deficitária de janeiro até a primeira semana de novembro em US$ 2,618 bilhões. E a pauta de exportações, argumenta o professor do Insper, prioriza matérias-primas, bens agrícolas. Na ponta importadora, predominam bens manufaturados. "É preciso olhar com calma sobre o que estamos importando para entender o déficit comercial. Importar cerveja entre outros produtos finais é ruim. Importar bens de capital é bom", diz o professor de macroeconomia dos cursos MBA da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Celso Grisi.

Ao futuro ministro da Fazenda, segue uma mensagem de misericórdia. O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luiz Otávio Leal, afirma que o País não precisa zerar o déficit em conta corrente. De uma economia em desenvolvimento como a brasileira e com uma taxa de investimento perto dos 17%, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), isso nem é esperado. "Dado que necessitamos de poupança, é natural que a gente capte poupança externa, sendo que um déficit perto de 2% parece razoável", diz Leal. Sobre o déficit nominal, o economista afirma que o ideal é zerar. Quanto mais desajustadas as contas públicas de um país, menos o investidor estrangeiro confia a ponto de emprestar seu dinheiro. "Sinalizar que o déficit está seguindo para perto do zero já está bom", afirma.

Os economistas afirmam que o maior problema não é apenas que o governo gasta mais do que arrecada. A grande questão é o conjunto de sinais invertidos que a equipe de Dilma Rousseff tem gerado. A confusão começa com a falta de padrão ao relatar o quanto gasta e arrecada e segue, chegando até a novidade de ontem, quando o governo enviou ao Congresso Nacional um projeto para por fim ao limite de abatimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e desonerações.

A contabilidade criativa, apelidada dessa forma por habilitar receitas típicas e rubricas inesperadas, subtrai do governo o ativo mais caro em qualquer mercado financeiro: a previsibilidade. A manobra acaba gerando algumas esquisitices. Uma delas é o fato de departamentos econômicos passarem a fazer duas estimativas sobre o resultado fiscal do governo. A realista é chamada de recorrente ou estrutural. A criativa é denominada de convencional, como em relatório do Itaú Unibanco desta terça-feira. No texto, os analistas preveem um superávit primário convencional de 2014 de 0,2% do PIB e um recorrente negativo em 0,4% do PIB.

A falta de parâmetros também provoca uma discrepância maior nas projeções feitas por diferentes analistas. Segundo 16 agentes econômicos ouvidos pelo AE Projeções no fim de outubro, o resultado primário pode fechar 2014 de negativo a positivo. As previsões vão desde um déficit de 0,10% a um superávit de 1%. A diferença poderia ser lida como uma falta de acuidade nas previsões dos economistas. Mas é ainda mais gritante quando comparada com a previsão do próprio ministro da Fazenda. Em janeiro, Guido Mantega anunciou que a meta de superávit primário era de 1,9% para 2014. Na ocasião, Mantega afirmou que foi assim estipulada por basear-se em indicadores "exequíveis, realistas e conservadores".

Na busca desesperada por novas receitas para fechar as contas no azul em 2014, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, poderá voltar a autorizar a venda antecipada de recebíveis (créditos) que a União tem a receber da usina de Itaipu.

Polêmica, a venda de parcelas desses créditos foi usada no fim de 2012 e em 2013 para pagar despesas e melhorar o superávit primário das contas do setor público. O expediente acabou interrompido pelo ministro Mantega como resposta às críticas do mercado financeiro à chamada "contabilidade criativa" nessas operações.

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Fontes do Ministério da Fazenda informaram ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que a medida está sendo discutida com total reserva na área econômica do governo com aval do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. Técnicos do governo já trabalham na operação e aguardam sinal verde do ministro Mantega e da presidente Dilma Rousseff para continuar com os procedimentos de venda desses ativos, que somam hoje cerca de US$ 13 bilhões - dinheiro que o Tesouro tem direito a receber da usina até 2023. Uma parte desses créditos poderá ser vendida agora.

Ainda não há decisão sobre a viabilidade da operação e nem a quantidade da venda por receio de que a nova venda sirva de munição contra a política fiscal no momento em que a equipe econômica prepara o anúncio de um plano de recuperação da credibilidade fiscal para 2015.

Procurado pela reportagem desde terça-feira, o Ministério da Fazenda não se pronunciou. O governo enfrenta um dilema: mostra que a operação é legítima e autorizada por lei ou admite uma piora mais acentuada do superávit das contas públicas no fim do ano. Os recebíveis também podem ajudar em 2015.

A antecipação desses recebíveis está prevista na legislação, mas técnicos críticos à medida afirmam que, assim, o governo troca fluxo de receitas futuras por uma injeção de recursos agora, o que compromete o ajuste fiscal de longo prazo.

Em maio de 2013, o governo editou medida provisória autorizando o uso antecipado das receitas de Itaipu que deveriam entrar nos cofres da União nos próximos três governos. A Medida Provisória nº 615, convertida na Lei nº 12.865, autorizou o Tesouro a antecipar esses recursos. Pela lei, o Tesouro pode, inclusive, emitir títulos públicos em favor da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) até o limite dos créditos totais da hidrelétrica a que a União tem direito. A CDE é uma espécie de encargo "guarda-chuva" que, desde o fim de 2013, passou a cobrir uma série de custos das contas de luz. Já se sabe que o dinheiro previsto no Orçamento deste ano para a CDE - R$ 9 bilhões - não será suficiente.

No fim de 2012, outra MP já havia autorizado o Tesouro a fazer uma cessão onerosa dos créditos de Itaipu ao BNDES, que pagou à União com ações. A operação fez parte da complexa triangulação financeira que o Ministério da Fazenda desenhou para conseguir cumprir a meta fiscal de 2012 - estopim da deterioração da credibilidade da política fiscal junto aos investidores e agências de classificação de risco. O que foi mais criticado na época foi que o BNDES recebeu um empréstimo de R$ 15 bilhões do Tesouro ao mesmo tempo em que comprou os recebíveis. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Brasil não deve cumprir este ano a meta de superávit primário estabelecida pelo governo, por conta da economia desaquecida, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI), que divulgou nesta quarta-feira, 08, o relatório Monitor Fiscal, que traz estimativas sobre as contas públicas de vários países. A previsão é que o indicador brasileiro fique em 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, abaixo do objetivo de Brasília de 1,9%.

Para 2015, a previsão do FMI é de melhora no superávit primário do setor público, para 2%, seguindo uma certa recuperação da economia brasileira. Os economistas da instituição cortaram nesta terça-feira, 07, a previsão de crescimento do PIB do Brasil este ano, de 1,3% para 0,3%. Em 2015, se espera um número melhor, de 1,4%. Em 2016, o superávit primário subiria para 2,5%, de acordo com a estimativa do Fundo.

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O Monitor Fiscal traz ainda outras previsões para indicadores fiscais do Brasil, com melhora em algumas e piora em outras na comparação com o relatório que foi divulgado em abril pelo FMI, durante sua reunião de primavera em Washington. Para a dívida bruta, a expectativa é que fique em 65,8% do PIB este ano. No relatório anterior, a estimativa era de dívida de 66,7%. Neste indicador, o Brasil tem número pior que outros países emergentes, que devem terminar o ano com índice médio de 33,7%, a metade do brasileiro. Em outros países, a previsão é que o México fique em 48,1% e a África do Sul em 47,3%. Para os desenvolvidos, a estimativa é de 80%.

O FMI estima que o déficit nominal do Brasil deve ficar em 3,9% do PIB este ano. A estimativa é pior do que a feita em abril, com déficit de 3,3%. Em 2015, o indicador deve ficar em 3,1% do PIB, pior que o déficit de 2,5% previsto anteriormente.

Nos últimos seis meses, desde que divulgou o relatório fiscal anterior, o FMI avalia que o ambiente de baixas taxas de juros e volatilidade moderada no mercado financeiro mundial levou a um declínio das pressões nas finanças públicas em vários países. "Contudo, vulnerabilidades fiscais permanecem e novos riscos apareceram", afirma o relatório divulgado nesta quarta. Para os países avançados, a recomendação é que a política fiscal seja amigável ao crescimento econômico e a geração de empregos.

Nos países emergentes, os déficits e as taxas de endividamento permanecem relativamente moderadas, embora, no geral, acima da média de antes da crise financeira mundial de 2008, ressalta o FMI. A perspectiva de elevação dos juros em países desenvolvidos aliada ao menor crescimento potencial dos emergentes demanda um reforço do ambiente fiscal para lidar com riscos.

"Nos emergentes, vulnerabilidades e riscos fiscais continuam a se acumular", afirmou em uma entrevista à imprensa nesta quarta-feira, o diretor do departamento de assuntos fiscais do FMI, Vitor Gaspar. Em alguns casos, disse ele, há riscos à sustentabilidade da dívida por conta de operações fora do orçamento público e garantias dos governos. "Muitos destes países têm em comum a necessidade de aumentar o crescimento potencial."

A queda forte do esforço fiscal no último ano do governo Dilma Rousseff deve levar as contas públicas a fechar 2014 com um déficit nominal superior a 4% do Produto Interno Bruto (PIB), apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Será o pior resultado em 11 anos para um dos mais importantes indicadores de avaliação das contas públicas. O resultado nominal expressa, além das receitas e despesas, também os gastos do setor público com o pagamento dos juros de suas dívidas.

Em meio à combinação de uma economia menor para pagar juros da dívida, o chamado superávit primário, e a alta da taxa básica de juros (Selic), o déficit nominal acelerou. Nos 12 meses encerrados em agosto, o rombo nas contas públicas fechou em R$ 203,2 bilhões, o equivalente a 4,03% do PIB. Nesse período, o primário recuou para 0,94% - ou R$ 47,5 bilhões.

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Até o fim deste ano, o superávit deve ficar ainda menor, abaixo de 0,9% do PIB, apesar das receitas extraordinárias esperadas para o período. Com base em estimativas de superávit dos analistas mercado, o Banco Central calculou um déficit de 4% até dezembro. Mas técnicos do governo ouvidos pelo Broadcast já admitem um resultado ligeiramente mais alto por causa da frustração na arrecadação federal. Se o governo cumprisse a meta fiscal de superávit de 1,9% do PIB deste ano, o déficit nominal cairia a 3,2%.

Deterioração

Em dezembro 2003, ainda no governo Luiz Inácio Lula da Silva, o déficit nominal bateu em 5,24% do PIB, mas começou a cair por causa do aperto fiscal promovido pela equipe econômica. Em 2008, o déficit chegou a fechar em 2,04% do PIB, seu nível mais baixo, justamente quando o chamado superávit primário, economia para pagar juros, atingiu 3,42% do PIB . O governo mantinha uma política fiscal mais austera, chegando a repassar R$ 14 bilhões ao Fundo Soberano do Brasil (FSB) como poupança adicional à meta do superávit.

A expectativa do governo era tão positiva com a melhora do resultado que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a prever, no início do governo, que era possível caminhar para um déficit nominal zero. Ou seja, zerar a diferença entre receitas e despesas, incluindo os gastos com juros.

Dívida Bruta

Além da piora do déficit nominal, a presidente Dilma terminará o seu governo com a dívida bruta em alta. Em 2014, o endividamento, que contabiliza os empréstimos do Tesouro Nacional ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Socal (BNDES), deve superar 60% do PIB - nível mais alto desde 2009.

Esse indicador está sendo mais observado pelos analistas depois que o governo iniciou a estratégia de reforçar o BNDES com empréstimos de longo prazo, que não têm impacto na dívida líquida, mas afetam o endividamento bruto. Em 2013, a dívida bruta fechou em 56,72%. A piora nesses indicadores fiscais ameaça a nota de crédito do Brasil pelas agências internacionais de classificação de risco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Para fechar as contas públicas neste ano, além de contar com receitas extraordinárias, como o Refis, o Ministério da Fazenda aposta na recuperação da atividade econômica no segundo semestre. O secretário-executivo do ministério, Paulo Caffarelli, repetiu nesta quarta-feira (1°) o discurso do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o primeiro semestre foi marcado por crise internacional e parada de produção na indústria por causa do excesso de feriados provocados pela Copa do Mundo. "Temos observado que o segundo semestre vai ser bom", disse o secretário-executivo, em entrevista após participar, no Rio, da cerimônia de abertura da Conferência Anual da International Organization of Securities Commissions (Iosco).

Caffarelli citou ainda as recentes medidas de incentivo anunciadas pelo governo, como a volta do Reintegra, que poderão ter impacto positivo na produção industrial ainda este ano. "Os estímulos podem auxiliar num processo de incremento das exportações. E as exportações terão papel importante na produção industrial do segundo semestre", afirmou.

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Em sua defesa da política fiscal, Caffarelli refutou a ideia de que o governo estaria sendo leniente, quando perguntado se temia o rebaixamento da nota de crédito do País pelas agências de classificação de risco. "O governo vem trabalhando arduamente para que o nosso fiscal seja um fiscal dentro da nossa expectativa e que possa demonstrar que o Brasil está comprometido com os pilares (macroeconômicos)", completou.

O secretário-executivo comentou de forma sucinta a reação do mercado financeiro ao vaivém das pesquisas eleitorais: "O mercado vem respondendo dentro do que vem se apresentando aí. Toda questão eleitoral acaba trazendo uma certa volatilidade. Podem fazer uma análise das eleições passadas", afirmou Caffarelli. 

Para Caffarelli, a alta do dólar, também provocada pela reação às pesquisas eleitorais, não é uma ameaça para a inflação no curto prazo.

Revisão das contas públicas em novembro

Caffarelli, assegurou que a meta de superávit fiscal primário do governo segue em 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar do fraco resultado até aqui, a Fazenda aposta "numa série de eventos" até novembro, quando será lançado o próximo relatório das contas públicas, abrindo espaço para uma revisão, com destaque para o Refis.

"Por enquanto, nossa meta é 1,9%. Temos a revisão para apresentar em novembro e, até lá, temos uma série de eventos", afirmou. "A posição do Ministério da Fazenda neste momento é de 1,9%", completou.

Caffarelli citou o Refis como exemplo de receita que poderá ajudar o governo. "O Refis fecha no fim de novembro. Temos uma boa expectativa de que o Refis vá nos ajudar", disse o secretário-executivo. Desde o início do ano, a previsão do ministério é arrecadar R$ 18 bilhões com o Refis, mas Caffarelli não citou dados parciais nem mudou a projeção.

Fundo Soberano

Em relação ao uso do Fundo Soberano para gerar receita para engordar o superávit primário, Caffarelli reforçou que "não temos nada definido", mas ressaltou que "se formos lançar mão do fundo, as ações do Banco do Brasil não serão prejudicadas". "Se por ventura formos lançar mão do Fundo Soberano, de maneira nenhuma o Banco do Brasil será prejudicado. Em nenhum momento vamos colocar ações do Banco do Brasil no mercado de maneira a comprometer a precificação", afirmou Caffarelli.

Perguntado se as ações não seriam vendidas, ele respondeu: "Não vamos sacrificar o Banco do Brasil colocando suas ações no mercado. Você pode vender, mas não tem necessidade de fazer uma oferta pública", disse Caffarelli, recusando-se a comentar como os recursos poderiam ser sacados, sem confirmar nem negar se uma possível triangulação com outros bancos públicos estaria em estudo.

O líder tucano no Senado e vice da chapa de Aécio Neves (PSDB-MG) nas eleições presidenciais, Aloysio Nunes Ferreira (SP), cobrou nesta segunda-feira (14) informações do governo sobre a "conta paralela" que reforçou o caixa do Tesouro Nacional em R$ 4 bilhões em maio. O senador pediu a convocação do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, para explicar a operação. Ele apresentou o requerimento de convocação dos dois na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

A existência dessa conta foi revelada pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, e pelo jornal "O Estado de S. Paulo", na semana passada. "O jornal apurou que o déficit primário do setor público brasileiro consolidado - ou seja, a diferença que existe entre as receitas do governo, aquilo que o governo recebe e aquilo que o Governo paga - foi de R$ 11,1 bilhões. É o pior da história para o mês de maio, desde o início da apuração desse dado. Ora, esse déficit de R$ 11,1 bilhões poderia ter sido R$ 4 bilhões maior se não fosse uma manobra", disse hoje Aloysio, em discurso no plenário do Senado.

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Conforme revelou o Broadcast, as contas do Tesouro Nacional tiveram uma ajuda inusual de uma operação de registro contábil que reduziu o rombo do mês de maio. Um volume de R$ 4 bilhões mantido por um banco privado em uma conta que estava fora do radar do Banco Central foi encontrado pela autoridade monetária às vésperas do anúncio oficial, pelo Tesouro, do resultado fiscal da União. O Ministério da Fazenda não explicou a origem desses recursos. O BC informou que o dinheiro representava um crédito a favor da União registrado em uma conta paralela. Os R$ 4 bilhões estavam registrados em uma conta fora do rol daquelas verificadas pelo Banco Central para calcular o resultado fiscal.

Aloysio disse que a questão é "profundamente instigante" e que diz respeito à contabilidade pública no Brasil. E lembrou "da criatividade daqueles que gerem as contas públicas em nosso País". Segundo o senador, com base nos dados denunciados pela reportagem, "as coisas estão passando do limite da criatividade", "entrando para o terreno do delírio".

"São R$ 4 bilhões que estão em um banco privado. O Banco Central se apercebeu dessa situação e, ao constatar que eram receitas, que eram haveres do Tesouro, da União, incorporou ao seu patrimônio, à sua conta, e, com isso, pôde apresentar um déficit ainda alto, mas que teria sido maior não fosse essa inclusão" criticou Aloysio.

O senador reclamou que o Banco Central e o Tesouro Nacional tenham se recusado a explicar o súbito aparecimento de recursos. "E o governo não dá explicações. É preciso que se verifique quais as repercussões desse fato estranho, bizarro, sobre a higidez do sistema financeiro; que essa estranha coincidência pode ter e que dúvidas esse incidente pode suscitar sobre a eficiência do Banco Central, como entidade fiscalizadora dos bancos", cobrou.

Especialistas em contas públicas podem discordar em um ou em outro detalhe técnico em relação ao cálculo do superávit primário. Há quem entenda que se um Refis é realizado todos os anos, deixou de ser eventual e é um dinheiro legítimo para fechar as contas públicas. Para outros, a renegociação de débitos tributários com descontos generosos nem deveria existir, porque trata como tolo quem paga impostos em dia. Considerá-lo no superávit, então, nem pensar. Saindo do árido campo da contabilidade, hoje é consenso entre eles que as demonstrações contábeis, por diferentes razões, inspiram cuidados. "Há um sinal amarelo nas contas públicas", diz o consultor Raul Velloso, especialista em finanças públicas.

O aumento de restos a pagar preocupa demais Velloso. "Restos a pagar é o último recurso da administração pública para fechar as contas e é uma ferramenta admissível para prefeituras e alguns Estados com limitações para fazer caixa ou tomar empréstimos", diz. "Mas a União, que dá o exemplo e é a grande responsável pelo superávit, deve ter sobra de caixa e não deveria ter de passar para frente as despesas."

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O que mais preocupa Velloso é a eventual herança desse tipo de postura. "Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, uma gestão não pode deixar restos a pagar para a gestão seguinte", diz o consultor.

Mas Velloso considera os restos a pagar um "ator menor" na questão. Mensalmente, ele observa receitas e despesas da administração pública e tem convicção matemática de que em algum momento a conta não vai fechar.

Segundo ele, até 2008, ambas cresciam a taxas médias anuais de 9%. De lá para cá se estabeleceu um descompasso entre elas. As despesas aumentam cerca de 6% ao ano, enquanto as receitas não passam de 3%. Em alguns meses chegam a ser negativas. "Não podemos continuar fugindo do cerne dessa discussão", diz Velloso. "O problema é o modelo: o crescimento está baixo, as receitas caem, mas o governo insiste em não cortar gastos."

O economista Amir Khair, ex-secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo na gestão petista de Luiza Erundina, segue a mesma linha de raciocínio: "A União é vítima de sua política econômica". Por ter visto a gestão pública por dentro, Khair identifica que elevar restos a pagar nunca é um sinal confortável porque indica, por qualquer razão que seja, que pagamentos estão sendo protelados.

O que mais chama a sua atenção é saber que um volume tão elevado de subvenções e subsídios a bancos públicos (os R$ 21 bilhões identificados no estudo da Tendências) esteja registrado como "restos a pagar não processados". "Não é possível: se o dinheiro foi para banco e entrou, é despesa efetiva e precisa ser registrada no primário", diz Khair. "Se algo diferente está acontecendo, com ou sem lei que permita, é estranho - e é ruim", diz. Na avaliação dele, essa sistemática piora a já questionada falta de transparência das contas nacionais porque não fica claro, afinal, quanto se gasta.

Esqueletos

Em retrospecto, o Brasil já se deu mal com a falta de transparência. Quem lembra é Gabriel Barros Leal, analista de Finanças Públicas e Crédito do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Nos anos 80 e início dos 90, estratégias como congelamento de tarifas, uso indevido do caixa de bancos públicos e maquiagem de déficits orçamentários de Estados e municípios geraram esqueletos bilionários.

"O que vemos nas contas públicas hoje não é uma mera questão tecnocrática de como fazer ou não superávit", diz Leal. "Temos visto uma aposta em um tipo de crescimento que não deu certo e o governo se aproveita de brechas legais nas contas públicas para não mostrar o que não vai bem", diz. Na sua avaliação, boa parte das polêmicas quanto à contabilidade criativa se resolveria com uma modernização do arcabouço legal. "O que precisa ser feito é uma reforma estrutural que atualize a esfera fiscal - isso faria um enorme bem ao Brasil."As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, reconheceu nesta sexta-feira (27) que o resultado primário do governo central de maio de 2014 foi o pior já registrado, depois de haver queda das receitas. "Maio é tradicionalmente um mês de primário mais baixo, mas este maio foi resultado mais negativo, basicamente em função de receita bem menor que em outros meses", disse. O secretário acrescentou que a arrecadação de maio, em termos nominais, foi 20% inferior àquela de abril. "Isso impactou fortemente o resultado", avaliou.

Augustin afirmou que, para alcançar a meta para o ano, é necessário "retomar o primário em 12 meses". Ele disse, ainda, que os resultados primários de Estados e municípios têm vindo acima do esperado. "A receita ficou abaixo do esperado. Esperamos que nos próximos meses vamos recuperar o superávit", afirmou.

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Investimentos

O secretário classificou, porém, como "boa notícia" o crescimento dos investimentos. "As despesas de capital estão com crescimento de 20% acima do PIB nominal. Até abril era 9,8%", disse. "Em maio, houve crescimento muito significativo de despesas de capital", avaliou.

A capital pernambucana é a mais transparente do país em relação aos gastos públicos. A constatação foi feita por um levantamento da ONG Contas Públicas, divulgada nesta sexta-feira (30). No ranking, Recife aparece com a nota 8,70, antecedendo Vitória, com 7,61, e São Paulo, com 7,14.  Esta foi a primeira vez que o Índice de Transparência das capitais é aferido. 

A colocação foi comemorada pelo prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB). "Tivemos a alegria de ser o primeiro lugar. A minha gestão é a mais transparente de todo o Brasil. Isso nos alegra muito, temos praticamente o dobro da média nacional", afirmou.

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No âmbito dos estados, Pernambuco ocupa a segunda posição com a pontuação de 8,14. Antecedido pelo Espírito Santo, com nota de 8,96, e seguido pelo estado de São Paulo, com 7,95. 

Santa Catarina e Piauí completam a lista dos cinco primeiros colocados com as notas 7,60 e 7,21, respectivamente. O Distrito Federal ocupa o sexto lugar com pontuação final de 6,92. Ainda estão no “top 10” os estados do Mato Grosso, com 6,90, Ceará, com 6,80, Rio de Janeiro, com 6,72, e Minas Gerais, com 6,72.

O levantamento, que está na terceira edição, leva três critérios em consideração para avaliar os Portais de Transparência: Conteúdo, Série histórica e Frequência de Atualização, e Usabilidade. O projeto, encabeçado pelo Contas Abertas, tem como base a Lei Complementar 131/2009, que obriga a divulgação, em tempo real, na internet das informações sobre as transições orçamentárias da gestão pública.  

O Tribunal de Contas da União (TCU) apreciou e emitiu, nesta quarta-feira (28), um parecer prévio sobre as contas da Presidência da República. Durante a sessão que aprovou o relatório técnico e o parecer, o ministro Raimundo Carreiro, relator do trabalho, destacou situações que geraram 26 ressalvas e as 48 recomendações feitas feitas pelo TCU, como inconsistências dos dados do programa Minha Casa Minha Vida. O relatório, segundo o qual as contas apresentadas pela Presidência “estão em condições de serem aprovadas”, está sendo apreciado pelo plenário do TCU. Se aprovado, será enviado para avaliação do Congresso Nacional.

A análise técnica serve como subsídio ao Congresso Nacional, responsável pelo julgamento das contas apresentadas pela presidente Dilma Rousseff (PT). O relatório, segundo o TCU, também busca permitir à sociedade maior acesso às informações sobre a gestão dos recursos públicos. 

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O documento traz uma análise sobre a execução orçamentária e os dados contidos no Balanço Geral da União, além de avaliar o cumprimento dos programas previstos na lei orçamentária anual, o reflexo da administração financeira e orçamentária no desenvolvimento econômico e social do país, além do cumprimento dos limites e parâmetros estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Dentre ressalvas e recomendações feitas, destacam-se as que tratam da inclusão de prioridades governamentais no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que orienta a elaboração do orçamento público federal. O TCU também recomendou medidas para que haja maior exatidão dos dados encaminhados como prestação de contas, especialmente dos que se referem a desempenho e cumprimento de programas.

Em relação a distorções nas informações patrimoniais, o Ministério da Fazenda comprometeu-se a adotar medidas para evidenciar a real situação patrimonial da União. O fato gerou proposta de alerta ao Poder Executivo sobre a possibilidade de o TCU emitir opinião adversa sobre o Balanço Geral da União, caso as recomendações expedidas não sejam implementadas.

O tribunal também propôs a apresentação de projeções anuais, até 2017, dos benefícios dos empréstimos concedidos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), desde 2008.

 

O esforço fiscal do setor público para pagar os juros da dívida apresentou superávit primário de R$ 19,921 bilhões em janeiro, de acordo com o Banco Central. Em dezembro, o resultado havia sido positivo em R$ 10,407 bilhões. Em janeiro do ano passado, houve superávit primário de R$ 30,251 bilhões.

O resultado foi composto por um superávit de R$ 12,549 bilhões do Governo Central (Tesouro, Banco Central e INSS). Os governos regionais (Estados e municípios) contribuíram com R$ 7,241 bilhões no mês. Enquanto os Estados registraram um superávit de R$ 6,076 bilhões, os municípios tiveram saldo positivo de R$ 1,165 bilhão. Já as empresas estatais registraram superávit primário de R$ 131 milhões.

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O chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha, afirmou que o superávit representa 20,1% da meta para o ano, que é de R$ 99 bilhões. Ele ressaltou que em janeiro há sazonalidade favorável para as estatísticas fiscais. O superávit do governo central em janeiro equivale a 15,5% da meta para o ano e dos governo regionais, 39,8%. Ele disse ainda que o resultado primário consolidado de janeiro é o mais baixo para o mês desde 2011, citando que janeiro foi marcado pelo aumento das transferências da União para Estados e municípios.

Em 12 meses até janeiro, as contas do setor público acumulam um superávit primário de R$ 80,976 bilhões, o equivalente a 1,67% do PIB. O esforço fiscal caiu em relação a dezembro, quando o superávit em 12 meses estava em 1,90% do PIB ou R$ 91,306 bilhões.

O esforço fiscal em 12 meses foi feito com a ajuda de um superávit de R$ 61,751 bilhões do Governo Central (1,28% do PIB). Os governos regionais (Estados e municípios) apresentaram um superávit de R$ 19,366 bilhões (0,40% do PIB) no período. Enquanto os Estados registraram um superávit de R$ 15,285 bilhões, os municípios alcançaram um saldo positivo de R$ 4,081 bilhões. As empresas estatais registraram déficit de R$ 142 milhões.

Pelo critério do Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida bruta do Brasil recuou de 67,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 para 66,1% do PIB em 2013. Na contabilidade do Banco Central, o indicador caiu de 58,8% para 57,2% do PIB na mesma comparação.

A diferença entre os dois critérios é que o Fundo inclui na conta os títulos públicos que estão na carteira do BC, cuja participação no PIB passou de 8,7% para 8,9% no período. No ano passado, o Ministério da Fazenda pediu ao FMI que modifique sua fórmula de cálculo.

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A queda na dívida bruta, nos dois critérios, foi puxada principalmente pela redução na dívida mobiliária do Tesouro Nacional (de 43,4% para 42,0%) e nas compromissadas (de 11,9% para 11,0%) em relação ao PIB. No primeiro caso, a queda no porcentual é explicada pelas dificuldades do Tesouro para vender os seus papéis, devido às turbulências no mercado em 2013. O comportamento das compromissadas foi afetado, entre outros fatores, pela interrupção na política de compra de reservas internacionais.

As contas do governo central apresentaram em outubro um superávit primário de R$ 5,436 bilhões, o resultado mais baixo para o mês desde 2004, quando foi de R$ 4,471 bilhões. Em setembro, o déficit foi de R$ 10,473 bilhões. O resultado ficou abaixo do piso das projeções dos economistas consultados pelo AE Projeções. O intervalo foi de um superávit de R$ 6,000 bilhões a R$ 10,200 bilhões, com mediana de R$ 8,000 bilhões.

No acumulado do ano, o governo central - que reúne Tesouro Nacional, Banco Central e INSS - acumula superávit primário de R$ 33,432 bilhões, apresentando uma queda de 48,2% em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com dados divulgados há pouco pelo Tesouro, o esforço fiscal do governo central caiu de 1,78% do PIB de janeiro a outubro de 2012 para 0,85% do PIB no mesmo período deste ano.

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Os dados mostram que o Tesouro apresentou superávit de R$ 8,276 bilhões em outubro, acumulando saldo positivo de R$ 84,442 bilhões no ano. Por outro lado, a Previdência apresentou déficit primário de R$ 2,712 bilhões no mês passado e no ano até outubro teve resultado negativo de R$ 50,325 bilhões. As contas do Banco Central ficaram com déficit primário de R$ 127,3 milhões em outubro. No acumulado do ano, o resultado é déficit de R$ 684,1 milhões.

No período de 12 meses até outubro, o superávit do governo central é equivalente a 1,2% do PIB, ou R$ 57,2 bilhões. A meta até o final do ano do governo central é de R$ 73 bilhões.

Investimentos - Os investimentos do governo registraram alta de 5,5% de janeiro a outubro deste ano em relação ao mesmo período de 2012. Segundo os dados divulgados pelo Tesouro Nacional, eles somaram R$ 53,7 bilhões ante R$ 50,9 bilhões no acumulado dos dez primeiros meses do ano passado. Desde abril, os investimentos perderam vigor e vinham desacelerando. Em agosto, registraram a primeira queda no ano em relação ao mesmo período de 2012 e voltaram a mostrar recuperação em setembro.

Já os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) somaram R$ 36,5 bilhões de janeiro a outubro deste ano, o que representa um crescimento de 10,6% em relação ao mesmo período de 2012. Os gastos com obras do PAC podem ser abatidos da meta de superávit primário.

Despesas - As despesas do governo central, formado por Tesouro, Previdência e Banco Central, subiram 14% no acumulado de janeiro a outubro de 2013, em relação ao mesmo período do ano passado. As receitas tiveram alta de 8,2%. Os recursos com concessões no mês passado somaram apenas R$ 39,5 milhões e a transferência de dividendos de empresas estatais para a União foi de R$ 3,4 milhões.

No acumulado de janeiro a outubro de 2013, as receitas com concessões totalizam R$ 7,041 bilhões, o que representa um aumento de 222,9% em relação aos dez primeiros meses de 2012. O valor dos dividendos no ano foi de R$ 14,550 bilhões, o que representa uma queda 26,3% em relação ao período de janeiro a outubro do ano passado.

A política fiscal brasileira está sob "ataque especulativo", segundo o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. Após a forte reação negativa do mercado financeiro ao déficit das contas públicas em setembro, o secretário rejeitou a avaliação de que o preço dos títulos públicos, as taxas de juros e o câmbio já embutem um prêmio adicional decorrente do risco de piora fiscal no País.

Em entrevista ao Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, Augustin informou que o superávit primário das contas públicas de outubro, que só será divulgado no fim do mês, foi "muito bom". A expectativa do governo é de superávits fortes também em novembro e dezembro. Apesar da total incredulidade da maioria dos economistas, o secretário insistiu na capacidade de o governo entregar no fim do ano a meta de superávit primário de R$ 73 bilhões do governo central - que reúne as contas do Tesouro, INSS e Banco Central.

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O superávit primário representa a economia para o pagamento de juros da dívida pública e é visto pelo mercado como um termômetro da seriedade dos governos na contenção de gastos e administração das contas públicas. De janeiro a setembro, o superávit caiu 49% em relação a 2012. Para cumprir a meta, o governo precisa economizar R$ 45 bilhões até dezembro.

O secretário refutou avaliação de que o risco fiscal esteja sendo antecipado pelos mercados. E acrescentou: "Não é verdade que o governo perdeu o controle dos gastos. O conjunto de versões sobre a política fiscal não é compatível com a realidade. Vamos terminar o ano cumprindo a meta e esse tipo de política especulativa não é verdadeira". Ele culpa a imprensa pelo "ataque especulativo".

Nota

Principal responsável pela gestão dos gastos do governo e alvo frequente das críticas, Augustin rejeitou avaliação que ganhou força no mercado desde sexta-feira (1°), após o anúncio do déficit recorde, de risco de rebaixamento do rating brasileiro. Segundo ele, essas notícias são desproporcionais ao que ouve dos representantes das agências de classificação de risco.

Sobre o risco de rebaixamento da nota em 2014, o secretário disse que preferia não comentar. "Acho que as agências têm de ter a tranquilidade de fazer o seu trabalho sem que o governo e eu fiquem dizendo que vai ser isso, vai ser aquilo", justificou.

Confrontado com o fato de que as críticas à política fiscal partem de muitos economistas, entre eles analistas próximos ao governo Dilma Rousseff, o secretário reagiu: "Sou economista e não tenho essa opinião". Na avaliação dele, não houve aumento dos críticos, mas de seu espaço na imprensa.

Sem antecipar detalhes, o secretário informou que o próximo relatório de reprogramação orçamentária, que será divulgado no dia 22, conterá mudanças a serem incorporadas, entre elas a previsão de despesas com seguro-desemprego e abono salarial. Ele assegurou, no entanto, que não está em estudo mudança na meta fiscal deste ano de última hora para acomodar o aumento das despesas.

Augustin disse que o governo colocou travas para controlar as despesas de custeio. O secretário ponderou que há um tempo de execução dessas medidas que não está sendo levado em consideração nas análises. Em defesa dos resultados fiscais, ele disse que as análises negativas não levaram em conta que muitas despesas foram antecipadas e não ocorrerão mais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As contas do governo central apresentaram no mês de setembro um déficit de R$ 10,473 bilhões, o pior resultado desde dezembro de 2008, quando foi de R$ 19,994 bilhões. Também foi o pior setembro em 17 anos. É o segundo mês consecutivo com o pior resultado para o mês da série histórica. O resultado ficou abaixo do piso das estimativas de 18 instituições financeiras consultadas pelo AE Projeções, que iam de déficit de R$ 4,8 bilhões a um superávit de R$ 2,0 bilhões.

Até setembro, o governo central - que reúne as contas do Tesouro Nacional, Banco Central e a Previdência Social - acumula um superávit primário de R$ 27,943 bilhões, apresentando uma queda de 49% em relação ao mesmo período do ano passado.

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Os dados mostram que o Tesouro, em setembro, apresentou superávit de apenas R$ 1,321 bilhão, acumulando saldo positivo de R$ 76,113 bilhões no ano. Por outro lado, a Previdência apresentou déficit primário de R$ 11,763 bilhões no mês passado e no ano até agosto teve resultado negativo de R$ 47,613 bilhões. As contas do Banco Central tiveram déficit primário de R$ 31 milhões. No acumulado do ano, o resultado é déficit de R$ 556,8 milhões.

De acordo com dados divulgados nesta quinta-feira, 31, pelo Tesouro, o esforço fiscal do governo central caiu de 1,69% do Produto Interno Bruto (PIB) de janeiro a setembro de 2012 para 0,80% do PIB no mesmo período deste ano.

No período de 12 meses até setembro, o superávit do governo central é equivalente a 1,3% do PIB, ou R$ 61,4 bilhões. A meta até o final do ano do governo central é de R$ 73 bilhões.

O mercado financeiro foi surpreendido pelo tamanho do déficit primário das contas do governo central em setembro. Já se esperava um resultado ruim, mas o déficit ficou além do estimado. Muitos analistas estão neste momento investigando mais detalhadamente as razões do resultado. "O resultado foi desastroso, ficamos surpresos. Ainda estamos investigando as causas", disse Felipe Salto, da Consultoria Tendências.

O economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero, também avaliou como muito ruim o resultado, mostrando a deterioração das contas públicas. Para ele, o governo resolveu divulgar os dados fiscais ruins do Tesouro e Banco Central no mesmo dia para reduzir o impacto negativo na imprensa. Ele destaca que a meta quadrimestral (até agosto) ficou descumprida.

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O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse que o déficit de R$ 10,473 bilhões pode ser explicado por "algumas especificidades". Ele informou que, no mês passado, foi repassado R$ 1,5 bilhão para os municípios, movimento que não ocorrerá nos próximos meses. Citou também as transferências de R$ 2,050 bilhões para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Augustin disse que a tendência é de que estes repasses diminuam nos próximos meses.

O secretário ainda falou que contribuiu para o resultado negativo de setembro a concentração do pagamento de abonos salariais este ano em um número menor de meses que no ano passado. "De janeiro a setembro foram pagos R$ 11,258 bilhões, R$ 2,272 bilhões a mais que em 2012, quando foram pagos R$ 8,985 bilhões", justificou. Segundo ele, o pagamento do abono ocorreu em cinco meses no ano passado e foi reduzido para quatro meses este ano.

Augustin lembrou ainda que existe um fenômeno recorrente para meses de setembro, que é o pagamento pela Previdência de parte do 13º salário, elevando o déficit na Previdência neste mês. "Em dezembro terá um movimento contrário", destacou. Augustin lembrou que os meses de setembro são tradicionalmente ruins. "Tradicionalmente, além de não ser positivo, houve especificidades este ano", justificou.

A Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) sediou nessa terça-feira (22), o ‘Diálogo Municipalista’ promovido pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). O evento contou com a participação de gestores públicos e teve como objetivo discutir os principais problemas que atingem os municípios na atualidade e reflete nas contas públicas.

De acordo com consultor da CNM, Eduardo Stranz, a saída é pressionar os congressistas para que votem de acordo com o interesse dos municípios. A primeira grande reivindicação é a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional número 39/2013 que aumenta em 2% o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Atualmente, ela encontra-se na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, e propõe o aumento dos atuais 23,5% para 25,5%. Isso representa um recurso adicional de R$ 6,4 bilhões aos cofres municipais.

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Como a maioria dos municípios depende dos recursos do Fundo de Participação, a recomendação da CNM é que os gestores economizem os gastos. “O FPM é um recurso de volume sazonal, ele depende da composição do IPI mais Imposto de Renda. Há meses que o volume aumenta e outros que a queda é drástica. O que recomendamos sempre é que o prefeito faça planejamento dos seus gastos, guardando um pouco dos meses em que o valor é mais alto, mas sabemos que é difícil porque o recurso quando chega já existem tantas obrigações”, reconhece Stranz.

Outra preocupação são os pisos que estão em tramitação e terão um forte impacto nas finanças municipais. O primeiro é o projeto de lei 7.495/2006 que regulamenta a emenda constitucional número 63 do Piso Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde e de Combate a Endemias. O projeto determina um piso de R$ 1.064,99 em 2013, crescendo gradativamente até R$ 1.558,43 em 2015. O impacto nos cofres municipais será de R$ 2,4 bilhões.

Já a mudança do índice de correção do Piso Nacional do Magistério terá um aumento de 19,2% em janeiro de 2014, mas o crescimento do Fundo não acompanhará essse índice. “A média de gastos de pessoal dos recursos do Fundeb já está numa média de 73%. Em 2012, cerca de 600 municípios já estavam gastando mais de 100% e neste ano de 2013 estima-se que passe dos 1.000 municípios”, explicou Stranz.

No seminário ainda foi visto a importância da implantação dos Sistemas Municipais de Meio Ambiente, tanto para resolver os assuntos urgentes  - como a questão do lixo -, como também para viabilizar o recebimento de recursos para a área.

*Com informações da assessoria

O chefe do departamento econômico do Banco Central, Tulio Maciel, divulgou nesta segunda-feira (30) novas projeções para o resultado fiscal do setor público em 2013, com base em dois cenários distintos. Para um superávit primário de 2,3% este ano, a nova projeção do BC para a dívida líquida em relação ao PIB no fim de 2013 é de 33,9%, ante 34,6% estimado em junho. Para a dívida bruta, a nova estimativa é de uma proporção de 59,8% do PIB ao fim do ano (60,2% na previsão de junho). A projeção para o déficit nominal aumentou de 2,4% do PIB em junho para 2,5%, bem como a estimativa para as despesas com juros, que passou de 4,7% do PIB para 4,8%.

Já em um cenário que considera o superávit primário realizado nos últimos 12 meses (1,82%), a projeção para a dívida líquida em relação ao PIB é de 34,3% este ano. Para a dívida pública, a estimativa fica em 60% do PIB neste cenário. Já o déficit nominal tem uma previsão de 3% do PIB e a projeção para as despesas com juros é de 4,8% do PIB.

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De acordo com Maciel, em ambos os cenários foram considerados como parâmetros o dólar a R$ 2,33 (ante R$ 2,13 em junho), o IPCA em 5,81% (ante 5,86% em junho), o IGPDI em 5,58% (ante 4,72% em junho), a Selic em 8,30% (ante 8,19% em junho) e o crescimento do PIB de 2,5% (ante 2,7% em junho).

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