Diante da escassez de recursos e do aumento da demanda por combustíveis, a Argentina tentará ampliar o acordo de troca energética com o Brasil. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, desembarca hoje em Buenos Aires para discutir acordos entre os dois países. Está previsto um jantar com o ministro de Planejamento da Argentina, Julio De Vido. Amanhã, os dois países deverão renovar o acordo de troca de energia elétrica.
O encontro é realizado em plena campanha do governo argentino para ampliar acordos de importação de combustíveis sem pagar dólares, ação que tem como objetivo preservar as divisas argentinas. Amanhã, o ministro brasileiro deve participar também da cerimônia de abertura das ofertas da licitação dos estudos de viabilidade econômica e socioambiental e do projeto básico de engenharia para aproveitamento hidrelétrico de Garabi e Panambi.
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A Argentina enfrenta escassez de dólares, declínio da produção de petróleo e gás e, consequentemente, aumento das compras externas e elevados custos de importação de combustíveis. Pelo acordo com o Brasil, a Argentina recebe até 1.500 megawatts de energia por dia, durante o inverno, e devolve o mesmo volume no verão, sem pagamentos em dinheiro. A Argentina quer estender esse tipo de modelo a outros países e pressiona pela mudança dos termos de pagamento de suas importações de gás. Fontes do mercado energético confirmaram à Agência Estado que o país está oferecendo biodiesel e alimentos como pagamento, além de pedir descontos nos preços.
A estatal energética argentina Enarsa enviou uma carta aos fornecedores de gás natural liquefeito (GNL), há pouco mais de duas semanas, pedindo um desconto de 15%. Com um gasto de US$ 2,8 bilhões, no ano passado, a Argentina importou 57 barcos de GNL, que foram regasificados em unidades instaladas nos portos de Bahia Blanca e Escobar. Para 2012, as estimativas são de importação de 80 barcos a um valor de US$ 4 bilhões, aproximadamente. Fonte da estatal evitou comentar sobre os valores, mas confirmou que "há conversas adiantadas para pagar uma parte dos carregamentos em biodiesel".
Operação similar já foi realizada em 2009, envolvendo o banco norte-americano Morgan Stanley, um dos principais agentes de comercialização de gás. Agora, uma missão comercial se encontra em Angola, liderada pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, e pelo chanceler Héctor Timerman. O objetivo de Moreno é justamente o de intercambiar alimentos por petróleo e replicar o acordo que a Argentina tem com a Venezuela, pelo qual o governo local recebe óleo diesel em troca de alimentos.
Entre as múltiplas funções de Moreno, vigiar o saldo comercial argentino é uma delas. Por isso, o secretário decidiu partir para sua primeira missão comercial, porque as barreiras contra as importações da Argentina não seriam suficientes para manter o superávit comercial, em consequência das importações do setor energético. O pais importou US$ 9,4 bilhões de combustíveis no ano passado, um aumento de 110%. Esse volume se elevaria a US$ 12 bilhões em 2012, segundo estimativas oficiais.