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Com o aumento da expectativa de vida entre a população brasileira que, segundo o IBGE, cresceu 31 anos entre a década de 1940 e o ano de 2018, o receio de envelhecer e não ter mais oportunidade de trabalho diminuiu entre os chamados “cinquentões”.

Empresas de maior porte e também startups apresentam alta nos índices de contratação e já consideram o cenário animador para recolocação de pessoas acima dos cinquenta anos em companhias dos mais diversos segmentos.

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Se antes o profissional experiente tinha o receio de ser substituído por jovens promissores, em muitos casos a maturidade se torna um diferencial desejável. Embora ainda não possa ser considerado um movimento que gere impacto expressivo nos números do mercado, o fato é que a procura dos profissionais com 50 anos de idade ou mais por recolocação subiu nos últimos três anos.

Empresas como a multinacional Unilever registraram 30% a mais de candidatos em um programa de estágios voltado para os “cinquentões”. Na Gol Linhas Aéreas,  15% do quadro da empresa é composto por profissionais com mais de 50 anos de idade.

Demissão aos 55 e novo emprego aos 61

Foi em meio à pandemia que a especialista em Desenvolvimento Pessoal Katia Pessanha, 62 anos, retornou ao mercado de trabalho. Depois de ficar sem emprego durante seis anos, ela foi à luta depois de ouvir palavras de motivação de uma advogada.

“Me divorciei e decidi voltar para o mercado. Creio que a maior dificuldade tenha sido essa decisão, porque tal hipótese não havia passado pela minha cabeça até a conversa com a advogada que fez o divórcio. Ela viu meu perfil no LinkedIn e disse-me que ainda teria muitas oportunidades de trabalho, que me realizaria e me curaria do choque do divórcio pelo trabalho e estava certa”, relata Katia.

Por sua qualificação, Katia Pessanha conseguiu um novo emprego aos 61 anos, mesmo após ficar fora do mercado por seis anos. Foto: arquivo pessoal

Desde o último mês de maio, Katia é responsável pelo departamento de Gente, Cultura e Performance da startup CombuData, sediada em Curitiba. Na empresa, que atua na gestão e controle de compra de combustíveis para frotistas, a especialista conseguiu unir a experiência de décadas no mercado com a inovação exigida pelo mundo moderno.

“Havia outras ferramentas, outras expressões, metodologias ágeis e todo o universo das startups para explorar. Tendo vivido mais e atravessado diversas crises e momentos de instabilidade, creio que a idade nos traz uma resiliência maior”, considera.

Ainda segundo ela, a vivência em diferentes companhias durante a carreira no Brasil e no exterior lhe trouxe a capacidade de agregar toda a bagagem de uma trajetória extensa com a perspectiva transformadora de uma startup. Para Katia, a idade é um poço de estabilidade emocional para contribuir com o desenvolvimento da empresa.

“Hoje vejo uma capacidade de parar para pensar antes de sair executando, um olhar mais compassivo sobre os seus erros e os dos outros, uma vaidade menor quanto aos acertos, mas, especialmente, a vontade de servir, de apoiar, de ser instrumental no crescimento alheio ao invés de competir com os colegas”, completa.

Maturidade e oportunidade

De acordo com a analista e consultora de Recursos Humanos Priscila Siciliano, os números que mostram elevação nas chances para pessoas acima dos 50 anos não são surpreendentes. Segundo ela, as portas do mercado estão abertas para os mais experientes.

“É uma tendência que vem crescendo a cada dia mais. Atualmente estamos muito com uma carência de mão de obra especializada. E esse perfil profissional, com mais experiência, traz mais segurança dentro do ambiente empresarial e treino para os iniciantes”, aponta.

Além da trajetória, Priscila ressalta que os funcionários acima de 50 anos são capazes de se adaptar sem maiores dificuldades. Contudo, é necessário observar pontuais problemas com a utilização de itens obrigatórios nos dias de hoje.

“Eles são mais resistentes à modernização dos ambientes como home-office, reuniões virtuais, avaliações contínuas e outros formatos que, por falta de uma visão mais futurista com a era atual, podem trazer algum desconforto, mas nada que uma integração e um tempo de adaptação não resolvam”, enfatiza a especialista.

O "ouro do mercado"

De acordo com a analista, junto com os valores e as certezas construídas em meio à carreira profissional, a experiência dos “cinquentões” também é um fator de equilíbrio entre os demais componentes do quadro da empresa.

“Em todas áreas devemos contar com especialistas capazes de treinar as equipes com menos experiência. Sempre haverá espaço ao menos para um profissional desta faixa etária. Assim como necessitamos ingressar os iniciantes no mercado de trabalho, precisamos do ‘ouro do mercado’ para desenvolvimento desses profissionais em todos os sentidos”, complementa.

Empresas de quatro regiões do Brasil abriram vagas para motoristas que estiverem procurando recolocação no mercado de trabalho. O setor de transportes disponibilizou, na manhã da última sexta-feira (5), 2.485 empregos para condutores de veículos que tenham Carteira Nacional de Habilitação (CNH) das categorias B, E, D, B e E e também C e E. A média salarial pode variar entre R$ 1 mil e R$ 3 mil. O processo seletivo será realizado por meio da plataforma de empregos InfoJobs.

As oportunidades contemplam condutores de diversas áreas e requerem experiência e disponibilidade de horário e profissionais de diferentes níveis de escolaridade. Setores como entregas de cargas (caminhão ou carreta), documentos, encomendas, produtos de lojas (eletrodomésticos, eletrônicos, móveis, etc) e transporte de pessoas (ônibus e vans escolares) oferecem, em sua maioria, contratação em caráter efetivo, carteira assinada e período integral de trabalho. As vagas estão abertas nas regiões Sul (Porto Alegre-RS, Cachoeirinha-RS, Canoas-RS, Blumenau-SC, Xanxerê-SC, Catanduvas-SC, Pouso Redondo-SC, Curitiba-PR), Sudeste (São Paulo-SP, Guarulhos-SP, Santo André-SP, Barueri-SP, Cotia-SP, Salto-SP, Hortolândia-SP, Ribeirão Preto-SP, Bauru-SP, Rio de Janeiro-RJ, Contagem MG), Centro-Oeste (Brasília-DF) e Norte (Manaus-AM).

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Para participar dos processos seletivos, é necessário acessar a página do InfoJobs. A plataforma recomenda que os profissionais insiram currículo atualizado no cadastro, pois a maioria das empresas selecionam apenas perfis que contenham o documento do candidato anexado.

A Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, divulgou editais de seleção simplificada oferecendo 116 vagas para profissionais com formação de níveis médio e superior. São dois documentos, com 58 vagas cada, para as áreas de saúde e educação. Os candidatos às vagas serão escolhidos através de uma só etapa de seleção, por meio da realização de análise da experiência profissional e títulos.

Para a área de saúde, há vagas para os cargos de médico de saúde da família, psiquiatra, médico psiquiatra infantil, ginecologista/colposcopista e condutor socorrista. Os salários são de R$ 1.390 até R$ 10.904 e as inscrições devem ser feitas de até o dia 10 de novembro através do site da banca organizadora.

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Já os profissionais de educação podem concorrer para o cargo de auxiliar de apoio pedagógico para estudantes com deficiência e transtorno do espectro do autismo, ganhando o salário mínimo vigente, que atualmente é de R$ 998. As inscrições devem ser feitas por meio do site da organização da seleção até o dia 10 de novembro. 

Candidatos que desejem esclarecer dúvidas ou fazer a inscrição presencialmente devem se dirigir ao ponto de atendimento instalado pela prefeitura no Palácio da Batalha, localizado na Avenida Barreto de Menezes, 1648, no bairro de Prazeres. 

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O estágio, melhor maneira de adquirir experiência prática durante o curso, deve prezar pelo aprendizado das diversas áreas da profissão e estar conectado com as expectativas futuras e com o perfil profissional do estudante. No entanto, muitas vezes alguns detalhes da rotina de trabalho e dos anseios do estagiário não se encaixam muito bem, fazendo com que o futuro profissional se pergunte se aquele lugar de fato ainda está agregando à sua formação.

O LeiaJá ouviu estudantes que já passaram por esse momento de se questionar sobre se deveriam ou não permanecer no setor ou na empresa onde estavam, além de entrevistar a Gestora da Unidade de Desenvolvimento de Talentos do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) Pernambuco para saber o que o estagiário deve considerar e quais são os problemas mais comuns que levam à insatisfação dos estudantes. 

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Túlio Feitosa, de 21 anos, está cursando o oitavo semestre de jornalismo em uma universidade privada do Recife e atualmente, está no seu terceiro estágio. Suas primeiras experiências se deram no setor de comunicação de órgãos públicos ligados à administração estadual e, segundo ele, houve aprendizado no início, mas depois o número limitado de demandas o deixou desestimulado. “No começo eu encarei como uma novidade, mas eram poucas atividades, aí ficou entediante e estressante ficar lá fazendo nada”, conta Túlio, que cumpriu até o fim o contrato de um ano, mesmo insatisfeito, segundo ele, “por conta da bolsa”.

Além do trabalho monótono, outro fator que fez o estudante se sentir desestimulado com o estágio foi a sensação de não estar cumprindo o dever social de sua profissão, que para ele é ser “um prestador de serviço à sociedade”. Túlio explica que ficava insatisfeito porque em sua opinião “se eu estou fazendo matéria sobre um evento reservado a 20 pessoas, não fiz nada”. Atualmente, ele trabalha como estagiário na função de repórter em uma empresa privada e afirma estar satisfeito com o serviço, que é mais dinâmico, tem um ritmo mais acelerado e, segundo ele, “acrescenta à minha aprendizagem todo dia”. 

Leonardo Barbosa tem 21 anos, é natural da cidade de Arcoverde, no Sertão pernambucano, e está cursando Engenharia Civil no Recife. Até o momento, Leonardo teve três estágios, sendo dois no interior e o terceiro no Recife. Segundo ele, a sua primeira experiência profissional foi em um projeto de trabalho em home-office montado por um amigo. Esse estágio, segundo Leonardo, rende bons frutos até o presente. “Até hoje faço projetos para ele e tudo que aprendi, uso para ganhar um dinheiro extra, foi o melhor estágio que tive”, conta. Este estágio só chegou ao fim quando ele percebeu que era hora de aprender sobre outros aspectos da engenharia civil. Leonardo explica que o trabalho “já estava repetitivo, não tinha mais o que aprender e então eu busquei outro que me iria dar outro tipo de experiência e remuneração melhor”, diz. 

Em seu segundo estágio, ele começou fazendo trabalho de campo em obras, monitorando a construção, passando depois para a área de projetos e orçamentos. Alguns meses depois, quando decidiu se mudar para o Recife, pediu rescisão do contrato mas, segundo ele, estaria lá até hoje se não tivesse transferido a faculdade. Na capital pernambucana, o estudante conseguiu seu terceiro estágio mas, desta vez, teve uma experiência negativa. "O engenheiro da obra, mesmo tendo uma idade já avançada, não tinha experiência com estagiário e eu precisava procurar o que fazer porque ele não me passava tarefas, não tinha rotina de trabalho”, explica.

Desestimulado, ele já estava procurando processos seletivos quando, após uma greve, todos os funcionários da obra foram demitidos, incluindo os estagiários. Desde então, Leonardo segue a procura de outra oportunidade. De acordo com ele, o maior obstáculo para conseguir um novo lugar para estagiar é a exigência dos empregadores, que buscam um perfil que não se adequa ao currículo universitário do curso e gera acúmulo de função. “O problema é que no Recife as empresas querem estagiário de engenharia para fazer o papel de técnico em obra e dificilmente a faculdade te dá uma formação prática nisso. Muitas coisas que aprendi até hoje, foi pegando na massa mesmo”, releva. 

Diante de um cenário de insatisfação com o estágio, a orientação da Gestora da Unidade de Desenvolvimento de Talentos do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) de Pernambuco, Ana Cláudia Mendonça, os estudantes devem fazer uma análise de toda a conjuntura do estágio, avaliando se, passados alguns meses, aquela empresa e aquele setor seguem oferecendo atividades ligadas à grade curricular do curso e contribuindo para o aprendizado do estagiário. Para ela, “é uma questão de ponderar se aquele lugar tá mesmo dando ganhos  de aprendizagem ou se outro daria mais”. 

Para ela, o estagiário precisa ter maturidade para observar todos esses aspectos e se certificar de que conheceu, experimentou e desempenhou todas as atividades que podia e aprendeu tudo que era possível ali. "Se o estudante não se identificar, se não achar que está se adaptando, a gente aconselha que o aluno venha conversar para ajudarmos e caso de fato o estágio não atender às expectativas, aconselhamos que ele tente mudar de setor ou peça o desligamento para que a gente o encaminhe para um processo seletivo em outra empresa que se adeque melhor ao que ele quer”, explica.

Sobre as queixas mais frequentes dos estudantes, Ana Cláudia destaca dificuldades de se adaptar à rotina da empresa, insatisfação com o setor em que está alocado e problemas para se adaptar à lógica de um ambiente corporativo. No que diz respeito à conduta da empresa, a maior reclamação é pelo não cumprimento da carga horária de até 6 horas por dia e a não observância do recesso remunerado de um mês.

Ana Cláudia também conta que às vezes os erros na conduta começam no momento de montar o perfil de estudante desejado para a vaga sendo frequente que algumas empresas, por não entenderem que o estagiário é um profissional em formação, solicitam coisas que não podem ser exigidas como, por exemplo experiência prévia. “Quando temos problemas desse tipo, nós procuramos a empresa e conversamos para ajustar a conduta dela em relação aos estagiários”, esclarece.

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