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Um dia depois da operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, a favela do Jacarezinho não registra tiroteios na manhã desta sexta-feira (7). Viaturas da Polícia Militar fazem patrulhamento nas ruas de acesso à comunidade da zona norte, sem incidentes.

Próximo à favela, um grupo com cerca de 50 pessoas realizava no início da manhã uma manifestação pacífica em frente à Cidade da Polícia, que reúne delegacias especializadas da Polícia Civil. A operação de quinta-feira (6) foi realizada por 250 agentes da corporação. A PM não participou da ação que resultou em 25 mortes.

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Apesar disso, entre os manifestantes foi estendida uma faixa que pede o "fim da Polícia Militar". O grupo pede "Justiça pelo Jacarezinho - Fim do massacre nas favelas" e quer investigação profunda e isenta sobre a ação de quinta-feira.

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, conhecida como Comissão Arns, divulgou na noite desta quinta-feira (6) nota com "seu mais veemente repúdio" à operação realizada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na favela do Jacarezinho.

"É inaceitável que esta chacina aconteça em meio à pandemia", afirma o texto. "O que se está vendo no Rio - uma ação desastrosa contra centenas de pessoas, autorizada pelo atual governador, Cláudio Castro, sob o pretexto difuso de investigar o aliciamento de crianças e jovens pelo tráfico de drogas - configura claramente uma situação de violência do Estado, inspirada por instintos sádicos e executada com grande brutalidade. Corpos ensanguentados estão nas ruas e becos do Jacarezinho, casas foram invadidas, celulares confiscados, moradores vivem horas de desespero. É preciso reagir à matança!", segue a nota.

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"Que o governador do Rio, empossado há apenas cinco dias, assuma responsabilidades nesta malfadada operação. Que as autoridades competentes garantam a preservação dos locais onde as mortes se deram. Que o trabalho de perícia do IML seja feito dentro dos critérios técnicos exigidos, sob o olhar vigilante de toda a sociedade. E que a decisão do STF, suspendendo essas operações, seja plenamente respeitada", conclui a Comissão Arns.

A Polícia Civil do Rio nega abusos durante a operação e diz ter seguido os protocolos exigidos em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O Ministério Público fluminense vai investigar o caso.

O Ministério Público do Rio informou que vai apurar os relatos de abuso policial na operação desta quinta-feira, 6, no Jacarezinho, zona norte da capital fluminense. Com 25 mortos, sendo um policial e 24 civis, a incursão é a de maior letalidade da História do Estado. Cabe ao MP a função de monitorar a atividade policial - no caso de hoje, a da Polícia Civil.

"O MP-RJ, desde o conhecimento das primeiras notícias referentes à realização da operação que vitimou 24 civis e 1 policial civil, vem adotando todas as medidas para a verificação dos fundamentos e circunstâncias que envolvem a operação e mortes decorrentes da intervenção policial, de modo a permitir a abertura de investigação independente para apuração dos fatos, com a adoção das medidas de responsabilização aplicáveis", disse o órgão.

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A nota também reforça a "extrema e reconhecida gravidade" do episódio para dizer que as apurações serão conduzidas com autonomia. Relatos de abusos na operação chegaram ao MP por meio do Plantão Permanente criado pela instituição, que funciona no número 21 2215-7003 - via telefone ou WhatsApp Business.

"Cabe ressaltar que, logo pela manhã, a atuação da Coordenação de Segurança Pública, do Grupo Temático Temporário e da Promotoria de Investigação Penal teve início a partir do conhecimento dos fatos pela divulgação na imprensa e redes sociais", afirmou o MP, dizendo ainda que a retomada da tranquilidade no Jacarezinho não ocorreu até o final desta tarde.

Outro ponto esclarecido na nota envolve a justificativa para a operação policial, hoje uma obrigação das polícias por decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele proibiu as incursões - exceto em casos excepcionais - durante a pandemia. O MP não precisa autorizar previamente a empreitada policial, e sim ser avisada sobre ela com as devidas explicações. Segundo a Promotoria, isso ocorreu às 9h, quase três horas após o início da operação.

"A Polícia Civil apontou a extrema violência imposta pela organização criminosa como elemento ensejador da urgência e excepcionalidade para realização da operação, elencando a 'prática reiterada do tráfico de drogas, inclusive com a prática de homicídios, com constantes violação aos direitos fundamentais de crianças e adolescentes e demais moradores que residem nessas comunidades' como justificativas para a sua necessidade", apontou o comunicado, que também citou a existência de um local de armazenamento de armas e drogas.

A operação de hoje tem mobilizado uma série de instituições e associações. Além do MP, a Defensoria, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e as comissões de Direitos Humanos da Alerj e da Câmara Municipal já manifestaram preocupação com o resultado desastroso da incursão policial.

Chefes da Polícia Civil do Rio negam que tenha havido execuções durante a operação realizada na manhã desta quinta-feira, 6, na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio, durante a qual morreram 25 pessoas - um policial civil e 24 supostos criminosos. "Se houve execução, foi do policial", afirmou o delegado Rodrigo Oliveira, subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil, durante entrevista coletiva concedida no final da tarde.

Segundo a polícia, a operação foi realizada para localizar e prender 21 acusados de aliciar crianças e adolescentes para o tráfico de drogas, que nessa comunidade é chefiado pela facção criminosa Comando Vermelho. A investigação está sendo realizada há meses pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima, que obteve as ordens judiciais de prisão na última sexta-feira, 30. Dos 21 procurados, três foram mortos e três presos. Os outros 21 mortos, segundo a polícia, são criminosos que reagiram à ação policial. Outras três pessoas, que não eram alvos da operação, foram presas no decorrer dela.

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Segundo a polícia, foram apreendidas 16 pistolas, 12 granadas, seis fuzis, uma submetralhadora e uma escopeta, além de drogas em quantidade ainda não contabilizada. "Não há o que se comemorar, pelo número de mortos", ressaltou Oliveira. Mas, segundo ele, o número de óbitos decorreu da ousadia dos criminosos, que em função da falta de ações mais frequentes da polícia teriam tido tempo para ampliar um sistema de proteção dentro da favela. "Tínhamos quatro blindados, que não puderam entrar na comunidade, no início da operação, porque havia barricadas em todos os acessos", contou o subsecretário.

Segundo ele, o policial que foi morto estava em um grupo de oito agentes que entrou em um beco onde havia uma estrutura de concreto com buraco para apoiar o cano de um fuzil. Um criminoso atirou dali, atingindo o policial na cabeça, logo no começo da operação, iniciada às 6h. Os confrontos se multiplicaram, levando ao mais alto número de vítimas registradas em operações policiais no Rio nos últimos anos. Segundo o subsecretário, até uma equipe de peritos foi atacada, ao colher elementos para a perícia. Nesse confronto com os peritos, dois suspeitos foram atingidos e morreram.

Para Oliveira, as ações de inteligência não evitariam as mortes ocorridas nesta quinta-feira: "A ideia de que quanto mais conhecimento, menos tiroteio (há) não funciona nas comunidades", afirmou.

O delegado também criticou o "ativismo" de quem "está contra o serviço da polícia". "Nós estamos do lado da sociedade, policial não entra (na favela) para executar ninguém". Segundo ele, os traficantes têm tanta ingerência sobre a rotina da favela que chegam a determinar até se um morador pode ou não namorar determinada pessoa.

Após uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro deixar ao menos 25 pessoas mortas na comunidade do Jacarezinho, vários políticos e pessoas famosas se posicionaram na rede social contra essa operação, considerada a mais letal da história do Rio. 

O advogado Joel Luiz Costa, morador da comunidade do Jacarezinho, afirmou que entrou em algumas casas do local, e em todas a polícia usou a mesma dinâmica: "Casas arrombadas, tiros e execução. Não teve tiro de troca, parece execução - um menino morreu sentado na cadeira e ninguém troca tiro sentado numa cadeira", disse. 

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A Anistia Internacional do Brasil afirmou que "a população negra e moradora de favelas e periferias tem seus direitos humanos violados sistematicamente. Direito à saúde, à educação, à vida. O que está acontecendo no Jacarezinho é uma chacina", compartilhou.

O deputado Marcelo Freixo (PSOL) afirmou que a política de segurança pública é uma insanidade que precisa ser parada. "Quem ganha com essa guerra? O que essa lógica de confrontos permanentes nas favelas trouxe de positivo para o Rio de Janeiro? A violência só cresce e o crime organizado segue fortalecido, com seus braços econômicos e políticos operando a todo vapor", escreveu.

O deputado federal Alessandro Molon (PSB) também se manifestou por meio de suas redes sociais e apontou que o Estado "falha em planejar ações, desrespeitando a decisão do STF que obriga a fazer operações com base em inteligência para, assim, garantir que vidas de civis  agentes de segurança sejam preservadas", pontua.

Uma operação policial na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio, deixou pelo menos 15 pessoas mortas na manhã desta quinta-feira, 6. A incursão da Polícia Civil ocorreu para apurar o suposto aliciamento de menores e o sequestro de trens da SuperVia pela maior facção do tráfico no Estado, o Comando Vermelho.

Os mortos são um policial baleado na cabeça e 14 suspeitos de integrar o tráfico, segundo a corporação. O agente André Frias, que integrava a Delegacia de Combate às Drogas, foi baleado na cabeça. Chegou a ser levado para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu.

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Batizada de Operação Exceptis, a empreitada começou logo cedo, pouco depois das 6h, quando moradores já relatavam a presença de helicópteros sobrevoando a região e de intensa troca de tiros. Além dos mortos, houve feridos - inclusive dentro da estação de metrô de Triagem, da linha 2.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram a janela de uma das composições do modal, que naquele trecho circula na superfície, com uma marca de tiro. O Metrô Rio informou que uma pessoa foi ferida por estilhaços de vidro; a outra, de raspão no braço.

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Por causa do tiroteio, trens da SuperVia que passam pela região tiveram a circulação momentaneamente suspensa. O metrô também chegou a interromper o tráfego entre duas estações, mas o serviço já foi normalizado.

Segundo a Polícia Civil, traficantes estão aliciando crianças e adolescentes para integrar a facção. Os criminosos, diz a corporação, exploram tráfico de drogas, roubo de cargas e de pessoas, além de homicídios e sequestros de trens da SuperVia, prática que ocorreu em dois momentos recentes, em dezembro de 2020 e no mês passado.

A ação é coordenada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), com apoio de outras unidades do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), do Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE).

Eficiência

Segundo um estudo divulgado no mês passado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI/UFF), as operações policiais no Rio de 2007 a 2020 têm apenas 1,7% de eficiência. O índice foi criado considerando, por exemplo, o que embasou a operação - se houve autorização judicial -, o número de apreensões e a quantidade de mortos. Boa operação seria aquela embasada pela Justiça, com muitas apreensões e poucas mortes.

Quatro pessoas morreram e outras três ficaram feridas, incluindo um policial, durante operação da Polícia Militar na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio, realizada desde as primeiras horas desta segunda-feira, 16. Não há informações sobre presos.

Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde, seis feridos foram levados no início da manhã para o Hospital Salgado Filho. Quatro deles chegaram já sem vida.

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Outro ferido passava por cirurgia durante a tarde e seu estado de saúde era considerado grave. A outra sobrevivente tinha quadro estável. Além desses, um policial militar foi atingido por estilhaços.

Uma pistola, um rádio transmissor e um fuzil foram apreendidos na operação.

Em julho, 194 pessoas morreram em ações envolvendo policiais no Estado do Rio, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), o maior número da série histórica. A estatística de letalidade começou a ser contabilizada há 21 anos, em 1998.

Uma operação policial na comunidade do Jacarezinho, hoje (16), na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, deixou pelo menos sete feridos, entre eles um policial militar. De acordo com a Polícia Militar, o policial ficou ferido com estilhaços durante a ação.

Seis pessoas foram baleadas e encaminhadas para o Hospital Salgado Filho. A polícia não divulgou, no entanto, as circunstâncias em que essas pessoas ficaram feridas e nem seu estado de saúde.

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A operação na comunidade Jacarezinho envolve agentes dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Ações com Cães (BAC).

Duas pessoas morreram e três ficaram feridas no sábado, 19, nono dia consecutivo de confrontos entre policiais e traficantes na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio. Ao todo, já são sete mortes e sete feridos desde o primeiro enfrentamento.

De acordo com o Comando de Polícia Pacificadora (CPP), policiais checavam uma denúncia na região conhecida como Buraco do Lacerda, por volta das 14h de sábado, quando foram atacados. No entanto, o CPP informou, em nota que "não houve confronto envolvendo policiais das UPPs Jacarezinho e Manguinhos na noite de sábado e madrugada desse domingo".

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Os feridos foram socorridos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, um homem de 25 anos e uma mulher de 50 anos não resistiram aos ferimentos e morreram.

Baleada na cabeça, uma mulher de 22 anos foi transferida para o Hospital Municipal Salgado Filho, na zona norte, onde passou por uma neurocirurgia. Ela segue estável. Um homem de 36 anos e uma mulher, ambos com ferimentos leves, foram liberados.

Os seguidos confrontos no Jacarezinho começaram no dia 11 de agosto, quando o policial civil Bruno Guimarães Buhler, de 36 anos, integrante da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), foi baleado. Atingido no pescoço, ele foi socorrido ao Hospital Geral de Bonsucesso (zona norte), mas morreu durante o atendimento.

Buhler participava de operação da Polícia Civil e da Força Nacional contra o roubo de cargas e o tráfico de drogas em Manguinhos e no Jacarezinho. Entre as quinze pessoas presas, estava um homem considerado pela Polícia o maior receptador de cargas roubadas na região. Também foram apreendidos 38 veículo roubados, além de grande quantidade de drogas.

Na mesma ocasião, dois moradores - entre eles um menino de 13 anos - foram atingidos. Desde a morte do policial, a Core tem feito incursões diárias na favela.

Na terça-feira, 15, um morador morreu atingido por uma bala perdida, uma mulher foi ferida no rosto e um veículo blindado da Polícia Civil conhecido como "Caveirão" foi atacado e incendiado por criminosos durante uma operação policial na favela. Um helicóptero da Polícia Civil, que dava apoio à ação, teve de pousar duas vezes, por suspeita de que tivesse sido atingido por tiros. Nenhum disparo, porém, acertou a aeronave.

No pior episódio de violência entre traficantes e policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Jacarezinho desde a ocupação da favela na zona norte do Rio pelas forças de segurança, em outubro, um morador morreu e outros dois foram baleados num confronto na noite de quinta-feira. Dois policiais militares e uma menina de 10 anos ficaram levemente feridos. Moradores acusam os policiais de terem feito os disparos que atingiram as vítimas. A polícia nega. Cinco pistolas e três fuzis que usados pelos PMs foram apreendidos para serem periciados. Foi a primeira vez em que houve tiroteio com bandidos na comunidade desde a ocupação. O Jacarezinho ganhou uma UPP em janeiro.

Em depoimento na 25.ª Delegacia de Polícia (Rocha), os PMs disseram que a confusão começou após eles abordarem um grupo de jovens em atitude suspeita na localidade conhecida como Pontilhão, na Rua do Rio, por volta das 19 horas. Os suspeitos teriam reagido, iniciando um tumulto. Traficantes que estavam num beco começaram a atirar na direção dos policiais, que reagiram.

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Durante o tiroteio, Alielson Nogueira, de 21 anos, foi atingido por um tiro na nuca e morreu no Campo do Abóbora. O local fica ao lado do contêiner e na direção oposta de onde os criminosos atiraram. Ele não tinha antecedentes criminais, segundo a Polícia Civil. "Somos de São João da Barra (norte do Estado). Meu filho veio para o Rio há cinco anos para trabalhar como catador, leva um tiro e é acusado de ser traficante? Meu filho estava com colegas de trabalho lanchando numa barraca de cachorro-quente. Essa UPP é para proteger ou matar o povo?", afirmou nesta sexta-feira o vendedor de verduras Aliésio Barreto, pai de Alielson. O rapaz morava no Jacarezinho com a namorada de 20 anos, que está grávida.

Ainda em meio ao tiroteio, Ivan Martins dos Santos Filho, de 23 anos, foi atingido por uma bala perdida nas costas. Luis Carlos Gomes, de 13, foi baleado na perna. Os dois foram hospitalizados. Ainda segundo os PMs, teve início, então, uma confusão generalizada na Rua do Rio. Moradores arremessaram paus e pedras contra os policiais, que reagiram com spray de pimenta e armas não letais. O contêiner que serve de base da UPP e três viaturas foram danificados. Dois policiais foram feridos por pedradas. Uma menina de 10 anos foi atingida no rosto por estilhaços de uma bomba de efeito moral.

Enquanto isso, outro grupo de moradores tentou fechar o trânsito na Avenida Dom Hélder Câmara, uma das principais da região, mas foi impedido por PMs do Batalhão de Choque. O policiamento ficou reforçado durante toda a madrugada. Pela manhã, o comércio abriu e moradores transitavam normalmente pelas ruas.

"Vamos ouvir os depoimentos dos feridos e aguardar os laudos da perícia feita no local do crime e nas armas dos policiais para tentar descobrir de onde saíram os tiros que atingiram as vítimas", explicou o delegado Antenor Martins, da 25ª DP.

Confrontos

Confrontos com traficantes, como o que aconteceu no Jacarezinho, e mortes são comuns em outras favelas "pacificadas", como nos Complexos da Penha e do Alemão e na Mangueira, na zona norte, e nos Morros da Coroa, Fallet e Fogueteiro, na região central. De acordo com o doutor em Sociologia e coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio (Uerj), Ignácio Cano, nessas comunidades, o processo de pacificação precisa de ajustes.

"Cada favela tem uma realidade diferente. Há comunidades onde a interação entre a UPP e a população é boa e não há qualquer registro de episódios de violência. Em outras, a relação é meio tensa, mas pacífica. Mas há favelas onde a situação é de confronto aberto. Nessas, a UPP está longe do perfil de polícia comunitária: as coisas são impostas de fora para dentro, sem diálogo com os moradores. Isso depende do perfil do comandante da UPP. Para evitar esse problema, é necessária a institucionalização de um fórum de interlocução permanente com a sociedade nessas comunidades".

Mesmo com as dificuldades, Cano elogia as UPPs. "Mesmo nas favelas que ainda têm casos de violência, o número de homicídios cai. O projeto gerou tal imagem positiva que virou refém do seu sucesso. Qualquer pequeno problema faz com que as pessoas se perguntem se o modelo está em risco. É ilusão achar que vamos zerar todos os crimes nestes locais."

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado afirmou que, em algumas comunidades, "o crime regulava as relações comerciais e sociais há décadas". "Logo, apresentar o Estado de Direito e mudar a cultura da população é um processo longo. Os benefícios da pacificação compensam a médio e longo prazo todas as dificuldades do processo. O valor do direito de ir e vir, dos serviços que passam a ser ofertados pelo Estado e concessionárias e, principalmente, do direito à vida não podem ser mensurados."

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Pouco antes das 5h, mais de mil homens entraram nas comunidades de Manguinhos, Jacarezinho, Mandela e Varginha, na zona norte do Rio. A Operação Pacificação Manguinhos envolve efetivos das polícias Civil, Militar (PM), Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF), além de fuzileiros navais. De acordo com a Secretaria de Segurança, a ocupação de toda a área foi pacífica e demorou apenas 20 minutos.

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Participam os batalhões de Operações Policiais Especiais (Bope), de Choque (BPChq), de Ação com Cães (BAC) e o Grupamento Aéreo-Marítimo (GAM). A operação prepara o local para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), que será a 29ª do estado. Segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Complexo de Manguinhos tem 36 mil moradores e Jacarezinho tem quase 38 mil.

A operação também faz cerco na Baixada Fluminense e em outras comunidades das zonas norte e oeste do Rio, para buscar armas, drogas e criminosos que possam ter deixado Manguinhos e Jacarezinho. Estão sendo utilizados 11 blindados e três helicópteros da PM, dois helicópteros da Polícia Civil e 13 blindados da Marinha. Há também o apoio de helicóptero da PRF e ambulâncias do Corpo de Bombeiros.

A Secretaria de Segurança pede que os moradores dessas comunidades colaborem com denúncias sobre  criminosos e esconderijos pelo Disque-Denúncia (21) 2253-1177 ou o 190 da PM. Os presos e o material apreendido na operação serão levados para a 21ª  Delegacia de Polícia (DP), em Bonsucesso, e a 25ª DP, no Engenho Novo.

As forças de segurança continuam nos dois complexos, na busca por criminosos e na apreensão de armas, drogas, objetos roubados.

A Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) acolheu 35 pessoas, sendo 29 adultos e 6 crianças e adolescentes, na manhã desta quinta-feira em mais uma operação para retirada de população em situação de rua e de combate ao crack em Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro.

Durante a ação, nenhum dependente químico foi encontrado na linha do trem, local onde geralmente permanecem os usuários de drogas da região.

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O trabalho de acolhimento, realizado por 26 funcionários da SMAS, contou com o apoio de 40 policiais do 3º BPM, além de agentes da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). No local, foram apreendidas facas e material para consumo de crack.

Após o processo de identificação na polícia, todos os acolhidos serão encaminhados para as unidades de abrigamento da Rede de Proteção Especial do município. Os adultos irão para o abrigo de Paciência e as crianças e os adolescentes para a Central de Recepção Carioca, no centro.

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