Tópicos | João Havelange

Conhecido como "homem da mala", o lobista Jean Marie Weber recebeu um credenciamento de último minuto para o evento que garantiu a eleição do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016. Há 10 anos, tribunais na Suíça o apontaram como o homem que pagou propinas em um esquema montado por João Havelange, ex-membro do COI e ex-presidente da Fifa.

O Estado, naquele evento de 2009, foi o único jornal brasileiro convidado para a cerimônia de abertura do Congresso do COI, em Copenhague, na Dinamarca. No local, cerca de 100 membros eleitores da entidade circulavam na presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do rei Juan Carlos, da Espanha, e das equipes de cada cidade candidata para receber os Jogos de 2016.

##RECOMENDA##

Enquanto o evento se desenrolava na ópera, com música e discursos, a reportagem foi testemunha de como Jean Marie Weber circulava pelo local que, horas depois, seria o palco da vitória do Rio de Janeiro. Hoje, o processo está sob investigação e procuradores da França e Brasil suspeitam de um amplo esquema para a compra de votos.

Em seu livro Omerta, de 2014, o jornalista britânico Andrew Jennings levantava suspeitas de que o Rio de Janeiro teria comprado votos no COI para ser sede dos Jogos Olímpicos de 2016.

A base da acusação era justamente o envolvimento de Jean Marie Weber em Copenhague. O operador havia sido apontado pela Justiça suíça por ser a pessoa que fazia pagamentos de propina a cartolas de todo o mundo e que fechava acordos secretos em sintonia com João Havelange, nos anos em que o brasileiro era presidente da Fifa. Weber também foi o homem que o então chefe da Adidas nos anos 70, Horst Dassler, estabeleceu para intermediar os negócios e até ajudar a eleger Havelange em 1974 como presidente da entidade máxima do futebol. Sua gestão nos bastidores do esporte o valeram o apelido de "bagman" (homem da mala).

Em 2009, no evento do COI, tanto Jean Marie Weber quanto João Havelange estavam uma vez mais no mesmo local. "João convenceria um número suficiente de membros do COI e Jean Marie Weber distribuiria o dinheiro", indicou o britânico. Andrew Jennings, porém, não traz provas de que o dinheiro teria sido pago nem quem teria recebido.

"Havelange sabia o preço de todos os membros do COI", apontou o livro, citando o fato de que o dirigente esteve envolvido no esporte por 46 anos e que havia "atuado por décadas" ao lado de Jean Marie Weber.

Ainda de acordo com o livro e com as apurações do jornalista, Jean Marie Weber, mesmo apontado pela Justiça suíça como tendo feito parte do esquema de corrupção dentro da Fifa, ganhou uma credencial do COI com direito a permanecer dentro do hotel Marriott, onde estavam os membros do Comitê que votariam para escolher a sede de 2016. Já os jornalistas ficaram do lado de fora do hotel.

"Ele (Jean Marie Weber) conhecia a todos, especialmente os membros mais antigos que faziam parte da entidade. E isso era uma entrada a propinas para as cidades candidatas", escreveu Andrew Jennings. "Isso nunca acabou. A única mudança é que os negócios eram feitos de forma mais discreta". Em 2008, por exemplo, Weber fez parte do comitê de marketing da Confederação Africana de Futebol (CAF, na sigla em inglês), liderada na época por Issa Hayatou.

CREDENCIAMENTO - Por meses, Andrew Jennings buscou saber do COI o motivo pelo qual Jean Marie Weber havia obtido um credenciamento para o evento. Mas uma resposta apenas foi dada em 8 de janeiro de 2010, três meses depois da votação. Na resposta, a assessoria de imprensa da entidade aponta que acredita que Weber foi "credenciado de último minuto, entre milhares de credenciais para o Congresso".

No e-mail de 8 de janeiro de 2010, o COI admite que esse credenciamento "não deveria ter ocorrido". Ainda assim, a entidade afirma que "não vê motivos para abrir uma investigação sobre o que, na pior das hipóteses, foi um erro administrativo". "Entretanto, está claro que os procedimentos fossem seguidos, Weber não teria sido credenciado e tomaremos medidas para garantir que ele não seja credenciado de novo para eventos no COI", garantiu.

AUSÊNCIAS - A polêmica sobre o Rio de Janeiro será, nesta semana, transferida para Lima, no Peru, onde o COI realiza a sua reunião anual a partir desta quarta-feira. Neste fim de semana, o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, garantiu à agência Inside the Games que irá "tomar as medidas cabíveis" contra os membros cujos nomes forem identificados pela Justiça do Brasil e França.

Procuradores admitiram ao Estado que vão estar observando quais dirigentes da entidade evitarão fazer a viagem até Lima. Um deles, porém, anunciou neste domingo que está renunciando a seu cargo no Comitê Executivo do COI. Trata-se do irlandês Pat Hickey, que chegou a ser detido no Rio de Janeiro em 2016 sob a suspeita de fazer parte de um esquema de venda de ingressos.

Por mais de um ano, Patrick Hickey manteve o seu cargo no COI e insistiu que era inocente. Agora, optou por deixá-lo. Ao explicar para a imprensa, a entidade indicou que o gesto do irlandês teve como meta "proteger o COI e garantir que os interesses dos Comitês Olímpicos Nacionais sejam representados no Conselho".

O fim de semana ainda foi marcado no COI pela chegada de mais uma carta do dirigente brasileiro Eric Maleson, principal testemunha no caso de compra de votos do Rio-2016. Na carta, ele chama a atenção de Thomas Bach ao "comportamento de pessoas dentro do COB" e alerta ao alemão de que já havia enviado tais advertências "há muitos anos". "O mundo poderá julgar de forma dura nossa Família Olímpica pelas ações de nossos líderes esportivos. Mas quero garantir que eu e meus colegas apoiamos o estado de direito e o código de ética", insistiu.

João Havelange não queria que seu reinado no comando da Fifa fosse sucedido por Joseph Blatter. O favorito do brasileiro para ocupar seu cargo era o francês Michel Platini. Quem conta essa nova versão dos acontecimentos nos bastidores da política do futebol é o próprio Blatter. Suas declarações fazem parte de documentos da Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) que, no ano passado, o julgou e o afastou do esporte.

Agora, com a íntegra da sentença publicada pela corte, os documentos revelam como a versão apresentada por Blatter se choca com relatos da aliança entre Havelange e o suíço, que por anos foi o secretário-geral do brasileiro. O cartola que faleceu no ano passado no Rio havia anunciado em 1996 que, sendo presidente desde 1974, ele deixaria o poder em eleições que seriam organizadas em 1998, em Paris durante a Copa do Mundo. O Mundial, naquele ano, tinha Platini como seu presidente do comitê organizador.

##RECOMENDA##

"De acordo com Blatter em sua audiência (diante da corte), Havelange não queria que Blatter concorresse à presidência", apontou o documento da CAS. "A filosofia de Havelange era de que dirigentes que recebiam salários não deveriam servir em comitê", explicou. "Ele tinha dificuldade em entender, como um patriarca, que um de seus empregados poderia ser presidente", disse Blatter diante dos juízes.

"Blatter testemunhou em sua audiência que Havelange desejava que Platini o sucedera como presidente e que Blatter continuasse como secretário-geral", indicam os documentos. Na audiência, o suíço ainda contou que foi alertado pelos europeus de que não teria o seu apoio e que a Uefa tentaria eleger o sueco Lennart Johansson.

Foi nesse contexto que, meses antes da votação de 1998, Blatter e Platini se reuniram para discutir as eleições. O encontro teria ocorrido no último andar do hotel Ritz Carlton, de Cingapura, em janeiro de 1998. "Blatter explicou a ideia de Havelange para Platini e, depois de uma discussão, propôs uma candidatura invertida, com Blatter como presidente e Platini como seu conselheiro especial", indicou a corte. Tal projeto foi concretizado com uma entrevista coletiva, em março de 1998.

Ao escutar o craque francês, a corte ouviu um testemunho parecido. "De acordo com Platini, Blatter explicou que Havelange tinha sugerido Platini como presidente e Blatter como secretário-geral e que isso teria uma certa elegância", afirma o documento da corte.

Platini rejeitou a proposta, alegando que, naquele momento, ele não tinha conhecimento suficiente sobre a Fifa para presidi-la.

Blatter acabou ganhando as eleições de 1998 e se manteve no poder até 2015, quando a Fifa foi abalada por um escândalo de corrupção. Platini, que esperava suceder o suíço, acabou suspenso do futebol depois que foi revelado como Blatter o pagou milhões de reais sem que houvesse um contrato e nove anos depois dos supostos trabalhos realizados pelo francês.

Havelange morreu em plenos Jogos Olímpicos do Rio. Mas seu funeral foi evitado pelo COI, que não organizou qualquer tipo de cerimônia ao ex-membro do movimento olímpico. Blatter, sem poder sair da Suíça sob o risco de ser preso, tampouco esteve no enterro.

Diversas personalidades do esporte estiveram presentes no Cemitério São João Batista, no Rio, para um último adeus ao ex-presidente da Fifa João Havelange nesta terça-feira (16). Horas depois do falecimento do ex-dirigente, nomes como Carlos Arthur Nuzman, Bernard Rajzman e até o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira foram ao local prestar homenagens.

Ricardo Teixeira, aliás, tinha uma relação próxima com Havelange, uma vez que era genro do ex-dirigente - foi casado por mais de 20 anos com sua filha, Lúcia. Até por isso, fez nesta terça uma rara aparição pública desde que renunciou à presidência da CBF em 2012, após diversas acusações de corrupção.

##RECOMENDA##

Como era esperado, Teixeira foi só elogios ao ex-sogro, também envolto em diversas acusações de corrupção. "Foi um vencedor, o grande criador do futebol como temos hoje no mundo, financeiramente e tecnicamente", declarou.

Presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Organizador do Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman também apareceu para prestar homenagens e exaltar o legado do ex-dirigente: "Havelange fez do futebol uma religião mundial".

Tanto Teixeira quanto Nuzman dividiram o espaço com outras personalidades do esporte. Atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero também apareceu para prestar homenagens. Até o Rei do Futebol, se não presente, encontrou uma forma de se solidarizar. "O adeus do amigo Pelé", escreveu o melhor jogador de todos os tempos em uma coroa de flores.

"Ele convidou o mundo a comemorar com ele os cem anos na festa da abertura da Olimpíada", lembrou o chefe da missão brasileira nos Jogos, o ex-jogador de vôlei Bernard Rajzman, que preferiu não falar sobre as denúncias de corrupção contra o ex-dirigente. "Não vou entrar nesse mérito. É um momento de profunda perda."

O enterro está marcado para as 15h desta terça. Segundo a administração do cemitério, não haverá velório. A assessoria do hospital informou também que não houve velório na unidade. O corpo foi levado para a capela ecumênica do hospital, onde permaneceram familiares.

O presidente interino Michel Temer lamentou, em nota, a morte do ex-presidente da Fifa, João Havelange. Ele faleceu nesta terça-feira (16)  aos 100 anos, depois de passar um período internado em um hospital por causa de uma pneumonia.

Para Temer, o "esporte mundial perdeu hoje um dos seus mais expressivos líderes. João Havelange se dedicou com afinco ao desenvolvimento do esporte e, principalmente, do nosso futebol". "Presto solidariedade aos familiares e amigos neste momento de pesar”, disse ele, em nota.

##RECOMENDA##

Havelange foi presidente da Fifa por 24 anos. Depois, ainda exerceu a função de presidente de honra da entidade, função que deixou em 2013, em meio a eclosão das revelações de um escândalo de corrupção. Antes, em 2011, também deixou o Comitê Olímpico Internacional (COI).

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decretou luto oficial de sete dias pela morte de João Havelange, confirmada nesta terça-feira. Na sede da entidade, no Rio, as bandeiras serão hasteadas a meio mastro, assim como na Granja Comary, onde a seleção olímpica faz nesta terça-feira o último treino antes do jogo com Honduras pela semifinal do torneio masculino de futebol dos Jogos do Rio, nesta quarta-feira, às 13 horas, no Maracanã.

E CBF também confirmou que na próxima rodada dos campeonatos que a entidade organiza será respeitado um minuto de silêncio antes de todas as partidas.

##RECOMENDA##

Havelange, que presidiu a Confederação Brasileira de Desportos (CBD, precursora da CBF) entre 1956 e 1974, foi definido em comunicado oficial como "um desportista de talentos múltiplos" e um dirigente que, no comando da entidade, promoveu uma "jornada de modernização" que levaria a seleção brasileira a conquistar os três primeiros títulos mundiais, em 1958, 1962 e 1970. Diz também que ele teve papel fundamental para a escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016.

"Jean-Marie Faustin Goedefroid Havelange nasceu em 8 de maio de 1916. Carioca, filho de belga, apaixonou-se pelo esporte desde cedo. Como nadador, representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Berlim (1936). Como atleta do polo aquático, disputou os Jogos Pan-Americanos de 1952. Quatro anos mais tarde, foi o comandante da delegação brasileira na Olimpíada de Melbourne", lembrou a CBF, ao iniciar o seu comunicado desta terça-feira, no qual depois completou: "Esportista com talentos múltiplos, Havelange foi campeão dentro e fora das quatro linhas. Campeão juvenil em 1931 pelo Fluminense, o clube do coração, iniciou sua carreira como dirigente de futebol em 1956".

Em seguida, a CBF lembrou do papel importante que Havelange teve para ajudar a colocar o Brasil no caminho dos seus primeiros títulos mundiais, após fracassos nas Copa do Mundo de 1950, este histórico com derrota para o Uruguai em final no Maracanã, e depois no Mundial de 1954.

"Com a experiência adquirida em diversas áreas do esporte, ele foi eleito presidente da então Confederação Brasileira de Desportos (CBD), e promoveu uma jornada de modernização. João Havelange foi pioneiro na aplicação de conceitos organizacionais no futebol brasileiro. Reconhecida por seu progresso dentro dos gramados, a seleção brasileira precisava de suporte administrativo para conseguir melhores resultados, após situações adversas nas Copas do Mundo de 1950 e 54", pontuou.

O caminho de conquistas que o Brasil iria trilhar depois também foi ressaltado pela CBF como um reflexo do fato de que "o dirigente iniciou um trabalho de estruturação administrativa". "Sob sua batuta, a seleção alcançou o topo do mundo, com a conquista do tricampeonato mundial: 58/62/70. O esporte mais apaixonante do mundo foi transformado em um sobrenome do Brasil: País do Futebol. Nossa nação passou a ser temida e admirada por todas as seleções do planeta", destacou.

FIFA - A CBF depois enfatizou que o sucesso de Havelange como dirigente máximo à frente da antiga CBD alavancou a sua ida à presidência da Fifa. "Após esse período de conquistas, em 1974, Havelange foi eleito para o maior cargo diretivo do futebol mundial: presidente da Fifa. Repetiu na entidade máxima o que já havia feito em seu país. Com um trabalho amplo de popularização do esporte, dialogou com presidentes das confederações em todos os continentes", lembrou a CBF.

"Na gestão Havelange, a Copa do Mundo saltou de evento importante para uma atração gigantesca e épica. A repercussão impulsionada pelas transmissões televisivas amplificou o alcance e a competição passou a despertar o interesse de todos os cantos do mundo, mexendo com a emoção de milhões de torcedores. A organização da Copa do Mundo pode ser dividida entre antes e depois de João Havelange", completou o comunicado.

Por fim, a CBF destacou que "ele foi membro do Comitê Olímpico Internacional (COI) durante 40 anos" e falou sobre a sua atuação para ajudar o Rio a se tornar sede da Olimpíada. "Em 2009, teve papel fundamental na defesa do Rio de Janeiro como cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016. A CBF lamenta a morte de João Havelange e registra a sua importância eterna para o esporte mundial", encerrou.

Filho do belga Faustin Havelange, um comerciante de armas radicado no Rio, Jean-Marie Faustin Goedefroid de Havelange, o João Havelange, nasceu em 8 de maio de 1916, na capital fluminense, e desde muito jovem teve a sua vida ligada ao esporte.

Atleta desde cedo, chegou a ser campeão carioca juvenil de futebol em 1931 com a camisa do Fluminense, seu clube do coração, aos 15 anos de idade. Porém, foi por meio da natação que começou a aparecer pela primeira vez como figura de destaque no mundo esportivo. Em tempos de amadorismo do esporte no Brasil, ele dividiu a vida de atleta por um período com a de estudante de Direito, pela qual se graduou pela Universidade Federal Fluminense na década de 30.

##RECOMENDA##

Como nadador, defendeu o Brasil na Olimpíada de Berlim, em 1936, e depois disputou os Jogos de Helsinque, em 1952, como jogador de polo aquático. Quatro anos depois, liderou a delegação brasileira na Olimpíada de Melbourne. Em 1955, por sua vez, foi medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México.

E, antes de encerrar a carreira de atleta, Havelange já começou a traçar a sua trajetória como dirigente. Em 1948, na primeira experiência como cartola, ocupou um cargo na Federação Paulista de Natação, quatro anos antes de se tornar presidente da Federação Metropolitana de Natação e vice-presidente da Confederação Brasileira de Desportos, a extinta CBD.

E não demorou para que Havelange se tornasse presidente da CBD em 1956, cargo que ocupou até 1974. A entidade, que cumpria o papel que hoje é da CBF, congregava 24 esportes, entre eles o futebol. No período da sua gestão, o Brasil ganhou as suas três primeiras Copas do Mundo, em 1958, 1962 e 1970.

O sucesso à frente da CBD foi um trampolim para sua chegada à Fifa. E ele presidiu a entidade máxima do futebol mundial entre 1974 e 1998, antes de ser sucedido por Joseph Blatter, seu ex-secretário - o posto é hoje ocupado pelo suíço Gianni Infantino.

Na Fifa, Havelange conseguiu fazer com que um caixa, antes deficitário, passasse a ostentar um patrimônio estimado de US$ 4 bilhões, fato que também levantou suspeitas de corrupção. Ele se tornou o primeiro homem - e único até hoje - de fora do continente europeu a ocupar o cargo mais alto da Fifa.

Considerado um dos maiores dirigentes de todos os tempos, Havelange foi eleito como membro do Comitê Olímpico Internacional em 1963 e seguiu no COI até o final de 2011, quando renunciou ao posto depois de ser acusado de corrupção em um caso envolvendo a agência ISL, que trabalhava com o marketing da Fifa.

Ele pediu demissão do cargo após o Comitê de Ética do COI exigir punições pesadas. Havelange corria o risco de ser condenado e expulso da entidade por corrupção, mas preferiu sair antes, alegando razões de saúde.

Altamente influente como dirigente, Havelange era ex-sogro de Ricardo Teixeira, que em março de 2012 renunciou ao cargo de presidente da CBF. Teixeira teve o nome envolvido no mesmo caso de corrupção da ISL, que ajudou a manchar a reputação do seu padrinho na entidade que dirige o futebol brasileiro.

Em julho de 2011, o dossiê do caso ISL, já encerrado pela Justiça suíça, veio a público e revelou que Havelange e Teixeira receberam R$ 45,5 milhões de suborno relacionado à venda dos direitos comerciais de Copas do Mundo durante os anos 1990.

Na semana seguinte à revelação do dossiê, a Fifa aprovou uma nova versão de seu código de ética, cuja maior novidade foi o fim da prescrição para casos de suborno e corrupção.

Blatter, pressionado a limpar o nome após recentes escândalos de corrupção da Fifa, passou a apoiar a saída de Havelange do cargo, alegando que o ex-presidente da entidade não poderia "continuar após esses incidentes". E Havelange renunciou, em abril de 2013, ao cargo de presidente de honra da Fifa.

Desde então, estava longe dos holofotes. Em julho chegou a passar um período internado em um hospital por causa de uma pneumonia. Agora, aos 100 anos, faleceu no Rio.

João Havelange, um dos maiores dirigentes da história do esporte, morreu nesta terça-feira no Rio de Janeiro. O ex-atleta e ex-presidente da Fifa faleceu aos 100 anos, após enfrentar recentes problemas de saúde - em julho, ele passou um período internado em um hospital por causa de uma pneumonia.

Havelange foi presidente da Fifa por 24 anos. Depois, ainda exerceu a função de presidente de honra da entidade, função que deixou em 2013, em meio a eclosão das revelações de um escândalo de corrupção envolvendo a ISL, antiga empresa de marketing que foi parceira da entidade máxima do futebol mundial. Antes, em 2011, também deixou o Comitê Olímpico Internacional (COI).

##RECOMENDA##

Além disso, Havelange foi atleta de diversas modalidades antes de começar a sua carreira de dirigente, primeiramente à frente da CBD e depois na Fifa, para a qual foi eleito presidente em 1974, permanecendo no cargo por 24 anos. Já no COI, permaneceu entre 1963 e 2011.

Nos últimos anos, estava afastado dos holofotes e enfrentou vários problemas de saúde. Em 2012, Havelange ficou em estado grave, com uma infecção bacteriana, mas depois se recuperou. Em junho de 2014, foi internado em função de uma infecção respiratória.

Ex-atleta, Havelange competiu nas provas de natação na Olimpíada de 1936, em Berlim, e na disputa do polo aquático nos Jogos de 1952, em Helsinque. Agora, nesta terça-feira, faleceu no Rio, exatamente durante o período em que está sendo realizada a primeira edição da Olimpíada no Brasil.

O ex-presidente da Fifa (entidade mundial que organiza o futebol) João Havelange, de 100 anos, está internado no Hospital Samaritano, em Botafogo (zona sul do Rio), para combater uma pneumonia.

Segundo boletim médico divulgado pelo hospital, o estado de saúde de Havelange é "estável" e apresenta "melhora gradativa". O hospital não informou quando o ex-dirigente foi internado nem se há previsão de alta médica.

##RECOMENDA##

Havelange, que completou 100 anos no dia 8 de maio, presidiu a Fifa entre 1974 e 1998. Em seguida tornou-se presidente de honra da entidade, cargo que manteve até abril de 2013, quando renunciou em meio a denúncias de corrupção.

O suíço Joseph Blatter, o afilhado político de João Havelange, não vai ao aniversário de cem anos do ex-presidente da Fifa, que vai mandar um representante para a festa no Rio de Janeiro. No próximo domingo, o brasileiro completa um século de vida.

Havelange, em 2009, usou seu discurso diante do Comitê Olímpico Internacional (COI) para pedir votos ao Rio de Janeiro para sediar os Jogos de 2016. E lembrou que esse seria um presente para seu centésimo aniversário.

##RECOMENDA##

Desde então, porém, o brasileiro perdeu o cargo de presidente de honra da Fifa por um escândalo de corrupção e foi obrigado a deixar o COI por "razões médicas". Sua saída ocorreu uma semana antes de a entidade se pronunciar por conta do mesmo escândalo de propinas que o levou a deixar a Fifa.

Para a comemoração dos cem anos de Havelange, um dos homens presentes será Walter Gagg, representante do alto escalão da Fifa. "Vou ao Brasil para a festa", confirmou à reportagem.

A jornalistas estrangeiros, porém, Blatter explicou que seus advogados o recomendaram que não deixasse a Suíça enquanto sua situação legal não estivesse resolvida.

O risco era de que, ao deixar o país, ele pudesse ser extraditado aos Estados Unidos. O ex-dirigente da Fifa é suspeito de irregularidades em sua condução da entidade, em investigações tanto nos EUA como na Suíça. "Meus advogados disseram: por favor, enquanto houver algo contra você, fique na Suíça. A Suíça nunca vai ter entregar", explicou.

Desde que o processo começou em maio de 2015, Blatter deixou o país em apenas uma ocasião, para uma visita ao presidente da Rússia, Vladimir Putin. Mas Blatter também alegou que não iria ao Brasil "nessa época perturbada" do País.

O FBI está investigando João Havelange e Joseph Blatter pelo pagamento de propina por parte da empresa ISL para o brasileiro nos anos 90 que somaram cerca de US$ 100 milhões. E uma carta escrita por Havelange indicaria que Blatter sabia de tudo, desmentindo a versão mantida pelo suíço por anos de que não tinha conhecimento do esquema corrupto que o brasileiro havia estabelecido.

As revelações fazem parte de um documentário que vai ao ar nesta segunda-feira na emissora britânica BBC. Nos últimos sete meses, as operações do FBI contra a corrupção no futebol sacudiram o esporte, levando à renúncia de vários cartolas, à prisão de mais de uma dezena e ao indiciamento de 41 pessoas. José Maria Marin, Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira - os últimos três presidentes da CBF - são suspeitos de terem recebido propinas de "pelo menos" R$ 120 milhões.

##RECOMENDA##

Os norte-americanos, porém, indicaram que ainda não terminaram a investigação e, segundo a BBC, ela inclui outro brasileiro: Havelange, presidente da Fifa por 24 anos (de 1974 a 1998). Em 2013, ele foi obrigado a renunciar de seu cargo de presidência de honra da Fifa diante das revelações de que nos anos 90 recebeu milhões de dólares em propina da ISL em troca de contratos de transmissão para a Copa do Mundo. Ricardo Teixeira, seu ex-genro, também ficou com parte do dinheiro.

Um acordo foi fechado na Justiça suíça em que, sem admitir culpa, Havelange e Teixeira pagaram uma multa e o caso foi encerrado. Blatter passou anos insistindo que desconhecia o esquema montado para fraudar a Fifa, embora fosse o braço direito do brasileiro na entidade desde os anos 80.

Agora o FBI decidiu mergulhar mais uma vez no assunto. No pedido de cooperação enviado pelos norte-americanos à Justiça da Suíça, os Estados Unidos indicam claramente que Havelange e Blatter estão no centro do processo.

O motivo seria uma carta assinada por Havelange que implica o suíço. "Durante o tempo em que fui presidente da Fifa, Joseph Blatter era o secretário-geral. Eu mantive relações comerciais com empresas de marketing esportivo e, como resultado dessa relação, recebi uma remuneração de acordo com a regra da Fifa e isso foi alvo de um processo judicial na Suíça sem o reconhecimento de qualquer culpa", escreveu Havelange.

O brasileiro também indica que, apesar de já não ser presidente da entidade, quem pagou seus advogados foi a própria Fifa. "Esclareço que todos os gastos para os processos mencionados, inclusive advogados, foram pagos pela Fifa". Mas a principal revelação é sobre o envolvimento de Blatter. "Enfatizo que Joseph Blatter tinha pleno conhecimento de todas essas atividades e sempre me aconselhou sobre elas", indicou Havelange.

A carta levou o FBI a agir sobre o brasileiro. Ao solicitar a cooperação da Suíça na investigação sobre a Fifa, os norte-americanos indicaram que, "entre outras coisas, o procurador está investigando a declaração de Havelange implicando Blatter e aparentemente inocentando seu genro, Teixeira, no caso ISL". Blatter indicou em 2013 ao Comitê de Ética da Fifa que desconhecia a propina e foi inocentado pelo organismo. Naquele mesmo ano, ele visitou Havelange no Rio durante a Copa das Confederações.

CPI - O presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero, foi convidado a depor nesta terça-feira na CPI do Futebol. Os senadores querem interrogá-lo sobre as acusações feitas a ele pela Justiça norte-americana. Se o dirigente não comparecer, será convocado para se apresentar à CPI em outra data. E aí terá obrigação de comparecer.

O ex-presidente da Fifa João Havelange segue apresentando quadro estável no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. O brasileiro, de 99 anos, está internado para tratar um problema pulmonar. O boletim médico divulgado pelo hospital nesta sexta-feira não deu detalhes sobre as causas da internação e nem revelou quando Havelange deu entrada no local.

"O Hospital Samaritano (Botafogo) informa que o ex-presidente de honra da Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa), João Havelange, permanece internado na instituição. O quadro de saúde do paciente é estável", informou o hospital, nesta manhã. Havelange esteve internado no mesmo local no ano passado por conta de uma infecção respiratória.

##RECOMENDA##

Medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos em 1955, no polo aquático, Havelange abriu mão de seus cargos de membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), em 2011, e de presidente de honra da Fifa, em 2013, após ter seu nome envolvido em escândalos de corrupção.

Ele deixou o posto na Fifa no mesmo dia em que a entidade publicara relatório do seu Comitê de Ética sobre o caso de corrupção envolvendo a ISL, extinta empresa que foi parceira de marketing da entidade. Com aquela decisão, Havelange se livrou de receber qualquer punição por seu envolvimento no escândalo da empresa, que declarou falência em 2001.

Há pouco mais de dois meses, Chung Mong Joon, ex-vice-presidente da Fifa sob o mandato de João Havelange, antecessor do suíço Joseph Blatter, acusou o brasileiro de ter tentado esconder os escândalos de corrupção enquanto comandou a entidade máxima do futebol e de ter manipulado os acordos de transmissão da Copa do Mundo, prejudicando as finanças da Fifa.

Presidente da Fifa entre os anos de 1974 a 1998, João Havelange está internado no Hospital Samaritano, no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro, com um problema pulmonar. Aos 99 anos, o dirigente superou uma infecção respiratória no ano passado, quando esteve internado no mesmo local.

"O Hospital Samaritano (Botafogo) informa que o ex-presidente de honra da Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa), João Havelange, encontra-se internado na instituição em função de problema pulmonar. O paciente evolui positivamente ao tratamento e seu quadro de saúde é estável", diz o boletim oficial divulgado pelo hospital.

##RECOMENDA##

Medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos em 1955, no polo aquático, Havelange abriu mão de seus cargos de membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), em 2011, e de presidente de honra da Fifa, em 2013, após ter seu nome envolvido em escândalos de corrupção.

Ele deixou o posto na Fifa no mesmo dia em que a entidade publicara relatório do seu Comitê de Ética sobre o caso de corrupção envolvendo a ISL, extinta empresa que foi parceira de marketing da entidade. Com aquela decisão, Havelange se livrou de receber qualquer punição por seu envolvimento no escândalo da ISL, que declarou falência em 2001.

Há pouco mais de dois meses, Chung Mong Joon, ex-vice-presidente da Fifa sob o mandato de João Havelange, antecessor de Joseph Blatter, acusou o brasileiro de ter tentado esconder os escândalos de corrupção enquanto comandou a entidade máxima do futebol e de ter manipulado os acordos de transmissão do Mundial, prejudicando a renda do futebol.

Um ex-vice-presidente da Fifa sob o mandato de João Havelange acusa o brasileiro de ter tentado esconder os escândalos de corrupção enquanto comandou a entidade máxima do futebol e de ter manipulado os acordos de transmissão dos jogos da Copa do Mundo, prejudicando a renda do futebol. Hoje, o magnata coreano Chung Mong Joon e que concorre à presidência da Fifa publicou uma série de revelações sobre os bastidores da entidade.

Ele é acusado de violar as regras de ética da Fifa ao ter supostamente tentado comprar apoio para que a Coreia do Sul fosse escolhida para sediar a Copa de 2022. Diante de uma iminente suspensão por ter proposto um fundo de US$ 700 milhões, o bilionário e acionista da Hyundai decidiu trazer à tona os bastidores da entidade.

##RECOMENDA##

Chung foi vice-presidente da Fifa por 17 anos a partir de 1994 e era considerado como um dos principais nomes na corrida para as eleições em fevereiro de 2016. Mas deve ter seu sonho interrompido diante de uma suspensão nos próximos dias.

Ele contou como, ao entrar na Fifa como vice-presidente, ele foi colocado como membro do Comitê de Mídia da entidade. "Eu achava que o comitê iria lidar com assuntos importantes relacionados com transmissão e direitos de patrocínio", disse. "Mas tudo o que falávamos era se iríamos servir comida fria ou quente aos convidados. Eu acabei renunciando diante de tanta frustração", contou.

Segundo ele, em outubro de 1995, em Seul, ele faria um discurso que deixou Havelange irritado. "Pedi mais transparência. Parecia lógico", disse. Seu principal argumento era de que os contratos de TV vendidos pela Fifa estavam sendo subvalorizados e que a entidade não estava conseguindo a mesma renda de outros eventos, alguns dos quais menos populares.

"Não há dúvidas de que a Copa é uma proposta atrativa para a televisão", disse. "De fato, existem argumentos que apontam que ela é muito mais popular que os Jogos Olímpicos para a audiência na TV", insistiu. "Apesar disso, as vendas de direitos de TV da Copa nunca atingiram os níveis de renda realizados pelos Jogos Olímpicos", disse em 1995.

Para ele, o problema estava na forma pela qual Havelange montou o esquema de decisão sobre qual emissora ficaria com os contratos. "Precisamos de mais transparência", disse. "Historicamente, o processo de tomada de decisões sobre marketing e contratos de TV tem sido lidados por um grupo muito pequeno de pessoas, a portas fechadas", acusou.

Há 20 anos, ele sugeriu uma mudança na forma de escolha de emissoras que transmitiram a Copa, justamente para garantir maior renda para a Fifa. "O Comitê de Mídia da Fifa deveria estar envolvido no processo para garantir que todas as necessidades dos meios sejam consideradas e tenham uma cobertura adequada", disse. Segundo ele, o Comitê Financeiro deveria garantir "orientação sobre as condições fiscais e o Comitê Executivo deveria ser o órgão máximo de marketing e contratos de direitos de TV".

"Dessa forma, os interesses dos jogadores, torcedores, patrocinadores e dirigentes seriam protegidos e contribuiriam para o desenvolvimento do jogo", insistiu. "Uma maior transparência é essencial porque a Copa tem sido financeiramente subvalorizada", acusou.

IRRITAÇÃO - Dois meses depois, Chung seria duramente reprimido por Havelange. "Na reunião do Comitê Executivo da Fifa dois meses mais tarde em Paris, Havelange, de uma forma muito brava, me perguntou por que eu tinha citado a questão da transparência. Ele ficou tão bravo que dava murros sobre a mesa e os tradutores simultâneos não conseguiam traduzir o que ele gritava", disse.

"A atmosfera normalmente cordial e amistosa dos encontros de repente ficou muito tensa e feia", relatou, para depois afirmar: "Havelange deve ter pensado que eu já sabia de detalhes de seus negócios corruptos com a ISL, com a qual ele estava envolvido naquele momento".

Chung garante que na época não entendeu o motivo da ira do brasileiro. "Agora eu entendo", disse. "Entre 1992 e 2000, Havelange recebeu US$ 50 milhões em propinas por uma empresa chamada ISL", disse. Citando um processo na Justiça suíça, o coreano apontou que o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, também foi beneficiado pelos depósitos.

O coreano revela que mesmo Joseph Blatter, o atual presidente e então braço direito do brasileiro, sabia do esquema. "Um dia, Blatter encontrou uma transferência da ISL para uma conta da Fifa com uma mensagem em anexo dizendo que era um pagamento para Havelange. No lugar de abrir uma investigação, ele simplesmente retornou o cheque para a ISL", disse.

Para Chung, Blatter mereceria por esse ato um suspensão por toda sua vida do futebol. "Se isso tivesse ocorrido, a Fifa não estaria na crise de hoje", disse.

Mas o coreano alerta que o Comitê de Ética da Fifa jamais fez algo efetivo para lidar com o caso e só começou a investigar em 2012, onze anos depois da falência da ISL. O resultado foi "exonerar" Blatter de qualquer responsabilidade.

Para Chung, que pode pegar 15 anos de suspensão por ter tentado oferecer dinheiro por votos, o tribunal da Fifa não é nada mais que um "capanga" de Blatter para destruir os adversários políticos. Além do coreano, o Comitê de Ética também investiga Michel Platini, outro candidato à presidência da Fifa.

O ex-presidente da Fifa, João Havelange, recebeu alta na tarde desta terça-feira do Hospital Samaritano, na zona sul do Rio, onde estava internado desde o dia 4 em virtude de uma infecção respiratória. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do hospital.

Há cerca de um ano, Havelange renunciou ao cargo de presidente de honra da Fifa, entidade que ele dirigiu de 1974 até 1998. Ele deixou o posto no mesmo dia em que a entidade publicaria relatório do seu Comitê de Ética sobre o caso de corrupção envolvendo a ISL, extinta empresa que foi parceira de marketing da entidade.

##RECOMENDA##

Com aquela decisão, Havelange se livrou de receber qualquer punição por seu envolvimento no escândalo da ISL, que declarou falência em 2001. Ele também integrou o Comitê Olímpico Internacional, ao qual renunciou em dezembro de 2011.

A família Havelange hoje é representada no futebol por Joana Havelange, filha dele, que é diretora do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo (COL). No fim do mês passado, ela virou notícia ao compartilhar no Instagram um texto, que circula pela internet, com a frase "o que tinha para ser roubado, já foi". O post ganhou rápida repercussão por ter sido publicado por uma das principais integrantes do grupo responsável por organizar a Copa no Brasil.

A bancada do PSOL na Câmara de vereadores do Rio apresentou Projeto de Lei para mudar o nome do Estádio Olímpico Municipal João Havelange, mais conhecido como Engenhão, que, segundo a sugestão, passaria a se chamar oficialmente Estádio Olímpico Municipal João Saldanha. A proposta é uma consequência da participação de Havelange em um escândalo de corrupção que envolveu a empresa de marketing ISL, nos anos 90. Na semana passada, a Comissão de Ética da Fifa fez revelações sobre o caso que levaram o cartola brasileiro a renunciar ao posto de presidente de honra da entidade.

Entre 1992 e 2000, Havelange, o também brasileiro Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF) e o paraguaio Nicolás Leoz, que deixou há poucos dias o comando da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), receberam propinas de cerca de R$ 45 milhões da ISL, segundo relatou a Fifa. Para os vereadores cariocas Eliomar Coelho, Renato Cinco e Paulo Pinheiro, não há como o Rio manter o nome de Havelange no estádio, que foi construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007 e também será palco de competições da Olimpíada de 2016.

##RECOMENDA##

Os três vereadores defendem a homenagem a João Saldanha, que brilhou como jornalista e também foi técnico da seleção brasileira. "Quando se fala em ética, honra, paixão pelo futebol, pelo Brasil e pelas causas populares, João Saldanha é um nome que diz muito. Mesmo que não seja possível resgatar a confiança na cobertura do estádio no curto prazo, que se resgate ao menos a respeitabilidade do seu nome", diz o texto do projeto.

O Engenhão está interditado desde o dia 26 de março, quando a prefeitura do Rio recebeu do consórcio responsável pela construção do estádio, formado por Odebrecht e OAS, um laudo que indicava risco aos torcedores devido ao deslocamento da cobertura, existente desde sua inauguração em 2007. Relatório da empresa alemã SBP apontou "risco de ruína" da cobertura em caso de ventos acima de 63 km/h.

Nesta semana, a Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece) contestou o laudo da SBP. Segundo a Abece, o estudo da empresa alemã "desprezou totalmente" um relatório produzido em 2004 pelo laboratório canadense RWDI, que norteou o projeto estrutural da cobertura. Em nota, a Abece pediu a revisão do laudo da SBP, considerando-se agora o estudo da RDWI.

O estádio, construído para o Pan de 2007 ao custo de R$ 380 milhões, continua sem previsão de reabertura - a prefeitura do Rio nem sequer anunciou como o problema será resolvido. Enquanto isso, começa o movimento para que o Engenhão tenha um novo nome.

A fim de evitar a cassação do título de presidente de honra da Fifa, do qual desfrutava desde 1998, João Havelange se antecipou a um parecer da comissão de ética da entidade e renunciou ao posto em abril. Isso veio à tona no início desta semana, quando a Fifa confirmou o envolvimento do ex-dirigente em escândalos de corrupção nos anos 90.

Desde então, começaram alguns movimentos notadamente no Rio de Janeiro que tendem a constranger ainda mais aquele que já foi o homem mais poderoso do futebol mundial. João Havelange empresta seu nome para o estádio que será o coração dos Jogos Olímpicos de 2016, o Engenhão, explorado pelo Botafogo, mas que pertence à prefeitura do Rio de Janeiro.

##RECOMENDA##

Também é presidente de honra do Fluminense, clube pelo qual foi campeão juvenil de futebol em 1931 e ganhou várias competições como nadador a partir de 1932. "O Fluminense se vê na obrigação de convocar uma assembleia para retirar esse título de uma pessoa que se envolveu em corrupção, num caso de repercussão mundial. O Flu é um clube limpo e tem de se preservar", disse Julio Bueno, líder da oposição tricolor.

Oficialmente, a direção clube ainda não se manifestou sobre o caso, mas vários conselheiros do Fluminense defendem a posição de Júlio Bueno. Já a prefeitura, por meio de sua assessoria de imprensa, revelou que a possibilidade de alterar o nome do estádio não está descartada. Ressaltou, porém, que a prioridade no momento é a recuperação do Engenhão, interditado por causa de problemas estruturais.

Já o Botafogo segue determinação de seus dirigentes e não se refere ao estádio com o nome de João Havelange. Documentos oficiais do clube o tratam como Stadium Rio. O time alvinegro não se opõe a uma eventual decisão da prefeitura de dar nova identidade ao Engenhão.

O tema promete se manter em evidência. Até dias atrás, já era público o envolvimento de João Havelange no caso, mas não havia nenhum documento emitido pela Fifa ou pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), do qual ele teve de se desligar em 2011 de seu comitê executivo também por causa do escândalo, que formalizasse sua participação em negócios ilícitos.

De acordo com a Fifa, João Havelange, seu ex-genro Ricardo Teixeira (que comandou a CBF de 1989 a 2012) e o ex-presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), o paraguaio Nicolas Leoz, receberam indevidamente US$ 22 milhões (em torno de R$ 45 milhões) entre 1992 e 2000 de uma empresa de marketing esportivo, a ISL, que "defenderia" interesses da Fifa.

O ex-presidente da Fifa - de 1974 a 1998 - está recluso e não fala com a imprensa. Poucas vezes sai de casa, em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro, deixou de ir a sua casa de veraneio, em Angra dos Reis, litoral sul fluminense, e também não frequenta seu escritório, no centro da cidade, faz mais de um ano. Mantém, porém, o local em funcionamento. Nos dias úteis, Irene Lima, sua secretária particular há 53 anos, trabalha normalmente no gabinete dele.

"Ele passa ordens por telefone. Está muito chateado com o que vocês (da imprensa) inventaram sobre ele. Merecia respeito", disse ela. "Conversamos sempre, ele me pede para mandar correspondências, serviço não falta, mas não toco naquele tal assunto com ele, é claro".

João Havelange esteve internado em 2012 por mais de três meses, após sofrer uma infecção generalizada. Recuperou-se parcialmente. Hoje tem acompanhamento permanente de enfermeiros e se submete diariamente a sessões de fisioterapia, massagens e exercícios aquáticos. Pelo menos uma vez a cada 15 dias recebe a visita da neta, Joana Havelange, diretora executiva do Comitê Organizador da Copa de 2014, com quem também conversa muitas vezes por telefone.

João Havelange renunciou ao cargo de presidente de honra da Fifa, que anunciou oficialmente nesta terça-feira a decisão, mas o brasileiro já havia deixado o posto há duas semanas. O anúncio da saída ocorre depois de o dirigente ter o seu nome envolvido em um escândalo de corrupção que manchou de forma significativa a reputação da entidade que controla o futebol mundial.

O presidente da câmara decisória do Comitê de Ética da Fifa, Hans-Joachim Eckert, anunciou nesta terça, por meio de um comunicado, que o brasileiro de 97 anos de idade renunciou ao seu posto na Fifa no último dia 18 de abril.

##RECOMENDA##

E a renúncia oficial de Havelange ocorre no mesmo dia em que a Fifa publicou um relatório do seu Comitê de Ética sobre o caso de corrupção envolvendo a ISL, extinta empresa que foi parceira de marketing da entidade.

Com a sua decisão, Havelange se livrou de receber qualquer punição por seu envolvimento no escândalo da ISL, que declarou falência em 2001. Após suspeitas de corrupção levantadas há mais de uma década, o caso voltou a ser investigado pela Fifa depois que a rede britânica BBC publicou uma reportagem, no ano passado, denunciando que a extinta empresa de marketing subornou membros da Fifa para ganhar os direitos de transmissão de várias Copas do Mundo.

Havelange foi presidente da Fifa de 1974 a 1998 e um documento divulgado pela Justiça da Suíça recentemente também sugeriu que Joseph Blatter, que sucedeu o brasileiro no cargo, sabia sobre um pagamento de 1 milhão de francos suíços para o ex-mandatário da entidade em 1997.

O caso de Havelange também envolve Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, com pagamentos que totalizaram US$ 22 milhões entre 1992 e 2000. Pressionado pelas denúncias, Teixeira renunciou aos seus cargos no futebol no ano passado.

No relatório que apresentou nesta terça, Hans-Joachim Eckert escreveu que Havelange e Teixeira agiram com uma "conduta moralmente e eticamente reprovável", mas enfatizou que aceitar propina não era considerado um crime na Suíça na época do ocorrido. Ao mesmo tempo, o juiz alemão pontuou: "Entretanto, é claro que Havelange e Teixeira, como dirigentes de futebol, não deveriam ter aceitado qualquer dinheiro de suborno, e deveriam ter de devolvê-lo desde que o dinheiro estivesse em conexão com a exploração de direitos de mídia".

Também acusado de receber propina, o paraguaio Nicolás Leoz, de 84 anos, deixou a presidência da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) na semana passada, assim como o seu posto no Comitê Executivo da Fifa. A decisão também teria sido tomada para evitar possíveis punições, embora o dirigente tenha alegado razões de saúde para renunciar aos seus cargos no futebol. Ele teria recebido US$ 730 mil em subornos, mas nunca enfrentou uma investigação da Fifa.

Pelo fato de Havelange ter renunciado, Eckert disse, por meio do relatório publicado nesta terça-feira, que qualquer medida ou sugestão de punição a ser tomada contra o brasileiro teria caráter "supérfluo", e o mesmo acaba valendo para Teixeira e Leoz.

Agora oficialmente fora da entidade máxima do futebol mundial, Havelange já havia renunciado, em dezembro de 2011, ao posto de membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), do qual fez parte por 48 anos. Na época, ele também alegou problemas de saúde para a renúncia, mas a decisão teve claro caráter político, pois ocorreu dias antes de a entidade olímpica definir se iria suspendê-lo por causa das denúncias de corrupção durante a investigação sobre o caso da ISL.

A possibilidade da Fifa retirar de João Havelange o título de presidente honorário será discutida no seu congresso, que será realizado no próximo mês, embora Joseph Blatter, seu sucessor, tenha declarado nesta sexta-feira que nenhum país-membro solicitou a análise do caso do brasileiro, envolvido em um escândalo de propinas.

Blatter disse em julho passado que seu antecessor "não podia permanecer como presidente honorário" depois de um relatório ser publicado, confirmando que Havelange recebeu propina na negociação da venda dos direitos de transmissão da Copa do Mundo na década de 1990.

##RECOMENDA##

Depois, Blatter declarou que o a situação de Havelange, de 97 anos, deveria "ser tratada no próximo congresso". O dirigente brasileiro presidiu a Fifa por 24 anos, até 1998.

O prazo para que os membros da Fifa propusessem assuntos a serem discutidos no seu congresso, marcado para o dia 31 de maio em Maurício se encerrou na semana passada. "Não houve nenhuma proposta sobre isso, mas está na agenda", disse Blatter. "Há um ponto na agenda que é chamado 'honra'".

Perguntado se ele espera que Havelange mantenha o seu título, Blatter disse que não sabe. "Porque a pessoa interessada, o próprio Havelange, não disse nada sobre isso", afirmou.

Havelange pode enfrentar uma ação disciplinar formal nos próximos dias pelo seu papel no conhecido caso da ISL, a agência de marketing com sede na Suíça, que negociou os direitos de transmissão da Copa do Mundo antes de falir em 2001.

O juiz Joachim Eckert tem um prazo até 15 de abril para recomendar uma ação depois da apresentação de um relatório de 4 mil páginas, no mês passado, pelo promotor Michael J. Garcia.

A Fifa pediu no ano passado para Garcia estudar o caso ISL, que implicou atuais e antigos membros do seu comitê executivo, acusados de terem recebido suborno. Documento divulgado pela Justiça da Suíça também sugeriu que Blatter sabia sobre um pagamento de 1 milhão de francos suíços (aproximadamente R$ 470 mil) para Havelange em 1997.

O caso de Havelange também envolve Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, com pagamentos que totalizaram US$ 22 milhões (R$ 44 milhões) entre 1992 e 2000. Teixeira renunciou aos seus cargos no futebol no ano passado.

O paraguaio Nicolas Leoz, de 84 anos, presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol, teria recebido US$ 730 mil (R$ 2,96 milhões), mas nunca enfrentou uma investigação da Fifa. A situação é mesma do camaronês Issa Hayatou, vice-presidente da Fifa, que foi repreendido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) por ter recebido 100 mil francos (R$ 47 mil) suíços da ISL em 1995.

Havelange foi membro do COI por 48 anos, mas renunciou ao seu cargo em dezembro de 2011, dias antes da entidade olímpica definir se iria suspendê-lo em sua própria investigação sobre o caso da ISL.

BERLIM (AFP) - O chefe do Comitê de Ética da Fifa, o americano Michael Garcia, revelou neste domingo que o órgão recém-criado investigará o pagamento de milhões de dólares realizado pela empresa de marketing ISL aos dirigentes brasileiros João Havelange e Ricardo Teixeira.

Segundo documentos da Justiça suíça publicados recentemente pela Federação Internacional de Futebol, a empresa de marketing esportivo entregou milhões de dólares em comissões ao então presidente da Fifa, João Havelange, e ao então membro do Comitê Executivo do organismo e presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, envolvendo os direitos de transmissão da Copa do Mundo.

O Comitê de Ética investigará ainda o processo que permitiu a realização da Copa do Mundo de 2006 na Alemanha, e as concessões dos Mundiais de 2018 e 2022 à Rússia e Qatar, respectivamente.

"Se olharmos bem, fica claro que é preciso investigar e vamos fazer isto", disse Garcia a imprensa alemã.

O chefe do Comitê de Ética afirmou que também investigará o atual presidente da Fifa, Joseph Blatter: "quanto maior a importância da pessoa investigada, maior é a importância da investigação".

Garcia e o alemão Hans-Joachim Eckert foram designados os máximos responsáveis do Comitê de Ética da Fifa na reunião extraordinária do máximo organismo do futebol mundial, em julho passado, em Zurique.

A revelação de que esteve envolvido em escândalos de recebimento de propina parece ter diminuído o prestígio de João Havelange na Fifa. Neste domingo, um jornal suíço reproduziu uma entrevista com Joseph Blatter, na qual o presidente da entidade afirma que o brasileiro deveria deixar o cargo de presidente de honra do maior órgão do futebol mundial.

"Ele tem que ir. Ele não pode permanecer como presidente de honra depois destes incidentes", declarou Blatter ao SonntagsBlick. "Havelange é e foi um grande dirigente. Ele é multimilionário. Para mim era inconcebível que ele recebesse propina. Ele não precisava", completou.

##RECOMENDA##

A Fifa divulgou na última quarta-feira um documento para confirmar que os brasileiros João Havelange, ex-presidente da entidade, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, receberam suborno da ISL, que faliu em 2001. Segundo o processo, Teixeira recebeu US$ 13 milhões (em valores atualizados) entre 1992 e 1997, enquanto Havelange ganhou US$ 1 milhão (também em valores atualizados) em 1997 da empresa de marketing em troca de vantagens no processo de venda dos direitos de transmissão da Copa do Mundo.

Blatter assumiu a presidência da Fifa em 1998, substituindo justamente João Havelange, para quem trabalhava como diretor. Apesar de já estar envolvido com a entidade no período em que os pagamentos de propina ocorreram, o suíço garantiu que não tinha conhecimento do escândalo.

"Eu só fiquei sabendo disso (dos pagamentos), depois do colapso da agência ISL, em 2001", afirmou. "Foi a própria Fifa que abriu o inquérito criminal na época e desde então tem acompanhado o desenrolar do caso ISL", completou.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando