Tópicos | legalização das drogas

Faltando pouco para a realização da 11° edição da Marcha da Maconha, que acontece no próximo sábado (19), no centro do Recife, o vereador Ivan Moraes (PSOL) decidiu ir muito além ao falar sobre o polêmico assunto. O psolista, em entrevista concedida ao LeiaJá, defendeu a legalização no Brasil de todas as drogas existentes, bem como a regulamentação para o uso.

Ivan disse que o álcool e o cigarro também causam prejuízos para a saúde, mas que o Estado tem ações para "redução de danos" e outras educativas de forma que as pessoas possam conhecer os riscos dessas substâncias. "Se a maconha e as outras drogas tivessem regulamentadas no Brasil hoje, a gente não tinha tanta gente presa e sendo assassinada. A gente não tinha tanta gente sofrendo as consequências de terem relacionamentos problemáticos com as drogas".

##RECOMENDA##

"Porque a gente investiria esse dinheiro, que são milhões que são investidos com polícia, com prisão, com Ministério Público e com todo esse equipamento do Estado que está dedicado a coibir esse crime e esse recurso poderia estar sendo utilizado em ações de prevenção de danos para que a relação da nossa sociedade com as drogas seja como um todo menos problemática de forma que a gente mate menos gente, para que se prenda menos gente e para que possamos acolher mais pessoas", complementou o argumento.

Para Ivan, o caminho da proibição das drogas faliu. "As drogas não eram proibidas no Brasil e o resultado da proibição é muito parecido com o da proibição do álcool nos Estados Unidos na década de 20. Há quase 100 anos no Brasil, desde a década de 30, que a gente tentou pela via da proibição e faliu. A proibição só serviu para encarcerar a juventude negra e matar gente e para isso eu não posso ser a favor. O caminho da proibição faliu e a gente precisa tentar outro caminho".

Ainda de acordo com o vereador, se as substâncias ilícitas fossem liberadas, haveria uma redução da criminalidade. "Eu acredito que se a gente regulamenta esse mercado, tiraríamos o controle desse mercado do crime, ou seja, a gente combateria o crime. Proibir não deu certo porque as pessoas estão usando cada vez mais dentro e fora da cadeia. As pessoas estão morrendo assassinadas", repetiu.

Para as pessoas que são contra a sua opinião, Ivan Moraes faz uma indagação: "qual a estratégia usada da sociedade ara que as pessoas não usem drogas?".  Aos que não concordam com a legalização e regulamentação, ele pede ao menos por um diálogo para que os cidadãos possam reconhecerem os riscos de usarem drogas e, dessa forma, possam consumir menos ou com mais responsabilidade. 

Esconder o debate, na sua avaliação, é pior. "Não é defender o 'use drogas' e sim ver que elas existem desde que a humanidade existe. A relação nossa com as drogas é problemática quanto sociedade. Como é que a gente faz para resolver isso. Acho que a discussão é por aí ", deixou a reflexão.

Nos últimos seis meses da 54ª e 55ª legislaturas do Senado e da Câmara Federal, respectivamente, alguns assuntos vistos como “polêmicos” pela sociedade foram alvo de debates, como a redução da maioridade penal, por exemplo. Além das discussões fervorosas que levaram os parlamentares a embates no Congresso Nacional, o assunto também movimentou as ruas do Recife com manifestações. Para saber mais sobre a opinião das pessoas, o Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), por meio de pesquisa encomendada pelo Portal LeiaJá em parceria com o Jornal do Commercio, entrevistou moradores da capital pernambucana sobre vários aspectos e constatou que união homoafetiva, pena de morte, aborto e privatizações, entre outros, são aspectos que divergem opiniões.

A pesquisa realizada no mês de julho colheu informações de pessoas com 16 anos, ou mais, residentes na área de abrangência do Recife. Na amostra, 76,9% dos entrevistados alegaram ser favoráveis à redução da maioridade penal, contra 22% que afirmaram não ser, e outras 1,1% não se posicionaram. Voltando um pouco no tempo, quando as mesmas pessoas foram indagadas se no passado concordavam com a proposta, os percentuais foram diminuídos e 58,9% responderam sim, 39,5% não e 1,6% não opinaram.

##RECOMENDA##

Diferentemente da redução da maioridade penal, a pena de morte teve alternâncias mais amplas em relação aos dados atuais e os mais antigos. Sobre o assunto, 57,6% dos participantes se colocaram como favoráveis, 41,8% discordantes e 0,6% não responderam. No entanto, quando a pesquisa pergunta se no passado as pessoas pensavam da mesma maneira que hoje, os dados são invertidos e a maioria (57,1%) não concordava com a pena de morte, 42,3% optavam pela penalidade e outros 0,6% não opinaram.

Para o doutor em ciência política e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Adriano Oliveira, os percentuais favoráveis à redução da maioridade penal e à pena de morte são em virtude da insegurança da sociedade. “Tanto na pena de morte, quanto na redução da maioridade, a percepção de insegurança e de violência podem ter proporcionado isso”, avaliou. 

Já de acordo com o professor do Grupo Ser Educacional, doutor em sociologia e mestre em direitos humanos, Wagner Arandas, as pessoas tendem a ficar mais afetadas por aquilo que permeia seu universo. “Antigamente, a gente não tinha acesso a informações com a censura da imprensa na época da ditadura. A partir do momento que a imprensa passa a mostrar esse papel e mostrar essa violência, isso acaba trazendo uma realidade. Mas, na verdade, eu acabo tendo uma percepção maior da violência em virtude das atrocidades. Por isso, as pessoas acabam ficando mais rigorosas acreditando que a forma de punição que nós temos é mais branda. E essa sensação de punição rigorosa está relacionada à proximidade da violência”, analisou o doutor.

Ainda sobre a redução da maioridade penal, o mestre em direitos humanos exemplificou algumas opiniões de seus alunos. “Aferindo muito dentro de nosso público de estudantes, para o aluno, ele tem aquele consenso: 'eu sou responsável pelos meus atos, porém, tendo 18 anos, se eu fizer uma besteira eu tenho que pagar. O adolescente com 16 ou 17 anos também não tem consciência do que faz? Então, tem que ser punido'. Ele compara a postura dele com aquilo que deve submeter e confronta a mesma responsabilidade com o outro”, destacou.

Em relação à pena de morte, Arandas acredita que a proporção do crime afeta na escolha da punição. “A perversidade do fato influencia no censo de punição pela sociedade. Tudo o que a sociedade admite como algo inadmissível eles pensam numa pena mais rigorosa”, esclareceu. 

Outro assunto também com maiores percentuais contrários foi à união homoafetiva. Do total de pessoas que participaram da pesquisa, 60,6% disseram não ser a favor, 36,7% responderam sim e 2,7% não responderam. Quando questionadas se no passado elas pensavam da mesma forma, os dados negativos aumentaram e 70,6% garantiram não concordar com a união homoafetiva, 26,8% alegaram aceitar e 2,5% não se posicionaram.

Entre todos os assuntos avaliados, o aborto, a legalização das drogas e às privatizações foram os que mais se aproximaram nos dados tanto numa análise atual como numa mais antiga. De todos os recifenses entrevistados 91% garantiram não ser favoráveis ao aborto, 8% disseram que seriam e 1% não opinaram. Já quando o IPMN questionou se o posicionamento era o mesmo de que no passado a diferença foi mínima: 92,7% disseram não concordar, 6,3% foram favoráveis e o mesmo 1% não se posicionaram.

Semelhantemente ocorreu com a legalização das drogas, atingindo um percentual de 85,2% das pessoas contrárias, 14,3% favoráveis e 0,5% não opinaram. Questionados se no passado os entrevistados eram favoráveis ao mesmo assunto, os dados foram bem parecidos: 89% responderam não, 10,5% sim e 0,5% não souberam responder.

Com a indagação “Você é favorável às privatizações?”, 71,2% dos entrevistados disseram não, 22,2% alegaram que sim e 6,6% não se posicionaram. Quando a pergunta se referiu ao passado 74,6% garantiram ser contrários, 18,8% favoráveis e 6,6% não responderam.

Segundo o doutor em sociologia, esses assuntos muitas vezes tocam com a visão que as pessoas têm em relação à moral. “Em uma pesquisa recente percebi que entre as instituições que as pessoas mais confiam estão a igreja, as Forças Armadas, entre outras. Vamos observar que mais ou menos aquilo que estão sendo bem visto é aquilo que a população acaba tendo uma visão também como algo que não deve ser feito. O aborto que tem todo aquele apelo à vocação da vida é sempre mau visto pelas religiões cristãs, e como essas são instituições que as pessoas mais confiam, acabam influenciando a moral. De acordo com pensadores sociólogos, entende-se que essa formação da moral influencia no cotidiano das pessoas e na opinião também”, explicou Wagner Arandas.

O Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau conversou com 622 pessoas no Recife entre os dias 21 e 22 de julho. O nível de confiança da pesquisa é de 95% e a margem de erro é estimada de quatro pontos percentuais para mais ou menos.

[@#galeria#@]

O senador Magno Malta (PR-ES) disse, nesta segunda-feira (13), ter o apoio dos integrantes da Frente Parlamentar Mista da Família - segundo ele, com cerca de 75 senadores e 400 deputados federais - para a instalação da Frente Parlamentar Mista Contra a Legalização das Drogas no Brasil. Ele fez o anúncio durante a sexta audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) sobre a legalização do uso de maconha para fins terapêutico e recreativo.

"A partir dessa Frente vamos aprofundar o debate e não vamos aprovar (o projeto) a toque de caixa, pois estão querendo aproveitar o viés medicinal para liberar a maconha no Brasil", sustentou o parlamentar, que revelou ter sido usuário de maconha na juventude.

##RECOMENDA##

Magno Malta também encaminhou à comissão uma cópia de vídeo do YouTube, com quase meia hora de duração, que mostra um grupo discutindo uma estratégia para legalização do uso de maconha no país. Segundo o republicano, seus integrantes teriam concluído ser melhor abandonar o projeto de lei do deputado federal Jean Willys (PSOL-RJ), que regulamenta o uso recreativo da maconha, e apoiar a bandeira da legalização para uso medicinal.

"Esse seria o caminho para a liberação geral do consumo da substância", frisou o senador.

*Com informações da Agência Senado

O papa Francisco se pronunciou com firmeza nesta sexta-feira (20) contra a legalização das drogas, inclusive as consideradas leves, um tema atual em vários países da América Latina e nos Estados Unidos. "A droga não é vencida com a droga", assegurou o papa argentino ante os participantes de uma conferência internacional sobre o narcotráfico que se celebra em Roma.

"Não a todo tipo de droga, sobre isso não podem existir compromissos", acrescentou o papa, ao condenar indiretamente a experiência uruguaia de legalizar a produção e a venda de maconha.

"As legalizações das drogas leves, quanto menos discutíveis em nível legislativo, não produzem os efeitos pré-fixados e as drogas substitutivas não são uma terapia suficiente e sim um modo velado para render-se ao fenômeno", enfatizou o pontífice argentino.

Para o chefe da Igreja católica, para lutar contra esse flagelo "é necessário dizer sim à vida, sim ao amor, sim aos outros, sim à educação, sim ao esporte, sim ao trabalho, sim a mais fontes de trabalho", afirmou. "Se estes sim se concretizarem, não há lugar para as drogas, para o abuso de álcool nem para as outras dependências", continuou.

O Papa também criticou o uso paliativo de "psicofármacos" em pessoas que continuam consumindo drogas e advertiu sobre os perigos que esse mercado alimenta e, por isso, pediu novas políticas para resolver o problema.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando