Tópicos | Lista de Janot

Citado entre os 83 políticos alvos dos pedidos de abertura de inquérito encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), afirmou em nota que “de acordo com a legislação eleitoral”, solicitou doações de campanhas a diversas empresas, “inclusive a Odebrecht, como já foi anteriormente noticiado”.

“O sistema democrático vigente estabelecia a participação de instituições privadas por meio de doações. Mantive uma relação institucional com todas essas empresas", declara o texto encaminhado pelo tucano à imprensa. Bruno Araújo não é o único ministro do governo do presidente Michel Temer (PMDB) que integra a listagem. Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Gilberto Kassab (Ciências, Tecnologia e Comunicações) e Aloysio Nunes (Relações Exteriores) também estão no documento. 

##RECOMENDA##

O tucano Aloysio Nunes também disse que seus advogados foram acionados desde a manhã da última segunda-feira (13) para requererem “acesso ao conteúdo da delação da Odebrecht naquilo que poderia dizer-lhe respeito. E não vai se pronunciar sobre suposta menção ao seu nome até ter conhecimento do teor do documento”. Padilha e Moreira Franco também já disseram que, por enquanto, não irão falar sobre os inquéritos.

A divulgação oficial dos políticos alvos dos pedidos de inquérito só será conhecida a partir do momento em que o relator da Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin, quebre o sigilo do material. Os pedidos são baseados nas delações dos 78 executivos da Odebrecht e Janot já solicitou a quebra do sigilo. 

A expectativa pela lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com pedidos para a abertura de inquéritos contra cerca de 80 políticos - entre membros do governo Michel Temer (PMDB), deputados, senadores e até ministros do Tribunal de Contas da União - tem gerado uma articulação entre os parlamentares para minimizar a ofensiva. Com as informações de que o documento deve nivelar o envolvimento de diversos partidos, parlamentares traçaram estratégias para reduzir o dano. Entre elas, uma nova anistia ao “caixa dois” e uma investida contra o PT.

Segundo o deputado federal Ivan Valente (PSOL-RJ), a tese de absolvição a práticas anteriores de “caixa dois” ganhou um fôlego a mais após as declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. O magistrado disse que “corrupção pressupõe ato de ofício, então alguém pode fazer doação [por caixa dois] sem ser corrupção” e ponderou que o “caixa dois tem que ser desmistificado e não significa um quadro de abuso de poder econômico”. 

##RECOMENDA##

“Maioria do Congresso Nacional articula de novo anistia a caixa 2 em reação a segunda lista de Janot. A bancada do PSOL é contra!A tese de anistia ao Caixa 2 ganhou mais força com as declarações de Gilmar Mendes, FHC e Aécio. É preciso barrar mais essa manobra”, declarou Ivan Valente. 

De acordo com a Coluna Painel, do jornal Folha de São Paulo, desta segunda-feira (13), o PSDB e PMDB querem convencer que “seus pecados estão restritos ao caixa dois e vão tratar o PT como a única sigla que tem o CNPJ em apuração criminal”.

Os 80 nomes previstos no documento são mencionados em delações da Lava Jato e estão envolvidos, de alguma forma, com o esquema de corrupção que tem como principal vetor a Petrobras. A lista deve ser entregue nesta segunda (13) ou terça-feira (14) ao STF. Janot tem como base as delações dos 78 executivos da Odebrecht e o último ano de etapas da operação. 

Incluso na lista de parlamentares que serão investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto envolvimento com desvio de dinheiro da Petrobras, o senador Humberto Costa (PT-PT) negou as acusações e disse estar vítima de uma “profunda injustiça em processo no qual não tem a ver”. “Jamais os mandatos que exerci e os cargos que ocupei foram desonrados por comportamentos incompatíveis com a retidão pela qual sempre pautei o exercício da minha atividade política”, frisou ele, durante pronunciamento no Senado.

Costa acusou a imprensa de divulgar a abertura de inquérito como se fosse uma condenação. “Estou sendo exposto ao espancamento público e ao tribunal da culpa prévia”.

##RECOMENDA##

O petista disse também que a peça jurídica entregue pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF é baseada em elementos frágeis e não sustenta as acusações por conterem, inclusive, contradições entre os depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Youssef. “Paulo Roberto diz que determinou a Alberto Yousseff que ele disponibilizasse recursos para a minha campanha, mas não sabe se Youssef fez. Já Youssef diz que isso nunca lhe chegou, que nada dessa natureza passou por ele, que foi um engano de Paulo Roberto”, frisou.

Humberto também citou referências, no processo, de que ele teria usado o cargo no Senado, em 2010, para pressionar Paulo Roberto a fazer a transferência de recursos para a campanha. “Na época eu era apenas um candidato para tentar uma vaga para este Senado. Como é que a PGR diz, no pedido que fundamenta a abertura de inquérito, que essa suposta doação tinha estreita relação com o cargo ocupado por mim de senador da República e líder do PT no Senado? Em 2010, eu nem mandato eletivo tinha”, disse.

Para o parlamentar, o pedido de abertura de inquérito foi fruto da pressão imposta pela mídia sobre a PGR para que os nomes dos envolvidos com o suposto desvio de dinheiro fossem apresentados. “No meio desse espetáculo de incoerências e contradições, de conflitos gritantes entre os depoimentos dos dois réus que fulminam completamente essa informação de doação de recursos, parece inconcebível que alguém tenha encontrado elementos para a abertura de inquérito”, salientou.

Ele admitiu já ter tido encontros com o então diretor de Abastecimento da Petrobras, junto a outras autoridades de Pernambuco, mas apenas para tratar de questões de interesse do Estados. “Todos estávamos envolvidos nos esforços para a instalação da Refinaria Abreu e Lima, do polo petroquímico, da fábrica de PET, obras de imensa envergadura para o Estado”, justificou. “Jamais houve qualquer relação minha com o senhor Paulo Roberto que não fosse pública e institucional”, pontuou. Ele também disse não conhecer Alberto Youssef.

O senador disse ainda que respeita o trabalho de Rodrigo Janot, mas pediu que ele apressasse esse inquérito. “Faça com que ele ande nesses 30 dias que Vossa Excelência deu, para que em 30 dias eu possa dizer ao povo brasileiro e ao povo do meu estado que fui inocentado”. Humberto frisou que irá acompanhar o processo e que será inocentado novamente como ocorreu na Operação Vampiro. “Pela segunda vez na minha história, sou submetido à tortura pública de responder por algo alheio aos meus atos. De 2006 a 2010, fui submetido a todo tipo de linchamento moral e acusações torpes, minha honra foi atacada, macularam minha vida pública para, ao final, o mesmo MP que havia me denunciado pedir a Justiça Federal a minha absolvição”, finalizou.

Ao final do discurso, o também senador Pernambuco Fernando Bezerra Coelho (PSB) manifestou apoio e confiança na inocência de Humberto Costa. “Vossa Excelência tem a trajetória reta, limpa. Tenho certeza de que, ao final dessas investigações, Vossa Excelência vai provar a sua seriedade, seu correção, sua probidade, com a qual Vossa Excelência abraça as causas justas pelo povo de Pernambuco e do Brasil”.

 

Não dá para deixar de associar o maior escândalo do País – a operação Lava Jato – ao Governo. Isso não significa dizer que a presidente Dilma está diretamente envolvida ou foi um pecado capital seu nome não aparecer na lista de Janot. O Governo está comprometido porque a lista de suspeitos passa por gabinetes influentes e poderosos da Esplanada, do Palácio do Planalto e do Congresso.

Envolve políticos de cinco partidos – PMDB (7), PP (32), PSDB (1), PTB (1) e o PT, partido que está no poder, oito. Rodrigo Janot, procurador-geral da República, pediu abertura de inquérito por ter encontrado indícios de crime de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas. O envolvimento dos políticos com mandato se deu nas delações do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.

E também nas delações do doleiro Alberto Youssef. Quem se beneficiou do dinheiro desviado na Petrobras vai ter de se explicar, inclusive pessoas bem próximas a presidente Dilma e ao ex-presidente Lula. Dilma não teve seu nome citado, mas procuradores já consideram a possibilidade de pedir ao ministro Teori Zavascki, relator do caso no STF, autorização para tomar o depoimento da presidente.

Tudo porque, em uma das peças enviadas ao STF, o procurador-geral cita nominalmente um trecho da relação premiada, do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em que afirma que, em 2010, o então coordenador da campanha de Dilma, Antônio Palocci, que aparece na lista, pediu dinheiro do esquema para pagar despesas do comitê da petista.

Paulo Roberto, em seu depoimento, revela que autorizou o doleiro Alberto Youssef a repassar R$ 2 milhões para a campanha de Dilma em 2010. Dilma não foi citada porque há um artigo da Constituição no qual se lê que o presidente da República, na vigência do mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício das suas funções.

Na fase de investigação, outros políticos podem ser incluídos ou apenas convocados a depor, até mesmo a presidente Dilma, mediante autorização do relator Zavascki. A presidente tem imunidade temporária. Ela só pode ser processada por fatos atinentes ao seu mandato.

Isso, porém, não significa uma declaração de inocência. Ela poderá ser investigada e denunciada ao fim do mandato, ou antes, caso se comprove que usou o cargo para beneficiar a quadrilha ou recebeu vantagem. Quanto ao ex-presidente Lula, caso os investigadores decidam investigá-lo, a apuração se dará no âmbito da Operação Lava Jato no Paraná, já que ele não tem mais direito a foro privilegiado.

SEM PRISÃO– Nenhum político com mandato que aparece na lista pode ter prisão preventiva decretada. A Constituição diz que parlamentares só podem ser presos se condenados ou flagrados em crimes inafiançáveis. Quanto a governadores e presidente, só depois de sentenciados. Assim, eventuais prisões preventivas só poderão ser decretadas para políticos sem mandato ou ministros.

Empreiteiros na corda bambaDiferentemente dos políticos com mandato, os empreiteiros envolvidos na operação Lava Jato poderão ser objeto de um julgamento muito mais rápido. Até porque eles já estão presos e neste caso os processos ganham prioridade na Justiça, isso sem esquecer que já se enquadram como réus.

Delação de políticosOs políticos que serão investigados também podem recorrer aos pedidos de relação premiada. A única diferença é que terão que negociar o acordo diretamente com a Procuradoria Geral da República e não com o Ministério Público Federal. Há quem diga, entretanto, que ao firmarem o pacto assumem um risco maior de ter o mandato cassado, na medida em que reconhecem ter cometido o delito.

Mais agilidadeO julgamento dos políticos envolvidos não se dará no plenário do STF, como no mensalão. Tudo porque uma mudança no regimento do STF em 2014 transferiu para as turmas de ministros a competência de julgar crimes comuns de parlamentares. Os processos da Lava Jato estão a cargo dos ministros Teori Zavascki, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Celso de Mello.

No fundo do poçoO governador de Minas, Fernando Pimentel, recebeu uma pesquisa encomendada ao Vox Populi em seu Estado que é desastrosa para a presidente Dilma. Feita apenas em Minas, onde ela venceu a eleição passada, mostra que 62% dos mineiros consideram seu governo ruim ou péssimo. Já o próprio Planalto tem pesquisas que jogam Dilma em patamares de impopularidade nunca vistos, segundo a revista Veja.

CURTAS

ENCONTRO– De volta a Pernambuco desde ontem, depois de uma temporada no México, o governador Paulo Câmara (PSB) retoma a rotina, hoje, com a expectativa de ir a Brasília para o encontro dos governadores do Nordeste com a presidente Dilma. A Casa Civil deve anunciar hoje a data da reunião.

PÉ NA ESTDADA De olho no Palácio das Princesas em 2018, o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) vai acompanhar de perto a primeira etapa do seminário “Todos por Pernambuco”, que começa na próxima sexta-feira por Araripina, no sábado se estende para Petrolina e no domingo Salgueiro.

Perguntar não ofende: Dilma está disposta a receber os governadores do Nordeste?

O vice-governador da Bahia, João Leão (PP), que consta da lista do Superior Tribunal Federal, com nomes de políticos envolvidos em inquéritos relativos à Operação Lava Jato, publicou uma nota em sua conta no Facebook na qual se diz triste e surpreso, mas ao mesmo tempo forte para iniciar a luta e provar sua inocência.

Veja a íntegra da nota do Facebook:

##RECOMENDA##

"Ao longo de 28 anos de vida pública, posso afirmar que este é um dos momentos mais espinhosos. Estou triste, estou surpreso e ao mesmo tempo forte para iniciar esta luta: sou inocente e vou provar. Eu acredito em Deus e na Justiça. Tenho a mais absoluta certeza de que a verdade vai aparecer e todos os fatos serão esclarecidos de forma transparente. De que cabeça erguida, com o apoio dos amigos, da família e do povo, continuarei trabalhando em defesa da Bahia e do Brasil."

No fim da noite de ontem, Leão, que responderá por formação de quadrilha e corrupção, distribuiu outra nota na qual disse estar "cagando e andando" em relação ao caso e afirmando que estará em Brasília na próxima segunda-feira para saber porque foi incluído na lista de investigados.

Veja a nota:

"Não sei porque meu nome saiu. Nem conhecia esse povo. Acredito que pode ter sido por ter recebido recursos em 2010 das empresas que estão envolvidas na operação. Mas, botar meu nome numa zorra dessas? Não entendo. O que pode ser feito é esperar ser citado e me defender. Estou cagando e andando, no bom português, na cabeça desses cornos todos. Sou um cara sério, bato no meu peito e não tenho culpa. Segunda-feira vou para Brasília saber porque estou envolvido .... Recebi recursos da OAS em 2010, mas quem recebeu recursos legais, na conta legal, tem culpa?".

Durante toda essa semana, o meio político aguardou a divulgação da lista com os nomes dos  indiciados na Operação Lava Jato da Polícia Federal. O documento foi entregue pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), na última terça-feira (3), e divulgado nesta sexta-feira (6). Sob clima de tensão, a presidente Dilma Rousseff reuniu-se com ministros.

Paralelamente, a relação entre o PT e PMDB continuou estremecida, com constantes embates, embora a presidente tenha tentado uma reaproximação ao se comprometer em ouvir mais o PMDB nas decisões do Executivo Federal. No Congresso, o governo sofreu mais uma derrota, com a aprovação, pelo Senado, da chamada PEC da Bengala, que eleva de 70 para 75 anos a aposentadoria compulsória dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), de tribunais superiores e dos componentes do Tribunal de Contas da União (TCU).

##RECOMENDA##

O Senado também aprovou, nesta semana, o primeiro projeto relacionado à reforma política. O Projeto de Lei Complementar (PLC) 4/2015, enviado pela Câmara, estabelece que partidos políticos com menos de cinco anos de criação não podem fazer fusões com outras legendas. Na Câmara, a Mesa Diretora voltou atrás sobre o ato que permitiria o uso da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar para custear passagens de cônjuges no trajeto entre o estado de origem e Brasília. O recurso voltou a ser permitido apenas para a emissão de bilhetes aéreos para os deputados e assessores de gabinete.

Enquanto isso, a CPI da Petrobras deu início aos trabalhos e aprovou os primeiros convocados a prestar depoimentos ao colegiado. Na lista estão os ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli e Graça Foster; a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard; o doleiro Alberto Youssef; o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa; e o ex-gerente executivo de Engenharia da Petrobras, Pedro Barusco. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que está à disposição para prestar qualquer esclarecimento a respeito do suposto envolvimento de seu nome nas investigações da Operação Lava Jato.

Na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), a Mesa Diretora aprovou o requerimento para a criação da Frente LGBT na Casa. Agora o assunto segue para a análise em plenário e para ser aprovado o documento necessita do voto de 25 dos 49 deputados. O deputado estadual André Ferreira (PMDB) prometeu que vai lutar contra a criação da Frente. Em nota, ele disse que não faz sentido criar um grupo para tratar de um assunto pertinente à Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras vai pedir ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o acesso à lista com os nomes dos 54 indiciados na Operação Lava Jato da Polícia Federal. O documento foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), na última terça-feira (3).

A solicitação consta em um dos 109 requerimentos aprovados nessa quinta (5) pela comissão. O primeiro aprovado foi referente à convocação do ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, cujo depoimento está previsto para terça-feira (10). Como o ex-gerente está em regime de prisão domiciliar, a sua ida à CPI depende de autorização judicial.

##RECOMENDA##

A CPI aprovou a convocação dos ex-presidentes da Petrobras, Graça Foster e Sérgio Gabrielli; dos ex-diretores de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, da Área Internacional, Nestor Cerveró, de Serviços, Renato Duque; da diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Magda Chambriard e do doleiro Alberto Youssef.

O presidente da SBM Offshore no Brasil, Phillippe Levy também será chamado a depor. A empresa holandesa é investigada pelo pagamento de propina aos ex-diretores da estatal, entre eles está Barusco que, em delação premiada, disse que recebeu mais de U$ 20 milhões de propina da empresa. O ex-diretor afirmou, que o pagamento por parte da SMB começou em 1997, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

As convocações fazem parte dos 43 requerimentos listados pelo relator Luiz Sérgio, constantes no plano de trabalho que norteará os trabalhos da CPI. O presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB) informou que os trabalhos serão divididos em reuniões para as oitivas, deliberação de requerimentos e análise da documentação. Ontem, a CPI recebeu 334 requerimentos que devem ser apreciados na próxima quinta-feira (12).

Brasília vive uma terrível crise, de natureza política e moral. Entrando para o terceiro mês do seu segundo mandato, a presidente Dilma não governa, está acuada, tem uma equipe amadora no comando da política. Nem a liberação da “lista de Janot”, que não tem ainda os nomes por causa do segredo de justiça, trouxe o alívio político.

A impressão é que serviu para agravar ainda mais a crise. Achando que seu nome apareceu na lista por arte do “fogo amigo”, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), teve um chilique, manifestado no gesto de devolver a chamada MP da Desoneração, que aumenta a carga tributária das empresas.

Para quem esteve com Renan, ele quis mandar o seguinte recado: se a presidente acha que poderá escapar de danos do escândalo Lava Jato, transferindo parte do desgaste para o Congresso, o tiro por sair pela culatra, porque o PMDB, o mais atingido, pode reforçar a oposição ao governo.

Segundo maior partido da base, o PMDB foi atingido mortalmente, com a inclusão dos dois dirigentes das Casas Legislativas: Eduardo Cunha (PMDB-RJ), da Câmara, e Renan, do Senado. Há quem diga que os oposicionistas têm interesse em enfraquecer Dilma com a intenção de minar uma eventual candidatura de Lula em 2018.

Isso ficou muito claro com o entusiasmo juvenil em cima da decisão de Renan. Até então um aliado poderoso, o presidente do Senado se afasta do Governo em consequência dos efeitos da lista Janot. Mas diz que o senador já estava contrariado com o governo por outras questões, como o poder sobre o Ministério do Turismo e a relação ruim com o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil).

Como não houve uma divulgação oficial dos nomes da lista de Janot, que traz 54 políticos e o pedido de abertura de inquérito para investigar 28 do total, não dá ainda para medir a dimensão exata do efeito político. Pedidos de abertura de inquérito significam que o procurador-geral da República quer investigar mais.

Assim, Janot vê fragilidade no trabalho feito pelo juiz Sérgio Moro e os investigadores em Curitiba e avalia como necessário ter mais material para solicitar abertura de processos. A partir de agora, os nomes da lista serão mais investigados e poderão responder a uma futura ação penal.

Todos têm direito de defesa e não podem ser considerados culpados. Mas o aperitivo da lista que já vazou mostra potencial de agravamento da crise do ponto de vista político, porque pode tirar o PMDB da base do Governo, potencializando a oposição, que anda mais animada.

A reação do Renan e eventuais atitudes duras futuras de outros citados na lista têm de ser vistas como tentativas de salvar a própria pele usando o poder que possuem em suas mãos. Isso está sendo interpretado como chantagem política, para não classificar de abuso.

Afinal, Dilma não controla o procurador-geral da República nem o Supremo Tribunal Federal. A Polícia Federal tem agido com liberdade. O próprio senador Renan falou em independência de poderes ao rejeitar a MP da Desoneração. Por essa independência, Dilma não teria o que fazer em relação a Janot e ao STF.

DIFICULDADES– Cresceu a dificuldade para o governo aprovar medidas econômicas no Congresso na tentativa de recuperar a economia. A presidente já transformou em projeto de lei a MP rejeitada por Renan e pede para ser avaliado em regime de urgência urgentíssima, repetindo o teor da MP da Desoneração. Mas isso não mudou um milímetro a resistência ao contrário da sua própria base, incluindo o próprio PT.

Aberta a polêmicaAutor do projeto que cria o Estatuto da Família, o deputado Anderson Ferreira (PR) garante que haverá um amplo debate na comissão especial que trata do assunto, incluindo todos os segmentos da sociedade, inclusive os movimentos preocupados que a proposta proíba a adoção de crianças por casais homossexuais. “Estamos abertos ao diálogo”, diz.

Pela tangenteEm entrevista ao Frente a Frente, ontem, o senador Fernando Bezerra Coelho foi forçado a tratar de 2018, mas negou que já esteja em campanha para governador. “Sou candidato a fazer um grande mandato aqui no Congresso e ninguém vai me impedir de continuar andando e trabalhando em favor do Estado”, afirmou, saindo pela tangente.

Vingança malignaConvencido de que a inclusão do seu nome na lista de Janot seja objeto de uma manobra do Palácio do Planalto, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), promete vingança. Aos aliados, diz que virá na CPI da Petrobras, que tem como presidente seu aliado Hugo Motta (PMDB-PB).

Candidato palacianoNa frente de todas as pesquisas de intenção de voto para prefeito do Cabo, como do Instituto Plural, na qual aparece com 47%, o deputado Lula Cabral (PSB) é o candidato que terá o apoio do governador Paulo Câmara, conforme avalia a bancada federal do PSB. Embora animado, Lula diz que só fala em candidatura no momento certo.

CURTAS

CONSELHEIROS– Em audiência, ontem, com a ministra de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, o deputado Zeca Cavalcanti (PTB) conseguiu a garantia de melhores condições de trabalho para o Conselho Tutelar de Poção, onde ocorreu o assassinato de três conselheiros tutelares e de mais uma pessoa envolvida da chacina. Zeca esteve na audiência acompanhado do prefeito, o Padre Cazuza.

REAÇÃO Ainda não divulgada, embora já entregue pelo procurador-geral da República, a lista dos políticos envolvidos na operação Lava Jato tem chegado muita gente com os nervos à flor da pele. “A minha consciência é tranquila. Nunca participei de nenhum processo de licitação, de corrupção, estou tranquilo", reagiu o líder do PT no Senado, Humberto Costa, sobre rumores de que seu nome teria sido incluído.

Perguntar não ofende: Quais são os pontos da reforma política que serão consensuais na reunião da executiva nacional do PSB hoje em Brasília?

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMBD -RJ), voltou a negar, nesta quarta-feira (4), ter sido avisado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que ele estaria na lista de políticos suspeitos de terem sido beneficiados pelo esquema de desvio de recursos da Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal.

“Não fui avisado. Esse fato é mentiroso, já admiti. Não tem qualquer fundamento, não recebi qualquer aviso de quem quer que seja. Até agora transformaram a mentira do aviso na especulação da matéria. Não conheço o conteúdo, não preciso comentar especulação", frisou em entrevista coletiva ao chegar na Câmara. "Não tenho absolutamente nada a temer. Investiguem o que tiver de investigar. Eu quero conhecer o conteúdo para poder falar. Isso me parece, na minha visão, mais uma alopragem”, disparou acrescentando.

##RECOMENDA##

Informações divulgadas pela imprensa, nessa terça-feira (3), afirmam que Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), teriam sido informados que estariam na lista de Janot a ser entregue ao ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

*Com informações da Agência Câmara.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando