É fato que o Brasil não vive bem no cenário político e nem muito menos no contexto econômico. Aspectos que impedem muita gente de consumir, desfrutar de lazeres, viajar… Fazer um intercâmbio, para alguns, é totalmente fora de cogitação. Entretanto, a ida ao exterior pode representar ganho financeiro e qualificação profissional para o cidadão brasileiro. E opções para isso não faltam. Mas o que existe é o medo das pessoas arriscarem e buscarem no exterior a oportunidade de alavancar a conta bancária.
Entre os brasileiros que vislumbram a possibilidade de melhora através de um intercâmbio, existe uma forte prova de que é possível ascender profissionalmente fora do País. É inegável que para isso é necessário um investimento, levando o público a pensar com mais atenção na possibilidade de aplicar dinheiro em um intercâmbio. Reiterando a importância de se qualificar no exterior, uma pesquisa divulgada recentemente pela agência S7 Study, mostra que a procura por College – o equivalente a um curso técnico ou especialização no Brasil – cresceu 30% entre os brasileiros.
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De acordo com o sócio diretor da agência, Cristiano Simões, ao se planejar financeiramente para um intercâmbio, o viajante tem um retorno positivo em sua formação, que o coloca com mais qualidades para a disputa de vagas no mercado de trabalho. Simões ainda esclarece que existe a possibilidade da capacitação ser realizada em paralelo a um trabalho assalariado. “Após o final do curso é possível ganhar mais dois anos de permanência com visto para trabalhar. Colocando na ponta do lápis, o curso, que custa cerca de R$ 50 mil por ano, pode ser pago somente com o rendimento do trabalho no exterior. O College também é um dos melhores caminhos para a emigração, que é cada vez mais procurada entre os brasileiros”, complementa o sócio diretor, conforme informações da assessoria de imprensa.
Dicas de uma especialista
Gerente da Student Travel Bureau (STB) no Recife, a autora do livro “Intercâmbio de A a Z”, Marina Motta, deu dicas importantes para o leitor do LeiaJá. Marina, que também é especialista em educação internacional, defende a ideia de que é exatamente em momentos de crise que fazer um intercâmbio pode ser o caminho para o êxito ou retomada do sucesso. Confira as respostas da entrevista exclusiva nos tópicos a seguir:
1 – Justificativas para fazer intercâmbios em época de crise no Brasil
É um grande engano achar que a aparente crise não é um momento de investimento em educação e cultura. É exatamente neste momento em que os mais preparados terão maiores perspectivas e oportunidades em detrimento daqueles com currículo menos competitivos. A boa notícia é que nunca é tarde para buscar esse diferencial pois existem intercâmbios para todas as idades e para todos os bolsos e perfis.
De fato, os programas de intercambio - que permitem o trabalho legal remunerado - voltados para maiores de 18 anos são uma excelente opção para tornar a viagem mais viável financeiramente e o intercambista voltar com uma experiência profissional no exterior na bagagem. Além disso, ter trabalhado (e não somente estudado) durante o intercâmbio pode ser um diferencial na reintegração deste profissional no retorno ao Brasil e permitie um upgrade de salário e posição em sua carreira. Neste contexto, a ajuda de uma agência de intercâmbio especializada é recomendada. Conversar com quem já foi também é uma ótima opção. Além disso hoje, muitas dúvidas podem ser sanadas na internet em sites e blogs que informam sobre programas, países e organismos internacionais que possibilitam esse tipo de vivencia.
2 – Opções de intercâmbio para estudo e trabalho
a) Work & Travel:
Esse é um programa de trabalho remunerado nos EUA que se realiza durante as férias de final de ano e é regulamentado pelo governo norte-americano. Assim, jovens universitários com nível de inglês intermediário e na faixa etária entre 18 e 28 anos podem vivenciar uma experiência profissional internacional. O recrutamento é realizado pelos empregadores ou pela organização norte-americana em feiras de recrutamento, ou ainda mediante análise do currículo dos participantes e entrevistas por telefone ou através do Skype. Os participantes que conseguem vaga têm ainda de se submeter a uma entrevista no Consulado Norte-Americano levando o documento DS-2019, para solicitar o visto J1 – Work & Travel.
É importante esclarecer que todas as ofertas de emprego são em áreas operacionais e não têm, necessariamente, relação com a área de estudo do participante no Brasil, visto que a grande maioria das posições é na área de turismo e hotelaria. Dessa forma, um estudante de medicina, por exemplo, pode trabalhar como garçom num restaurante.
No programa Work & Travel existe também uma modalidade chamada Self Placement, em que o estudante, por conta própria, consegue sua vaga de emprego ainda no Brasil. Isso acontece quando ele já tem oferta de emprego nos EUA e necessita da agência de intercâmbio apenas para emissão do documento DS-2019, a fim de regulamentar seu programa.
*Valor: USD 2100 + Passagem
*Salário: média de USD 12 por hora
b) Disney International College Program (ICP)
É um programa de trabalho no exterior em que a Disney contrata brasileiros (e pessoas de outras nacionalidades) para exercer atividade profissional temporariamente nos parques e hotéis de Orlando. Esse programa tem duração entre oito e dez semanas e vai de meados de novembro até o fim de janeiro ou início de fevereiro.
Pré-requisitos básicos para se candidatar ao programa:
▪ Ter no mínimo dezoito anos de idade.
▪ Falar inglês intermediário / avançado.
▪ Ser estudante universitário, matriculado em um curso reconhecido pelo MEC de no mínimo quatro anos de duração.
▪ Estar cursando entre o segundo e o penúltimo período acadêmico da Universidade.
▪ Disponibilidade financeira para custear o bilhete aéreo de ida-
-volta, seguro médico internacional e visto americano.
▪ Comparecer à palestra informativa e realizar as entrevistas.
▪ Estar apto a morar com diferentes participantes.
▪ Ser extrovertido, alegre e flexível.
Nas palestras, os candidatos serão informados de tudo que se refere ao programa, das posições de trabalho, carga horária, salário, moradia e evidentemente os custos previstos. As funções de trabalho disponibilizadas são bastante diversas: vendedor de loja (merchandise), operador de brinquedos (atractions), funcionário de limpeza (custodial), posições de cozinha e atendimento em restaurantes (food & beverage), salva-vidas (life guard) e ainda existe a possibilidade de exercer a função de “character”, ou seja, participar dos desfiles caracterizados como personagens da Disney.
*Valor: Passagem, seguro saúde e visto (aprox: USD 1800)
S*alário: média de USD 7 por hora trabalhada
c) Au Pair
Esse é um programa de trabalho remunerado, estudo e intercâmbio cultural nos Estados Unidos com duração mínima de um ano. Regulamentado pelo governo norte-americano, ele costuma ser oferecido apenas para mulheres jovens, de 18 a 26 anos.A Au Pair mora com uma família norte-americana e torna-se parte dela. Sua rotina de trabalho é de 45 horas semanais e inclui todas as atividades relacionadas a lazer, higiene e estudos, numa situação em que ela se responsabiliza por no mínimo uma e no máximo quatro crianças e cujos pré-requisitos são: ser do sexo feminino com 2º grau completo, solteira, sem filhos, com carteira de motorista, experiência comprovada de no mínimo 200 horas com crianças e nível de inglês intermediário.
Nas horas livres, ela deve estudar inglês ou outra matéria relacionada à cultura norte-americana. O programa também oferece um dia e meio de descanso por semana e férias remuneradas de duas semanas, com passagem aérea incluída (paga pela casa de família),workshop de três dias na chegada em Nova York, bolsa de estudos, assistência médica, alimentação, estadia e transporte durante todo o programa. Essa é, sem dúvida, a opção mais econômica de ficar um ano nos EUA estudando e trabalhando. Uma vez concluído o programa, a candidata tem a possibilidade de estendê-lo por mais um ano.
*Valor incluindo tudo passagem, estadia, refeições e programa: USD 700
*Salário: USD 195 por semana
3 – Países com legislações interessantes para portadores de visto
Canadá – Pessoas matriculadas em cursos de longa duração em College, faculdades e escola técnicas , podem trabalhar legalmente por meio período pela mesma duração do curso. Após completar dois anos estudando naquele país, o aluno pode também solicitar permissão de trabalho legal por um período de até três anos, e, inclusive, o visto de residência
Irlanda - A legislação permite que estrangeiro com visto de estudo trabalhe, desde que matriculado em curso de idioma com duração superior a 25 semanas. É muito comum estudantes optarem pela compra do curso de idioma no Brasil e,na chegada ao país, procurarem uma opção de trabalho quando necessitam de renda complementar ou quando pretendem praticar o idioma in loco por mais tempo.
Austrália - Existem boas perspectivas de trabalho para pessoas que estejam matriculadas num curso intensivo com duração de dezesseis semanas ou mais e com visto de estudante, pois lá é permitido, legalmente, trabalhar part time vinte horas por semana, ou seja, quatro horas por dia. O visto de entrada precisa ser solicitado previamente, ainda no Brasil, e para cursos com duração superior a quatro meses é obrigatória a contratação de uma assistência médica do governo Overseas Student Health Cover (OSHC), sempre cobrindo o período do curso e mais um mês. No caso de um curso de 120 dias, o OSHC precisa ser de cinco meses. Para entrar na Austrália, é preciso apresentar a comprovação de vacina contra febre amarela, que deve ser tomada pelo menos dez dias (ou mais) antes da viagem e vale por dez anos.
Nova Zelândia - Desde janeiro de 2014, o intercambista matriculado em um curso com quatorze semanas ou mais de duração pode viajar para o país da Oceania com visto de estudo e permissão de trabalho.Pelas novas regras, estudante brasileiro pode trabalhar vinte horas semanais durante o período de estudos e em período integral durante as férias do curso. Isso vale para os cursos vinculados às escolas chanceladas pela New Zealand Qualifications Authority(NZQA) de Categoria 1, consideradas as principais instituições do país. Outra exigência na Nova Zelândia é que os cursos respeitem o período integral de aulas, ou seja, que tenham carga mínima de vinte horas semanais.