Tópicos | MP 665

A presidente Dilma Rousseff sancionou a Medida Provisória nº 665, que restringe o acesso a direitos trabalhistas como o seguro-desemprego, o abono salarial e o seguro-defeso. A MP, aprovada no final de maio pelo Senado, foi agora convertida na Lei 13.134, publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (17) e sancionada com dois vetos.

A presidente manteve a mudança feita na MP pela Câmara dos Deputados que reduziu de 18 para 12 meses de trabalho o período de carência para o primeiro pedido de seguro-desemprego, e de 12 para 9 na segunda requisição do auxílio.

##RECOMENDA##

O primeiro veto foi feito ao artigo que concedia ao trabalhador rural desempregado dispensado sem justa causa o direito ao seguro-desemprego se tivesse recebido salários relativos a cada um dos seis meses imediatamente anteriores à data da dispensa. Também dava direito ao benefício ao trabalhador rural que tivesse sido empregado durante pelo menos 15 meses nos últimos 24 meses.

Segundo as razões do veto, também publicadas no DOU de hoje, "a medida resultaria em critérios diferenciados, inclusive mais restritivos, para a percepção do benefício do seguro-desemprego pelo trabalhador rural, resultando em quebra da isonomia em relação ao trabalhador urbano". Outra razão dada pelo governo para o veto é que a proposta não traz parâmetros acerca dos valores e do número de parcelas a serem pagas, o que inviabilizaria a execução.

O segundo veto foi acordado com o Senado, durante a votação. A presidente vetou o inciso 1º do artigo 9º que trata do pagamento abono salarial. Quando a MP foi apreciada pelo Senado, depois de passar pela Câmara, o governo costurou um acordo com os senadores comprometendo-se a vetar integralmente a modificação proposta nas regras da concessão do abono salarial, que aumentava a carência exigida para o pagamento do benefício.

Na razão do veto, a presidente esclarece que ele "decorre de acordo realizado durante a tramitação da medida no Senado Federal, o que deixará a questão para ser analisada pelo Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e de Previdência Social, criado pelo Decreto 8.443, de 30 de abril de 2015".

Essa é a primeira medida provisória do ajuste fiscal sancionada pelo governo. A presidente Dilma tem também até hoje para sancionar a Medida Provisória 664, que restringe acesso à pensão por morte e auxílio-doença. Ao passar pelo Congresso Nacional, no entanto, a MP 664 ganhou uma emenda que flexibiliza o fator previdenciário, o que tem sido objeto de negociações intensas do governo com os parlamentares, nos últimos dias, e pode ser vetado. m)

Os senadores aprovaram nesta terça-feira (26), por 39 votos favoráveis e 32 contrários, a Medida Provisória nº 665/2014, que altera critérios para a concessão do seguro-desemprego, abono salarial e seguro-defeso. O líder do PT no Senado, Humberto Costa, destacou a importância da aprovação da matéria no atual momento do país e criticou o comportamento da oposição que, segundo ele, cobra postura austera da presidenta Dilma Rousseff (PT), mas votou contra o projeto.

“Estamos completando essa etapa difícil, porém necessária, para que o Brasil continue no seu roteiro de avanços, crescimento econômico, geração de mais empregos e renda e siga a ser um país fruto do trabalho dos brasileiros e preocupado com a distribuição de renda”, afirmou Humberto. O texto segue, agora, para a sanção da presidenta Dilma Rousseff. 

##RECOMENDA##

Para o senador, as consequências da crise econômica iniciada em 2007 permanecem gerando, no mundo inteiro, milhões de desempregados, redução acentuada da atividade produtiva e recessão. Segundo ele, a situação “não chegou antes ao Brasil porque os governos Lula e Dilma adotaram um conjunto de ações exatamente para evitar os efeitos da crise internacional”.

“Foram sete anos difíceis. Obviamente que uma política como essa precisava que o cenário internacional se modificasse para o seu incremento. Infelizmente, isso não aconteceu. Já não é mais possível seguir com essa política e por isso o governo faz um freio de arrumação agora para reconstruir a credibilidade da política econômica”, observou.

Mudanças

A MP encaminhada pela Presidência da República foi alterada durante a sua tramitação no Congresso, após acordos entre o Governo, os parlamentares e as centrais sindicais. Agora, pela proposta, o trabalhador poderá receber, por exemplo, o seguro-desemprego após 12 meses de trabalho, e não 18 meses como o previsto inicialmente.

Em relação ao abono salarial, o projeto prevê que o benefício será garantido proporcionalmente ao tempo trabalhado, dispositivo semelhante ao que ocorre com o pagamento do 13º salário. A proposta original estabelecia mínimo de um ano trabalhado para se ter acesso ao abono.

Sem conseguir convencer dissidentes petistas, o governo conseguiu aprovar nesta terça-feira (26) no Senado, por 39 a 32, o texto-base da Medida Provisória 665, que restringe o acesso a benefícios trabalhistas como o seguro-desemprego, o abono salarial e o seguro-defeso. Com isso, o texto, que integra o pacote de ajuste fiscal da presidente Dilma Rousseff, segue para sanção.

A apertada margem mostra que nem as concessões feita pelo governo ao longo do dia foram suficientes para convencer integrantes da base e os senadores petistas que desde a semana passada rejeitavam o teor da MP. Isso porque o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), após reunião com com o vice-presidente e articulador político do governo, Michel Temer, anunciou que a presidente Dilma Rousseff havia aceitado vetar parcialmente uma das modificações nas regras do pagamento do abono salarial que constam na MP.

##RECOMENDA##

Pelo acordo costurado com a base, o Executivo desistia de aumentar a carência exigida atualmente para o pagamento do benefício de um para três meses. No entanto, o governo manteve-se inflexível na defesa de que o repasse deve ser proporcional ao tempo trabalhado, outra alteração que consta no texto da proposta.

O gesto levou os três senadores do PT a manterem sua rejeição à MP. O grupo, encabeçado por Lindbergh Farias (PT-RJ), que na semana passada chegou a pedir a demissão do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, informou que não se sentia contemplado por um veto que não mexa no pagamento proporcional, item do qual o governo não abre mão. O PMDB vinha exigindo que o PT desse apoio integral ao texto e assumisse o ônus de votar a MP.

Hoje, antes mesmo da conclusão da votação, outro senador petista, Paulo Paim (RS), já afirmava que iria ao Supremo Tribunal Federal questionar a constitucionalidade da medida, caso ela fosse aprovada. Lindberg Farias disse que o grupo que tem defendido mudanças na forma de atuação do governo já "ganhou" ao desinterditar o debate sobre o rumo da política econômica. Segundo ele, daqui para frente esse grupo vai colocar "com mais clareza" as discordâncias quanto ao rumo dessa política do governo. "Eu acho que a gente fortalece aqueles setores da linha desenvolvimentista", afirmou.

A ex-petista Marta Suplicy aproveitou a votação para criticar o governo e antigo partido. Para ela, a presidente precisava ter "humildade" para reconhecer os erros. Marta também acusou o PT para traiu sua "essência" e "criação" ao propor as medidas provisórias do ajuste fiscal.

A oposição também não poupou críticas ao governo. Segundo o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que foi derrotado nas eleições presidenciais do ano passado, o ajuste fiscal proposto pelo governo não é o que seria aplicado caso o PSDB tivesse vencido a eleição. "Este não seria o ajuste do PSDB, que passaria pela racionalização da máquina pública", disse.

Sindicalistas também protestaram. A sessão teve de ser suspensa por cerca de dez minutos por conta da manifestação de representantes da Força Sindical que acompanhavam a votação da galeria do plenário do Senado. Em determinado momento, eles começaram a gritar palavras de ordem, como "Fora PT" e "Dilma, safada, ladrona de aposentados".

Ofensiva

A própria presidente Dilma Rousseff havia ligado para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na segunda-feira, 25, antes de embarcar para o México, para saber do procedimento das MPs. O peemedebista está em atrito com Planalto desde que o seu nome começou a integrar a lista de supostos envolvidos no esquema da Operação Lava Jato, que investiga o escândalo de corrupção da Petrobras.

Hoje, o vice-presidente Michel Temer escalou o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, para telefonar para os senadores rebeldes e tentar convencê-los a votar com o governo. Após se reunir com lideranças do governo, Temer afirmou que haveria votos suficientes para aprovar a MP.

Prazo

Além dessa medida, o governo precisa aprovar até 1º de junho duas outras MPs do ajuste, a 664 (que torna mais rígido o pagamento da pensão por morte e do auxílio-doença) e a 668 (que aumenta impostos de importação). Na prática, todas as medidas têm de ser votadas até essa quarta-feira, 27, porque na quinta-feira, 28, já não costuma haver número suficiente de senadores na Casa para sessões deliberativas.

Hoje, Temer negou que o governo tenha estudado deixar a 664 perder a validade para que Dilma não tivesse o ônus político de vetar a emenda que alterou as regras do fator previdenciário. Lideranças do PMDB até cogitaram pedir uma inversão de pauta, mas recuaram com medo de que o desgaste por não aprovar o fator recaísse sobre a legenda. (Colaborou Erich Decat)

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), negou nesta terça-feira, 26, que o Palácio do Planalto pretenda fazer novas concessões para aprovar a Medida Provisória 665, que endurece o acesso a benefícios trabalhistas, e disse que o governo "já foi até onde podia".

Nesta terça, Costa e o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), anunciaram que a presidente Dilma Rousseff havia aceitado vetar parcialmente uma das modificações nas regras do pagamento do abono salarial que constam na MP. Pelo acordo costurado com a base para tentar viabilizar a aprovação da MP, o Executivo desiste de aumentar a carência exigida atualmente para o pagamento do benefício de um para três meses. No entanto, o governo mantém-se inflexível na defesa de que o repasse deve ser proporcional ao tempo trabalhado, outra alteração que consta no texto da proposta. "Manter (a regra) como é hoje (sem a proporcionalidade, com o pagamento integral independente do tempo trabalhado) desfalca significativamente a medida provisória", justificou Costa.

##RECOMENDA##

Mais cedo, o governo conseguiu aprovar a constitucionalidade da matéria por uma margem apertada, de apenas cinco votos de vantagem. O líder do PT disse que o resultado mostra que os aliados do Planalto "têm maioria", mas reconheceu que o momento é "de dificuldade" e que o "quadro ainda é instável".

Por uma margem apertada, inclusive com o voto contrário do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o governo Dilma Rousseff conseguiu uma primeira vitória no plenário da Casa na votação da Medida Provisória 665, que restringe acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial. Por 36 votos a 32, os senadores consideraram que a MP é constitucional e atende aos pressupostos de urgência e relevância. Na prática, abre-se caminho para votar no mérito a primeira medida do ajuste fiscal no Senado.

Os líderes do PMDB, do PT, do PDT, do PP, do PR, do PSD, do PCdoB defenderam que suas bancadas votassem a favor da constitucionalidade da MP. Defenderam votos contrários à apreciação da MP as bancadas do PSDB, do DEM, do PPS, do PSB, do PPS, do PSC, do PSol e do PTB.

##RECOMENDA##

Mesmo assim, senadores do PMDB e do PT não seguiram a orientação partidária. No PMDB, Renan Calheiros, Roberto Requião (PR) e Ricardo Ferraço (ES) votaram contra a apreciação da MP e no PT, os senadores Lindbergh Farias (RJ), Walter Pinheiro (BA) e Paulo Paim (RS). Por outro lado, a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), que cogita deixar o partido, votou a favor da MP.

Um dos principais argumentos de quem desejava rejeitar a apreciação do mérito da MP era que os senadores consideravam inconstitucional as mudanças feitas na proposta referente ao abono salarial. Se esse ponto fosse rejeitado, o mérito da MP não seria sequer analisado pelos senadores.

Manifestantes ligados à Força Sindical que acompanhavam da galeria do plenário do Senado a votação da Medida Provisória 665 protestaram nesta terça-feira, 26, com xingamentos contra a presidente Dilma Rousseff e gritaram "Fora PT". "Dilma, safada, ladrona de aposentados", entoaram os presentes. "PT, pode esperar, a tua hora vai chegar", reforçaram.

Diante do tumulto, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), determinou a suspensão temporária da sessão. Afirmou aos presentes na galeria que protestos são proibidos, de acordo com o regimento interno da Casa, e disse que, se eles continuassem, iria esvaziar toda a galeria. Os seguranças do Senado retiraram alguns presentes.

##RECOMENDA##

Na semana passada, a galeria foi esvaziada depois que manifestantes atiraram nos senadores notas falsas de "Ptrodólares".

A sessão foi retomada em seguida, com a análise do mérito da MP que restringiu o acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial.

Os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disseram nesta segunda-feira (25) que o governo reforçará esforços para garantir a aprovação das medidas do ajuste fiscal, que dependem de votações do Congresso.

O Senado tem que votar as medidas provisórias (MPs) 664, 665 e 668, que alteram as regras para concessão de benefícios previdenciários e trabalhistas e elevam a tributação sobre as importações. Na Câmara, o governo quer aprovar o Projeto de Lei 863/2015, que reduz a desoneração da folha de pagamento das empresas.

##RECOMENDA##

“Delongas não favorecem à retomada do crescimento”, disse Levy. “Para ter sustentabilidade na economia, temos que resolver a agenda do ajuste”, acrescentou.

Segundo ele, em relação à redução dos subsídios do governo para a folha de pagamento das empresas, o setor produtivo está preparado para a mudança. “Eles entenderam a necessidade de ajustes, se prepararam, respondendo à apresentação muito clara que a presidenta Dilma Rousseff fez, de qual era a estratégia para começar a reequilibrar as contas, e estão prontos, querem avançar”, argumentou.

Mercadante defendeu a importância da aprovação do chamado PL das Desonerações para o ajuste fiscal e admitiu que o governo está corrigindo “uma parte da desoneração que foi muito longe”, ao abrir mão de R$ 120 bilhões em receita com subsídios em diversas áreas.

“Isso vai ajudar a inflação a cair, a estabilizar a economia, a criar um ambiente em que a taxa de juros possa cair no futuro e a criar bases sólidas para a retomada do crescimento”, avaliou.

O chefe da Casa Civil minimizou as divergências internas da base aliada no Senado para votação das medidas, inclusive dentro do PT, e disse que espera um resultado positivo. “Tivemos pequenas dissidências de todas as bancadas, mas aprovamos as MPs com ampla margem de votos na Câmara e acho que isso vai se repetir no Senado,” previu o ministro.

Mercadante disse lamentar que haja dissidências na base aliada, mas que isso é normal no processo democrático. “É assim na democracia; as pessoas, às vezes, têm pequenas divergências. Mas acredito que temos um amplo apoio no Senado para aprovar as três MPs e estamos trabalhando para isso”.

O ministro anunciou a criação de uma comissão técnica de nível ministerial para discutir mudanças na Previdência, entre elas a definição de alternativas ao fator previdenciário.

A comissão definirá a posição do governo, que será levada ao Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e de Previdência Social, que vai incluir representantes das centrais sindicais, dos empresários e dos aposentados. Os representantes do governo serão os ministros Mercadante, Levy, e os ministros da Previdência, Carlos Gabas, do Planejamento, Nelson Barbosa; e das Comunicações, Ricardo Berzoini (ex-ministro da Previdência),

“Pretendemos, até a próxima semana, implantar o fórum e iniciar as discussões mais aprofundadas sobre o tema relacionado às relações de trabalho, à Previdência. A presidenta Dilma disse na campanha - e ela está cumprindo esse compromisso: o fator previdenciário só pode ser discutido dentro de uma perspectiva de sustentabilidade da Previdência e esse é um dos objetivos do fórum”.

O governo vai tentar reverter no fórum a derrota que sofreu na Câmara, durante a votação da MP 664, em que os deputados incluíram no texto uma emenda que estabeleceu uma nova fórmula de cálculo para a aposentadoria como alternativa ao fator previdenciário. A fórmula soma a idade ao tempo de contribuição até chegar a 85, para mulheres, e 95 para homens, e facilita o acesso ao teto da aposentadoria.

Além de Levy e Mercadante, participaram da reunião de coordenação política de hoje o vice-presidente, Michel Temer, e os ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo e da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva; de Minas e Energia, Eduardo Braga, e da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha.

Além deles estiveram presentes os ministros das Cidades, Gilberto Kassab, da Justiça, José Eduardo Cardozo e da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto; das Comunicações, Ricardo Berzoini, e da Previdência, Carlos Gabas, e os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e no Senado, José Pimentel (PT-CE).

Apesar de todo o sufoco em razão da necessidade de adiamento da votação das medidas provisórias 665 e 664, no Senado, que propõem alterações nas regras de concessão de benefícios previdenciários e trabalhistas, o governo está convencido de que conseguirá aprovar os textos antes deles perderem a vigência em 1º de junho. "É sempre assim, é sempre assim", disse a presidente Dilma Rousseff, após o almoço oferecido ao presidente do Uruguai, Tabaré Vasquez, no Itamaraty.

Demonstrando total tranquilidade com a aprovação das MPs, a presidente Dilma insistiu que essas tensões sempre acontecem, que as votações sempre atrasam, mas ao final, tudo acaba se resolvendo. "Calma, calma, vai dar certo", reiterou a presidente, que já tinha declarado, pouco antes, em entrevista, que acreditava nas negociações para a aprovação das propostas.

##RECOMENDA##

O governo foi surpreendido com a atitude do senador Lindberg Faria (PT-RJ), que acabou atrapalhando a votação da MP no plenário do Senado, ontem, repetindo a "ação desastrosa" do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), que fez o governo perder a votação do fator previdência na Câmara, criando mais um problema para o Planalto, na busca pelo ajuste fiscal.

Além de irritar o Planalto, a atitude de Lindberg desagradou profundamente também o vice-presidente Michel Temer, os peemedebistas e os senadores aliados da base. Na reunião desta quinta-feira com Temer, a queixa foi generalizada. "Todos contra o PT", disse um assessor palaciano, ao narrar o clima de revolta dos líderes do Senado, se queixando contra o PT e a demora do Planalto em reagir contra a atitude dos petistas e enquadrá-los. "Ele tem de ser enquadrado", comentou outra fonte, ao salientar que "os partidos não aceitarão, mais uma vez, o PT posar de bonzinho e o PMDB pagar a conta".

No final do dia, os aliados já haviam sido informados que o Planalto ia enquadrar Lindberg e que o PT vai votar a favor das medidas provisórias. A expectativa é que a MP 665 seja aprovada já na terça-feira, 26, para, em seguida, serem votadas as demais.

No caso da Câmara, o governo acredita que as negociações estejam muito bem encaminhadas, apesar do atraso da votação do projeto de lei das desonerações. O PT não estava gostando da ideia do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que incluiu no texto que estava sendo votado a possibilidade de realização de PPPs - parcerias público privada pelo Legislativo, que permitiria a construção de um shopping, nas dependências do Congresso, que está sendo chamado de "Parlashopping". Quando o PT começou a avisar que ia votar contra a proposta e, inclusive, encaminhou contra a votação do texto, Cunha procurou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e cobrou: "Eu aprovei aqui tudo o que o governo queria. Vocês não vão me derrotar, não é?"

Diante disso, Guimarães encaminhou, como líder do governo, a favor da proposta que viabilizará a construção do "Parlashopping" e, apesar do líder do PT, Sibá Machado (PT-AC), encaminhar contra, os petistas ajudaram a aprovar a proposta, e Cunha viajou feliz para o exterior.

Com isso, o governo espera maior flexibilidade de Cunha ao projeto de desonerações, que está aguardando o parecer do líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), que não desfigure as propostas de desoneração que fazem parte do ajuste.

O anúncio feito nesta quinta-feira (21) de que a presidente Dilma Rousseff deve vetar o trecho da Medida Provisória 665 que alterou o prazo da carência para o acesso ao abono salarial cria um ambiente para a aprovação da MP no Senado. Nessa quarta (20) à noite, temendo que esse ponto fosse derrubado pelos senadores, o que obrigaria a proposta a voltar para a Câmara, os líderes governistas preferiram adiar a votação da medida para a próxima terça-feira (26).

O governo terá a próxima semana para votar essa MP, que ainda restringiu as regras de acesso ao seguro-desemprego, e a MP 664, referente à pensão por morte. A eventual retirada da mudança sobre o abono da MP 665 deve reduzir em até R$ 7 bilhões a economia prevista pelo governo para este ano com o ajuste feito pelo Congresso, do total de R$ 18 bilhões.

##RECOMENDA##

A próxima semana será decisiva para as MPs 665 e 664, uma vez que ambas perdem a validade em 1º de junho, daqui a duas segundas-feiras, dia em que tradicionalmente não há votações no Senado.

Responsável por tentar costurar o acordo, o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), reuniu-se esta manhã no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente e articulador político, Michel Temer, com senadores e outros líderes partidários e quatro ministros, entre eles, Joaquim Levy.

Durante o encontro, Delcídio Amaral telefonou para o senador Walter Pinheiro (PT-BA) para comunicá-lo do compromisso do governo com o veto. O senador petista foi um dos que, ontem à noite, articularam a derrubada da mudança na concessão do abono salarial prevista na MP 664. Ele e outros dois senadores do PT, Lindbergh Farias (RJ) e Paulo Paim (RS), apresentaram um destaque ao texto que propunha uma análise separada do trecho sobre o abono salarial. Como argumento, afirmaram que a Constituição garante ao trabalhador brasileiro o pagamento do abono salarial no valor de um salário mínimo e com um mês de carência. Diziam já ter apoio da maioria da Casa.

A última versão do texto da MP, aprovado pela Câmara, prevê o pagamento proporcional ao número de meses trabalhados no ano anterior e uma carência de três meses. Diante do anúncio do veto, Pinheiro disse ao Broadcast que ele e o grupo vão votar a favor da MP. "Se tivesse sido feito ontem, nós já teríamos votado a medida provisória", afirmou o petista.

O senador pelo PT disse que a mudança de postura do governo facilita a votação da MP 664, que deve ser analisada pelo plenário logo em seguida. Ele destacou que o grupo do qual faz parte não abre mão de aprovar na MP 664 a alternativa ao fator previdenciário. Ele é um dos principais defensores da fórmula 85/95 para a aposentadoria, medida que o governo tem dito que deve vetar.

"Nós fazemos questão de votar (a MP 665), porque nós queremos votar a alternativa ao fator", disse Pinheiro. Segundo ele, se tiver veto sobre esse ponto, já há maioria no Congresso para revertê-lo. "Se tiver veto, vamos derrubar. Não há a menor hipótese de a gente perder isso", completou.

Diante da chance de uma eventual derrota da principal Medida Provisória do ajuste fiscal da presidente Dilma Rousseff, o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), propôs na noite desta quarta-feira, 20, que seja encerrada a discussão da MP 665, que dificulta o acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial. Com a decisão, acatada pelos senadores, o governo ganha tempo para costurar a aprovação do projeto, que tem nova previsão de votação para a próxima terça-feira, 26, mas fica no limite do prazo para que a medida seja aprovada.

O texto perderá a validade se não for votado até primeiro de junho, uma segunda-feira, dia que tradicionalmente não tem votações no Senado. Na prática, o governo terá apenas a próxima semana para conseguir a aprovação.

##RECOMENDA##

O Palácio do Planalto detectou que teria uma margem pequena de votos favoráveis para aprovar a MP. A contabilidade de líderes governistas é de que haveriam apenas três votos de vantagem para a aprovação. Para não correr o risco de ela ser rejeitada, acionou o líder governista para adiar a análise do projeto. O requerimento de adiamento da votação foi aprovado com o apoio da base e da oposição em votação simbólica, quando não há o registro nominal do voto de cada senador.

O líder do governo no Senado iniciou a negociação para avaliar se a parte da MP que trata do abono salarial feriria a Constituição. Senadores governistas já teriam pareceres indicando a inconstitucionalidade. O petista disse que iria levar essa questão ao Palácio do Planalto e, se ficar comprovada a tese, defenderá o veto integral de todo o trecho que trata do abono.

Hoje à tarde, o senador Paulo Paim (PT-RS) questionou a legalidade da mudança no abono em relação à Constituição. Ele foi um dos que acenaram com o voto contrário à MP. Numa tentativa de pressionar o governo, avaliando a possibilidade de que o veto não seja aceito, Paim e os petistas Walter Pinheiro (BA) e Lindbergh Farias (RJ) apresentaram um destaque ao texto que propunha uma análise separada do trecho sobre o abono salarial. Como argumento, afirmaram que a Constituição garante ao trabalhador brasileiro o pagamento do abono salarial no valor de um salário mínimo e com um mês de carência.

A última versão do texto, aprovado pela Câmara, prevê o pagamento proporcional ao número de meses trabalhados no ano anterior e uma carência de três meses. Isto é, os senadores vão avaliar se a letra da Constituição se sobrepõe ao aprovado pela MP. O trio considerava que, mesmo se a MP fosse aprovada sem o destaque, eles iriam recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a constitucionalidade da MP. "A retirada desse ponto tem impacto sobre todos os R$ 7 bilhões que estão previstos no ajuste, relativos apenas ao abono salarial", explicou Walter Pinheiro. As duas MPs do ajuste previam uma economia original de R$ 18 bilhões.

Os governistas avaliam que, com essa manobra, conquistarão uma ampliação na vantagem de votos. A equipe do vice-presidente e coordenador político Michel Temer e do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, foram avisadas da articulação, patrocinada exclusivamente por Delcídio.

Um grupo suprapartidário de senadores lançou nesta quarta-feira, 20, um manifesto e anunciou que vai votar contrariamente às duas primeiras medidas provisórias (665 e 664) do ajuste fiscal. O grupo, formado principalmente por parlamentares da base aliada, cobrou a mudança na política econômica do governo Dilma Rousseff, mas não pediu a demissão do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, principal personagem do pacote.

A votação da MP 665, que restringe acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial, está prevista para começar hoje e a MP 664, que trata da pensão por morte, será analisada na próxima terça-feira, 26.

##RECOMENDA##

Os 11 parlamentares concordaram com um manifesto assinado por uma série de personalidades, como o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, o ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no governo Lula, Márcio Pochmann, e o presidente da CUT, Vagner Freitas, que defende que o ajuste fiscal é "recessivo" e que somente com o crescimento econômico haverá equilíbrio fiscal e desenvolvimento.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que os integrantes do grupo não vão votar a favor de medidas que historicamente foram contrários, como a restrição de direitos trabalhistas e previdenciários previstos nas medidas provisórias. Questionado sobre se a demissão de Levy levaria à mudança na política econômica, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) não quis pedir a cabeça dele, embora tenha destacado não acreditar que o ministro seja capaz de mudar a rota a condução da economia.

O senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou que o grupo votará contra as MPs e poderia até voltar atrás para conversar, caso Dilma se comprometesse em não vetar a proposta, contida na MP 664, que propõe uma alternativa ao fim do fator previdenciário. "Não é uma rebelião", disse, ao se mostrar disposto ao diálogo.

Subscreveram o manifesto, além dos senadores Randolfe Rodrigues, Lindbergh Farias e Paulo Paim, Roberto Requião (PMDB-PR), Lídice da Mata (PSB-BA), João Capiberibe (PSB-AP), Roberto Rocha (PSB-PA), Cristovam Buarque (PDT-DF), Marcelo Crivella (PRB-RJ) e Hélio José (PSD-DF).

"Mudar o rumo da política econômica é colocar o crescimento como um aspecto central, porque os números sinalizam uma desaceleração muito forte da economia. Os investimentos do governo federal estão parando. O desemprego cresce mês após mês. A renda do trabalhador também está em trajetória de queda. A arrecadação do governo federal está caindo", diz o documento.

O manifesto sustenta ainda que o ajuste fiscal apresentado pelo governo "trava" o País diante da possibilidade de uma nova fase de desenvolvimento e da construção de uma estratégia política. "Essa proposta de ajuste fiscal não combina com os novos desafios. Combina apenas com o passado. Portanto, quem quer dizer SIM ao desenvolvimento com justiça social tem que dizer NÃO ao arrocho fiscal, nos termos propostos pelo governo", afirma o manifesto, ao destacar que o País progrediu nos últimos 12 anos, mas a continuidade desse projeto depende de "retificações".

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou nesta segunda-feira, 18, que, apesar das dificuldades, prevê a aprovação pela Casa da Medida Provisória 665. A MP restringe o acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial e é o primeiro item da pauta de votações do plenário amanhã, dia 19.

Segundo o petista, que participa logo mais a partir das 16 horas de uma reunião com os demais líderes da base e com o vice-presidente Michel Temer, sempre há dificuldades na apreciação dessas matérias. Ele lembrou que a oposição no Senado também é forte.

##RECOMENDA##

O líder do PT disse que a expectativa é que no Senado não haja mais alterações na MP 665.

O bate-boca durante a votação da Medida Provisória 665 na semana passada entre o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) e a líder da bancada do PCdoB, Jandira Feghali (RJ), gerou três novas representações por quebra de decoro parlamentar na Corregedoria da Câmara dos Deputados. No calor dos debates da medida que alterou as regras de concessões de seguro-desemprego e abono salarial, Fraga provocou a ira da bancada feminina ao dizer que "mulher que participa da política e bate como homem tem que apanhar como homem".

O primeiro a entrar com o pedido de representação na Corregedoria foi Fraga contra Jandira. O parlamentar alega que a colega o ofendeu ao classificar sua atitude de "fascista". O outro representado é o deputado Glauber Braga (PSB-RJ), que mencionou em plenário que a fama de Fraga no Distrito Federal era de "matador".

##RECOMENDA##

Com o apoio de outros parlamentares, Jandira encaminhou uma mesma representação contra Fraga e o deputado Roberto Freire (PPS-SP), este último acusado de ter segurado seu braço. "Na verdade ela estava tentando tirar o microfone das mãos de Roberto Freire que, em um ato instintivo, apenas afastou seu braço para continuar a falar. É lamentável, que, no momento em que o governo Dilma joga sobre as costas dos trabalhadores o peso do reajuste por conta de sua irresponsabilidade e incompetência para governar, o PCdoB se preste ao papel infame de tentar intimidar um dos líderes da oposição: o deputado Roberto Freire, presidente nacional do PPS, que, com mais de 40 anos de vida pública ilibada, tem a sua integridade reconhecida por toda sociedade brasileira", diz a nota do PPS.

Os pedidos de representação serão apreciados pela presidência da Câmara. Se houver admissibilidade dos processos, os envolvidos serão notificados e terão cinco dias para apresentarem suas defesas. A partir das manifestações dos deputados, a Corregedoria terá 45 dias úteis para apurar o caso, ouvindo áudios e checando as informações das notas taquigráficas. Após a preparação do parecer, a Corregedoria encaminhará o documento à Mesa Diretora, que poderá aplicar punição aos parlamentares, arquivar o caso ou levar o caso ao Conselho de Ética.

Para Jandira, Fraga tentou inverter a situação ao antecipar a ação por quebra de decoro. "Vamos pressionar para julgar essas representações", avisou. O PCdoB protocolou uma ação penal contra Fraga no Supremo Tribunal Federal (STF) e já tem prontas as representações contra Freire e Fraga, que serão protocoladas no Conselho de Ética.

Para aprovar na próxima semana as duas Medidas Provisórias do ajuste fiscal (665 e 664), senadores do PT vão cobrar da presidente Dilma Rousseff o compromisso de que ela não vetará uma emenda da MP 664 que cria uma alternativa do fator previdenciário. A nova fórmula, aprovada na quarta-feira, 13, à noite pelo plenário da Câmara dos Deputados, muda o cálculo para a concessão de aposentadorias e preocupa o Planalto.

O fator previdenciário, atualmente em vigor, reduz o valor do benefício de quem se aposenta por tempo de contribuição antes de atingir 65 anos (nos casos de homens) ou 60 (mulheres). O tempo mínimo de contribuição para aposentadoria é de 35 anos para homens e de 30 para mulheres. Essa regra foi criada em 1999 pelo governo Fernando Henrique Cardoso como forma de conter os gastos da previdência social.

##RECOMENDA##

Na votação da MP 664, contudo, os deputados aprovaram uma emenda que propõe a adoção da fórmula 85/95. Por meio dela, o trabalhador se aposenta com proventos integrais (com base no teto da Previdência, atualmente R$ 4.663,75) se a soma da idade e do tempo de contribuição resultar 85 (mulheres) ou 95 (homens).

Favoráveis à nova fórmula, os senadores pelo PT Walter Pinheiro (BA) e Paulo Paim (RS) já anunciaram que vão defender sua aprovação no Senado e querem que o governo assuma o compromisso de mantê-la como garantia para aprovar as duas MPs do ajuste fiscal. A dupla já havia apresentado uma emenda com igual teor quando a MP 664 tramitou na comissão mista. Mas ela não chegou a passar pelo colegiado, somente agora pelo plenário da Câmara, com uma emenda do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP).

Desde a noite dessa quarta, após a aprovação da emenda, os dois petistas começaram a articular adesões com o intuito de cabalar votos de pelo menos 40 senadores de apoio à nova fórmula. "Já estamos mobilizando outros parlamentares para engrossar o coro dos colegas favoráveis à mudança no fatos previdenciário e, após a aprovação, queremos o compromisso do Executivo na manutenção do texto. Caso haja veto, vamos também trabalhar para a derrubada dele", avisou Walter Pinheiro.

Durante as audiências públicas para a discussão da MP 664, o ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, afirmou que Dilma estava disposta a abrir a mesa de negociações, o que incluía a questão do fator previdenciário. Ele afirmou, porém, que era impossível acabar com o fator previdenciário sem colocar nenhuma regra no lugar dele para garantir a sustentabilidade da Previdência. Em entrevista ao Estado, publicada em fevereiro deste ano, o ministro já tinha defendido a mesma fórmula como início das discussões para o fim do fator previdenciário.

De 1999 até o fim deste ano, esse mecanismo que reduz a aposentadoria de quem se aposenta mais cedo foi responsável por uma economia de R$ 35 bilhões aos cofres da Previdência Social. O Congresso já acabou com o fator previdenciário em 2010, mas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou a medida.

Segundo Gabas, a idade média de aposentadoria por contribuição no Brasil é de 54 anos e a expectativa de vida dos brasileiros é de 84 anos, uma conta que não fecha porque o aposentado recebe benefícios por 30 anos, em média. Para receber a aposentadoria integral, a única regra atual é ter 60 anos ou 65 anos, respectivamente, para mulheres e homens, e ter contribuído por, no mínimo, 15 anos. A nova fórmula, portanto, aumenta a exigência para receber o benefício integral sem a redução prevista no fator previdenciário.

No dia seguinte à conclusão da primeira etapa da votação do ajuste fiscal, com a aprovação da MP 665 na Câmara, que restringiu o acesso a seguro desemprego e abono salarial, o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, agradeceu a conduta dos aliados e avisou que eles "serão interlocutores prioritários na construção do segundo escalão".

Segundo o ministro, "é evidente que as votações são parâmetros fundamentais para fazer escolhas" e "quem vota com o governo, especialmente nas votações relevantes, terá preferência". "Como disse o vice-presidente Michel Temer, é evidente que quem ajuda o governo, quem vota com o governo, quem sustenta o governo, governa com o governo e tem prioridade nas indicações", emendou.

##RECOMENDA##

Mercadante prometeu "acelerar" as nomeações para o segundo escalão, que disse que serão feitas principalmente nos Estados, mas lembrou que elas não saem "de uma semana para outra" porque dependem de várias pesquisas e análises técnicas. Informou, no entanto, que "onde houve acordo na base" as nomeações já estão em andamento e já têm sido feitas, à medida que são aprovadas, mas sem data definida. Ele citou que já estão "bem avançadas" as escolhas em Sergipe, Piauí, Santa Catarina e Goiás.

Em relação a aliados como PDT, partido que fechou questão na votação contra o governo, Mercadante disse que houve uma "frustração" muito grande em relação a isso na base e avisou que o governo vai "avaliar o que houve para saber medidas necessárias, entender o que aconteceu e superar este tipo de situação". Questionado se o ministro do Trabalho, Manoel Dias, poderá deixar o governo, respondeu: "quem discute e define troca de ministro é só a presidente da República".

Sobre a possibilidade de as vagas que o PDT e partidos como PP (que também teve grandes dissidências) estão em busca ficarem congeladas, o ministro respondeu: "neste momento, o reconhecimento que o governo tem é com aqueles que votaram com o governo, porque quem vota com o governo, quem sustenta o governo, governa junto". Mas ele não quis comparar à situação do PDT, que fechou questão contra o governo, com o PP, que o partido aprovou a proposta, mas houve divergências.

A presidente Dilma Rousseff também agradeceu aos parlamentares, líderes e ministros do governo que ajudaram a aprovar a primeira medida do ajuste fiscal. "A presidenta ligou para o vice-presidente e ministros que trabalharam intensamente e agradeceu. Eu liguei para todos os líderes. Há um reconhecimento do governo ao esforço importantíssimo que foi essa votação para a estabilidade econômica, para o avanço do ajuste fiscal, para a estabilidade da economia e a retomada do crescimento", comentou o ministro, acrescentando que a MP 665 "foi vitória importante por manter direitos sociais e ajustar distorções".

Mercadante minimizou as dissidências do PT nas votações. "O PT teve papel decisivo porque fechou questão e encaminhou votação", declarou o ministro, ao citar também a importância dos relatores das medidas. Para ele, o PT "assumiu sua responsabilidade de partido do governo e seu papel foi decisivo para coesão da base, para formar a maioria que se formou para se chegar à vitória".

segundo escalão".

A bancada do PDT tomou posição que acha a mais correta na votação da Medida Provisória 665, que altera as regras de concessões de seguro-desemprego e abono salarial, e tem "autonomia para isso", afirmou nesta sexta-feira, 8, o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias. Na votação encerrada na noite de quarta-feira, dia 6, todos os deputados do PDT, partido integrante da base governista desde o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, votaram contra a MP. A medida é apontada como essencial para o ajuste fiscal comandado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

"A bancada tomou a posição que entendeu ser a mais correta e tem autonomia para isso", afirmou Dias, após participar de evento comemorativo dos 70 anos do fim da Segunda Guerra, no Rio.

##RECOMENDA##

O ministro negou qualquer constrangimento com a decisão dos deputados do PDT. "Quando aceitamos ingressar no governo, ainda no governo Lula, o partido colocou que iria participar de um governo plural e que o PDT tem suas causas pétreas e não iria renunciá-las (sic). O presidente Lula entendeu como uma posição partidária", completou.

Dias também relativizou a piora do mercado de trabalho, apontada pelo início da alta da taxa de desemprego. Segundo o ministro, a crise política afeta a econômica. "Quanta gente está postergando a compra de um automóvel, de um apartamento. Investimentos que deveriam ser feitos não foram. Tivemos uma crise na maior empresa empregadora e investidora do País, que é a Petrobras, mas ela está já voltando ao seu controle", disse.

Segundo Dias, há setores querendo desestabilizar o governo com a crise política. "Nós que somos do PDT, que viemos do antigo PTB, conhecemos toda essa história. Fizeram com (o ex-presidente Getúlio) Vargas e com o presidente João Goulart a mesma coisa. Mudam os atores, mas o palco é o mesmo. Querem agora desestabilizar o governo da presidente Dilma, que foi eleita democraticamente, está aí com três, quatro anos de governo e está adequando o País a um novo momento", comparou o ministro, apostando numa melhora da economia no segundo semestre:

"Todo ano, os primeiros meses do ano são os meses mais difíceis. A retomada chega no auge lá pelo mês de agosto", concluiu.

O ministro da secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Pepe Vargas (PT), minimizou nesta sexta-feira (8) a ausência de nove petistas na votação da Medida Provisória 665, que restringiu acesso a direitos trabalhistas no pacote de ajuste fiscal. "Todas as votações têm deputados que não estão presentes, porque estão em missões oficiais ou em outras agendas. O PMDB também não teve 100%, partido nenhum teve. O importante, que é o que vale, é entre os presentes, quem votou favorável", disse a jornalistas. "O PT foi o partido que deu o maior porcentual de votos à proposta", completou - dos petistas presentes, apenas um votou contra o projeto, 54 votaram a favor.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alfinetou a posição do PT, dizendo que o partido cumpriu apenas "80%" do que havia acordado para aprovação do ajuste fiscal. Ele disse que deputados petistas "simplesmente se evadiram" tanto na votação do texto-base, na quarta-feira, 6, como na votação dos destaques ontem, 7.

##RECOMENDA##

O Planalto enfrentou um embate duro para aprovar a MP, cara ao ajuste promovido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. O texto passou por 252 votos a favor, 227 contra. Frente à dificuldade, optou por punir partidos da base que foram infieis na distribuição de cargos.

Pepe Vargas também desconversou sobre a intenção do governo de retaliar. "A questão não é discutir a punição ou não punição, a questão é discutir que de fato, quando a gente compõe um governo, é importante que a base de apoio se unifique naquelas agendas que são fundamentais do governo. Nelas, é importante que a base acompanhe (o governo) e esse debate o governo vai fazer de forma muito tranquila com todos os partidos que apoiam sua base."

Maioridade penal

O ministro disse esperar que a votação da PEC que propõe reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos não entre em uma lógica de toma lá dá cá no Congresso Nacional. Pepe Vargas, assim como todos os ex-ministros da SDH, se manifestou publicamente contra a PEC e também assinou nota de repúdio divulgada na semana passada. O projeto é defendido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

"Espero que um assunto tão importante como esse não seja tratado dessa forma. A redução da maioridade penal não é um problema do governo, é uma questão suprapartidária", disse Pepe Vargas ao repetir o argumento de que a redução seria ruim para toda a sociedade, na medida em que aumentaria a violência em vez de reduzi-la. "Você vai colocar jovens que cometeram delitos de baixo poder ofensivo contra a sociedade em presídios onde o crime organizado está articulado", argumentou.

Pepe admitiu que o texto da PEC deve ser aprovado na comissão especial e chegar ao plenário, mas disse acreditar que o bom senso e o interesse da sociedade prevalecerão e que a PEC será derrubada no Congresso. Por ser uma proposta de emenda constitucional, o texto, se aprovado, não pode ser vetado pela Presidência. Em caso de aprovação, Pepe Vargas e outros ministros que o antecederam na pasta avaliam entrar com ação direta de inconstitucionalidade no Supremo, mas a discussão ainda é preliminar.

Pepe Vargas participa do lançamento da nona edição da Caravana Siga Bem, que promove ações de cidadania e entretenimento entre caminhoneiros por todo o País.

Os deputados petistas que não apoiaram a medida provisória que integra o pacote fiscal disseram na quinta-feira, 7, que votar pela restrição de acesso ao seguro-desemprego seria votar contra o trabalhador.

Weliton Prado (MG), único a dar seu voto contrário à MP 665 - outros nove petistas se ausentaram -, foi chamado de "oportunista" pelos colegas, mas respondeu. "Fui coerente com minha trajetória e com o compromisso com os trabalhadores", disse Prado ontem, quando tornou a votar em desacordo com o PT nos destaques da MP. Para o parlamentar, o ajuste fiscal proposto pelo governo não deveria se restringir aos trabalhadores. "Não é certo fazer ajuste só com o trabalhador. Por que não fazer com os bancos?"

##RECOMENDA##

Entre os nove que não apareceram para votar, três não estavam, de fato, na Câmara anteontem: Assis Couto (PR), Professora Marcivania (AP) e Ságuas Moraes (MT). Outros seis deputados do partido chegaram a marcar presença, mas não votaram: Erika Kokay (DF), Luizianne Lins (CE), Marcon (RS), Padre João (MG), Pedro Uczai (SC) e Zé Geraldo (PA).

Luizianne Lins afirmou, via nota oficial, ter se retirado do plenário por não concordar com o mérito da matéria. "Foi uma decisão política", disse. Marcon declarou, também por nota, ter se ausentado por entender que as novas regras prejudicam os trabalhadores. "Não votei contra em respeito ao governo e à bancada do Partido dos Trabalhadores." Padre João também falou por escrito: "Votar contrário era votar contra a minha bancada e contra o próprio governo".

No Acre

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem o ajuste fiscal do governo em evento no Acre. "Quando se fala em ajuste fiscal, todos se assustam, mas é uma coisa que até a dona de casa faz."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com o mapa de votação em mãos, integrantes da cúpula do governo e lideranças do PT vão tratar de forma distinta as traições e ausências ocorridas no plenário da Câmara na discussão da Medida Provisória 665. Partidos como o PDT, que se aliou a parte da oposição e votou integralmente contra a proposta, terão como represália o represamento das indicações dos cargos do segundo e terceiro escalões do governo federal.

Na legenda do ex-ministro Carlos Lupi - que recentemente foi flagrado dizendo que os petistas "exageraram no roubo" -, todos os 19 integrantes da bancada votaram contra a MP que integra o pacote de ajuste fiscal do governo Dilma Rousseff. Atualmente, o PDT ocupa o Ministério do Trabalho, comandado por Manoel Dias.

##RECOMENDA##

Segundo integrantes da cúpula do governo, a lista de demandas por espaço dos pedetistas, agora, "vai para o final da fila". "A base ficou muito incomodada", afirmou o líder do governo, José Guimarães (PT-CE).

Outro aliado que deve ter cargos "congelados" é o PP. Dos 39 parlamentares que votaram, 18 disseram não à MP do ajuste fiscal. O PP ocupa hoje o Ministério da Integração Nacional.

Sob pressão do Planalto e intervenção do PMDB, o PT, por sua vez, não deverá punir representantes do partido que votaram contra a MP. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), usou o episódio para criticar o aliado. "Alguns fugiram ontem (quarta-feira) e fugiram hoje (quinta) de novo. Tem um grupo de nove, dez, que não compareceu para votar", disse. O PT deu 54 votos a favor, um contra e teve nove ausências.

Em 2003, o PT expulsou quatro parlamentares que se recusaram a apoiar a reforma da Previdência do governo Lula. "Não haverá punição. O fechamento de questão foi mais um gesto político da bancada para poder assegurar a votação da MP", disse Paulo Teixeira (PT-SP), integrante da Executiva Nacional.

Oposição

O presidente da Câmara atribuiu à oposição a vitória do governo. Votaram favoravelmente deputados do DEM, PV e PSB. "Os votos das oposições foram fundamentais para a aprovação da MP 665", disse. Cunha afirmou ainda que, com a "evasão" de nove dos 64 deputados petistas na votação, o PT cumpriu "80% do acordo" feito com o PMDB. "Uma parte dos petistas fugiu do plenário para não votar e ficar mal com seus eleitores. O PMDB queria que o PT assumisse a defesa do ajuste. Eles assumiram, mas não entregaram todos os votos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após um longo e tenso embate para o governo conseguir fazer avançar o ajuste fiscal - cujo primeiro passo foi a aprovação nesta quinta-feira, 7, da medida provisória 665, que quase foi abandonada em plenário pelos peemedebistas -, PT e PMDB parecem ter afinado o discurso sobre a governabilidade da presidente Dilma Rousseff. "Acho que (a votação) vai servir de ensinamento de como deve funcionar um governo de coalizão", considerou o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ).

O peemedebista reforçou a mensagem de que o apoio do PMDB ao ajuste foi "um voto de confiança" ao governo e cobrou mais espaço na formulação de medidas. "A votação expôs as divergências na base aliada e a necessidade, que nós já defendemos há tanto tempo, do processo decisório e político do governo não ser tão hegemônico. Ficou provado que é preciso dialogar com todas as bancadas e todos os partidos", disse.

##RECOMENDA##

Já o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que a aprovação da medida alterando o acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial, sacramentada nesta tarde com a rejeição de emendas que tentavam mudar o texto avalizado ontem, mostrou união na base governista. "O governo da presidente Dilma volta a ter governabilidade aqui na Câmara, que nós precisamos aperfeiçoar daqui para a frente. Isso é bom para o País", disse.

Guimarães observou que a aprovação foi uma "pacificação" da base e seria repetida na apreciação da MP 664, que será votada na próxima semana. A nova medida muda as regras de concessão da pensão por morte. "Foi uma grande vitória em que pacificamos o ambiente político, ainda que com o acirramento de ontem", disse o líder governista. "A sintonia fina entre o PT e o PMDB dá esse resultado", ressaltou, em referência à MP 665.

Picciani avaliou que seu partido tem atuado pela governabilidade com "independência" no Parlamento. "O PMDB sempre pregou a independência do Legislativo, com harmonia, mas sempre defendeu a governabilidade. Sempre dissemos que não tergiversaríamos na defesa da governabilidade do País", afirmou.

Muro

Picciani, contudo, alfinetou o PT ao dizer que a ameaça de não votar o ajuste fiscal após o pronunciamento do ex-presidente Lula contra a terceirização - uma bandeira defendida pelo PMDB - foi para tirar do "muro" a bancada petista. O PMDB queria dividir o ônus do "remédio amargo" representado pelo ajuste com o PT.

"O PT não foi enquadrado pelo PMDB, nós apenas fizemos um chamamento para que eles (petistas) assumissem a responsabilidade. É fundamental o PT ter assumido essa responsabilidade", disse Picciani. "A descida do PT do muro nos ajudou a vencer essa votação (da MP 665)", ironizou.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando