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Acompanhando o ritmo de retomada, após o período mais crítico da pandemia da Covid-19, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, por meio de sua Executiva de Ressocialização (Seres), com o Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa) retomaram os cursos presenciais para reeducandas da Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR).

Na próxima quarta-feira (27), 79 mulheres privadas de liberdade irão concluir a formação de Boas Práticas na Manipulação de Alimentos. As aulas foram retomadas no dia 21 de outubro após a suspensão em 2020, devido à crise sanitária. Todas as participantes receberão certificado de conclusão.

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“São ações que devem repercutir positivamente na vida dessas mulheres e de suas famílias, pois podem gerar emprego e renda ao saírem do sistema prisional”, afirmou o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, através da comunicação.

Estudo realizado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), por meio do Programa de Pós-Graduação em Antropologia, constatou que mulheres do sistema prisional alimentam o desejo de trabalhar. Desenvolvida na Penitenciária de Recuperação Feminina Maria Julia Maranhão, no bairro da Mangabeira, em João Pessoa, a pesquisa ainda identificou que o ócio é um dos principais males enfrentados pelas reeducandas.

Uma das explicações para o desejo das detentas de trabalhar é a possibilidade de redução das penas. De acordo com a doutoranda Núbia Guedes, responsável pela pesquisa, as presas grávidas são as que mais reclamam da falta de atividades de trabalho na cadeia.

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Para Núbia, a ausência de atividades, sejam elas educativas ou profissionais, causa prejuízos ao processo de ressocialização. “O ócio intentado pelo Estado é um castigo que não está tipificado no ordenamento jurídico, mas que é de grande eficácia para um Estado punitivo e  para uma sociedade vingativa”, comentou a doutoranda, conforme informações da UFPB.

A pesquisa concluiu que, quando existe trabalho em presídio feminino, poucas mulheres são inclusas e, na maioria das vezes, as atividades são associadas a afazeres domésticos, tais como limpar banheiros e cozinhar. “Estudos indicam que esses tipos de atividades apenas servem para passar o tempo na prisão. Embora não tenham o caráter de ressocialização, é bom para que o tempo passe de forma mais amena”, comenta Núbia.

A pesquisadora traz, porém, um ponto positivo a ser observado na a Penitenciária de Recuperação Feminina Maria Julia Maranhão. No local, é promovido um projeto chamado “Castelo de Bonecas”, em que as participantes produzem bonecas, panos de prato e artigos que são expostos em feiras de artesanato. “É um grande exemplo a ser assimilado, pois é um trabalho que, além de passar o tempo, humaniza a pena e profissionaliza as mulheres reclusas”, destacou a pesquisadora. A iniciativa, no entanto, ainda é embrionária, uma vez que somente 15 mulheres fazem parte da programação. Para a doutoranda, o ideal é que todas as detentas participem da ação.

A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), vinculada ao Governo de Pernambuco, divulgou detalhes de um aulão virtual focado em redação e português. No próximo sábado (24), às 9h, reeducandas da Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima (CPFAL), na Região Metropolitana do Recife, contarão com explicações da professora Fernanda Pessoa.

De acordo com a Seres, a ação pretende reforçar o aprendizado de 40 detentas que passarão pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para pessoas privadas de liberdade, previsto para novembro ou dezembro deste ano, ainda sem datas definidas. Elas terão acesso a um telão que exibirá a aula, ao vivo, da professora de redação.

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O aulão é promovido pela Secretaria de Educação de Pernambuco, com o apoio da Seres. A exibição será realizada na escola instalada nas dependências da unidade prisional, enquanto que Fernanda Pessoa estará em uma instituição de ensino localizada na cidade de Paulista, também na RMR, conduzindo a explanação presencial para outros estudantes que também farão o Enem.

 

Estrela precisa correr. São dois policiais com armas apontadas para ela, que só queria passar um final de semana em família na Praia de Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho. A esposa e a sobrinha divertem-se na cozinha, invadida pelos oficiais. Uma rápida busca acontece e 17 papelotes de maconha são encontrados. “Quer dizer que você não sabia o que sua tia fazia? Pois eu vou levar você”, afirma um dos policiais, que acaba algemando as duas mulheres. A cena é interpretada no Pátio da Colônia Penal Feminina Bom Pastor, no Bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife, pelas próprias reeducandas. No elenco, Danila Patrícia, Junior Marlley e a própria Geisiane Galdino, conhecida pelas colegas de detenção como Estrela. 

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Estrela escolheu interpretar a cena da detenção de sua esposa e da sobrinha. (Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

O teatro foi uma das oficinas artísticas oferecidas pela Rede Madalenas, através do 5º Festival de Cinema da Diversidade Sexual e de Gênero (Recifest), às reeducandas do Bom Pastor. Apesar de bom desempenho, as alunas não surpreenderam a professora e atriz Isabel Freitas. “O resultado foi muito positivo, mas as atuações não me impressionam, pois elas estão falando do lugar que vivenciam, que é a situação opressora de privação de liberdade. Isso traz solidão, abandono e tristeza, mas ao mesmo tempo elas estão resistindo”, comenta.

Estrela, localizada pela polícia um dia após a prisão da sobrinha e de sua esposa, explica como surgiu a ideia da peça. “A gente estava combinando como seria o teatro, aí surgiu a ideia de mostrar a história da prisão da minha sobrinha, porque aqui tem muita gente inocente. Ela acreditava tanto na polícia que vivia dizendo que quem fazia as coisas certas não pagava, mas paga”. Para a reeducanda, o teatro foi uma oportunidade de dividir suas angústias com as companheiras de detenção. “O que passa no dia dia dia é isso, vejo muito. Fico chateada, porque não tem como resolver, a justiça da terra é cega”, completa. 

Para Junior Marlley, arte proporciona maior integração entre reeducandas. (Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

Se tivesse oportunidade, a Estrela do Bom Pastor gostaria de brilhar nos palcos ou na cozinha. “Queria atividades assim todos os dias. Gosto de teatro, mas também seria cozinheira. Vou parar, porque se eu retornar ao crime, não volto mais para um presídio, mas para dentro de um caixão. Chega uma hora que Deus se cansa”, finaliza. Em cena com a amiga, o reeducando Junior Marlley, que prefere se identificar com seu nome social, acredita que as dinâmicas artísticas são capazes de abrandar a dureza dos dias na cadeia. “Achei muito divertido. A gente acabou falando mais uns com os outros. Tinham pessoas que a gente nem conhecia e agora passam pelo corredor e cumprimentam”, coloca.       

“O marrom, minha cor”

Cravada na perna esquerda, Danila Patrícia, de apenas 22 anos, carrega a ferida que determinou seu destino. Nascida em Benguela, na Angola, ela precisou viajar para Portugal com apenas cinco anos de idade, acompanhada pela mãe. “Muito cedo, tive um problema na perna e acabei por ser operada. Um primeiro médico disse que estava tudo bem e me mandou ir para casa. Passada uma semana, em outro plantão, um segundo profissional disse que eu tinha que ser imediatamente operada, pois meu joelho tinha acumulado líquido”, lembra. A segunda operação, contudo, estaria longe de solucionar os problemas da jovem. “Dentro do bloco cirúrgico, peguei uma infecção bacteriana no fêmur, pois a ferida não tinha fechado. Desde então, já fiz 28 cirurgias na região, mas ainda tenho ferros e parafusos dentro do osso que precisam ser retirados”, lamenta. 

Danila cantou para as colegas sua versão de canção portuguesa. (Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

O entra e sai de placas, ferros, dentre outros aparelhos, causaram um encurtamento de dez centímetros na perna direita de Danila, devido ao qual a jovem passou a sofrer de escoliose. Quando soube da existência de dois quilos de haxixe em sua mala, no Aeroporto de Lisboa, a angolana viu uma possibilidade de se livrar do sofrimento que a acompanhou por toda vida. “Uma amiga aproveitou que eu vinha para cá (Recife) e me pediu para trazer uma mala. Eu não sabia que tinha droga, ela só me avisou quando a mala já estava no avião e eu já tinha feito check-in. Eu passei um ano juntando dinheiro para a viagem e achei que o dinheiro poderia me ajudar com uma cirurgia muito cara”, lembra.

Reeducandas compatilham experiências através da arte. (Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

Técnica em turismo e apaixonada por viagens, Danila não conseguiu concretizar seus planos. No fundo da mala, que carregava itens eletrônicos para serem vendidos em solo brasileiro, a polícia encontrou a droga. Danila foi, então, detida no Aeroporto dos Guararapes, encaminhada para o Bom Pastor e separada, pela primeira vez, de sua mãe. “Ela veio para o Recife e me visita todo domingo”, afirma. 

Na Colônia Penal Feminina, a técnica em turismo virou cantora e compositora. “Eu gosto de cantar, mas nunca fiz aulas de canto. Mudei a letra da música ‘Dama’, do grupo português ‘Os Dama’. Era romântica, mas minha letra fala de minha mãe, pois não sei o que vou dar a ela. Quem canta seus males espanta”, afirma. 

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Letra da versão composta por Danila Patrícia da música "Dama":

“Eu nao sei o que te hei de dar

Ne te sei inventar frases bonitas

Mas aprendi uma ontem

Só que já me esqueci 

Entao olha só te quero a ti

Eu sei de alguém 

por demais envergonhada

Que por ser desajeitada

nunca foi capaz de falar

Mas logo hoje vi

o tempo que perdi

Sabes que esse alguém sou eu

E agora vou te contar”

Na plateia, Maiara Daine Gomes conhece bem a dor da ausência materna. Em reclusão há um ano e um mês, a reeducanda se emocionou ao lembrar da família enquanto pintava. “Me lembrei de um quadro que tinha na casa da minha mãe e tentei fazer parecido. Ganhei ele num sorteio de um teatro de Campina Grande, aos 12 anos de idade”, conta. 

Daiane exibe sua pintura feita durante oficinas na penitenciária. (Chico Peixoto/LeiaJáImagens) 

Sem estudo em artes plásticas, sua única experiência com arte até então havia sido a de confeccionar quadros e porta-trecos. “Vim de Campina Grande aos 12 anos de idade e comecei a vender o que fazia nos sinais. Depois me juntei com quem não presta e fui fazer coisa ruim, mas estou aqui arrependida, para pagar pelos meus atos. Eu gosto de trabalhar”, comenta.

Com aparência de pintura abstrata, o trabalho de Daine chamou a atenção de funcionários e colegas de detenção da penitenciária. “Melei os dedos, cada um de uma cor e fui pintando. Eu pintei o preto para falar sobre luto. O verde, esperança. Azul, o céu. Vermelho, amor. O marrom, minha cor”, conclui. 

Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) fechou, recentemente, parceria com o objetivo de aproveitar a mão de obra carcerária. O convênio foi firmado com a fábrica de bicicletas Zummi, instalada no município de Paulista, na Região Metropolitana do Recife. Inicialmente, apenas três reeducandas do regime semiaberto estão sendo contempladas.

“Para trabalhar, as reeducandas devem apresentar bom comportamento e ser disciplinada. O segundo passo é passar na avaliação da equipe psicossocial. Por fim, acompanhamos de perto a forma como está se saindo no emprego”, informou a psicóloga Simone Aragão.

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De acordo com o secretário da Seres, Romero Ribeiro,este tipo de iniciativa é fundamental no processo de ressocialização. “É importante capacitar a reeducanda para que tenha acesso ao mercado de trabalho. Isso ajuda evitar que ela cometa um novo crime”, ressaltou o gestor. “Estamos buscando novos parceiros para ampliar o atendimento nesta área”, concluiu Ribeiro, segundo informações da assessoria de imprensa.

Com informações da assessoria.

Em alusão as comemorações do Dia Internacional da Mulher, celebrado em oito de março, a reeducandas da Colônia Penal Feminina do Recife participaram, nesta segunda-feira (31), de diversas atividades nas áreas de saúde, beleza e cultura. 

No período da manhã, as mulheres puderam participar de uma palestra sobre a importância da higiene bucal. Na ocasião, técnicos da Prefeitura do Recife, parceira do evento, ensinaram as reeducandas a melhor forma de escovar os dentes. Elas também aprenderam sobre os males causados pelas cáries.

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À tarde, uma equipe do Programa Atitude, do Governo de Pernambuco, realizou mais uma palestra, cujo tema abordado foi sobre as consequências do uso de drogas. A programação foi encerrada com o show do cantor Edy Carlos. 

Com informações da assessoria

Nesta segunda-feira (25), nove reeducandas que respondem a processo na Vara de Entorpecentes participam de uma audiência, realizada na Colônia Penal Feminina do Recife, no bairro da Iputinga, na Zona Oeste do Recife. A medida pretende evitar o deslocamento das rés até o Fórum e reforçar a segurança da unidade prisional.

A ação está sendo realizada através de uma parceria entre a Secretaria de Ressocialização com o Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública. De acordo com o secretário da pasta, Romero Brito, a ideia é ampliar a parceria e realizar este tipo de ação em outras unidades prisionais do Estado.

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Nesta quinta-feira (8), data em que se comemora Dia Internacional da Mulher, várias atividades serão realizadas entre as reeducandas da Colônia Penal Feminina do Recife - Bom Pastor - localizada no bairro do Engenho do Meio, Zona Oeste do Recife. 

A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) elaborou uma programação especial para o grupo. Dentre as atrações, está a exibição de filmes, atendimento jurídico, corte de cabelo, oficinas de beleza, ações preventivas e sorteio de brindes.

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