Em depoimento na CPI da Petrobras, nesta terça-feira (7), o ex-ministro da Controladoria Geral da União (CGU) Jorge Hage negou que as investigações sobre o pagamento de propina da SBM Offshore a funcionários da Petrobras tenha sofrido interferência política. Ele disse que, mesmo sem a cooperação das autoridades holandesas, o CGU seguiu o processo de investigação de 24 pessoas, que resultou em 13 processos punitivos instaurados.
Hage disse que a apuração do órgão indicou enriquecimento ilícito, transações imobiliárias suspeitas, emprego de parentes de funcionários da Petrobras em empresas ligadas à SBM, viagens suspeitas para Holanda e vazamento de informações confidenciais sobre a estatal à SBM.
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Entre os acusados a partir das investigações da CGU estão os ex-diretores Nestor Cerveró, Jorge Zelada e Renato Duque, além de José Orlando Azevedo, José Eduardo Loureiro e José Augusto Salgado da Silva. Ele lembrou que, graças às denúncias contra a SBM, a Petrobras barrou a empresa de participar de licitações.
O esclarecimento de Hage ao colegiado foi motivado por declarações do advogado Jonathan Taylor, que durante nove anos trabalhou na SBM. Segundo ele, a Controladoria teria deixado de investigar mais detalhadamente o caso devido ao calendário eleitoral. "Não é verdade que a CGU tenha protelado o caso", ressaltou Hage, que também explicou que a apuração começou em fevereiro do ano passado, seis meses antes do primeiro contato de Taylor. Os processos foram instaurados em novembro. “Considero que sete meses foi uma marca muito boa para este caso”, sustentou.
A opção de não usar os documentos fornecidos por Taylor, segundo o ex-ministro, foi tomada por suspeitas de que o advogado teria obtido as informações de forma ilícita e o uso poderia invalidar as investigações. Jorge Hage lembrou ainda que o ex-funcionário da SBM foi acusado de tentar extorquir a empresa em 3 milhões de euros para não revelar as informações que possuía – que incluíam documentos de uma investigação interna e gravações de conversas sem autorização judicial.
“Não é verdade, portanto, que a CGU nada fez. E a CGU agiu de forma correta ao optar em não usar os documentos de Taylor, que poderiam comprometer todo o processo e não ofereciam o principal: o nome de quem recebeu a propina”, frisou.
Essa negativa foi feita várias vezes durante a audiência, diante da repetição de perguntas dos deputados para saber se a CGU atrasou ou não a investigação em conluio para beneficiar a campanha à reeleição de Dilma Rousseff. Alguns deputados chegaram a se irritar com as declarações e houve bate-boca, apenas encerrado após a intervenção do presidente da CPI, deputado Hugo Mota (PMDB-PB).
"Então o Ministério Público e a Polícia Federal estão em conluio para proteger a reeleição da presidente Dilma?", questionou. Segundo ele, Dilma Rousseff nunca falou com ele sobre as investigações. O contato foi feito com a ex-presidente da estatal Graça Foster e o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
Zelada – O ex-ministro disse ainda ter certeza de que informações estratégicas sobre o pré-sal foram repassadas à SBM Offshore. O autor do vazamento teria sido o ex-diretor Internacional da Petrobras, Jorge Zelada. "Nós confirmamos que houve vazamento de informações retiradas do sistema da Petrobras com uso da senha de Zelada", declarou Hage, que complementou o depoimento disse que as investigações da CGU confirmaram que os dados saíram do computador residencial de Zelada, fora do expediente de trabalho.