A semana foi diferente para Uiles Geraldo Gonçalves de Freitas Júnior, ou melhor, Mazola Júnior. Até então desconhecido para muita gente no mundo do futebol, sobretudo do público pernambucano, esse paulista, natural de Campinas, 46 anos, ganhou status de herói após levar o Sport à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. Na chegada da delegação de Goiânia após a vitória por 1x0 sobre o Vila, o treinador foi um dos mais festejados pelos milhares de rubro-negos que tomaram as ruas. O reconhecimento do público mexeu com Mazola; “Me senti como se tivesse sido campeão da Copa do Mundo pela seleção brasileira”.
Em entrevista ao Leia Já, Mazola Júnior fala desse assédio, da sua vinda para o Sport, da próxima temporada e um pouco da sua experiência no futebol, onde passou Ponte Preta, onde foi até gandula, futebol português, italiano e japonês.
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Leia Já: Em janeiro, você chegava ao Sport para treinar os juniores. No mesmo ano, o time principal caiu em suas mãos, subiu para a Série A, e você foi efetivado no cargo para 2012. Tudo aconteceu muito rápido?
Mazola Júnior: Quando os dirigentes (Gustavo Dubeux e Luciano Bivar) foram conversar comigo, vim para o Sport porque a intenção era fazer um trabalho no sub-20 como se fosse o time profissional. Tinha certeza que, mostrando um bom trabalho, mais cedo ou mais tarde, apareceria uma chance no time de cima. O Sport é time grande, onde o treinador não tem vida fácil. Isso aconteceu e tive a oportunidade como interino. Felizmente as coisas ocorreram bem e estamos muito seguros e conscientes de que vamos fazer um grande trabalho em 2012.
Leia Já: O que mais te surpreendeu. A invasão da torcida no aeroporto no embarque para Goiânia, ou a multidão que foi recepcionar a delegação após a vitória contra o Vila?
Mazola: A surpresa foi na quantidade de gente, não no movimento. Depois do que aconteceu contra o Paraná, a coincidência das derrotas do Bragantino e do Vitória, sabíamos que teria gente no aeroporto. E na volta, pelo o que tinha acontecido no embarque, tínhamos certeza de que seria do mesmo jeito. Mas o que surpreendeu foi a quantidade de gente. Sinceramente, domingo (27/11) me senti como campeão do mundo pela seleção brasileira.
Leia Já: Chamaram a atenção as várias frases de efeito proferidas por você. A inspiração veio na hora da entrevista ou foi algo pensado com antecedência?
Mazola: Aquilo é o jogo das palavras. São ferramentas que você tem que usar para tirar o foco dos jogadores, já que a pressão estava em cima deles. E também para motivar os jogadores e a torcida. Em clube grande, o treinador precisa saber usar a força da torcida. E acho que soubemos administrar bem esse quesito. A torcida gosta desse meu estilo. Sinto isso no clube, na rua. Quem subiu o Sport foi a torcida e sua atitude no final do campeonato.
Leia Já: O Sport tem tradição de revelar treinadores para o grande público nacional. Foi assim com Givanildo Oliveira, Dorival Júnior e Emerson Leão. Chegou o momento do Mazola?
Mazola: Deus queira que essa tradição seja mantida. Mas, sinceramente, não vislumbro outros clubes no momento. Estou muito bem no clube e aqui em Recife. Estou até pensando em estabelecer residência fixa na cidade.
Leia Já: Falando de futuro, qual a tua expectativa para o Campeonato Pernambucano?
Mazola: Será um dos melhores campeonatos dos últimos tempos, pela motivação de Sport, Náutico e Santa Cruz, e pelo crescimento dos times do interior. Vai ser um campeonato muito difícil e de alta qualidade técnica.
Leia Já: Algumas pessoas alegam que você ainda não tem experiência. Qual a sua resposta?
Mazola: Posso não ser famoso, mas já estou há muito tempo no futebol. E a vida me ensinou a superar os desafios. Quando fui jogar na Itália, nos anos 80, tive que aprender a falar italiano em uma semana para comer. Passei também pelo futebol português, japonês e fui auxiliar técnico do Cruzeiro e Atlético-MG. Agora, só as vitórias vão fazer o pessoal esquecer isso.
Leia Já: O caso Marcelinho Paraíba (acusado de tentativa de estupro) caiu como uma bomba na semana passada. Você já conversou com ele?
Mazola: Sim. Como companheiro de trabalho e amigo, conversei com ele no sentido de alertar para que tudo isso que aconteceu é ruim para a imagem dele e que tenha servido de lição para ele repensar algumas situações. Agora, não tenho motivo para não acreditar na versão dele (Marcelinho alega inocência).