Tópicos | Superendividamento

O Plenário do Senado aprovou nesta segunda-feira (2) o projeto que cria o Programa Emergencial Desenrola Brasil, para refinanciamento de dívidas pessoais (PL 2.685/2022). Do deputado Elmar Nascimento (União-BA), o texto incorpora a medida provisória que criou o programa (MP 1.176/2023). O projeto, aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) na semana passada e enviado ao Plenário em regime de urgência, foi relatado pelo senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) e segue agora para sanção da Presidência da República.

Conforme explicou o relator, o programa estabelece normas para facilitar o acesso ao crédito e diminuir a inadimplência e o superendividamento. Uma das medidas é o limite para os juros do cartão de crédito, que deve ser fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Rodrigo Cunha disse que o projeto terá um impacto positivo muito grande na economia dos lares do país. Na visão do senador, a proposta ainda tem o mérito de resgatar a dignidade para muitos brasileiros, que poderão “limpar o nome”. 

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O relator também disse que o assunto é de interesse de todo o país. Ele apontou que a redução do endividamento contribui para a diminuição da inadimplência — que, por sua vez, fortalece a confiança no sistema financeiro, facilitando o acesso a crédito para situações legítimas de necessidade, como a compra de uma casa ou investimento em educação.

Para o senador, ao aliviar o endividamento, as famílias poderão adotar práticas financeiras mais saudáveis, promovendo um consumo mais consciente e responsável. Rodrigo Cunha também registrou que essas práticas beneficiam a economia de longo prazo, evitando que as pessoas fiquem presas em ciclos contínuos de dívidas. 

— Com este projeto, estamos dando nossa colaboração para o futuro do país, resgatando a dignidade do nosso povo — registrou o senador, que ainda sinalizou uma proposta para renegociação de dívidas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).   Endividamento O líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA), agradeceu o apoio à matéria por parte do relator e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Wagner disse que o projeto é uma espécie de “salvação nacional”.

Na mesma linha, o senador Chico Rodrigues (PSB-RR) afirmou que o Desenrola vai ser importante para milhões de brasileiros que estão com sua situação fiscal comprometida. Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), o programa vai ajudar a população honesta e trabalhadora a recuperar a dignidade.

— Estamos devolvendo a brasileiros e brasileiras a coisa mais importante: o nome limpo e a capacidade de andar de cabeça erguida — afirmou.  O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também elogiou a iniciativa do projeto e o trabalho do relator. Para Randolfe, o programa é uma medida efetiva de combate ao endividamento. O senador Carlos Portinho (PL-RJ) manifestou apoio ao projeto e pediu mais medidas no mesmo sentido. A senadora Tereza Cristina (PP-MS) e o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) disseram que a proposta tem o mérito de ajudar milhões de brasileiros.

O presidente do Senado também elogiou o relatório e destacou a importância do projeto.  — O alcance social [do programa] é muito grande, pois busca solucionar o endividamento das famílias do Brasil — declarou Pacheco.

Medida provisória

O Programa Desenrola Brasil está em funcionamento desde o dia 17 de julho deste ano por conta da MP 1.176/2023, que aguarda votação na Câmara dos Deputados e perde a validade já nesta terça-feira (3). Além de incorporar o programa federal criado pela MP, o projeto de lei abrange normas previstas em uma portaria do Ministério da Fazenda, que regulamenta o Desenrola Brasil e traz medidas adicionais.

Jaques Wagner reclamou do fato de a Câmara dos Deputados não ter votado a MP 1.176. Para o líder do governo, a situação termina causando “um constrangimento” para o Senado. Na mesma linha, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) manifestou sua contrariedade com o fato de a Câmara dos Deputados não ter analisado a MP a tempo de a matéria ser enviada ao Senado.  Veja, abaixo, alguns dos principais pontos do projeto.

Desenrola Brasil

O objetivo do programa é incentivar a renegociação de dívidas de pessoas inscritas em cadastros de inadimplentes para reduzir o endividamento e facilitar a retomada do acesso ao crédito. O Desenrola Brasil vale até 31 de dezembro de 2023 e, segundo o Ministério da Fazenda, pode beneficiar até 70 milhões de pessoas. Conforme dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgados na semana passada, cerca de 6 milhões de brasileiros já conseguiram tirar o nome de cadastros negativos por terem renegociado dívidas de até R$ 100. 

O projeto define dois tipos de empresas envolvidas na negociação com o devedor: o credor, que inscreveu a pessoa devedora no cadastro de inadimplentes; e os agentes financeiros, autorizados a realizar operações de crédito. 

O programa impõe algumas condições aos participantes:  os devedores devem pagar seus débitos pela contratação de nova operação de crédito com agente financeiro habilitado ou com recursos próprios os credores devem oferecer descontos e excluir dos cadastros de inadimplentes as dívidas renegociadas os agentes financeiros devem financiar com recursos próprios as operações de crédito.

  Faixa 1

O projeto prevê duas faixas de público beneficiado pelo Desenrola Brasil. A faixa 1 se destina a pessoas com renda mensal de até dois salários mínimos ou que estejam inscritas no Cadastro Único para Programa Sociais do Governo Federal (CadÚnico), com dívidas de até R$ 5 mil contraídas até 31 de dezembro de 2022.  Segundo o Poder Executivo, esse grupo reúne cerca de 43 milhões de pessoas e uma dívida total estimada em cerca de R$ 50 bilhões. Os beneficiados podem quitar os débitos à vista ou por meio de financiamento bancário em até 60 meses, sem entrada, com taxa de juros de 1,99% ao mês e primeira parcela após 30 dias. A parcela mínima será de R$ 50. 

Famílias e credores precisam se inscrever em uma plataforma na internet. O público deve participar de um programa de educação financeira, enquanto os credores devem se submeter a um leilão eletrônico para oferecer descontos às famílias. O governo garante a quitação da dívida para o vencedor do leilão — aquele que oferecer o maior desconto.

Faixa 2

A faixa 2 é destinada a pessoas com renda de dois salários mínimos até R$ 20 mil por mês. As instituições financeiras podem oferecer aos clientes a possibilidade de renegociação de forma direta ou pela plataforma do Desenrola Brasil. Em troca de descontos nas dívidas, o governo oferece aos bancos incentivos regulatórios para que aumentem a oferta de crédito. 

O texto prevê um prazo mínimo de 12 meses para o pagamento na faixa 2, exceto quando os devedores queiram pagar a dívida em menos tempo. O projeto estabelece outras condições para que bancos públicos ou privados participem como credores no leilão de descontos, caso tenham volume de captações superior a R$ 30 bilhões. Uma das condições é reduzir permanentemente os cadastros de inadimplentes com dívidas de valor igual ou inferior a R$ 100.

As dívidas que não se enquadrem nas faixas 1 e 2 podem ser quitadas por meio da plataforma digital do programa. A Caixa e o Banco do Brasil devem prestar instruções de forma presencial e gratuita aos devedores que tiverem dificuldade em acessar a plataforma. Para garantir o pagamento do valor renegociado, o Executivo pode usar recursos do Fundo Garantidor de Operações (FGO-Pronampe). O dinheiro deve ser aplicado para honrar valores não pagos pelo devedor depois da renegociação até o montante de R$ 5 mil por pessoa, atualizado pela taxa Selic.

Juros do cartão

O projeto encarrega o CMN de fixar limites para os juros do cartão de crédito. Todos os anos, os emissores de cartão e outros instrumentos pós-pagos devem submeter à aprovação do conselho os limites para as taxas de juros e encargos financeiros cobrados.  Se os limites não forem aprovados no prazo máximo de 90 dias, contados da data de publicação da lei originada pelo projeto, o total cobrado a título de juros e outras despesas não pode exceder o valor original da dívida. Ou seja: a dívida pode no máximo dobrar no período de um ano. Hoje, os juros do cartão de crédito estão em torno de 440% ao ano. 

*Da Agência Senado

O deputado federal Gustavo Fruet (PDT) entrou com uma medida no Congresso para suspender os efeitos do decreto que regulamenta a Lei do Superendividamento e estabelece o valor mínimo para se viver em 25% do salário mínimo vigente, o que hoje daria R$ 303 mensais - R$ 10,10 por dia.

Pelo decreto, editado pelo presidente Jair Bolsonaro na semana passada, esse montante, chamado de "mínimo existencial", tem de ser preservado para a subsistência do cidadão e não pode ser usado para o pagamento de dívidas, por exemplo.

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Para o deputado, que questiona a medida por meio de um projeto de decreto legislativo, o "mínimo existencial" aumenta a vulnerabilidade das pessoas mais pobres, ao permitir, no caso de quem recebe um salário mínimo, que até 75% da renda possa ser comprometida com dívidas. Geralmente, essa fatia é bem menor. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio, em junho, 30,4% da renda das famílias estava tomada com o pagamento de dívidas.

"Essa medida, com certeza, vai aumentar o endividamento de cidadãos que já estão vulneráveis, colocando em risco a própria sobrevivência deles", diz Fruet. "Isso tira o poder de negociação dessas famílias com instituições financeiras para conseguir acordos, já que boa parte da renda delas poderá ser comprometida."

Idec

Para a coordenadora do Programa de Serviços do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim, o decreto é "extremamente prejudicial" e acaba deturpando a Lei do Endividamento, que tem por objetivo estabelecer mecanismos de educação financeira e de proteção contra o assédio de bancos. "A medida permite que a renda do consumidor acabe sendo drenada pelo sistema financeiro. As instituições continuam concedendo o crédito sem avaliar a capacidade de pagamento do tomador", diz.

O instituto também avaliou como preocupante medida provisória aprovada pelo Congresso no início do mês passado, que amplia a margem do comprometimento de renda para o empréstimo consignado e inclui beneficiários de programas sociais como o Auxílio Brasil e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Pela proposta, essas famílias podem comprometer até 40% do Auxílio Brasil com empréstimos. A MP ainda não foi sancionada, mas instituições financeiras já estão fazendo pré-cadastros e divulgando ofertas, com juros de até 86% ao ano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A comissão especial que estuda medidas contra o que é considerado o superendividamento dos consumidores brasileiros ouviu nesta terça-feira (8) a análise do ex-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes (PDT), sobre o problema.

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*Da Agência Câmara Notícias 

 

Com o pagamento da primeira parcela do 13° salário, muitos consumidores aproveitam para fazer suas compras de fim de ano, adquirindo dívidas em muitos casos. Segundo os economistas da Serasa Experian, algumas dicas simples de planejamento podem ajudar a evitar o superendividamento.

Pechinchar preços, pesquisar as condições de pagamento e listar os presentes que pretende adquirir são algumas dessas orientações. Os economistas lembram, ainda, que a variação constante do dólar também pode influenciar na variação do preço dos produtos, tornando-os, em muitas vezes, mais caros.

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Outra orientação é o cuidado com o número de parcelas, que não devem ser muito altas nem se estender por longos prazos, pois deve ser considerado que, ao acumular dívidas, o consumidor assume o risco de uma incerteza no futuro, e pode perder o controle do que vai pagar. Em relação ao uso do cartão de crédito ou cheque, deve-se fazer um levantamento das dívidas já existentes para visualizar quanto está devendo e se este valor compromete sua renda.

Os economistas também recordam dos apelos de marketing da época sobre diversos produtos, que geralmente entram em liquidação no começo do ano, mesmo período em que muitos gastos se acumulam, como IPVA, IPTU, matrículas, material escolar e despesas com férias. Por isso, todos estes gastos já devem ser considerados nas despesas da família desde dezembro.

Confira algumas orientações:

1. Planeje os gastos, procurando saber quais as dívidas já existentes.

2. Tenha em mente o que uma compra no cartão de crédito pode significar na fatura mensal da família

3. Liste os itens que pretende comprar, evitando as compras por impulso.

4. Pense no número de presentes necessários, priorizando pessoas mais próximas.

5. Evite levar os filhos nas suas compras.

6. Lembre-se de sempre pesquisar preço e condições de pagamento.

7. Evite parcelas a longo prazo.

8. Prepare-se para os gastos de início de ano: IPVA, IPTU, matrículas, gastos com férias. Lembre-se também das liquidações da mesma temporada. Pode valer a pena esperar um pouco.

 

Com informações da assessoria

Uma pesquisa realizada pela Câmara dos Dirigentes Lojistas do Recife (CDL) constatou que a maioria dos endividados recifenses desejam pagar seus débitos de forma total (42%) ou parcial (53%). Dentre os que pretendem pagar os débitos, 43% afirmam que vão procurar seus credores para propor um acordo e 18% vão cortar gastos para conseguir realizar o pagamento.

Do grupo dos endividados, 46% deles disseram acreditar na facilidade de Feiras de Negociação de dívidas, 20% consideraram o processo difícil e 34% afirmaram não saber como o sistema funciona. A pesquisa revelou ainda que, do total de endividados, 57,3% são homens e com idades entre 21 e 40 anos (57%). Apesar disso, também se pôde observar um aumento da proporção dos devedores com mais de 40 anos.

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A coordenadora da série de palestras realizada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) "Educação Financeira, Planejamento Econômico e Superendividamento", a juíza Nalva Cristina Campello Santos, afirma que o maior problema é a falta de controle nas compras. “Um dos principais problemas são os excessos nas compras. Ter vários cartões de créditos, mais de uma conta bancária, tudo isso colabora para que a pessoa tenha gastos completamente desnecessários”.

A pesquisa aponta que os cartões de crédito e de loja são os maiores causadores dos débitos dos pesquisados (41%). A origem da inadimplência de 16% dos pesquisados vem das prestadoras de serviço, seguida dos carnês de loja, responsáveis pelos débitos de 10% dos endividados. O estudo observou que 8% dos devedores indicaram o cheque especial como causador de suas dívidas, número 5% maior do que o observado na pesquisa de setembro de 2012.

A magistrada alerta ainda para o perigo dos empréstimos bancários. “Os empréstimos são os piores, os juros são altíssimos e não passa de uma ilusão. Mesmo que seja pra realizar o pagamento de outras dívidas, os empréstimos não devem ser uma opção nunca. Em segundo lugar, o cartão de crédito e o cheque especial, que também tem juros altos e parecem que são infinitos, mas na verdade não é um dinheiro seu e sim, do banco”. 

Em setembro de 2012, o número dos que usavam a falta de trabalho como argumento para seu endividamento correspondia a 33% do total de inadimplentes, já no levantamento realizado em setembro deste ano este número não passou de 16%. A maioria dos entrevistados (33%) afirmou que contraiu suas dívidas por falta de planejamento financeiro.

Nalva Campello explica que a melhor forma de evitar o superendividamento, além de evitar compras desnecessárias, é cortar os gastos. “A pessoa que já estiver superendividada, deve de imediato, cortar todos os gastos extras como TV a cabo, um dos cartões de crédito, se caso tiver mais de um celular, ficar com apenas um, não realizar compras de fim de ano e optar (se possível) por realizar as refeições em casa – para aqueles que costumam almoçar fora todos os dias.”

Apesar das dívidas que possuem, a maior parte dos entrevistados (38%) acredita que seu nível de consumo nos próximos seis meses será maior que o atual. Já 21% deles acha que consumirá menos no próximo semestre e 27% acha que manterá o nível de consumo atual. Dentre os pesquisados, 14% não sabe como vai estar seu padrão de consumo neste período.

A série de palestras "Educação Financeira, Planejamento Econômico e Superendividamento" acontecerá nos dias 24 e 25 de outubro, no Fórum Rodolfo Aureliano, na Ilha Joana Bezerra, área Central do Recife. O prazo para inscrições é até esta quarta-feira (23). Foram abertas 300 vagas para os interessados, que podem realizar inscrição entrando em contato com o setor do Proendividados, localizado no Fórum Thomaz de Aquino, através do telefone (81) 3224.0501. 

Confira algumas dicas da juíza Nalva Campello:

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