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O secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, afirmou, na tarde desta quinta-feira (26), que "certamente" outras medidas serão adotadas pelo governo para garantir o cumprimento da meta fiscal. Sem antecipar nenhuma delas, o secretário fez questão de ressaltar que o decreto com limitação de despesas que será editado pelo governo é um passo adiante para a política fiscal. "Vamos pagar o passado. E pensar bem nas novas despesas", destacou ele, sinalizando que o governo vai ser mais exigente na qualidade dos novos gastos.

"Existem passivos e estamos analisando casa a caso. Isso não é uma coisa trivial. Temos que aprender a lidar com os passivos", afirmou ao ser questionado sobre esqueletos fiscais. Saintive disse também que a projeção de PIB para 2015 "em princípio" é correlacionada com a do governo. Ele deu essa declaração ao esclarecer comentário anterior de que o Tesouro trabalha com as projeções do mercado.

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Segundo ele, o governo vai fazer a previsão de PIB para 2015 no momento adequado. O governo, disse sua assessoria, mantém a previsão de alta de 0,8% que consta na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

As despesas do governo com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no mês de janeiro caíram 34,5% em relação a janeiro de 2014, somando mês R$ 4,739 bilhões. O PAC sofreu uma redução de 34,5% em relação a janeiro de 2014. A medida faz parte da decisão do governo de colocar um freio nos gastos.

O secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, afirmou que o quadro atual das contas públicas exige o que classificou de "reescalonamento" do pagamento das despesas. Segundo ele, reescalonar as despesas é melhor do que não pagá-las. Para ele, esse reescalonamento visa dar previsibilidade das despesas. Ele ressaltou que esse era o recado, a mensagem que queria transmitir. Ele destacou ainda que a redução das despesas do PAC em janeiro é resultado desse reescalonamento.

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"Precisa ter claro que na situação atual precisaremos reescalonar os pagamentos", afirmou, ressaltando que se trata de um motivo "nobre". "Queremos cumprir a meta do governo, que é a meta da presidente Dilma Rousseff", acrescentou.

Saintive destacou que o governo tem o compromisso de pagamento de despesas já realizadas, já feitas, mas tem, por outro lado, que cumprir a meta fiscal. "Essa é a mensagem. Temos de estar atentos a qualidade dos gastos e olhar para que podemos fazer os pagamentos em tempo tempestivo. Esse é o objetivo do governo", afirmou. Ele admitiu que o superávit primário de janeiro não era o esperado pelo governo, mas ficou bem próximo do que o governo gostaria. Ele destacou que as despesas e receitas tiveram em janeiro variação real negativa.

O governo pagou R$ 739,4 milhões em janeiro de precatórios e sentenças judiciais de benefícios previdenciários. Em 2014, o valor pago no mês com essas despesas foi de R$ 1,3 bilhão, uma queda de 55,8%.

No primeiro resultado fiscal entregue pela nova equipe econômica, as contas do Governo Central registraram superávit primário de R$ 10,405 bilhões em janeiro, com um queda de 20,2% em relação ao mesmo mês do ano passado. Foi o pior resultado para o mês desde 2009. Em janeiro do ano passado, o Governo Central registrou um superávit de R$ 13,036 bilhões.

O resultado, anunciado nesta quinta-feira (26), pelo Tesouro Nacional, ficou abaixo da mediana estimada, após coleta do AE Projeções, de R$ 11,914 bilhões, mas ficou dentro do intervalo previsto, de R$ 9 bilhões a R$ 17,1 bilhões. O Governo Central reúne as contas do Tesouro Nacional, INSS e Banco Central. O Tesouro apresentou um superávit de R$ 16,197 bilhões. Já as contas do INSS tiveram déficit de R$ 5,651 bilhões e as do BC registraram saldo negativo de R$ 140,5 milhões.

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O desempenho das contas do Governo Central em janeiro refletiu uma receita total de R$ 125,425 bilhões e uma despesa de R$ 92,530 bilhões. Enquanto as despesas registraram alta de apenas 2,8%, as receitas apresentaram uma expansão de 0,3%.

Esse resultado foi obtido com a retração das despesas com investimentos e regras mais rígidas de contenção de gastos aprovadas pela equipe econômica no início do ano que vão vigorar até a aprovação do Orçamento de 2015 pelo Congresso Nacional. Pelas regras, o limite de autorização de gastos foi fixado em 1/18 avos, valor menor do que os 1/12 avos fixados na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Esses regras derrubaram o ritmo de expansão das despesas.

Na tentativa de rever as desconfianças em torno da política fiscal, o governo prometeu entregar um superávit primário de R$ 66,3 bilhões (1,2% do PIB) das contas do setor público consolidado neste ano. Mas antes mesmo de a lei orçamentária ser aprovada pelo Congresso Nacional, aumenta a cada dia a desconfiança em torno da capacidade de o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, entregar a meta deste ano.

Em 12 meses até janeiro, as contas do governo central acumulam um déficit primário de R$ 19,9 bilhões, o equivalente a 0,39% do Produto Interno Bruto (PIB). A meta do governo central para 2015 é de R$ 55,3 bilhões.

CDE

O governo transferiu em janeiro R$ 1,250 bilhão de recursos orçamentários para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo setorial que bancou a redução da conta de luz. Essa despesa deveria ter sido paga no ano passado, mas foi "pedalada" para 2015. A autorização foi dada no último dia de 2014, com o pagamento em janeiro deste ano. Em janeiro de 2013, a transferência para a CDE foi de R$ 688,7 milhões.

Por outro lado, o governo praticamente não contou com recursos de concessões para melhorar as receitas. Foram apenas R$ 301,8 milhões, 59,3% a menos que em janeiro de 2014. Não houve nenhuma transferência de dividendos no mês passado, assim como em 2014.

Mergulhadores acabam de encontrar no fundo do antigo porto de Cesareia, na costa mediterrânea, duas mil moedas de ouro de mil anos que constituem o tesouro numismático mais importante já encontrado em Israel, anunciou na terça-feira a autoridade nacional de antiguidades.

Os membros de um clube de mergulho fizeram a descoberta por acaso, depois que tempestades removeram o fundo do mar do antigo porto de Cesareia (noroeste de Israel).

"No início acreditaram que se tratava de uma ficha de jogo" e perceberam seu erro quando recolheram várias moedas, indicou a autoridade. Avisaram ao diretor do clube de mergulho, que, por sua vez, informou as autoridades das antiguidades.

Os mergulhadores da autoridade detectaram 2.000 moedas de dinares, meio dinar e um quarto de dinar, a mais antiga cunhada em Palermo (Sicília) na segunda metade do século IX. Muitas das moedas remontam a dois califas fatímidas que reinaram do fim do século X ao primeiro terço do século XI em um território que cobre grande parte da África do Norte, Sicília e parte do Oriente Médio.

Em excelente estado de conservação, apesar dos mil anos no fundo do mar, as moedas não precisaram de uma limpeza, indicou Robert Cole, especialista em numismática. Algumas têm marcas de mordidas, que mostram que seus donos comprovaram sua qualidade com os dentes. Outras parecem ter recebido batidas.

As peças podem ser provenientes do naufrágio de um barco que transportava a arrecadação de impostos destinada ao governo central no Egito, afirma Kobi Sharvit, diretor da unidade de arqueologia marinha da autoridade das antiguidades. Ou o dinheiro estava destinado a pagar os salários da equipe que defendia Cesaria. Ou ainda, pertencia a um rico mercador cujo barco negociava com os portos mediterrâneos antes de naufragar.

A autoridade espera que o estudo do contexto permita saber mais detalhes.

Impulsionada pelo processo de alta da Selic e pelos aportes do Tesouro Nacional aos bancos públicos, a dívida pública federal (DPF) apresentou um crescimento de R$ 173,089 bilhões em 2014 - ultimo ano do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. De acordo com dados divulgados nesta quarta-feira, 28, pelo Ministério da Fazenda, o estoque da DPF, que inclui dívida interna e externa do governo federal, subiu para R$ 2,295 trilhões - uma alta de 8,15% em apenas um ano. Em 2013, o estoque estava em R$ 2,122 trilhões.

Além do custo mais alto da dívida por conta do aperto monetário e das incertezas que marcaram o ano passado, a dívida sofreu, principalmente, com as emissões de títulos feitas pelo Tesouro para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em 2014, o Tesouro emprestou ao banco de desenvolvimento R$ 60 bilhões - R$ 30 bilhões em dezembro, faltando poucos dias para o fim do ano e já com a nova equipe econômica escolhida. Em dezembro, o Tesouro também emitiu R$ 1 bilhão para o banco da Amazônia (Basa)

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O valor da DPF fechou dentro da banda do Plano Anual de Financiamento (PAF), de R$ 2,170 trilhões e R$ 2,320 trilhões. O impacto da correção de juros no estoque da DPF foi de R$ 243,318 bilhões no ano passado, com alta de 11,46%.

A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) subiu 7,32% e fechou dezembro em R$ 2,183 trilhões. A Dívida Pública Federal externa (DPFe) ficou 0,83% maior, somando R$ 112,29 bilhões no final do ano passado. O estoque da DPF aumentou apesar do resgate liquido de R$ 69,209 bilhões de títulos ao longo de 2014.

Investidores

A participação dos investidores estrangeiros no estoque da DPMFi caiu de 20,07% em novembro de 2014 para 18,64% em dezembro, somando R$ 406,96 bilhões do total do estoque, conforme o Tesouro Nacional. Em novembro, o estoque estava em R$ 421,42 bilhões, o que significou uma redução de R$ 14,46 bilhões de um mês para o outro.

A categoria das instituições financeiras teve elevação na participação do estoque da DPMFi de 27,26% para 29,77%. Os Fundos de Investimentos reduziram a fatia de 20,63% em novembro para 20,28% em dezembro de 2014. Já as seguradoras tiveram redução na participação de 4,17% para 4,09%.

Indexadores

O Tesouro Nacional encerrou 2014 dentro dos parâmetros estabelecidos para a DPF, depois de ter passado quase todo o ano com a participação dos títulos prefixados e dos remunerados pela Selic fora das bandas.

A parcela de títulos prefixados na DPF caiu de 42,02% em dezembro de 2013 para 41,58% em 2014. Os papéis atrelados à Selic também diminuíram a fatia de 19,11% para 18,66%. Os títulos remunerados pela inflação subiram para 34,91% do estoque da DPF em 2014, ante 34,53% no final de 2013. Os papéis cambiais elevaram a participação na DPF de 4,35% em 2013 para 4,85% no ano passado.

O governo Dilma Rousseff poderá ter de enfrentar um novo impacto fiscal que não estava nas contas da equipe econômica. As "pedaladas fiscais", comprovadas em relatório de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU), revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, vão forçar o governo a tomar duas medidas: devolver imediatamente os recursos devidos pelo Tesouro Nacional aos bancos públicos e fazer o Banco Central incorporar "corretamente" na estatística da dívida pública o passivo do Tesouro com o BNDES - o que elevará o endividamento total da União. O impacto fiscal, caso o relatório seja aprovado pelos ministros do TCU, seria equivalente a R$ 12,2 bilhões, a valores de junho de 2014.

Esse aumento na dívida líquida do setor público terá de ser feito pelo BC. De acordo com o relatório do TCU, em junho de 2014, o Banco Central contabilizava uma dívida de R$ 7,4 bilhões do Tesouro com o BNDES por causa do saldo com equalização de juros no Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Mas, no mesmo período, os dados repassados pelo Tesouro ao TCU indicavam um passivo muito maior, de R$ 19,3 bilhões.

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A revelação do teor do relatório antes da sua apresentação em plenário pelo relator, ministro José Múcio, pegou de surpresa a equipe econômica, que não contava com mais esse problema fiscal logo no início do segundo mandato. Fonte da área econômica informou que o maior temor, caso o relatório seja aprovado na íntegra, é a exigência de retroatividade do registro na dívida pública pelo Banco Central. Isso poderá causar impacto negativo não apenas nas contas de 2015, mas também no resultado de 2014 e até mesmo no de 2013.

Internamente, há uma preocupação de que o julgamento das "pedaladas fiscais" pelo TCU se torne para a economia o que o "mensalão" foi para o mundo político. E também que o relator José Múcio ganhe papel relevante semelhante ao exercido pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, no julgamento do mensalão.

Luzes

Economistas de bancos e consultorias afirmaram à reportagem que o relatório do TCU, ao comprovar as principais manobras contábeis feitas pelo Ministério da Fazenda em 2013 e 2014, "joga luzes sobre as contas públicas", permitindo uma compreensão melhor dos agentes sobre os números oficiais. Após investigação de quase três meses, os auditores do TCU conseguiram comprovar que o Tesouro efetivamente atrasou o repasse de recursos aos bancos, para melhorar artificialmente as contas públicas.

A prática, chamada de "pedalada fiscal", envolveu atrasos nas transferências de recursos para o pagamento de Bolsa Família, seguro-desemprego, abono salarial e aposentadorias pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo o especialista em contas públicas José Roberto Afonso, as informações do relatório final do TCU reforçam a necessidade de o governo alterar sua forma de contabilização da dívida pública. De acordo com Afonso, o governo deve adotar o chamado "regime de competência", que inclui na dívida pública o saldo de "restos a pagar".

Esse é o nome dado às despesas autorizadas, mas não liquidadas em um ano - elas ficam como "restos a pagar" do ano seguinte. No governo federal, esses restos ficam fora dos cálculos de endividamento, diferente de municípios, que são obrigados a contabilizar. "Essa medida não vai evitar toda criatividade (contábil), mas ao menos aquelas de quinta categoria. Depois, culpam o Arno (Augustin) pelas pedaladas. Basta tirar a bicicleta das mãos do Tesouro", afirmou Afonso. Questionados, o Ministério da Fazenda e o BC não comentaram o relatório do TCU. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acusado de "pedalar" as contas do governo durante todo o ano, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, acordou bem cedo na manhã deste domingo (14), para correr. Ele conseguiu fazer os 5 km oficiais da prova - ou 4 km e 770 metros na marcação do GPS de um dos participantes - em 35 minutos e 28 segundos.

A ministra do Planejamento Miriam Belchior, cotada para assumir a presidência da Caixa ou o Ministério das Cidades, cruzou a linha de chegada três minutos na frente do secretário, mas com a artimanha de ter optado pela outra modalidade do circuito: caminhar 2,5 km. "Já estava programado de ela chegar antes", brincou o secretário.

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Colegas de Esplanada, os dois estavam entre os 600 participantes da 1ª Corrida do Tesouro Nacional. A competição, que teve R$ 83 mil de patrocínio da Caixa, arrecadou duas toneladas de alimentos, que serão doadas a instituições de caridade.

Arno é criticado dentro e fora do governo pela gestão fiscal, marcada por manobras contábeis para garantir o cumprimento das metas. Entre as mais conhecidas está a "pedalada", prática de adir despesas, mesmo obrigatórias, para obter um resultado melhor no presente, apesar de a conta sempre ficar para ser quitada no futuro.

Ao longo de 2014, o governo atrasou os repasses do Tesouro Nacional para que os bancos, principalmente a Caixa, pagasse benefícios previdenciários e sociais, como o Bolsa Família. Houve represamento de recursos para o pagamento de até mesmo programas vitrines de Dilma Rousseff, como o Minha Casa Minha Vida.

Arno tem o apoio de Dilma e pode ocupar o cargo de assessor especial da Presidência na segunda gestão. O economista de 54 anos, filiado ao PT desde a fundação do partido, começou a correr há um ano e meio, depois que parou de fumar, a convite do subsecretário de Planejamento e Estatísticas Fiscais, Cleber de Oliveira.

Na largada, às 8h30, na frente do Ministério da Fazenda, Arno parou para acertar o próprio cronômetro antes de dar o pique. Não ficou, claro, no pelotão de frente, mas manteve o ritmo durante quase toda a prova, cujo trajeto partia da Fazenda, passava por todos os ministérios, descia à Praça dos Três Poderes e terminava no local onde Arno trabalha todos os dias, de terno e gravata.

A parte mais difícil, contou o próprio secretário, foi a subida do Palácio do Planalto, onde a presidente despacha, para o Congresso Nacional. Tarefa tão árdua quanto a aprovação da proposta que liberou o governo de cumprir a meta fiscal. Depois quase 19 horas de sessão e muita confusão, os parlamentares aprovaram, no início deste mês, o projeto que permite ao governo fechar as contas deste ano. Na prática, a meta de ao menos R$ 81 bilhões deixa de existir e as contas podem até mesmo ficar no vermelho.

Depois de cruzar a linha de chegada, a reportagem do Estado perguntou ao secretário o que ele considerava mais difícil: correr 5 km ou entregar a meta de superávit primário. "É mais fácil correr a meia maratona", respondeu ainda ofegante e com a camisa encharcada de suor. Com tanta disposição, disseram que ele já poderia pensar na São Silvestre, prova com 15 km em tradicionais pontos da região central de São Paulo. Rápido no gatilho, ele revidou: prefere a meia maratona de Nova Iorque (21,1 km).

Para fechar as contas da Previdência, o governo mudou a lei para remanejar recursos que viraram superávit financeiro no fim de 2013. A Medida Provisória 661, editada nesta quarta-feira, 3, pelo governo, autoriza o uso do superávit financeiro, recursos que sobraram de fontes de recursos do Tesouro Nacional, na cobertura de despesas primárias obrigatórias e que ficaram descobertas.

Marcus Pereira Aucélio, subsecretário de Política Fiscal do Tesouro Nacional, explicou que a MP 661 vai permitir essa realocação. Aucélio explicou que superávit financeiro é tudo que não se executou até o final do ano em determinadas fontes de recursos. As sobras financeiras de 2013, segundo ele, serão usadas em 2014 para cobrir parte das despesas da Previdência, que chegaram ao fim do ano em nível maior que o previsto inicialmente, quando o Orçamento foi desenhado.

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"Com a MP, criei vinculação a mais de recursos para pagar despesa obrigatória", disse. "Estamos fazendo verificação de todas as fontes, na Previdência e já verificamos essa necessidade", observou. Essa é a primeira vez que o Tesouro faz esse tipo de flexibilização com o superávit financeiro. Aucélio garantiu, no entanto, que não haverá qualquer efeito sobre o resultado primário.

Além da mudança de superávit financeiro, a MP autoriza a União a conceder crédito de até R$ 30 bilhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Depois de escolher Joaquim Levy para comandar o Ministério da Fazenda durante seu segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff poderá ter, pela primeira vez, uma mulher ocupando um cargo estratégico na equipe econômica. A ex-secretária municipal da Fazenda do Rio de Janeiro e atual presidente do Instituto Pereira Passos (IPP), Eduarda La Rocque, deverá ser a indicada pela presidente para comandar a Secretaria do Tesouro Nacional, como revelou ontem o jornal O Estado de S. Paulo.

É importante destacar que, durante parte do segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e na primeira gestão de Dilma, a função foi ocupada por Arno Augustin. Ele assumiu o posto em 2007 e se tornou um protagonista da equipe econômica durante a gestão de Guido Mantega na Fazenda. Criada em 1986, a Secretaria do Tesouro nunca teve uma mulher no seu comando. Apenas homens, incluindo o próprio Joaquim Levy, titular de janeiro de 2003 a março de 2006, no primeiro mandato de Lula e sob o comando do então ministro da Fazenda Antônio Palocci.

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Aos 44 anos, Eduarda tem um currículo reconhecido pelo mercado. Nascida em Uberaba, em Minas Gerais, mas criada e radicada no Rio de Janeiro, ela se graduou e fez doutorado na PUC carioca. Começou a trabalhar no banco BBM, convidada por Sérgio Werlang, e deslanchou na instituição. Foi responsável pela criação de um sistema de gestão de riscos que lhe deu boa fama no mercado e levou à criação de sua empresa, a Risk Control, da qual se retirou em 2008.

Prefeitura

A entrada no meio político aconteceu em 2008, durante a campanha municipal do Rio, quando integrou a equipe responsável por bolar o plano econômico do candidato verde Fernando Gabeira. Eduardo Paes acabou se elegendo prefeito e convidou Eduarda para chefiar sua secretaria de Fazenda. Um dos patrocinadores dessa indicação foi Joaquim Levy que, na época era secretário estadual de Fazenda no Rio. O governo era chefiado por Sérgio Cabral Filho, também do PMDB, como Paes. Foi normal que as duas administrações acabassem trocando figurinhas sobre um perfil para a secretaria municipal que dialogasse com o estadual.

Na secretaria municipal, ficou conhecida pela austeridade e pela inovação. Implantou o "Nota Carioca", semelhante ao "Nota Paulista" para reduzir evasão fiscal. Mas chamou mais a atenção quando negociou um inédito empréstimo de US$ 1 bilhão com o Banco Mundial - volume inédito nos empréstimos da instituição -, que foi decisivo para que a cidade se recuperasse financeiramente e obtivesse grau de investimento dado por três agências internacionais de rating.

Em 2012, assumiu o comando do Instituto Pereira Passos, órgão da prefeitura do Rio, que tem as tarefas de planejamento urbano, produção cartográfica e de estatísticas do Rio. Eduarda também atua na área do desenvolvimento sustentável e meio ambiente. Na sua página no Facebook, destacou a participação, em setembro, da caminhada pelo clima, em Nova York, junto com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Segundo sua postagem, "foi o maior protesto sobre o tema nos últimos cinco anos". "A movimentação foi para transformar a mudança climática de preocupação ambiental para um assunto de todos. Houve caminhadas como essa em mais 161 países - entre eles o Brasil." E postou uma foto segurando um cartaz com os dizeres "climate action now" (ação climática agora). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, afirmou nesta quarta-feira, 26, que o governo optou este ano por adotar uma política não recessiva para manter os investimentos e as políticas sociais. Segundo ele, a decisão do governo de descontingenciar R$ 10,1 bilhões no último relatório de avaliação de receitas e despesas divulgado na última sexta-feira, 21, tem como objetivo manter as despesas em áreas essenciais, como saúde. "São despesas essenciais em áreas sociais. Não é gasto que podemos decidir fazer ou não", afirmou.

O secretário disse ser normal fazer ajustes nas projeções do governo. Ele contou que houve ano em que a receita, no último dia, ficou R$ 9 bilhões a menos que o previsto. "É um fato. E nós tivemos que ter condições de cumprir a meta. A existência de diferenças ao longo do período sempre ocorre", justificou.

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Augustin afirmou que sempre tem análises mais conservadoras que dizem que o resultado primário vai ser pior. "Esse ano não está bem. Então a previsão conservadora estava certa, mas em outros anos estava errada", disse.

O secretário afirmou que há momentos em que o resultado primário é ajustado ao ciclo econômico para ajudar quando a economia perde dinamismo. "Foi uma decisão que achamos correta, de apostar e trabalhar para que a economia não tivesse danos maiores por conta da crise internacional", afirmou.

Rebaixamento

De acordo com Augustin, há uma "grande vontade de enxergar dificuldades" e que, por isso, muitos usam o plural para dizer que agências de classificação de risco rebaixaram a nota do Brasil, quando, na realidade, foi apenas uma. "É tanta vontade de alguns de enxergar isso que eles usam o plural, "as agências", quando é um caso e uma agência", disse.

Em seguida, Augustin argumentou que o Brasil teve, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, sete rebaixamentos. "Portanto, isso não é uma situação não usual, isso pode ocorrer", disse. "Isso não é uma situação anormal. Evidentemente, quando há momentos em que você tem que ter política anticíclica, é normal que isso se reflita na avaliação das agências. Três agências fizeram reavaliação, uma manteve como estava, uma rebaixou e outra colocou outlook negativo", lembrou.

Augustin evitou dizer se acredita que ocorrerá novo rebaixamento. "As análises previstas são para o ano que vem. Até lá vamos ter um trabalho normal e acho que fundamentos não indicam isso (rebaixamento)", disse, acrescentando que a participação dos estrangeiros na dívida tem crescido.

O Tesouro Nacional divulgou uma nota para esclarecer que não há problemas de segurança no investimento por meio do Tesouro Direto e defender que se trata de uma modalidade "altamente segura" de investimento. "Todos os títulos adquiridos são registrados em nome dos investidores e têm a garantia de crédito do Tesouro Nacional", informou o órgão.

O esclarecimento foi necessário devido a problemas relatados por investidores que fizeram aplicações na corretora Corval, liquidada pelo Banco Central. Os relatos são de que a corretora desviou dinheiro dos seus investidores. O Tesouro Nacional defendeu que as pessoas que fizeram aplicações por meio da Corval foram vítimas de fraudes praticadas pela instituição financeira, o que envolveu não só os títulos públicos, mas também outros ativos, como ações, câmbio e certificados bancários.

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O Tesouro apontou ainda que os títulos negociados por meio do programa têm registro de propriedade em nome do titular na CBLC, Central Depositária do Programa e pertencente à BM&FBovespa. "Essa é a garantia para o investidor de que, no caso de problemas com a instituição custodiante, a aplicação dele estará preservada", informou o órgão em nota.

"É importante esclarecer que os títulos podem, por solicitação do cliente, serem transferidos da CBLC para uma conta de investidores da respectiva corretora no Selic. A autorização do cliente para tal operação pode ser realizada a cada caso ou por autorização contratual", informou o Tesouro.

No caso da autorização contratual, segundo o órgão, a instituição financeira não pode abusar do seu mandato ou burlar a anuência do investidor, sob pena de responsabilização perante o Banco Central. "A transferência de um título sem autorização do investidor configura fraude, sendo tal evento um risco pertinente a qualquer aplicação financeira, devendo ser punido nos termos da lei".

O Tesouro recomenda que os investidores do Tesouro Direto acessem seus extratos online para verificar as informações sobre seus títulos, o que pode ser feito pelo Canal Eletrônico do Investidor (CEI). O órgão também informou que os clientes recebem e-mails mensais com o endereço da página para acesso ao seu extrato. "Desta forma, o investidor terá sempre a certeza de que os títulos por ele comprados estão em seu nome e CPF na CBLC".

O Tesouro Nacional suspendeu as vendas do Tesouro Direto do final da tarde de domingo (26) até a manhã desta segunda-feira (27) devido aos efeitos da eleição e à elevação nas taxas de juros futuros, segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido. Segundo o Tesouro, sempre que há volatilidade mais expressiva, a instituição toma essa atitude.

"Houve eleição ontem e os títulos estavam sendo reprecificados em função do resultado", disse. "O mercado chegou a novo patamar de preços, mais estável, e o Tesouro Direto está vendendo os títulos, como sempre, a preço de mercado", afirmou. "Houve elevação nas taxas de juros futuros de sexta para hoje."

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"O motivo da suspensão das vendas no Tesouro Direto é simples. É o mesmo motivo que leva à suspensão em noites que ocorre reunião do Copom: proteger o investidor de variações de preços de títulos no mercado", disse. "Para que o investidor não perca ou para que o próprio Tesouro não perca dinheiro nessas operações, a prudência recomenda suspender as vendas e retomar posteriormente".

Enquanto a presidente Dilma Rousseff atacava as propostas de política econômica da oposição na campanha eleitoral, o Tesouro Nacional aproveitou para fazer caixa com a escalada das ações de empresas estatais na Bolsa, movimento incensado pelas chances de eleição de Marina Silva (PSB) e, depois, Aécio Neves (PSDB).

O movimento dos investidores também auxiliou no financiamento do governo, uma vez que as taxas de juros futuros influenciam na chamada precificação dos títulos públicos. Analistas de mercado avaliam que, embora semelhante à turbulência vivida em 2002 com a eleição de Lula, a incerteza agora deriva da expectativa de continuidade, e não da mudança, do atual governo.

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O cenário financeiro, com a maior parte do mercado premiando as estatais quando as pesquisas mostravam queda de Dilma nas pesquisas eleitorais, ajudou a equipe econômica em um ano especialmente difícil para o cumprimento das metas fiscais. O Tesouro vendeu "na alta" ações do Banco do Brasil e da Eletrobrás, amealhando ao menos R$ 400,4 milhões nessas operações, segundo mostram dados coletados pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Banco do Brasil e Eletrobrás são parte do grupo batizado pelo mercado de "kit eleições", também integrado por Petrobrás, cujos preços têm oscilado ao sabor das pesquisas eleitorais. Com essas negociações, a participação do Tesouro no BB recuou de 58,30% a 57,93%; na Eletrobrás, passou de 63,24% a 61,85%.

O governo Dilma é visto pelo mercado como intervencionista, o que limita expectativa de ganhos das estatais, daí a queda na cotação das ações quando as pesquisas indicam sua reeleição. O mercado também espera menor aperto nos gastos do governo com a reeleição. Por isso, os juros futuros caem quando a oposição sobe nas pesquisas.

"A incerteza vem da continuidade, o que chega a ser paradoxal", diz Rafael Cortez, analista da Tendências Consultoria. "A Dilma mostrou uma agenda econômica ambiciosa com a nova matriz, mas o resultado foi baixo crescimento e inflação elevada. Foi ambiciosa, fez uma escolha política legítima, mas os resultados não vieram e ela está pagando o custo desse equívoco, como teria o benefício se tivesse dado certo."

Intensidade

O número de transações com as ações das estatais no período eleitoral também chamou a atenção de analistas. Levantamento feito pela reportagem mostra que, somando BB e Eletrobrás, foram 327 operações de venda, dentro de 90 dias, para arrecadar os R$ 400 milhões.

"Isso deve ser para ajudar a fechar o superávit primário. No atual cenário, qualquer ajuda é bem vinda", diz Felipe Chad, sócio-diretor da DXI Planejamento Financeiro. "Como é uma venda grande, contratam várias corretoras para não chamar a atenção. Faz tudo pulverizado." No BB, as vendas começaram em 10 de junho e foram até 10 de setembro, período em que o governo se desfez de 9,6 milhões de ações e arrecadou R$ 298,5 milhões. Na Eletrobrás, foram vendidos 18,9 milhões de papéis, o equivalente a R$ 101,8 milhões. "A frustração do leilão de 4G e com o Refis podem acelerar a venda de ações como forma de equilibrar as contas. Está claro que esse movimento tem arrecadação como objetivo", argumentou Eduardo Velho, economista-chefe da Invx Global Partners.

De janeiro a agosto, o governo central economizou R$ 1,5 bilhões para o pagamento dos juros da dívida pública, o chamado superávit primário. A meta para o ano é de R$ 80 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A diferença entre o desempenho fiscal calculado pelo Banco Central e pelo Tesouro Nacional tem criado um ruído adicional na comunicação entre o governo Dilma Rousseff e o mercado financeiro. Neste ano, somente até agosto, o resultado primário do governo federal estimado pelo Banco Central foi R$ 3,1 bilhões pior do que o calculado pelo Tesouro.

Essa divergência tem aumentado ao longo dos últimos anos. Em 2011, a chamada "discrepância" tinha sido de apenas R$ 489 milhões. Em 2013, somando todas as pequenas diferenças em 12 meses, a conta chegou a R$ 1,78 bilhão.

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A "discrepância" ocorre, oficialmente, porque o BC faz a estimativa seguindo critério "abaixo da linha", que leva em consideração a evolução do endividamento do governo central. O Tesouro faz esse cálculo "acima da linha", isto é, pelos fluxos de caixa - tudo o que entra nos cofres federais como receita é subtraído daquilo que sai como despesa.

A divergência entre os resultados fiscais de BC e Tesouro sempre existiu, mas está em alta e tem dificultado a análise das contas públicas. Parte da diferença deve-se, segundo especialistas no tema, às várias manobras contábeis adotadas pelo Tesouro para fechar as contas e às chamadas "pedaladas fiscais" que reduziram de forma artificial as despesas federais ao adiar pagamentos obrigatórios da União.

No ano, a meta de economia para pagar juros da dívida do governo central (constituído por Tesouro, BC e Previdência) é de R$ 80,8 bilhões. Mas essa poupança fiscal somou apenas R$ 4,6 bilhões até agosto, segundo as contas do Tesouro. Na conta do Banco Central, foi ainda menor - R$ 1,5 bilhão.

O mercado tem adotado uma posição cética quanto à política conduzida pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin. "O Tesouro calcula quanto gastou e quanto recebeu, e o BC estima o endividamento ou o aumento do patrimônio decorrente desses fluxos, ou seja, a necessidade de financiamento do setor público. Essas contas deveriam ser bem aproximadas", afirma Bernardo Wjuniski, diretor de América Latina da Medley Global Advisors.

O economista-chefe da Tullet Prebon Brasil, Fernando Montero, especialista em contas públicas, afirma que desvios e ajustes metodológicos entre as duas contas são normais, mas não na magnitude atual. "Claramente, há operações que não aparecem como pagamentos primários nas contas do Tesouro e sim como endividamento, portanto como déficit, nas contas do BC. É incrível que o BC capture melhor as contas do Tesouro do que o próprio Tesouro", diz Montero, que citou também os "indícios de pedaladas" nas contas do Tesouro.

Procurados pela reportagem, BC e Tesouro decidiram não se manifestar.

Conta paralela

A discrepância neste ano poderia ter sido ainda maior. Em maio, concluído o levantamento das estatísticas fiscais, o BC percebeu uma diferença expressiva de R$ 4 bilhões para o resultado do Tesouro. Ao descobrir que o dinheiro estava em uma "conta paralela" de um banco privado, o BC incorporou esse valor nas contas. Ainda assim, as estatísticas do governo central, segundo o critério do BC, foram cerca de R$ 500 milhões piores em maio do que o estimado pelo Tesouro.

Essa manobra nunca foi explicada. A origem do dinheiro, que representa um crédito a favor da União, também não foi esclarecida até aqui. No entanto, a descoberta do dinheiro ajudou a reduzir o rombo nas contas públicas de maio. À época, um porta-voz do BC admitiu, em duas entrevistas ao Estado, que o déficit fiscal "seria de R$ 15 bilhões, mas foi de R$ 11 bilhões" por causa da discrepância de R$ 4 bilhões.

O BC colocou sua área de supervisão para inspecionar a operação realizada pelo banco privado. Em resposta ao questionamento feito pelo Estado por meio da Lei de Acesso à Informação, o banco afirmou que a investigação conduzida por sua área de supervisão continua, mesmo depois de 100 dias.

É um tempo incomum de duração para investigações desse tipo, segundo advogados especialistas. Essas auditorias do BC costumam ser rápidas e secretas. O caso dos R$ 4 bilhões não foi, até aqui, nem um nem outro. Questionado sobre a operação à época, o próprio BC deu publicidade à investigação, em nota oficial de 15 de julho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo vai renegociar R$ 130 bilhões dos empréstimos concedidos pelo Tesouro Nacional ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado o banco ganhará mais tempo para começar a pagar sua dívida. A repactuação das condições dos empréstimos dará mais folga ao caixa do BNDES e reduzirá a necessidade de um novo aporte de recursos da União ainda neste ano.

Esses repasses foram feitos pelo Tesouro, a partir de 2009, para garantir crédito barato às empresas e estimular o crescimento da economia. A pedido do Tesouro e sem alarde, a autorização para a renegociação da dívida foi incluída no texto da Medida Provisória (MP) nº 651 pelo relator, o deputado Newton Lima Neto (PT-SP). A MP deve ser votada nesta terça-feira, 14, no plenário da Câmara dos Deputados.

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Uma fonte graduada do governo, que falou sob a condição de anonimato, informou que, como esses contratos de empréstimos já estão em fase de amortização, o fluxo de caixa do banco ficará mais apertado daqui para a frente. Com a renegociação dos prazos de pagamentos, o Ministério da Fazenda vai demorar mais tempo para começar a receber a dívida, aumentando o custo financeiro das operações.

No entendimento do Tesouro, é melhor fazer um ajuste do fluxo de pagamento do que ter de realizar um aporte maior de recursos ao BNDES. "O objetivo não é mudar a taxa (de correção dos empréstimos), mas reduzir a necessidade de novos aportes", disse a fonte. "Estamos tentando não fazer um novo aporte este ano." A emenda incluída na MP dá ao ministro da Fazenda liberdade para definir as novas condições financeiras e contratuais dos empréstimos. A remuneração é equivalente à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje em 5% ao ano.

Fontes do Ministério da Fazenda informaram, porém, que não está descartado um novo empréstimo até o fim do ano, independentemente do resultado das eleições. Em 2014, foram repassados R$ 30 bilhões ao banco. A dívida do BNDES com o Tesouro somava em agosto (último dado disponível) R$ 451,1 bilhões, o equivalente a 8,9% do Produto Interno Bruto.

Renegociação

O Ministério da Fazenda já havia renegociado R$ 238,2 bilhões da dívida do banco em condições mais favoráveis. Essa repactuação aumentou o custo do Tesouro com o subsídio dado pela União para bancar as taxas mais baratas que o BNDES oferece às empresas. Somente neste ano, o custo do subsídio dos empréstimos será de R$ 23 bilhões para os cofres do governo. Em quatro anos (2012 e 2015), atingirá R$ 79,7 bilhões.

Outro alívio concedido ao banco, a pedido do governo, foi a inclusão pelo relator no texto da MP 651 da redução do custo de uma capitalização feita pelo Tesouro em 2009. Do total de R$ 11 bilhões aportados na época, R$ 5 bilhões terão a correção reduzida para, no máximo, TJLP. Segundo a lei aprovada na época, o BNDES deveria remunerar o Tesouro com base no custo de captação dos recursos. A redução do custo para uma parte desse valor, segundo o governo, permitirá ao banco se enquadrar nos limites exigidos no chamado Acordo de Basileia, que trata das regras prudenciais internacionais a serem seguidas pelas instituições financeiras.

O custo elevado dos empréstimos e o baixo crescimento da economia colocaram a política de repasse de recursos do Tesouro ao BNDES no centro do debate econômico nas eleições. O candidato da oposição à Presidência, Aécio Neves (PSDB), tem feito duras críticas a essa política, principalmente pela falta de transparência. Os empréstimos do Tesouro não têm impacto na dívida líquida do setor público, mas foram responsáveis pelo aumento da dívida bruta do governo, que deve fechar acima de 60% do PIB, nível mais alto desde 2009. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No momento que enfrenta dificuldades para fechar as contas, o Tesouro Nacional está vendendo ações do Banco do Brasil. De 10 de junho, quando começou a se desfazer de parte dos papéis, até 10 de setembro, o Tesouro vendeu 9,6 milhões de ações ao valor de R$ 298,5 milhões. Os dados foram informados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Com essas negociações, a participação do Tesouro no BB caiu de 58,30% para 57,93%.

O governo conta com os recursos do Fundo Soberano do Brasil (FSB) para reforçar a arrecadação e as contas públicas. O Tesouro já avisou que vai sacar R$ 3,5 bilhões do fundo para reforçar o caixa. Procurado nesta quinta-feira (9) para falar sobre a venda, o Tesouro garantiu que não houve nenhuma movimentação de ações do Fundo Soberano.

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O mercado financeiro e o próprio BB têm preocupação com a movimentação de venda. A maior parte dos recursos do fundo - mais de 90% - é formada por ações do BB. O problema é a dificuldade de vender esses papéis numa única operação. Colocar um grande volume dos títulos no mercado pode derrubar o preço.

Técnicos do governo, inclusive, já haviam alertado para o risco de ter dentro do FSB um grande volume de ações de uma única empresa justamente pela dificuldade de transformar esses ativos em dinheiro. Eles ponderam que se perde liquidez com essa concentração.

Levantamento do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, mostrou que operações de venda das ações do BB se intensificaram entre 29 de agosto e 10 de setembro, quando 5,24 milhões delas foram negociadas, o equivalente a 54,4% do total vendido no ano, operações que somaram R$ 178,9 milhões. Para evitar uma queda forte dos papéis, as vendas foram feitas de maneira pulverizada, por meio de sete corretoras e em 12 operações.

O governo autorizou a Caixa Econômica Federal a emprestar R$ 1,9 bilhão à estatal goiana Celg, mas o Tesouro acabou recebendo de volta R$ 1,221 bilhão dessa operação - quase 65% do total. Os recursos serviram para quitar dívidas da companhia elétrica de Goiás, recentemente encampada pela Eletrobrás, com o próprio governo federal.

A operação de triangulação financeira aliviou o caixa do governo em um momento de piora nas contas públicas. Com o empréstimo da Caixa, a Celg pagou dívidas com o fundo setorial que banca o programa de redução da tarifa de luz, a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Sem o pagamento da Celg, a CDE teria de receber aporte do Tesouro.

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Além disso, o fim da inadimplência da Celg permitiu à Eletrobrás assumir o controle da companhia goiana. O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, teve acesso ao contrato do empréstimo.

O pagamento das dívidas aumentou as receitas da CDE e ajudou o governo a reduzir despesas com o fundo. O governo tinha previsto repassar R$ 13 bilhões neste ano à CDE, mas reduziu a conta para R$ 9 bilhões.

Do total de R$ 1,9 bilhão emprestado pela Caixa à Celg, R$ 1,221 bilhão foi destinado para quitar dívidas acumuladas pela estatal com os fundos do setor elétrico, principalmente a CDE. O Tesouro Nacional, atual gestor desse fundo, é responsável por abastecer a conta com recursos orçamentários para bancar a tarifa social da baixa renda, o custo das térmicas e o Luz para Todos.

Do resto do empréstimo da Celg, R$ 238,8 milhões pagaram uma despesa com a Usina de Itaipu e outros R$ 200 milhões foram pagos em débitos de ICMS. Somente R$ 240 milhões serão usados para capital de giro e investimentos da empresa.

Além do dinheiro da Celg, o governo espera a redução do preço da energia no curto prazo para evitar um gasto maior que os R$ 9 bilhões previsto para a CDE até dezembro. Fontes do governo informaram que o Tesouro pagou as despesas do fundo até maio. Quatro meses estão atrasados. A promessa é quitar os débitos após as eleições ou no início de 2015.

Ao Broadcast, o Tesouro informou que a operação entre a Celg e a Caixa é um procedimento bancário normal. Em nota, afirmou que o empréstimo pedido pelo Estado de Goiás teve por objetivo a transferência de controle da Celg. "Caso contrário, a Celg teria patrimônio negativo e não poderia ser adquirida pela Eletrobrás", diz a nota.

Nesta semana, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, disse que a queda na previsão de aportes à CDE estava relacionada a um ingresso de receitas para pagamento de dívidas. Ele afirmou, ainda, que a "normalidade" é não haver repasse algum do Tesouro à CDE. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, disse nesta terça-feira, 30, que o resultado primário de agosto acumulado em 12 meses é o pior para o período como proporção do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo os dados do BC, o indicador recuou de 1,23% em julho para 0,94% no mês passado, na quarta queda consecutiva dessa proporção.

Maciel observou, no entanto, que os dados fiscais também têm notícias boas. As despesas com juros, segundo ele, tiveram redução significativa. Como proporção do PIB, a despesa de juros no ano atingiu 4,93% do PIB, o melhor desde julho de 2013.

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As despesas do Tesouro Nacional tiveram em agosto um crescimento de 1,4% (R$ 800,8 milhões) em relação a julho deste ano. Segundo os dados divulgados nesta terça-feira, 30, o aumento é explicado pela elevação de R$ 5,9 bilhões (16,2%) nas despesas de custeio e capital, apesar de ter havido uma queda de R$ 5 bilhões nos gastos com pessoal e encargos sociais.

O aumento em custeio e capital é explicado pela elevação em R$ 5,1 bilhões com despesas do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Também teve um incremento de R$ 1,2 bilhão em outras despesas de custeio e capital, puxado pelo aumento de R$ 3,4 bilhões nas despesas com a Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

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Também teve um aumento de R$ 1,9 bilhão nas despesas com Previdência em função do pagamento da primeira parcela do décimo-terceiro salário aos segurados. A queda em pessoal e encargos sociais aconteceu porque, em julho, houve o adiantamento da parcela do décimo terceiro salário dos servidores do Executivo.

O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, afirmou nesta quinta-feira (25) que o mês de setembro foi marcado por volatilidade "um pouco maior" na taxa de retorno dos títulos. Neste mês, segundo ele, ocorreu uma venda menor de NTN-F, que é o título mais demandado pelos investidores estrangeiros.

Garrido afirmou que o mercado entende que alguns investidores estrangeiros optaram por realizar o lucro, ou seja, vender títulos mais longos. "Agora, com subida das taxas, já foi verificada onda de retorno para títulos mais longos", disse. "Em setembro, não temos relato de movimentos expressivos (de estrangeiros) nem de saída nem de entrada". Garrido exemplificou que a LTN 2018 foi vendida a uma taxa de 11,92% ao ano no leilão de 1º de agosto. No leilão realizado nesta quinta, essa taxa já foi de 12,04% ao ano.

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Ao apresentar os dados de participação dos estrangeiros na Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi), Garrido afirmou que há continuidade do crescimento da participação dos estrangeiros no estoque da dívida. "Acreditamos que vamos continuar observando crescimento gradual da participação dos não residentes na dívida pública", disse.

Os estrangeiros aumentaram a aquisição de títulos do Tesouro Nacional em agosto. A participação dos investidores estrangeiros no estoque da DPMFi subiu de 18,52% em julho para 18,80% em agosto, somando R$ 390,16 bilhões, segundo os dados divulgados pelo Tesouro Nacional. Em julho, o estoque estava em R$ 385,67 bilhões.

PAF

Ainda de acordo com Garrido, o estoque da Dívida Pública Federal (DPF) está "na banda inferior do PAF". O estoque, que ficou em R$ 2,169 trilhões, está abaixo da banda do Plano Anual de Financiamento (PAF), que vai de R$ 2,170 trilhões até R$ 2,320 trilhões. "A expectativa é que todos os indicadores do PAF sejam cumpridos até dezembro", disse.

Em relação às metas para a composição do estoque, Garrido afirmou que todas estão muito próximas das bandas previstas para o fim do ano e reforçou que as projeções serão cumpridas em dezembro. A parcela de títulos atrelados à Selic na DPF foi a única categoria que ficou fora das bandas do PAF em agosto, com participação de 20,21%. A meta é que esses papeis encerrem o ano entre 14% e 19%.

A participação de títulos prefixados subiu de 39,03% em julho para 40,74% em agosto, dentro da banda do PAF, que vai de 40% até 44%. Os títulos remunerados pela inflação caíram para 34,81% do estoque da DPF em agosto, ante 37,01% em julho. O resultado fez com que a categoria voltasse para a banda do PAF, que vai de 33% a 37%.

Os papéis cambiais elevaram a participação na DPF de 4,10% em julho para 4,24% em agosto.

Título global 2045

O Tesouro Nacional informou ainda que, em agosto, a emissão de título global 2045 teve impacto no programa de recompras. Entre julho e agosto, foram recomprados, em valor de face, R$ 3,74 bilhões em títulos da Dívida Pública Externa. Com esse programa de recompras e a troca de títulos com taxas maiores por papéis com taxas menores, diminuiu o fluxo de pagamento de juros da Dívida Pública Mobiliária Federal externa até 2041.

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