Tópicos | voto feminino

A primeira-dama Janja Lula da Silva celebrou, nesta sexta-feira (3), os 93 anos da Instituição do Direito ao Voto Feminino no Brasil. Em publicação no X, antigo Twitter, a esposa do presidente Lula defendeu a equidade de gênero na política e exaltou o voto das mulheres.

“Hoje celebramos 93 anos da Instituição do Direito ao Voto Feminino no Brasil. Sabemos que, apesar dos avanços, ainda existe um longo caminho a ser percorrido para alcançarmos a plena equidade de gênero nos espaços de decisão e poder em nosso país”, escreveu.

##RECOMENDA##

“Datas simbólicas como essa também servem para nos lembrar que seguimos a luta de tantas que vieram antes de nós e para honrar a todas que contribuem na defesa dos direitos da mulher. Por mais mulheres na política, por equidade no Parlamento”, complementou.

[@#video#@]

As eleições são períodos bastante comuns na vida dos brasileiros. No entanto, nem sempre foi algo tão concreto assim para todas as pessoas adultas do país. Diferente do que se imagina, até o ano de 1931 as mulheres eram proibidas de exercer sua cidadania plena por meio do voto direto. Foram décadas de lutas e debates acerca da possibilidade da mulher ter o direito ao voto, e apenas no dia 24 de fevereiro de 1932, esse direito foi concedido plenamente em todo o território nacional. Para celebrar o dia que marca os 91 anos da conquista do voto feminino no Brasil, confira abaixo algumas curiosidades sobre o assunto.

Primeiro voto feminino veio do Nordeste

##RECOMENDA##

Apesar do voto feminino ter sido decretado a nível nacional em 1932, em 1927 já existia a lei estadual nº 660, no Rio Grande do Norte, que permitiu que Celina Guimarães Vianna, do município de Mossoró, fosse adicionada à lista de eleitores no país.

Primeira prefeita eleita - também do Nordeste

Continuando no mesmo estado, no ano seguinte, 1928, aconteceu um fato inusitado. A cidade de Lajes elegeu, em 1928, a primeira prefeita na história do país. O município potiguar foi tão comentado, que chegou a virar notícia nos Estados Unidos, no The New York Times. Alzira Soriano, de 32 anos, conquistou o cargo de chefe do executivo municipal, e enfrentou nos anos seguintes as dificuldades existentes na época, pois apenas quatro anos depois, o voto passou a ser aberto às mulheres em todo território nacional.

Brasil na lista dos pioneiros

Mesmo tendo sido tardio no Brasil, o voto feminino não havia sido instituído em tantos países antes. Em 1893 a Nova Zelândia foi o primeiro país no mundo a decretar que o direito ao voto é universal. Entre os dois, figuram na lista apenas oito países: Uruguai, Rússia, Alemanha, Estados Unidos, Suécia, África do Sul, Espanha e Portugal.

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, mencionou a data em plenária na última quinta-feira (23), e lembrou que o Brasil é “um dos primeiros países do mundo a universalizar o voto, inclusive para todas as mulheres”.

30% do tempo de campanha para mulheres

Atualmente, diante de tudo o que já foi alcançado, pouco se fala de conquistar mais direitos. No entanto, ainda há muito o que caminhar no Brasil. Em 2022 foi decretada a Emenda Constitucional nº117, que determina aos partidos políticos a aplicação de recursos do Fundo Partidário na promoção e difusão da participação política das mulheres. Além disso, obriga a aplicação de recursos desse fundo e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (Fundo Eleitoral), bem como a divisão do tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão, no percentual mínimo de 30% para candidaturas femininas.

Para saber mais sobre o voto feminino no Brasil, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), desenvolveu o portal TSE Mulheres, com estatísticas e informações sobre tudo o que se conquistou e o que ainda é preciso conquistar.

As eleições são uns dos eventos mais importantes para um País, já que por meio do voto popular, no qual as pessoas têm o direito de eleger seus representantes políticos, a democracia acontece no seu nível mais puro. Com tamanha importância, é claro que esse período irá repercutir em diversas camadas da sociedade, inclusive, na educação.

No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), esse tema pode cair em algumas questões, já que a participação política é um aspecto importante da sociedade. Assim, para descobrir como as eleições podem aparecer na prova, o LeiaJá conversou com o professor de atualidades Benedito Serafim e com o docente de história, Marco Aurélio, que explicaram um pouco sobre essa possibilidade. 

##RECOMENDA##

As eleições de 2022 podem repercutir na prova?

De acordo com o professor Benedito Serafim, o período eleitoral de 2022 não cairá diretamente na prova, já que o Enem tem um padrão de sempre utilizar um banco de questões antigas. Assim, o estudante não deve se preocupar com assuntos muito específicos do ano, mas, sim, em contextos históricos relacionados às eleições.

"É muito difícil que caia alguma coisa sobre as eleições deste ano ou as de 2018, pensando que o banco de questões que vai cair nesse Enem foi contemplado em 2017. Mas, relacionado às eleições, existem alguns pontos, sim, que a gente pode apontar que podem vir na prova", diz. 

Constituição cidadã

Como o professor Benedito afirmou, as eleições podem aparecer no Enem por meio de temas históricos que tenham relação com a conquista do direito ao voto, com a democracia e demais pautas sociais. “Para ter eleição, é preciso que tenha uma constituição que resguarde essa eleição, então pode-se dar ênfase cair alguma questão sobre a constituição cidadã que promoveu a eleição em 1989, que foi uma eleição extremamente importante porque foi a primeira eleição direta para presidente após a ditadura militar”, explica.

“A Constituição de 1891 ampliou o direito ao voto para os homens alfabetizados, já que as mulheres não tinham esse direito. Nesse período, o voto ainda não era secreto e as eleições que ocorreram no Brasil durante a Vigência da Constituição de 1891 foram marcadas por fraudes”, explica o professor Marco Aurélio.

Eleições Americanas 

O professor enfatizou que acontecimentos relacionados a participação política com influência global também podem se fazer presente no Enem, principalmente no que se refere aos conteúdos cobrados no campo de atualidades. 

“Saindo um pouco do Brasil, pode cair no aspecto de atualidades algo sobre a eleição de Trump, que virou presidente em 2016 nos EUA, e alguma coisa sobre a política internacional estadunidense, não só o por quê ele foi eleito, mas também a forma que ele foi eleito, a forma como os partidos se organizam dentro da política norte americana, o partido Democrata e o partido Republicano, no caso, como ocorre essa troca de cadeiras”, recomenda Benedito Serafim.

Direito ao voto feminino

De acordo com o professor de atualidades, um marco histórico que pode render discussões interessantes no Enem é a luta pela participação das mulheres na política, como também os movimentos juvenis que se mostram ativos em momentos decisivos da democracia.

“Direito ao voto feminino, que vai basicamente ser fortalecido no governo Vargas, mesmo sendo uma luta anterior, e também a participação dos jovens nas últimas eleições, no direito à votação dos eleitores abaixo dos 18 anos de idade, são todos pontos que podem cair na prova do Enem esse ano”, conclui. 

Evolução das constituições no Brasil

O professor Marco Aurélio também destacou que as eleições podem aparecer na prova do Enem por meio de enunciados que resgatem as constituições do Brasil, já que elas são imprescindíveis para a manutenção da democracia e do direito ao voto.

Constituição de 1824

“O primeiro tópico está atrelado à Constituição Outorgada de 1824. Nela, o voto era Censitário, ou seja, pautado na renda. No Brasil, o direito ao voto nesse período era garantido às pessoas que tivessem uma renda de cem mil-réis”, explica.

Constituição de 1934

“De 1930 a 1934, Getúlio Vargas assume o governo através de um golpe. Esse período é chamado de Governo Provisório, assim, todas as medidas que foram criadas ali, elas não eram constitucionais. Em 1932, através de uma medida provisória, foi criada a justiça eleitoral e algumas mulheres que tinham emprego comprovado e eram alfabetizadas tiveram direito ao voto", explica Marco Aurélio.

O professor destaca para os estudantes que o voto feminino só veio a se concretizar constitucionalmente um pouco depois de 1932. “Porém, do ponto de vista constitucional, de acordo com as leis que regem esse direito, o direito ao voto feminino só passa a ser citado na Constituição de 1934.”

Constituição 1937

“Em 1937, Getúlio Vargas dá um Golpe de Estado (Estado Novo). Nesse momento, Vargas instala uma Ditadura no Brasil, que vai de 1937 - 1945. Durante essa fase, não ocorre eleição no Brasil e a Constituição de 1934 deixa de existir - em seu lugar é criada em 1937, uma constituição mais centralizadora, na qual o presidente passa a nomear de forma direta as pessoas que deveriam ocupar os principais cargos políticos", salienta o professor.

Constituição de 1988

“A Constituição Promulgada de 1988 garantiu o voto para todo brasileiro nato ou naturalizado. O destaque para esta carta é o voto secreto, feminino e para os analfabetos. Um dos maiores desafios do século XXI é fazer com que as pessoas tenham a sensação de que de fato são representadas na política. Para isso ocorrer, é importante que o número de mulheres ocupando cargos políticos cresça", opina Marco Aurélio.

O professor finaliza relembrando a Lei das Eleições (9.504/1997), que estabelece que "cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo".

A conquista do direito das mulheres votarem no Brasil completou 90 anos esta semana. A campanha  ‘Indique uma Mulher’ está incentivando a participação de mulheres em posições de liderança, especialmente nas eleições de 2022, pois é o tema da campanha nacional lançada pela organização não-governamental #ElasnoPoder. A movimentação busca encorajar mais candidatas a insistirem em um lugar na política. O prazo final de filiação partidária vai até o dia 1 de abril e o objetivo é alcançar mulheres em todos os estados do Brasil.  

Segundo a organização, o público alvo inclui tanto as que nunca pensaram em se candidatar, quanto as que já pretendem concorrer a um cargo público. Elas receberão uma carta da ONG, informando que foram indicadas pela sociedade para assumirem posições de liderança na política.  

##RECOMENDA##

“Fizemos uma pesquisa com mulheres que já atuavam na política e das que responderam que não têm interesse em se candidatar, 40% delas falou que não faz isso porque acha que não têm perfil. Isso é super forte e mostra que as mulheres não se veem como líderes, mesmo que elas já sejam, que já trabalhem com política.” explicou Isabela Rahal, coordenadora de Parcerias da ONG.

“Vamos ter uma carta, que vai ser assinada por mandatárias e por pessoas que já tenham mandato para incentivá-las a se candidatarem. Mas, o mais importante de tudo isso é que vão saber que tem alguém que realmente as vê como uma liderança”, complementa Rahal. 

No ano passado, para incentivar a participação feminina na política, o Congresso Nacional aprovou uma PEC que estabelece o mínimo de 30% para o fundo de financiamento de campanha e da parcela do fundo partidário às campanhas eleitorais em candidaturas femininas em eleições. Nas eleições de 2018, elas ocuparam apenas 16% dos cargos, apesar de somarem 52% da população geral.  

Em 24 de fevereiro de 1932, um decreto do então presidente Getúlio Vargas criou o voto secreto e o voto feminino, porém foi uma luta de quase 100 anos. Houve representantes como a professora Maria Lacerda de Moura e a bióloga Bertha Lutz, que fundaram a Liga para a Emancipação Internacional da Mulher. O objetivo era a igualdade política.Essa movimentação entrou para a história como uma possibilidade para as mulheres em todo o país.

Por Camily Maciel

 

 

O Reino Unido recorda nesta terça-feira as sufragistas, cuja luta, muito polêmica naquela época, permitiu que as mulheres conquistassem o direito ao voto no grande país europeu há exatamente 100 anos.

A primeira-ministra Theresa May - a segunda na história do país, depois de Margaret Thatcher - pronunciará um discurso em Manchester em homenagem às militantes heroicas, como sua líder Emmeline Pankhurst, Emily Davison, que morreu em uma ação de protesto ao jogar-se diante de um cavalo durante o Derby de Epsom de 1913, e aquelas que realizavam greves de fome.

As ativistas se acorrentavam às vias férreas, quebravam vitrines e sabotavam as linhas de energia elétrica. Chegaram, inclusive, a detonar uma bomba na casa do então ministro das Finanças, Lloyd George.

Muitas foram julgadas e condenadas. Com o centenário, uma campanha foi criada para que a ministra do Interior, Amber Rudd, perdoe as mais de mil ativistas que foram presas.

"A campanha das militantes foi totalmente essencial para fazer avançar o voto feminino", explicou à AFP Krista Cowman, professora de história da Universidade Lincoln, no Reino Unido.

"Antes disso, houve 50 anos de campanha pacifista que, na realidade, não serviu para nada".

Finalmente, em 6 de fevereiro de 1918, o Parlamento britânico adotou a "Lei de 1918 sobre a representação popular", que permitiu a inscrição de oito milhões de mulheres, com mais de 30 anos, no registro eleitoral.

Foi preciso esperar, no entanto, uma década para que as mulheres pudessem votar aos 21 anos, como faziam os homens.

"Aquelas que lutaram para instituir seu direito - meu direito, o direito de todas as mulheres - de votar nas eleições, de serem candidatas e ocupar plenamente seu lugar na vida pública, conseguiram isto enfrentando uma oposição feroz", afirmará May em seu discurso, de acordo com trechos antecipados por Downing Street.

"Perseveraram apesar de todo o perigo e desânimo porque sabiam que sua causa era correta", completará May, em um apelo a favor da tolerância com as divergências e a luta das minorias.

"Apesar de termos muito a comemorar, me preocupa que nosso debate público esteja se tornando agressivo. Que para muitos, discordar é cada vez mais difícil".

O centenário acontece no momento de outras batalhas, como a discussão sobre a diferença salarial entre homens e mulheres, que provocou um escândalo na BBC britânica, ou a questão dos abusos sexuais, após as revelações sobre o poderoso produtor de cinema americano Harvey Weinstein ou o jantar beneficente com empresários em Londres durante o qual as recepcionistas foram apalpadas, como revelou uma jornalista que trabalhou disfarçada.

A luta das sufragistas britânicas é provavelmente a mais conhecida, mas outras heroínas também lutaram ao redor do mundo, como a uruguaia Paulina Luisi, a brasileira Bertha Lutz ou a mexicana Elvia Carrillo.

A Nova Zelândia foi o primeiro país do mundo a aprovar o voto feminino, em 1893, seguida pela Austrália em 1902, Finlândia em 1906 e Noruega em 1913.

A União Soviética aprovou a medida em 1917, Alemanha em 1918, Estados Unidos em 1920, o Uruguai em 1927, a Espanha em 1931 e o Brasil em 1932, enquanto a França teve que esperar até 1944 e a Suíça muito mais, até 1971.

Atualmente existem restrições em alguns países, como no Golfo.

Este ano, as mulheres comemoram os 80 anos da conquista do direito ao voto no Brasil. Quem viveu esse momento, de alguma forma, tem na memória a lembrança do sentimento que deu um novo brilho ao execício da cidadania no País. A dona de casa Celeste Colares Maia, 90 anos, sente orgulho dos bons tempos da busca consolidada.  “Lembro que me penteei, me arrumei e me maquiei. Fui com os meus pais, minha irmã Maria, meus irmãos João e Raimundo. Guiomar como era a mais nova dos irmãos só foi para nos acompanhar. Não esqueço jamais desse dia em que votei pela primeira vez. Era um papelzinho com os nomes dos candidatos e a gente marcava um "X" no nome do candidato escolhido. Hoje não voto mais porque não consigo sair de casa sozinha, mas quando votava sempre me arrumava toda ” afirma.

Leia, na íntegra, a matéria com Alexandrina Sobreira, PHD em Ciências Política e professora da Universidade Federal, sobre os fatos históricos da luta das mulheres e o nível de participação na vida política partidária.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando