Janguiê Diniz

Janguiê Diniz

O mundo em discussão

Perfil:   Mestre e Doutor em Direito, Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Exito de Empreendedorismo

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Mais renda, menos desigualdade?

Janguiê Diniz, | ter, 25/09/2012 - 13:53
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A renda média do brasileiro atingiu R$1.345 em 2011, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Isso significa dizer que, em relação a 2009, houve uma alta de  8,3%. Apresentamos aumento em todos os níveis de renda, a renda média das famílias de baixa renda, por exemplo, subiu de R$ 144 em 2009 para R$ 186 ao longo do ano passado, 29,2%. A renda aumentou, mas está muito longe de ser ideal.

É através da renda per capita que sabemos o grau de desenvolvimento de um país ou região. O cálculo é bem simples: soma-se toda a produção da economia e divide-se pelo número de habitantes. Em 2002, a renda do brasileiro era de US$ 7.457, passando para US$ 10.894 em 2010. Contudo, apesar deste aumento da renda, o Brasil cresceu menos que países como Rússia, China e Índia.

Junto com o aumento da renda do brasileiro, diminuímos também a diferença de renda entre pobres e ricos, calculada pelo Índice de Gini e que recuou de 0,518 em 2009 para 0,501 em 2011 - quanto mais próximo de zero, menos concentrada é a distribuição de renda no país, ou seja, menos desigualdade. Apenas na região Norte do País o indicador de desigualdade aumentou, passando de 0,488 para 0,496.

Os dados continuam positivos quando analisamos os números relacionados ao desemprego, que teve queda recorde de 20%. A alta desses índices fez com que a chamada “nova classe média” brasileira represente mais de 50% da população. E o crescimento desse segmento, com renda familiar mensal entre R$ 1 mil a R$ 4 mil, deve-se principalmente ao aumento na renda dos mais pobres. Sem dúvidas, a política de valorização do salário foi um dos grandes fatores de redução da pobreza nos últimos anos.

Porém, precisamos ser críticos para continuar crescendo. É de conhecimento de todos que durante os oito anos (2002-2010) do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PIB brasileiro aumentou 4%. Ficamos abaixo da média mundial, que no período foi de 4,4%. Para mudar esses números, precisamos diversificar. Não temos dúvidas que pré-sal, mineração e agronegócios tem seus méritos, contudo, é preciso investir em outras áreas. Peguemos como exemplo a China, que produz de tudo um pouco e mantém altos índices de crescimento.

Além de diversificar, é importante garantir que a população continue possuindo poder aquisitivo para o consumo. Isso significa que é preciso aumentar o número de pessoas na classe média. Mas, como? Esta parcela da população brasileira requer políticas públicas específicas, que impeçam o seu retorno à pobreza e ofereçam oportunidades eficazes para sua contínua progressão.

O crescimento do Brasil nos últimos 10 anos foi claro. Aparecemos para o mundo. Nos tornamos uma economia confiável e passamos pela crise mundial com impactos que em nada se comparam aos sofridos por outros países. Precisamos de mais. Não devemos e nem podemos parar agora. Precisamos de mais investimentos, mais igualdade e cada vez mais condições para a população brasileira.

O incentivo ao uso das bicicletas

Janguiê Diniz, | qui, 20/09/2012 - 14:05
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Faltando pouco menos de um mês para as eleições municipais e com a apresentação de projetos para implantação de mais ciclovias e o incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte por quase todos os candidatos a prefeito do Recife, recebemos a notícia que a cidade receberá, a partir de outubro, estações de bicicleta para deslocamentos no centro da cidade.

É de conhecimento de grande parte da população brasileira que a utilização da bicicleta como meio de transporte é comum nos países desenvolvidos, como Holanda e  lá, a “magrela” é um dos principais meios de transporte do país. E nas metrópoles do século XXI, que prezam pelas construções parceiras do meio ambiente, o uso da bicicleta é uma opção que vem sendo priorizada dentro e fora do Brasil, como em Nova Iorque, Cidade do México e São Paulo.

O Recife receberá dez estações, cada uma com dez bicicletas. Os veículos serão liberados por um cadastro e pelo pagamento de uma mensalidade estimada em R$ 10 – o equivalente a menos que cinco passagens de ônibus do anel A. Sistema parecido ao instalado no Rio de Janeiro, onde os ciclistas podem alugar bicicletas espalhadas em estações pela cidade e que já conta com 60 estações e 600 veículos.

Além dos benefícios já citados, o uso da bicicleta preza pela saúde das pessoas e promove a inclusão social, visto constantemente com o aumento dos grupos de ciclistas que realizam passeios à noite pela cidade. E, confirmando todas essas teorias, a bicicleta foi reconhecida como o transporte ecologicamente mais sustentável do planeta pela Organização das Nações Unidas (ONU), pela Conferência das Nações Unidas para o Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92) e pela Agenda 21.

Infelizmente vivemos em uma sociedade que cultivou o hábito do automóvel como um símbolo de status e ignorando as consequências da grande quantidade de veículos para a mobilidade urbana. Porém, faz-se necessário perceber que a utilização da bicicleta como meio de transporte pode contribuir significativamente para melhorar a qualidade de vida da população, visto que, além de garantir uma maior fluidez no trânsito, elas reduzem a emissão de poluentes e de ruídos e minimizam os custos de mobilidade.

Em textos anteriores já relatamos o Brasil como o terceiro produtor de bicicletas, responsável por cerca de 5% da produção mundial e com a sexta frota do planeta, com 75 milhões de unidades. Porém, na soma entre os prós e contras quando o assunto é o uso da bicicleta como meio de transporte, estes últimos acabam desequilibrando a equação.

Sem exceção, o uso da bicicleta está associado a diversos benefícios sociais e ambientais, oferecendo um mercado de produtos e serviços ainda pouco explorado no Brasil. O grande problema está na falta de vias e de educação dos motoristas para lidar com a presença dos ciclistas dividindo o espaço das ruas e avenidas com os carros.

Incentivar é preciso. Mas antes de incentivar, é preciso estruturar espaços adequados e criar campanhas educativas e de conscientização para que os motoristas respeitem e se habituem a presença das bicicletas no trânsito.

Investimentos na educação básica e esquecimento da qualificação superior

Janguiê Diniz, | seg, 17/09/2012 - 13:58
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Recentemente foi publicado que o Brasil é um dos países que mais investiu em educação no mundo durante aos anos de 2000 a 2009. O estudo, feito pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), analisou 39 países e evidenciou que, apesar do aumento de 149% dos investimentos por aluno nos ensinos fundamental e médio, a precariedade do ensino superior e a qualidade duvidosa ainda evidenciam o atraso do País.

Ainda segundo o estudo, o Brasil tem sido classificado como o País "mais dinâmico do mundo" e que tem melhorado, gradativamente, os ensinos fundamental e médio, mas não obtendo os mesmos resultados quando se trata do ensino superior. Aumentamos o investimento do orçamento público em educação que em 2000 representavam 10,5% dos recursos públicos para 16,8% em 2009.  Acima da média mundial que ficou em 13% e nos tornando o quarto país do ranking em investimentos na educação, atrás somente de Nova Zelândia, México e Chile.

De fato, grande parte dessa recuperação do déficit educacional se deve ao investimento de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB), embora esse dado ainda seja inferior à média da OCDE, de 6,25%. Porém, as disparidades nos investimentos no ensino primário e secundário e no nível superior são evidentes. Os dois primeiros tem um porcentual de investimento que ultrapassa a média mundial - 4,23%, contra 4%. Já no último segmento, o Brasil é o quarto pior da lista, investindo insignificantes 0,8% do PIB.

Retomando os dados da pesquisa da OCDE, no ensino pré-primário, a média de gastos anual por estudante brasileiro foi a terceira pior dentre 34 países - de US$ 1.696, comparado a US$ 6.670 da média da OCDE. O mesmo déficit acontece no ensino primário e no secundário. No primeiro, o País investe US$ 2.405, contra US$ 7.719 da média, o quarto pior resultado entre os 35 países avaliados. Já no segundo, a relação é ainda pior, nos colocando na terceira pior posição: o investimento é de US$ 2.235 contra US$ 9.312 da média de 37 países avaliados. 

O investimento no ensino superior nos coloca apenas na 23º posição no ranking relacionado ao setor, uma perda para um país em pleno desenvolvimento e que necessita de mão de obra qualificada para continuar crescendo. Entre 2000 e 2009, os investimentos em educação superior reduziram 2%. Não cabe, neste momento, falarmos em números de alunos, visto que entre 2005 e 2009 houve um aumento médio de 67% de alunos nas universidades.

Faz-se necessário entender que o investimento na educação deve ser contínuo e em todos os níveis. Investimentos na educação geram melhores oportunidades no mercado de trabalho. Em um momento de transição, como o enfrentado pelo Brasil, possuir mão de obra qualificada interna significa contribuir, também, para o desenvolvimento da economia interna.

É mister saber que 68,7% dos brasileiros sem o ensino secundário possuem emprego. Este número sobe para 77,4% quando falamos de quem possui formação completa no ensino secundário e salta para 85,6% quando falamos dos profissionais com ensino superior. Fica claro que os que possuem ensino superior têm mais oportunidades de trabalho e consequentemente melhores salários.

Precisamos investir cada vez mais em educação. E o investimento precisa ser em todas as áreas.

As empresas e a responsabilidade social

Janguiê Diniz, | sex, 14/09/2012 - 10:11
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O termo Responsabilidade Social tem sido bastante utilizado nos últimos anos. Mais que isso, o atual cenário mundial traz inúmeras transformações de ordem econômica, política, cultural e social e é devido a essas mudanças que as relações entre as empresas e o mercado – ou a sociedade – precisam estar sempre em adaptação.

Apesar de ter seus primeiros registros na década de 50, foi apenas na década de 70 que o assunto passou a ser estudado pela American Accouting Association e American Institute of Certified Public Accountants. Ademais, foi a partir deste marco que a Responsabilidade Social passou a ser decisiva para o desenvolvimento das empresas. Podemos afirmar – sem dúvidas – que a junção dos esforços de empresas e sociedade passou a ser resultante no desenvolvimento social e na contribuição para uma sociedade mais justa.

Para as empresas, as ações de Responsabilidade Social estão diretamente ligadas à retribuição a sociedade daquilo que tem sido obtido pela mesma. Neste caso, a Responsabilidade Social Empresarial é a forma de gestão ética e transparente que as organizações têm com o seu coletivo, de modo a minimizar os possíveis impactos negativos no meio ambiente e na comunidade. Essa retribuição é feita, na grande maioria das vezes, através de ações que beneficiam a sociedade nos âmbitos da educação, meio-ambiente, saúde e projetos sociais.

Atuar com Responsabilidade Social ainda é um desafio para muitas empresas. Contudo, esse desafio torna-se muito simples quando existe o conhecimento da realidade que cerca a empresa. O conhecimento da comunidade, das dificuldades vividas pelos moradores da região e das necessidades da população. Através dessas informações é possível assegurar a inserção social e a melhoria da qualidade de vida das pessoas, sempre respeitando a diversidade que faz parte de qualquer país.

Faz-se necessário compreender que a responsabilidade social não deve ser encarada como uma estratégia de divulgação para as empresas. Ter responsabilidade social, através de projetos que incentivam a geração de renda e oportunidade de trabalho, é trazer benefícios mútuos entre a empresa e a comunidade, melhorando tanto a qualidade de vida dos funcionários, quanto a atuação da empresa e da própria população.

Portanto, prezados leitores, quando uma empresa dá especial atenção à educação para a qualificação profissional ou para a garantia dos direitos da criança e do adolescente, está fazendo sua parte como contribuição para o desenvolvimento do nosso país. E o reconhecimento pelas boas práticas de responsabilidade social, além da sustentabilidade econômico-financeira e ambiental, é fundamental para toda e qualquer empresa.

20 anos do Código do Consumidor, o que mudou?

Janguiê Diniz, | qui, 13/09/2012 - 18:09
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Esta semana o Código de Defesa do Consumidor (CDC) completou pouco mais de 20 anos de vigência no Brasil e ainda é considerada por especialistas como uma das leis mais avançadas do mundo. A título de conhecimento, o CDC está em vigor desde 1990 , foi sancionado em 11 de setembro de 1990 pelo então presidente Fernando Collor.  Na época, a lei se baseou em legislações de outros 14 países, como Canadá, Espanha, EUA, México e Portugal. O CDC é composto de 119 artigos que protegem o consumidor de práticas abusivas das empresas.

Ao longo dos seus mais de 20 anos, o Código de Defesa do Consumidor teve dez modificações justificadas pela inclusão de ajustes na redação para deixar mais claro determinados pontos da lei, de novas regras para cobrança de multas e para redações contratuais. É, ainda, através dele o consumidor  protegido contra vícios e fatos de consumo, ou seja, contra produtos e/ou serviços que, ou não funcionam como deveriam, ou provocam dano ao consumidor ou a outrem quando de sua utilização.

Portanto, com a implementação do Código de Defesa do Consumidor, houve o estabelecimento das regras da relação de consumo, mas, ainda assim, a relação entre empresas e consumidor permanece com inúmeros problemas em quase todo o país e as queixas contra continuam a se acumular. Empresas de telefonia, planos de saúde e bancos são as que, hoje, respondem pelo maior número de queixas no País.

O que no começo foi considerado um risco para o desenvolvimento econômico das empresas e prestadoras de serviços, hoje é avaliado por muitos como um regulador de qualidade dos produtos colocados no mercado, seja ele nacional e internacional. Se avaliarmos com um olhar econômico, o CDC traz regras bem definidas e isso faz com que as empresas tenham tendência a buscar a melhora contínua de seus produtos.

Na relação consumidor e empresa, a satisfação do consumidor faz com que o mesmo continue consumindo, o que é bom para todos. O consumo, desde que feito de forma consciente, faz a economia interna crescer, melhora a oferta de crédito e faz surgir novas empresas, gerando novos empregos e concorrência saudável.

Com efeito, a criação do Código de Defesa do Consumidor mudou a postura do cidadão, do consumidor, que passou a ser mais exigente e questionar os seus direitos. A iniciativa de utilizar selos de procedência, de vistoria sanitária, de qualidade vistoriada, certificações ISO, também vieram da necessidade de mostrar qualidade ao cliente.

Contudo, não podemos dizer que o CDC cumpre toda a sua função, visto que muitos clientes ainda não conhecem o Código ou não realizam as reclamações necessárias para que as empresas sejam notificadas e multadas. Para melhorarmos nosso País, é preciso que cada um cumpra com a sua função.

Um Brasil competitivo

Janguiê Diniz, | qui, 06/09/2012 - 11:47
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Pela primeira vez o Brasil apareceu na lista dos países mais competitivos. Nosso País apareceu na 48ª posição – em uma lista com 144 países - no Relatório Global de Competitividade, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, após subir cinco posições em relação ao ranking de 2011. Uma vitória para nós.

Como era de se esperar, a Suíça contínua no topo da lista. As condições econômicas, educacionais e tecnológicas dos suíços devem servir de exemplo para todo o mundo. Em seguida estão Cingapura, Finlândia, Suécia, Holanda, Alemanha, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Hong Kong e Japão. Ressaltamos, neste momento, que a crise econômica vivida pela Europa teve grande influência nos dados colhidos, já que trouxe incerteza e desaceleração econômica para vários países europeus.

Voltando ao quadro brasileiro, em dois anos, subimos dez posições. Apesar de ter melhorado a classificação geral, o Brasil ainda está atrás de países como Chile e Panamá e ainda apresenta um alto déficit no quesito "qualidade da educação", ficando apenas com a 116ª posição do ranking.  Ademais, o alto índice de corrupção e a falta de transparência pública continuam prejudicando a classificação geral.

Continuamos crescendo economicamente.  Estamos expandindo serviços de internet e telefonia móvel – apesar dos problemas com as operadoras de celular. Estamos investindo em inovação tecnológica e todas essas ações aliadas com a redução da taxa básica de juros e a consequente queda dos juros bancários tiveram impactos positivos para a colocação do Brasil no ranking.  Positivos sim, suficientes não.

Somos a sexta economia mundial. Temos capacidade e condições de estar, pelo menos, entre os 30 primeiros países do ranking.  O relatório ressaltou ainda que, se a América Latina melhorasse seus problemas de insegurança e de infraestrutura, e investisse mais e melhor em educação, multiplicaria seus níveis de competitividade e obteria melhores resultados econômico-comerciais. 

Ser competitivo não é apenas crescer economicamente. É ter condições de crescer de forma igualitária, melhorando as condições de vida da população. Nada obstante, como podemos atingir esse nível de excelência se no quesito "inovação", que está diretamente ligado à mão de obra qualificada, o Brasil caiu da 44ª para 49ª posição? Ou ainda quando ocupamos apenas a 79ª colocação em “qualidade da infraestrutura de transportes”?

Em vários textos anteriores já citei a importância da educação como fator primordial ao desenvolvimento do país. Mais uma vez, vemos a necessidade de investimentos contínuos na educação para nos tornarmos um país desenvolvido. Nossa economia está aquecida, o que gera um aumento na demanda por trabalhadores qualificados e não possuímos esses profissionais no mercado. Qualificação pode sim levar tempo, mas o Brasil não pode esperar. Precisamos de soluções criativas e ao mesmo tempo precisamos investir em educação, infraestrutura e segurança. É necessário explorar a capacidade existente aqui para superarmos as potências do exterior e aproveitar que o crescimento global está lento para diminuirmos essas diferenças.

Um balanço da Lei Seca

Janguiê Diniz, | qua, 05/09/2012 - 08:57
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Em vigor desde 2008, a lei seca é uma das mais conhecidas entre os brasileiros, seja pelo alto consumo de bebidas alcoólicas ou pela grande quantidade de acidentes envolvendo direção e álcool. O fato é que, com a implantação da lei e a rigorosidade das multas, os números de acidentes de trânsito envolvendo bebidas e direção foram reduzidos drasticamente.

No Brasil, desde 1997 já existia uma lei que limitava o consumo de álcool por motoristas e estabelecia um limite de 0,6 grama da substância por litro de sangue. Quando foi “endurecida” e decretada a tolerância zero ao uso de álcool por quem vai dirigir, em 2008, 50% das mais de 35.000 mortes ocorridas anualmente em acidentes de trânsito eram causadas por motoristas alcoolizados.

Mesmo com a lei seca em vigor, nos primeiros anos de fiscalização rigorosa, o número de mortos em acidentes de trânsito no Brasil subiu 24%, de 32.753 registrados em 2002 para 40.160 em 2010. Colocando o Brasil em quinto lugar na lista dos países com mais vítimas no trânsito, atrás apenas de Índia, China, Estados Unidos e Rússia. Claro que estes números incluem vários outros fatores além do álcool, porém, este ainda é uma das principais causas.

Um dos grandes problemas que envolvem a lei seca é a obrigatoriedade do teste do bafômetro. A principal polêmica da lei é amparada pela Constituição Federal, insculpida no brocardio latino nemo tenetur se detegere e está devidamente positivado no ordenamento jurídico brasileiro, na parte mais importante da Constituição Federal de 1988, dentre os direitos e garantias fundamentais: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada assistência da família e de advogado.

Direito este ainda amparado na Convenção de Direitos Humanos de 1969, conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, que em seu artigo 8º, declara que toda pessoa tem "direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada". Na tentativa de driblar a Constituição e fazer valer a lei, um novo texto foi definido recentemente e contempla, como prova de embriaguez ao volante, o teste de alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova admitidos no direito.

Apenas uma lei clara e dura, no entanto, não garante a eficiência de uma política de combate ao álcool ao volante. Os números mostram isso e as falhas começam na falta de continuidade na fiscalização. Para que haja, de fato, uma redução de acidentes e consequentemente de vítimas no trânsito, a legislação tem de estar amparada por outros três elementos: fiscalização, combate à corrupção dos policiais de trânsito e campanhas de educação.

Mais educação, menos informalidade

Janguiê Diniz, | qui, 30/08/2012 - 14:13
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A educação sempre foi considerada pelos países desenvolvidos como a base para o crescimento econômico e social. Esta teoria foi confirmada recentemente pela Fundação Getúlio Vargas ao divulgar dados de estudo do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), afirmando que o aumento da escolaridade média do trabalhador brasileiro é o principal fator por trás da recente queda da informalidade no mercado de trabalho.

Entre os anos de 2002 e 2009 houve 60% de queda da informalidade trabalhista no Brasil, resultado da busca, cada vez maior, dos trabalhadores por formação, mesmo que, algumas vezes, esta não tenha uma qualidade elevada. Grande parte desse aumento na busca por formação se deve as oportunidades criadas pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) para acelerar o nível educacional do povo brasileiro, reduzindo os números do analfabetismo e facilitando, também, a entrada dos alunos nas Faculdades e Universidades do país.

Caro leitor, mais uma vez, repetimos que a educação é a responsável pelo desenvolvimento de qualquer país. Ela está mudando diversos aspectos da economia do Brasil, trazendo empresas e oportunidades de investimentos. É preciso investir, cada vez mais, para qualificar a mão de obra e não apenas elevar o tempo de estudo da população, o próximo desafio do país está na melhoria da qualidade do ensino.

Ainda temos muitos analfabetos, são mais de 14 milhões e deste número, quase 5 milhões estão em comunidades rurais. Apesar do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) mostrar que o Brasil teve avanços nos primeiros anos do Ensino fundamental, chegando a atingir a meta prevista para ser cumprida em 2013, o quadro no Ensino Médio piorou em oito estados do país.

Voltando aos números, uma pesquisa divulgada pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), que ouviu 137 empresas brasileiras, constatou o problema na formação escolar dos jovens do país. O levantamento mostrou que em 95% das empresas pesquisadas, os contratantes acreditam que o sistema educacional não está adequado às oportunidades do momento econômico pelo qual o Brasil passa. 

Qualificar mão de obra leva tempo. Por isso, quanto antes começarmos, melhor. O Brasil precisa de mão de obra qualificada para avançar, não podemos continuar importando profissionais, se aqui temos potencial para atingir altos níveis de qualificação. Grande exemplo disso são os jovens brasileiros que integram equipes como da Microsoft e Google, por exemplo.

Não adianta criar uma série de incentivos e programas de estímulo para entrada na Universidade, se nossos jovens estudantes não estão preparados para ingressar no nível superior e absorver os conhecimentos passados. Infelizmente não temos dado conta de garantir a aprendizagem na educação básica e o resultado é que as universidades públicas e particulares estão recebendo alunos despreparados para serem grandes profissionais e ingressarem no mercado de trabalho.

Como ser um bom político?

Janguiê Diniz, | seg, 27/08/2012 - 14:55
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Em pleno período eleitoral e com tantos candidatos com nomes e propostas diferentes, torna-se difícil escolher em quem votar. Calejados por escândalos como o mensalão – que causou um rombo de R$ 55 milhões em 2005 e contou com 40 pessoas envolvidas, mas apenas 3 deputados foram cassados -, e os anões do orçamento – que causou prejuízo de R$ 800 milhões de 1989 a 1992, quando sete deputados faziam emendas que remetiam dinheiro a entidades filantrópicas de parentes, cobravam propina para inclusão de verbas em grandes obras e faziam lavagem de dinheiro por meio de apostas na loteria – fica a pergunta, como é possível ser um bom político?

Poderíamos dizer que um bom político é aquele ético e honesto. Mas, essas são características que devem ser inerentes a qualquer bom cidadão e não necessariamente um bom cidadão pode ser tomado como um exemplo de um bom político.

No Brasil, o bom político é aquele que senta num bar para beber com seu eleitorado ou ainda aquele cara simpático, que aparece na véspera das eleições com uma cesta básica para aquela família que sofre com a seca. Um bom político não é aquele que se aproveita da pobreza, da necessidade, da falta de instrução desse povo para ludibriar e tentar dar o golpe comprando os votos desses pobres cidadãos  de diversas formas. Precisamos acabar com essa cultura.

Nós, cidadãos, precisamos entender nosso papel na sociedade. Temos que interagir com nossos representantes, buscando informações, cobrando soluções para os problemas sociais. O papel do político é ser um representante da sociedade, é constituir-se em advogado de causas comunitárias. Ser alguém aberto a receber permanentemente demandas vindas da sociedade, sejam individuais ou coletivas. A principal característica que faz de um  cidadão um bom político é sua capacidade de colocar o interesse público acima dos seus próprios interesses.

Todo bom político deve ter um intenso e verdadeiro sentimento por aquilo que faz. Esta é a principal característica de um político e é isto que faz a diferença. Ele deve ter um conhecimento intelectual daquilo que o povo precisa e este conhecimento deve ser sempre crescente, a favor do povo. Um bom gestor não é aquele que propõe inúmeros projetos, mas aquele que sabe focar no que é necessário para a maioria, a mesma maioria que o elegeu.

Com base no livro O Monge e o Executivo, de James C. Hunter, liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente, visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum. Claro que a apresentação física, comportamental e oral também são fundamentais, afinal as autoridades políticas são exemplos para toda a sociedade. Contudo, na política é fundamental estar aberto às mudanças, quebrando paradigmas. O papel do líder é servir constantemente ao povo.

Ao votar, vamos buscar pessoas, e aqui podemos falar de candidatos, com características de "bom político”.

As demandas do Eleitor Recifense

Janguiê Diniz, | sex, 24/08/2012 - 12:25
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O termo accountability significa prestação de contas. Este termo é utilizado por cientistas políticos ao se referirem às prestações de contas de suas ações  pelas instituições estatais.

As instituições estatais, assim como os próprios estados federativos e o próprio estado  federal, bem como as prefeituras municipais devem, sistematicamente,  prestar contas de suas ações. É que esses órgãos  são geridos   por políticos,  gestores públicos, que são  remunerados e administram  com recursos orçamentários oriundos de impostos pagos pela população.  O objetivo primacial  desses recursos orçamentários tributários  consiste em prover bens e serviços públicos para a população. 

Segurança pública, saneamento básico,  educação  e saúde -  em qualquer edilidade pública -  seja municipal, estadual ou federal, consistem nas demandas clássicas da sociedade.  Nesse contexto, dependendo da capacidade de arrecadação tributária e principalmente  na competência administrativa com  gestão eficaz ou ineficaz, algumas edilidades atendem de modo eficiente, ou não,  essas demandas,  beneficiando,  sobremaneira,  a população.

No mundo contemporâneo,  variados estados federais,  independente do continente,  sofrem com  uma constante incompetência administrativa de seus gestores além da  incapacidade fiscal e tributária. A guisa de exemplo, citamos alguns  estados do velho continente.  A população de países como  Portugal, Espanha e França tem questionado, com frequência,  a incapacidade do estado em manter o well fare state, ou  estado do bem-estar social e  econômico. No Brasil, por outro turno, desde a década de 70,  é constante o debate acerca da capacidade do estado em remunerar adequadamente os servidores públicos e ao mesmo tempo, realizar investimentos em bens e serviços públicos.

Ademais,  o debate,  no que diz pertinência à  capacidade fiscal do estado, independente de quem seja o Presidente da República do Brasil e de que partido seja,  tem sido uma constância nos meios da municipalidade brasileira.  Com efeito, gestores municipais, com o objetivo e o discurso de atender as demandas da população municipal, sempre realizam marchas à capital federal no afã de cobrar mais verbas à União.

Nesse diapasão,  diante da escassez de recursos, os governantes municipais, estaduais e federais,  precisam definir prioridades.  E essas prioridades devem ser definidas com base nas principais demandas da população. OU seja, o que a população mais necessita e deseja para viver bem e feliz.  E para isso precisam saber quais as reais demandas. Pensando nisso, às vésperas  de uma eleição municipal acirrada no município de Recife,  o Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), em parceria com os veículos de  comunicação Portal de Notícias  LeiaJá.com  e Jornal do Commercio,  resolveram elaborar uma pesquisa em todas as regiões geográficas da cidade do Recife para levantar, com profundidade, as verdadeiras demandas da população da cidade de Recife.

A  pesquisa ouviu a população nas diversas regiões administrativas do Recife e identificou as suas principais  demandas.  Nesse particular, é interessante registrar que,  independente da área geográfica  e das características peculiares de cada uma, as demandas  dos eleitores que foram detectadas  são praticamente as mesmas, quais sejam: segurança pública, saneamento básico, saúde, educação, etc.   Diante desta constatação,  sem  titubear,  chega-se  à ilação de que os desafios do futuro gestor ou prefeito do Recife não serão  tão diversificados.

Uma pesquisa  tão relevante como esta não poderia ficar restrita  apenas a poucas pessoas. Pensando nisso, o Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), o  Portal de Notícias LeiaJa.com e o Jornal do Commercio resolveram dar ampla publicidade à mesma  através da  publicação dividida numa série de matérias publicadas no Portal de Notícias LeiaJá e no Jornal do Commercio, e também, através  da consagração do mesmo em livro intitulado: “As Demandas do Eleitor Recifense – Agenda Recife”. 

A pesquisa será apresentada à sociedade dia 27 de agosto, as 19 hs, no Restaurante Manuel Bandeira, onde haverá, também, o lançamento do livro. A obra  será vendida nas principais livrarias da cidade e também entregue a todos os  candidatos que disputarão, em outubro de 2012, a  eleição para a Prefeitura Municipal do Recife. Esperamos que com a leitura deste livro, o futuro prefeito do Recife, em identificando as principais demandas da população recifense de todas as regiões,  possa definir as principais  prioridades, e por via de consequência  atuar resolvendo-as com a brevidade que as mesmas exigem.

Parabéns ao Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) ao Portal de Notícias LeiaJa.com e ao Jornal do Commercio por esta importante obra. Parabenizo também aos seus organizadores. E boa sorte ao futuro prefeito do Recife!

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