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A eleição presidencial é a que, entre todos os pleitos previstos para outubro, vai ter mais impacto nas investigações da Operação Lava Jato. A opinião é do juiz federal Marcelo Bretas, que participou nesta sexta-feira, 27, em Paraty, do fórum de debates A Casa de Não Ficção, organizada pelas revistas Época e Vogue, um evento paralelo à Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip.

"É o presidente da República quem indica os ministros do Supremo Tribunal Federal e, dependendo de quem for, pessoas que hoje são julgadas por determinadas acusações poderão ou não se sentir mais confortáveis", disse o juiz da 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro.

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Durante 1h30, Bretas foi sabatinado sobre diversos assuntos. Há 20 anos exercendo a função de juiz ("nos últimos dois anos, tive mais trabalho que nos anteriores juntos"), ele se tornou conhecido por decisões rumorosas, como autorizar a prisão de Eike Batista pela Polícia Federal, operação que também teve como alvo o ex-governador Sérgio Cabral. Isso serviu, segundo Bretas, como uma experiência que pode ajudar investigações futuras a nível nacional. "Ao contrário da Lava Jato de Curitiba, a do Rio não tem uma área específica de investigação, podendo focar tanto na educação como no transporte ou na saúde. Assim, a Lava Jato aqui é uma espécie de laboratório para outros Estados e até mesmo a União."

Questionado sobre delações premiadas, Marcelo Bretas acredita que, além de ser um direito do réu, isso pode significar um ganho de tempo e também de recursos para o governo. "Ao invés de gastar milhões de reais com os custos do processo, é mais barato para um réu devolver o que lhe é acusado de ter ganhado ilicitamente. Isso é uma mudança de paradigma, pois empresários sabem fazer contas e veem isso como uma oportunidade", disse. Com isso, Bretas acredita que grandes empresas deveriam investir cada vez mais em ações anticorrupção, a fim de evitar futuros prejuízos.

Sobre a polêmica questão do auxílio-moradia destinado a magistrados (em janeiro, foi divulgado que Bretas acionara com sucesso o Judiciário para receber o auxílio-moradia mesmo sendo casado e residindo com uma juíza, Simone Bretas), ele inicialmente disse que não discutiria o assunto, mas emendou dizendo que hoje ganha proporcionalmente 30% a menos do que faturava de salário há 20 anos. "Um promotor ganha mais que um juiz federal", argumentou.

Bretas disse que nunca foi convidado para iniciar uma carreira política ("É fora do meu universo") e que também evita ser fotografado com as pessoas, especialmente celebridades. "Tenho de zelar pela minha imagem, não posso permitir que alguém use uma foto comigo para se promover."

O juiz federal comentou ainda que preventivamente acredita que seu telefone e o de sua família são grampeados. "Não tenho nada a temer, mas, em conversas com auxiliares sobre medidas de processos, preciso me precaver", contou ele que, mais relaxado, lembrou ter cometido um "sincericídio" ao confirmar que, com 18 anos, andava com camisas estampadas com a figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Lava Jato. Ainda em tom de brincadeira, revelou que o juiz Sérgio Moro, de Curitiba, passou a usar há pouco tempo o aplicativo de conversa Whatsapp. "Até há quase um ano, ele preferia mandar e-mail."

Solto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes no ano passado, o empresário Miguel Iskin voltou a ser alvo de prisão preventiva nesta quarta-feira, 4, no âmbito da Operação Ressonância, desdobramento da Fatura Exposta, braço da Lava Jato no Rio, por decisão do juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal. A ação mira em contratos na área da saúde celebrados pelo Estado do Rio de Janeiro e pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into).

O empresário havia sido preso em abril do ano passado, mas, após ter seu habeas corpus acolhido pelo ministro, foi posto em recolhimento domiciliar noturno e nos fins de semana, em dezembro. A defesa havia alegado que ele é portador de neoplastia cística do pâncreas, doença que, se não tratada de maneira apropriada, poderá tornar-se câncer.

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Além de Iskin, Bretas determinou a preventiva de outros 12 pessoas e a temporária de nove, e também busca e apreensão em 44 endereços. Também foi decretado o bloqueio de bens dos investigados no valor de R$ 1,2 bilhão.

Segundo a representação da força-tarefa da Lava Jato, a partir das investigações da operação Fatura Exposta, órgãos de controle como o Conselho de Defesa Administrativa (Cade), o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU) uniram esforços e identificaram um cartel de fornecedores que atuou entre os anos de 1996 e 2017 no Into.

A empresa Oscar Iskin, do empresário Miguel Iskin, era a líder do cartel formado por pelo menos 33 empresas, algumas delas atuando como laranjas das demais, que se organizavam no chamado "clube do pregão internacional".

O núcleo operacional da organização criminosa era formado por funcionários de confiança da empresa Oscar Iskin, dizem os investigadores. Eles eram responsáveis por fazer a ligação entre o setor público (núcleo administrativo-político) e os empresários cartelizados (núcleo econômico) para direcionar as demandas públicas (insumos médicos a serem adquiridos e cotação de preços fraudadas) e as contratações, mediante a desclassificação ilícita de concorrentes que não faziam parte do cartel.

"Esses atos de ofício eram comprados com o pagamento de vantagens indevidas milionárias, as quais eram custeadas com base na arrecadação de valores com as empresas beneficiárias das licitações, seja por meio de pagamento de 'comissões' no exterior (correspondentes a cerca de 40% dos contratos), seja por meio do recolhimento no Brasil de valores entre 10% e 13% dos contratos firmados pelas empresas do cartel, estratégia que gerava um 'grande caixa de propina' administrado por Miguel Iskin de forma a retroalimentar o sistema e permitir a sua hegemonia no mercado da saúde pública durante décadas", afirmam em petição os procuradores da República Eduardo El Hage, Fabiana Schneider, Marisa Ferrari, José Augusto Vagos, Leonardo Cardoso de Freitas, Rafael Barretto, Rodrigo Timóteo, Stanley Valeriano, Sérgio Pinel, Felipe Bogado e Almir Teubl Sanches - integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro.

Segundo a força-tarefa, o "núcleo administrativo da organização criminosa, destaca-se a atuação de Jair Vinnicius Ramos da Veiga, conhecido como Coronel Veiga, responsável por controlar de fato as licitações no Into e na Secretaria Estadual de Saúde".

"O esquema de corrupção no Into permaneceu mesmo após as mudanças nos cargos de direção, envolvendo o atual diretor-geral do Into, André Loyelo, e o coordenador de administração geral, Luís Carlos Moreno, os quais continuaram os ajustes com empresas contratantes, incluindo algumas integrantes do cartel".

"No núcleo econômico atuavam os principais executivos de fabricantes multinacionais de equipamentos médicos, que ajustavam as vitórias nas licitações mediante o pagamento de comissão a Miguel Iskin no valor de 13% dos contratos. Empresas intermediárias controladas por Iskin também atuavam no cartel para vender produtos fabricados por terceiros, bem como as empresas laranjas, que participavam das licitações apenas para dar aparência de legalidade às contratações e, quando ganhavam o contrato, retinham uma pequena parte do valor a título de comissão e repassavam a quase totalidade das vendas para os grandes fabricantes", afirma o MPF.

De acordo com a Procuradoria, "Miguel Iskin montou uma rede complexa de lavagem de dinheiro, utilizando-se de offshores em diversos países e empresas no Brasil. O esquema funcionava de maneira similar na Secretaria de Saúde, onde se identificou fraude em licitações realizadas diretamente, como a que gerou os contratos de reforma e aquisição de equipamentos para a sede do Instituto Estadual do Cérebro (IEC), além da adesão a atas de registro de preço do Into nas quais também foram encontradas irregularidades".

A reportagem está buscando contato com as defesas dos citados. O espaço está aberto para manifestações.

O juiz federal Marcelo Bretas condenou 15 pessoas, entre elas Fernando Cavendish, da Delta Engenharia, e o contraventor Carlinhos Cachoeira, e o doleiro e delator Adir Assad, por lavagem de dinheiro e associação criminosa no âmbito de supostos desvios de R$ 370 milhões de contratos com o governo estadual do Rio na gestão Sérgio Cabral (MDB). A denúncia foi oferecida no âmbito da Operação Saqueador, desdobramento da Lava Jato no Rio.

Segundo a denúncia, "para desviar aproximadamente 370 milhões de reais dos cofres públicos à época dos fatos, a DELTA utilizou 18 empresas de fachada e firmou diversos contratos fraudulentos, que não apresentaram qualquer causa econômica ou ligação direta com as obras efetivadas".

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O magistrado atribui a Cavendish o papel de "principal idealizador dos esquemas ilícitos perscrutados" e "beneficiário das práticas de lavagem de dinheiro imputadas".

"A quadrilha liderada por FERNANDO CAVENDISH utilizava a DELTA CONSTRUÇÕES S/A como um instrumento para encobrir as ações criminosas de seus membros e funcionários, acompanhado de diretores regionais da empresa e funcionários da área administrativa e financeira, transferindo vultosos recursos a empresas "fantasmas", como forma de dissimular o desvio de recursos públicos e o consequente pagamento de propinas a agentes estatais", anotou.

Denúncia

Segundo a denúncia, o inquérito da Saqueador foi instaurado a partir de desdobramentos das Operações Vegas e Monte Carlo. Nessas operações foram investigados os esquemas de direcionamento de emendas orçamentárias ao município de Seropédica (RJ), a manipulação de convênios e as fraudes às licitações, segundo destacam os investigadores.

Na operação Monte Carlo foi identificado que grande parte dos valores depositados nas empresas de Carlinhos Cachoeira era proveniente da empresa Delta Construções S.A. "Esses valores eram na verdade dinheiro público desviado para pagamento de propina a agentes públicos", sustenta o Ministério Público Federal.

Grampos telefônicos das operações revelaram a existência de relação estreita entre Cachoeira e Cláudio Dias Abreu, diretor regional do Centro-Oeste da empreiteira, envolvendo negociações com entidades públicas. Revelaram, também, que o contraventor mantinha contato frequente com os funcionários de alto escalão da Delta, como Rodrigo Moral Dall Agnol, Carlos Alberto Duque Pacheco, Heraldo Puccini e também com o presidente da empreiteira, Cavendish.

De acordo com a denúncia, "o gigantesco esquema de lavagem de dinheiro foi elucidado na operação Saqueador, cujas provas foram compartilhadas com a Operação Lava Jato no ano de 2015".

Segundo o Ministério Público Federal, entre 2007 e 2012, a Delta teve 96,3% do seu faturamento oriundo de verbas públicas representando esse porcentual o montante de quase R$ 11 bilhões e que a maior parte desses valores era proveniente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT).

Usando terno e a mesma gravata com as cores do Brasil que vestiu na escolha do Rio para sede da Olimpíada de 2016, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou seu primeiro depoimento após ser preso, na manhã desta terça-feira, 5. O depoimento, que durou cerca de 50 minutos, foi dado por videoconferência ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio.

De Curitiba, Lula falou como testemunha de defesa do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), na denúncia do Ministério Público Federal (MPF) que analisa a compra de votos para a escolha do Rio. Lula e Bretas protagonizaram alguns momentos descontraídos durante a oitiva. O petista aproveitou uma das perguntas feitas pela defesa de Cabral para fazer críticas indiretas ao Ministério Público: "Estamos vivendo um momento de denuncismo."

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E antes de ser interrompido por Bretas, destacou: "Só lamento que venha uma denúncia de corrupção de compra de membro de delegado oito anos depois. Eu sinceramente não sei quem fez a denúncia, não quero saber, não conheço, e como nós estamos vivendo um momento de denuncismo..."

Lula também negou que tenha ouvido falar a respeito de alguma negociata e transação ilícita envolvendo membros do Comitê da candidatura do Rio. "Alguém que fala que foi uma trapaça é porque não entende nada de nada e não viveu o que nós vivemos", disse.

Os momentos de descontração começaram logo no início do depoimento do ex-presidente, quando a câmera foi ligada e Lula perguntou: "Esse que é o Bretas?", ao que o juiz respondeu: "Cuidado que estou ouvindo, hein?". "Eu sei, estou vendo o microfone aqui na minha frente", disse o ex-presidente.

Ao final do depoimento, Bretas agradeceu a postura de Lula no depoimento e disse que ele era "uma figura importante no País". "Sua história é relevante para todos nós e, para mim inclusive, que aos 18, 17 anos estava aqui no comício na Presidente Vargas, com 1 milhão de pessoas usando boné e camiseta com o seu nome", disse o juiz, ao que Lula retrucou: "Quando eu fizer um comício agora, vou chamar o senhor para participar". A fala foi seguida de risos de quem acompanhava o depoimento na sala de audiências da 7ª Vara.

O único momento de interação de Cabral e Lula, permitido na audiência por Bretas, foi quando o emedebista prestou condolências pela morte de Marisa Letícia. Lula também negou que tivesse relação íntima com Cabral e que o seu compromisso, no depoimento, "era com a verdade". "Não acredito que hoje um brasileiro esteja mais em busca da verdade do que eu. Estou cansado de mentiras", afirmou o ex-presidente.

O procurador da República Dalton Dallagnol causou ao afirmar, por meio do seu Twitter, que vai fazer jejum no dia do julgamento do habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcado para acontecer nesta quarta-feira (4). "O cenário não é bom. Estarei em jejum, oração e torcendo pelo país", ressaltou. 

Não foi apenas Dallagnol que utilizou a rede social para fazer uma declaração tão polêmica. O juiz da Lava Jato no Rio de Janeiro Marcelo Bretas também decidiu se pronunciar retuitando a mensagem do procurador. Breta continuou a polêmica destacando que vai acompanhar Deltan Dallagnol na oração. "Caro irmão em Cristo, como cidadão brasileiro e temente a Deus, acompanhá-lo-ei em oração, em favor do nosso país e do nosso povo", escreveu.

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O Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá nesta quarta se aceita o pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Lula, condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Caso o recurso seja negado, não há o que impeça uma possível prisão do líder petista. 

O juiz federal Sérgio Moro disse nesta sexta-feira, 8, que "não debate publicamente com pessoas condenadas por crime" e se negou a responder fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem a atuação da Justiça tem servido para desmoralizar a Petrobras e o Rio de Janeiro.

Após participar de evento na sede da estatal do petróleo, no centro do Rio, Moro ainda criticou o foro privilegiado e disse que casas legislativas podem agir "com desvio de poder", ao evitar a prisão de parlamentares.

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"O foro privilegiado fere o princípio da igualdade. Todas as pessoas têm que ser tratadas de maneira igual perante a lei. O princípio da igualdade está na base da nossa democracia. Por outro lado, na prática, os tribunais superiores estão assoberbados de processos, estão sobrecarregados de recursos", afirmou.

Segundo o juiz, é preciso pensar também nos mecanismos de proteção jurídica dos agentes políticos. "Houve aquela discussão se está sujeita ou não uma prisão de um parlamentar a uma casa legislativa, não vou entrar no mérito da controvérsia. Mas, ainda que se for reconhecer alguma espécie de proteção, ela deve ser utilizada para proteger o parlamentar quanto a eventual perseguição política por conta da sua opinião pública e não para protegê-lo de investigações ou perseguições por corrupção", acrescentou.

O juiz federal da Lava Jato do Rio, Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal, postou em seu perfil no Twitter, na tarde desta sexta-feira, 1, uma foto em que aparece com um fuzil. Na mesma foto, aparecem outras pessoas, como policiais e o desembargador Paulo Rangel, do Tribunal de Justiça do Rio.

Na postagem, Bretas explica que a foto faz parte de um treinamento oferecido pela Polícia Civil, a quem agradece, assim como a escolta pessoal feita pela Polícia Militar. "Agradeço à Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro pelo treinamento, bem como à Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro pela escolta pessoal, e ainda ao amigo desembargador Paulo Rangel do TJRJ pelo apoio. Estamos juntos!", afirmou no post.

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À reportagem, Bretas explicou que fez o curso depois de ter recebido orientações. "Foi por uma orientação das equipes que cuidam da minha segurança. Passei a manhã (desta sexta-feira) fazendo (o curso). Este foi o primeiro. Serão várias sessões de treinamento", disse.

O magistrado disse que não poderia comentar detalhes sobre como é o treinamento, mas que ele é "específico" para ele. "Farei tudo que indicarem. Aumentamos o nível de segurança", afirmou.

Questionado se sabia como manusear o armamento, Bretas respondeu: "Pistola sempre tive. Mas fuzil ainda não", declarou. Bretas não respondeu a uma pergunta sobre se tem recebido ameaças, mas deu a entender que sim.

"Essas coisas pediram pra não falar. Há informações em andamento", afirmou.

O post recebeu diferentes comentários, alguns de apoio, outros de crítica à foto. Um dos internautas perguntou: Cadê o alvo com seus tiros? Bretas respondeu: "Está na foto. 25 metros de distância".

"Isso mesmo, todo apoio necessário e nossas orações. Tomara que nunca necessite usar os novos conhecimentos e treinamento, mas se precisar não se acanhe!", disse outro.

Já um disse: Inacreditável. Se não tivesse visto a foto de um juiz com uma arma na mão, eu não teria acreditado. Jamais gostei dessa frase, mas aqui não cabe outra a não ser: somente no Brasil mesmo".

A defesa do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), pediu desculpas e enviou um pedido ao juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas, para que reconsidere a decisão de sua transferência, na manhã desta sexta-feira, 27. No pedido, assinado pelos advogados Rodrigo Roca e Luciano Saldanha, a defesa diz: "com as escusas por embaraços causados ao citado magistrado ou ao bom andamento dos trabalhos desse Juízo, pede-se a reconsideração da decisão".

A transferência foi motivada após Cabral citar durante um depoimento que tinha a informação que a família do magistrado tinha uma loja de bijuterias no mercado popular do Saara, centro do Rio. Também chegou a afirmar que Bretas estava encontrando nele uma 'projeção pessoal', submetendo-o a um 'calvário'.

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Os advogados também afirmaram que, se Bretas reconsiderar a decisão, eles se comprometem "a envidar todos os seus esforços para que episódios lamentáveis como o sobredito, ainda que humanos, jamais tornem a acontecer nesse juízo ou em qualquer outro".

"As outras considerações do defendendo sobre eventual interesse do juiz em promover-se pessoalmente com as suas condenações - bem infelizes, aliás - é que parecem ter sido potencializadas no ato e distanciadas das circunstâncias de, v.g., ser a primeira vez que o acusado, condenado a mais de 70 anos de reclusão, foi interrogado", dizem os advogados, no pedido.

Nesta quinta-feira, 26, o departamento penitenciário do Ministério da Justiça anunciou que Cabral será transferido para a Penitenciária de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. A data da remoção não foi informada por questões de segurança.

O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) negou nesta quarta-feira, 4, pedidos da defesa de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio preso desde novembro, para declarar suspeito o juiz federal Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, em processos da Operação Calicute. Os três desembargadores da 1ª Turma do TRF-2 decidiram por unanimidade rejeitar as quatro exceções de suspeição, que alegavam que Bretas prejulgou os réus durante entrevista publicada em julho pelo jornal "Valor Econômico" e por isso não deveria continuar responsável pelos processos.

Para o advogado Rodrigo Roca, que defende Cabral, o juiz adiantou sua decisão, por exemplo, ao afirmar na entrevista que ainda tem dúvida sobre o processo referente às joias: "Nessa questão das joias existe uma dúvida ainda, eu ainda não decidi a respeito, se a joia era propina e ostentação ou se era lavagem de dinheiro", afirmou Bretas. "Quando ele fez essa afirmação, a defesa ainda não havia se manifestado uma única vez no processo. Mesmo se isso tivesse acontecido, o magistrado não deveria ter feito nenhum comentário, porque o momento de um juiz se manifestar sobre um processo é por meio da sentença. Então, ele fez um prejulgamento, antecipou a sentença, o que é proibido pela Lei Orgânica da Magistratura", afirmou Roca quando propôs a suspeição, em julho.

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A decisão do TRF-2 que negou o pedido de Roca atendeu parecer do Ministério Público Federal (MPF), segundo o qual Bretas julgará tecnicamente a partir das provas produzidas, ainda que tenha feito o que o MPF classificou como "considerações genéricas". Exemplo delas seria a dúvida se as joias apreendidas constituiriam propina (consequência do crime de corrupção), ostentação (fato atípico, afirmado pelo próprio Cabral) ou lavagem de dinheiro (crime).

O MPF sustentou ainda que não há proibição expressa para juiz dar entrevistas sobre feitos pelos quais é responsável: "Conceder entrevistas está dentro da normalidade, principalmente se considerada a necessidade da transparência, com o maior interesse da população nas ações em curso. Isso, no entanto, não afasta o cuidado exigido nas declarações. Também por esse viés, não há nenhum indicativo de que sua parcialidade esteja previamente comprometida", afirmaram os procuradores regionais da República Mônica de Ré, Silvana Batini, Carlos Aguiar, Andréa Bayão e Neide Cardoso, do Núcleo Criminal de Combate à Corrupção do MPF na 2ª Região. "Foram esclarecidas pelo magistrado, com clareza e precisão, suas razões, nas quais rechaçou por completo as acusações imputadas pelo autor da ação."

O advogado Rodrigo Roca afirmou em nota que vai recorrer e que "não se trata de vitória ou derrota, mas de uma etapa vencida": "Acreditamos que nas instâncias superiores há maiores chances de acolhimento da nossa arguição de suspeição, já que os precedentes em abono do nosso pedido são justamente dos tribunais de Brasília. Seguiremos com os recursos e com habeas corpus pertinentes".

Se quiser voltar à vida pública, assumir um cargo de diretor ou membro de conselho de administração, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) vai precisar esperar até pelo menos os 80 anos de idade. O juiz federal Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal do Rio, impôs 45 anos e 2 meses de condenação ao peemedebista.

Deste total, a pena se divide em 24 anos pelo crime de corrupção passiva, 13 anos por lavagem de dinheiro e 8 anos e 2 meses por organização criminosa.

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"Para os réus condenados pela prática do crime de lavagem de capitais, como efeito secundário da condenação, decreto a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de diretor, de membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas no artigo 9º da Lei 9.613/98, pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade aplicada, consoante determina o artigo 7º, II da mesma lei", ordenou Bretas.

Como Sérgio Cabral foi condenado a 13 anos por lavagem de dinheiro, o dobro do tempo fora da função pública alcança os 26 anos. Ele está com 54 anos de idade, ou seja, até os 80 - se até lá voltar às ruas - não poderá buscar cargo eletivo ou nenhuma função na administração.

O juiz da Lava Jato, no Rio, determinou ainda: "Decreto a interdição do exercício de cargo ou função pública pelo prazo de oito anos subsequentes ao cumprimento da pena, consoante determina o art. 2º , § 6º, da Lei 12.850/2013."

Sérgio Cabral está preso desde novembro do ano passado. O ex-governador do Rio está custodiado em um presídio em Benfica, na capital fluminense.

Neste processo, o Ministério Público Federal apontou corrupção e lavagem de dinheiro usando obras do governo do Estado que receberam recursos federais a partir de 2007. A força-tarefa da Lava Jato, no Rio, identificou fraudes sobre as obras de urbanização em Manguinhos (PAC Favelas), construção do Arco Metropolitano e reforma do estádio do Maracanã para a Copa de 2014.

Bretas determinou que sejam mantidos presos, além de Cabral, os condenados Wilson Carlos (ex-secretário de Governo), Hudson Braga (ex-secretário de Obras) e Carlos Miranda (apontado como operador do esquema).

Mesmo também condenados, tiveram as prisões revogadas os réus Luiz Carlos Bezerra, José Orlando Rabelo, Wagner Jordão Garcia, Luiz Paulo Reis e Paulo Fernando Magalhães Pinto Gonçalves. O réu Pedro Miranda foi absolvido.

Esta é a segunda condenação de Sérgio Cabral na Lava Jato. Em junho, o juiz federal Sérgio Moro condenou a 14 anos e 2 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

O peemedebista foi acusado por propina de pelo menos R$ 2,7 milhões da empreiteira Andrade Gutierrez, entre 2007 e 2011, referente as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras.

Outro lado

A defesa de Adriana Ancelmo, informou que, "inconformada com a sentença dela", irá recorrer, assim que intimada pelos meios processuais pertinentes, "uma vez que os argumentos levantados em alegações finais, que conduziriam à sua absolvição, foram ignorados pelo juiz".

Rodrigo Roca, que defende Sérgio Cabral, também disse que a defesa vai recorrer. "Sabemos que o juiz Marcelo Bretas, que já não tem imparcialidade para julgar nenhuma causa do ex-governador, vai condenar. De maneira que nós estamos preparando os recursos para os órgãos de jurisdição superior", destacou. "A gente sabe que o juiz Marcelo Bretas vai condenar em tudo, porque justamente não tem mais a imparcialidade necessária para julgar nenhuma causa do Sérgio Cabral. O Tribunal ainda não decidiu sobre nosso pedido de afastamento do juiz das causas."

O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, aceitou nesta terça-feira, 8, a 13ª e a 14ª denúncias contra o ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho (PMDB). Preso desde novembro, o peemedebista agora é acusado, com outros 23 réus, de recebimento de propinas de empresários do setor de transportes urbanos.

Segundo procuradores da República, o peemedebista recebeu de 2010 a 2016, R$ 144,8 milhões. As investigações até aqui mostram que essa quantia constitui a soma mais vultosa recebida por Cabral individualmente a título de corrupção. Além dessas propinas, os empresários deram ao peemedebista um "bônus" de R$ 13 milhões, em 2014, em troca de um decreto que baixou em 50% o IPVA dos coletivos, segundo acusação do Ministério Público Federal (MPF). Na ocasião, prometeu-se a redução das tarifas, o que não ocorreu.

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Os procuradores também apontaram, no crescimento dos pagamentos a Cabral em 2012, quando teria recebido R$ 32,5 milhões, com um "bônus" de R$ 5 milhões, "indícios de que naquele momento Sergio Cabral praticara ou deixara de praticar ato de ofício em benefício das empresas de ônibus e/ou que as eleições para as prefeituras naquele ano determinaram pagamentos maiores para abastecimento das campanhas do PMDB".

Além de Cabral, 23 pessoas foram denunciadas, entre agentes públicos, como Rogério Onofre - ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio -, empresários de ônibus e funcionários. Os crimes são corrupção, lavagem de dinheiro, crime contra o sistema financeiro e pertinência a organização criminosa. Onofre (também preso) recebeu R$ 43,4 milhões entre 2010 e 2016, acusa o Ministério Público Federal.

"A nova operação deflagrada aponta para o envolvimento de mais um setor do governo do Rio de Janeiro nas atividades da organização criminosa. Ao que tudo indica, se está diante de sujeitos ocupantes de cargos de direção das entidades do ramo dos transportes que pagavam vantagens indevidas, arrecadadas com as empresas de ônibus, aos agentes políticos com o intuito de manter as regalias no setor", escreveu o juiz no despacho em que aceitou uma das denúncias.

Nos transportes, foram 203 repasses em seis anos, uma média de três por mês. Há indícios, no entanto, de que Cabral era beneficiado com dinheiro sujo de empresas do setor desde que era deputado estadual, nos anos 1990. Presidiu a Assembleia Legislativa de 1995 a 2002, quando foi eleito senador. Ficou no Senado até 2006, quando ganhou a eleição para governador.

As novas denúncias, protocoladas na segunda-feira, 7, e acolhidas hoje pela Justiça, mostram que as contribuições de empresas para a "caixinha da propina" aumentavam em anos eleitorais. Em 2010, Cabral ficou com R$ 14,5 milhões; em 2011, R$ 17,8 milhões; em 2012, ano de pleitos municipais, o valor chegou a R$ 32,5 milhões, com um "bônus" de R$ 5 milhões. O dinheiro entrou até outubro de 2016, um mês antes da prisão do ex-governador.

Um aumento em 2012 "revela indícios de que naquele momento Sergio Cabral praticara ou deixara de praticar ato de ofício em benefício das empresas de ônibus e/ou que as eleições para as prefeituras naquele ano determinaram pagamentos maiores para abastecimento das campanhas do PMDB", sustentam os procuradores nas denúncias.

Esquema

Os investigadores afirmam ter levantado provas de que a "caixinha" recebeu repasses de 26 empresas, num total de R$ 250 milhões, só no período 2013-2016. A propina era lavada e enviada ao exterior, segundo o MPF. Eles acreditam que ainda não é possível ter a dimensão completa do esquema montado por Cabral.

"Difícil imaginar. Basta ver quantas secretarias tem no organograma da administração pública", destacou o procurador Leonardo Freitas.

O ex-governador responde a outros doze processos. Já foi condenado num deles, pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, a 14 anos e 2 meses de prisão.

Cabral responde a outros doze processos. Já foi condenado num deles, pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, a 14 anos e 2 meses de prisão. Está preso há nove meses. Ele nega ter recebido propina. Afirma ter se beneficiado de sobras de dinheiro de caixa 2, de campanhas eleitorais.

Defesas

O PMDB do Rio afirmou por nota que "todos os recursos recebidos em 2012 foram devidamente declarados e estão na prestação de contas do partido, que é pública".

Procurada pela reportagem, a defesa de Cabral não se pronunciou.

Já a defesa de Rogério Onofre também não quis falar das acusações contra seu cliente. Alegou não ter lido a denúncia.

O mesmo juiz que determinou a volta de Eike Batista para a prisão preventiva, nesta terça (9), caso o ex-bilionário não pagasse a multa de R$ 52 milhões, voltou atrás na sua decisão. Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, decidiu nesta segunda (8) que o prazo está suspenso. 

Segundo o advogado de Eike, Fernando Martins, “o prazo foi suspenso para verificação de que há um montante bloqueado em excesso em outros processos que Eike responde na 3ª Vara Federal Criminal. A ideia é pedir para que eles sejam transferidos para a 7ª Vara Federal”, explicou. 

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Ainda de acordo com Martins, o Ministério Público Federal (MPF) foi favorável a essa compensação. Atualmente, Eike tem R$ 240 milhões bloqueados na Justiça, no entanto uma decisão recente determinou que deveriam permanecer bloqueados R$ 162 milhões.  O valor que sobraria, de R$ 78 milhões, é bem acima do valor que pagaria a fiança.

A defesa do empresário já havia dito que a decisão anterior do juiz era “inexequível”, ou seja, quando é impossível de ser executado. Eike é acusado de pagar US$ 16, 5 milhões de propina ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral. 

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