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Dois papas rezaram juntos nesta sexta-feira no Vaticano, um católico e outro ortodoxo, um sinal da melhora dos laços após a eleição dos novos líderes para as duas igrejas.

O papa Francisco saudou o líder da igreja ortodoxa copta do Egito, papa Tawadros II, na primeira reunião desse tipo no Vaticano em 40 anos, dizendo que a visita do colega "fortalece os laços de amizade e fraternidade entre as duas igrejas".

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As igrejas copta e católica se separaram no século 5º, por causa de diferenças teocráticas.

Os cristãos são cerca de 10% da população egípcia. A igreja copta ortodoxa do Egito conta com cerca de 10 milhões de fiéis, enquanto a igreja católica copta no Egito - cujos fiéis são leais ao papa Francisco, têm cerca de 165 mil seguidores.

As duas igrejas têm reclamado a respeito da crescente discriminação e dos ataques contra eles desde 2011, ano em que o presidente Hosni Mubarak foi derrubado e teve início o aumento de poder da Irmandade Muçulmana no Egito.

Os dois papas rezaram juntos pela paz nesta sexta-feira na moderna capela Redemptoris Mater (Mãe do Redentor), localizada no interior do Palácio Apostólico.

A visita celebra os 40 anos da assinatura da declaração de melhoria de relações, de 1973, pelo papa Paulo VI e o antecessor de Tawadros, papa Shenouda III, que morreu no ano passado. O papa João Paulo II visitou Shenouda no Cairo em 2000.

Francisco citou nesta sexta-feira o "sofrimento" dos cristãos, dizendo que seu sofrimento compartilhado pode ser uma fonte de força e união. "Do sofrimento compartilhado pode florescer o perdão, a reconciliação e a paz, com a ajuda de Deus", disse ele.

Desde que assumiu o cargo no ano passado, Tawadros tem se aproximado da comunidade católica egípcia, participando da posse do novo patriarca católico e ajudando na formação de um conselho de igrejas cristãs no Egito.

Francisco, por sua vez, tem se aproximado da igreja ortodoxa. O patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartholomew, participou da cerimônia de posse de Francisco, o que representa um importante gesto de unidade.

Tawadros já havia declarado que queria ir a Roma para parabenizar Francisco por sua eleição, convidá-lo para ir ao Egito e tentar construir a unidade entre as igrejas e a paz na região. "Trabalhar juntos para promover o diálogo ecumênico e a paz na Terra será nosso objetivo mútuo", disse ele em inglês.

A presença de Tawadros no interior do Palácio Episcopal significa que havia na verdade três papas no Vaticano nesta sexta-feira. O papa emérito Bento XVI está em sua casa de repouso localizada nos jardins do Vaticano. As informações são da Associated Press.

O papa Francisco denunciou neste domingo (5) os "abusos" cometidos contra crianças, sem fazer referência direta aos casos de pedofilia que abalaram a Igreja Católica, durante uma missa celebrada neste domingo na Praça São Pedro do Vaticano.

"Uma saudação especial à associação Meter", uma ONG religiosa que luta há mais de 20 anos contra todo tipo de abuso, incluindo o abuso sexual, cometido contra crianças, disse o Papa durante a missa dominical.

"Queria assegurar (às vítimas de abusos) que estão presentes em minhas orações, mas queria também ressaltar fortemente que devemos nos comprometer para que todas as pessoas, e em particular as crianças, que fazem parte de um dos grupos mais vulneráveis, sejam sempre protegidas e defendidas", acrescentou o pontífice.

Há um mês, Francisco pediu que a cúpula da Igreja Católica lute "com determinação" contra os padres pedófilos e confirmou a linha de rigor adotada por seu antecessor Bento XVI contra um escândalo que comprometeu profundamente a imagem da instituição.

O apelo do pontífice argentino foi feito ao prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, monsenhor Gerhard Muller, encarregado dessas denúncias.

"O Santo Padre recomendou, em particular, que seja mantida a linha de seu antecessor Bento XVI de agir com determinação nos casos de abusos sexuais", havia informado o Vaticano em um comunicado.

Foi a primeira vez que o novo papa se pronunciou sobre as milhares de denúncias em todo o mundo contra padres pedófilos.

A missa deste domingo também contou com a participação de milhares de integrantes de irmandades de todo o mundo. Essa celebração marcou a Jornada das Irmandades e da Piedade Popular.

"Não se conformem com uma vida cristã medíocre. Que seu pertencimento (a uma irmandade) seja um estímulo (...) para amar Cristo ainda mais", disse o Papa aos membros das irmandades e aos fiéis que lotaram a Praça São Pedro para a celebração dessa missa, apesar do mau tempo e da chuva.

"Vocês têm uma missão específica e importante, que é manter viva a relação entre a fé e as culturas dos povos, através da piedade popular", lembrou o papa argentino.

O Sumo Pontífice pediu que as irmandades se mantenham ativas, desempenhando o papel de "autênticos evangelizadores".

Um cineasta alemão convertido ao catolicismo, Christian Peschken, planeja produzir um filme sobre a vida de Jorge Bergoglio, sob o título "O amigo dos pobres: a história do Papa Francisco".

Segundo o site americano National Catholic Register (NCR), o primeiro a divulgar esta informação, o filme deve ser filmado na Argentina e em Roma, e já arrecadou 25 milhões de dólares de investidores europeus.

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Christian Peschken, de 57 anos, que vive nos Estados Unidos, entrou em contato com o vaticanista italiano dos jornais La Stampa e Vatican Insider, Andrea Tornielli, autor de uma biografia sobre Jorge Bergoglio, para pedir conselhos. Tornielli confirmou à AFP o contato e afirmou sua disponibilidade.

Se tudo acontecer como previsto, o filme pode estrear em 17 de dezembro de 2014, por ocasião do 78º aniversário do Papa, espera Christian Peschken, segundo o NCR.

"Quando eu o vi na loggia (da basílica de São Pedro, no dia da sua eleição, em 13 de março), eu pensei que esta cena seria perfeita para o final de um filme. A ideia nasceu em mim e não parei de trabalhar desde então", declarou o produtor alemão ao NCR.

Christian Peschken é produtor, cinegrafista, diretor e roteirista desde 1974. Seus principais trabalhos foram para o rádio e televisão alemã. Ele gostaria da aprovação do Papa, considerando que o filme poderá ser um sucesso internacional, dada a popularidade mundial adquirida por Francisco em apenas um mês e meio de seu pontificado.

Pouco depois de sua eleição, o Papa disse à imprensa: "Como eu queria uma Igreja pobre, para os pobres". Muito ligado à humildade, ele não está certo de que gostaria de um filme feito sobre ele.

O Papa Francisco expressou nesta quarta-feira (17) tristeza pelas vítimas do terremoto que atingiu o Irã e o Paquistão na véspera, e dedicou a elas suas orações. "Soube com tristeza do violento tremor que atingiu as populações do Irã e Paquistão, provocando morte, sofrimento e destruição. Rogo a Deus pelas vítimas e por todos que sofrem", afirmou, em italiano, diante de 50.000 pessoas reunidas para a audiência geral de quarta-feira na Praça de São Pedro.

Antes de iniciar a audiência, o Papa percorreu de jipe a enorme esplanda, o que se converteu num momento especial para os fieis e turistas de todo o mundo presentes neste tradicional encontro semanal.

Durante o percurso, abençoou os fieis, beijou bebês e trocou seu solidéu branco com um outro padre. Também desceu do veículo para abraçar deficientes físicos, aos quais saudou um por um, sob intensa vigilância dos seguranças.

Um poderoso terremoto, o mais forte sentindo em mais de 50 anos, atingiu na terça-feira o sudeste do Irã, onde uma pessoa morreu, além de causar a morte de mais 34 pessoas numa localidade remota e isolada do vizinho Paquistão. Também abalou prédios na Índia e países do Golfo.

O papa Francisco pediu aos padres que pratiquem o que pregam, dizendo que a credibilidade da Igreja Católica está ameaçada. Durante uma missa neste domingo, o papa afirmou que os católicos precisam "Ver em nossas ações o que eles ouvem de nossa boca".

"A inconsistência por parte dos pastores e a diferença entre o que eles dizem e o que fazem, entre a palavra e a forma de viver, está prejudicando a credibilidade da Igreja", disse o papa. As informações são da Associated Press.

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O papa Francisco lembrou o compromisso da ex-primeira ministra britânica, Margaret Thatcher, na busca "pela promoção da liberdade na família das nações". O papa "relembra dos valores cristãos que faziam parte da base de seu compromisso no serviço público e em favor da promoção da liberdade na família das nações", disse o pontífice em mensagem.

"Triste" com a morte de Margaret Thatcher, o papa Francisco "oferece à família Thatcher e ao povo britânico" suas preces. A mensagem foi enviada ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, pelo principal assessor do Papa, o secretário de Estado Tarcisio Bertone.

O papa Francisco afirmou nesta sexta-feira (5) que tentará fazer com que a Igreja Católica atue "com determinação" contra os casos de abuso sexual envolvendo padres e outros integrantes da hierarquia eclesiástica. A pressão do pontífice por uma ação mais decisiva contra os casos de abuso sexual foi feita durante uma reunião com o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, bispo Gerhard Ludwig Mueller, informou o Vaticano por meio de nota.

"O Santo Padre recomendou que a congregação continue a seguir a linha buscada por Bento XVI, de agir com determinação em relação aos casos de abuso sexual", diz o comunicado da Santa Sé. Durante o encontro, o papa Francisco abordou medidas para proteger menores de idade, ajudar vítimas de abuso sexual e punir os perpetradores desses atos.

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O papa enfatizou ainda que a implementação de medidas nesse sentido pelas conferências de bispos de todo o mundo é essencial para a credibilidade da Igreja Católica. As informações são da Associated Press.

O papa Francisco fez neste domingo sua primeira celebração de uma das datas mais importantes para a Igreja Católica, a Páscoa. A cerimônia foi marcada pelo pedido de paz mundial durante uma missa que contou com 250 mil pessoas na Praça de São Pedro, segundo levantamento do Vaticano.

Com palavras eloquentes em sua mensagem de Páscoa, Francisco lamentou o endurecimento de conflitos no Oriente Médio, na península da Coreia e em outras partes do mundo, e lembrou das pessoas necessitadas. Com gestos físicos, ele ilustrou a marca de servidão de seu papado, ao embalar uma criança deficiente que se estendeu para ele no meio da multidão e ao aceitar um presente surpresa.

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Um admirador tanto do papa quando do time favorito de futebol do papa, o Saints de San Lorenzo (time argentino), insistiu que o Francisco aceitasse uma camiseta - "pegue, vamos lá, fique com ela", disse o homem que parecia falar com o papa. Finalmente, Francisco agradeceu feliz a camiseta segurando-a enquanto a população se manifestava num gesto de aprovação. Ele entregou o presente para um assessor sentado no banco da frente do papamóvel, enquanto continuava em seu passeio pela multidão.

Em um momento comovente, Francisco embalou e beijou um menino com deficiência física que passou por ele e se esticou para conseguir alcançá-lo.

Francisco colocou os pobres e os sofredores no centro de sua mensagem e seu discurso de Páscoa foi direcionado à Paz e à Justiça Social. O papa falou da sacada central da Basílica de São Pedro, do mesmo lugar em que foi anunciado como o primeiro papa latino americano, no dia 13 de março.

O líder católico direcionou seus cumprimentos de Páscoa a "cada casa e cada família, especialmente naquelas onde o sofrimento é maior, em hospitais e em prisões." Francisco rezou para que Jesus inspire as pessoas " a transformarem ódio em amor, vingança em perdão e guerra em paz".

Assim como fizeram papas anteriores, ele pediu que israelenses e palestinos cheguem a um acordo de paz e ponham fim ao conflito que "já durou o bastante". Ao refletir sobre o conflito sírio, que já dura dois anos, Francisco perguntou: "Quando sofrimento ainda haverá antes de uma solução política?"

O papa também expressou seu desejo por um "espírito de reconciliação" na península da Coreia, onde a Coreia do Norte diz ter entrado "num estado de guerra" com a Coreia do Sul. Ele também denunciou a guerra e o terrorismo na África, o que chamou de a forma mais extensiva de escravidão do século XXI: o tráfico humano. Francisco aconselhou as pessoas a deixarem o amor transformar suas vidas, ou como ele disse, "deixar os lugares desertos dos corações florirem".

O Vaticano preparou uma lista de cumprimentos de Páscoa em 65 línguas, mas Francisco não os leu. O Vaticano não disse o porquê, mas disse que o novo papa, pelo menos até agora, sente-se à vontade falando italiano, a língua do dia-a-dia da Santa Sé.

Em outra ruptura com a tradição de Páscoa, Francisco não vai partir para um descanso pós-feriado no palácio de verão do Vaticano, em Castel Gangolfo, nas montanhas no sudeste de Roma. O local está ocupado por seu antecessor, Bento XVI, desde suas últimas horas de papado, no dia 28 de fevereiro. Bento tornou-se o primeiro papa em 600 anos a renunciar seu cargo.

Francisco também negou-se a mudar para o apartamento do ex-papa, no Palácio Apostólico, que tem vista para a Praça de São Pedro. Ele ainda está no hotel do Vaticano, onde esteve no começo do mês com outros cardeais participando do conclave que o elegeu papa. Num momento em que começa a deixar sua marca na igreja, ele tem pouco interesse de abraçar muito da pompa comumente associada ao escritório. As informações são da Associated Press.

"Sou um grande pescador; confiante na misericórdia e na paciência de Deus, no sofrimento, eu aceito": foi a resposta do cardeal Jorge Bergoglio ao ser eleito Papa, indicou nesta quarta-feira a agência especializada no Vaticano I-MEDIA.

Este episódio ocorrido em 13 de março, no segundo e último dia do conclave na Capela Sistina, foi relatado pelo arcipestre da basílica de São Pedro, o cardeal Angelo Comastri, que participou do conclave, em um documentário produzido pelo Centro Televisivo do Vaticano (CTV) que sairá em DVD em 2 de abril na Itália.

Apenas as primeiras imagens deste filme de 50 minutos foram reveladas à imprensa durante uma apresentação organizada nesta quarta-feira: imagens aéreas do Vaticano e da fumaça branca que saiu da chaminé da Capela Sistina em 13 de março às 19h06 local.

O filme em italiano tratá imagens da primeira aparição do Papa Francisco na loggia da basílica de São Pedro e toda a sequência deste momento histórico: o helicóptero levando Bento XVI do Vaticano para Castel Gandolfo, o Vaticano durante o período vacante do trono apostólico e o novo Papa Francisco tomando a palavra diante de seus fiéis na noite de sua eleição.

O documentário termina com imagens gravadas recentemente pelo CTV: as do encontro histórico entre os dois Papas, em 23 de março em Castel Gandolfo, a residência de verão perto de Roma.

O Papa Francisco decidiu ficar, até nova ordem, na residência de Santa Marta, no Vaticano, já que, segundo ele, precisa "estar junto a outros membros do clero", em vez de se mudar para o amplo apartamento pontifício, anunciou o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi.

"O apartamento pontifício está pronto (depois de sofrer pequenas reformas), mas o Papa permanecerá até nova ordem em Santa Marta", afirmou o porta-voz, que não especificou se o pontífice pensa instalar-se finalmente no apartamento oficial.

Por outra parte, a cidade de Roma, da qual o papa Francisco também é bispo, fez imprimir um milhão de bilhetes de ônibus com a imagem do pontífice, anunciou a sociedade de transportes da municipalidade Atac.

A imagem do novo papa, saudando de pé a multidão logo após sua eleição, está nestes bilhetes que serão vendidos por um tempo limitado nos ônibus e metrôs de Roma. Um milhão destes bilhetes será colocado à venda a partir de quarta-feira.

O objetivo da companhia é homenagear o papa, que é conhecido por usar os transportes públicos ao invés do carro oficial.

O Papa Francisco anunciou neste domingo que viajará em julho ao Brasil para participar na Jornada Mundial da Juventude que será realizada no Rio de Janeiro.

"Aguardo com alegria o próximo mês de julho, no Rio de Janeiro. Vamos nos encontrar naquela grande cidade", afirmou o Papa dirigindo-se aos jovens durante a homilia do Domingo de Ramos na Praça de São Pedro ante milhares de fieis.

"Queridos amigos, também eu me ponho a caminho convosco, nos rastros do beato João Paulo II e Bento XVI. Agora já estamos perto desta grande peregrinação da Cruz de Cristo", acrescentou.

Há 28 anos, o Domingo de Ramos é considerado o Dia da Juventude pela Igreja católica, por isso o Papa aproveitou a ocasião para fazer o anúncio oficial de sua viagem ao Rio de Janeiro para participar no encontro mundial com os jovens, que acontecerá de 23 a 28 de julho.

O Papa Francisco havia manifestado na quarta-feira passada à presidente brasileira Dilma Rousseff seu desejo de viajar em julho ao Brasil e, se possível, também visitar o santuário de Aparecida em seguida.

A primeira viagem à América Latina do papa emérito Bento XVI foi há seis anos, a Aparecida, para participar na assembleia-geral da Conferência Episcopal Latino-americana (CELAM).

Por sua parte, João Paulo II visitou o Brasil em quatro ocasiões, ao longo de seus 26 anos de pontificado.

Francisco presidiu pela primeira vez a missa de Ramos na Praça de São Pedro, com a qual são iniciados os ritos da Semana Santa, uma das mais importantes datas para a Igreja católica.

O pontífice argentino abençoou os ramos e realizou a procissão que comemora a entrada de Jesus em Jerusalém e, principalmente, sua paixão e morte na Cruz.

"Queridos jovens, eu os imagino fazendo festa em torno de Jesus, agitando ramos de oliveira; eu os imagino enquanto aclamam seu nome e expressam a alegria de estar com ele. Vocês têm uma parte importante na celebração da fé. Nos trazem a alegria da fé e nos dizem que temos de viver a fé com o coração jovem, sempre, inclusive aos setenta, aos oitenta anos", afirmou durante sua homilia, improvisando algumas vezes para citar seu predecessor Bento XVI, a quem visitou na véspera, na residência de veraneio papal de Castel Gandolfo.

Também mencionou um provérbio de sua avó e falou do demônio para advertir aos fieis que "não deixem roubar a esperança dada por Jesus".

Trata-se da primeira Semana Santa que o papa latino-americano, de 76 anos, preside no Vaticano, já que foi eleito recentemente, em 13 de março passado.

O Papa também rezou o tradicional Angelus da janela do palácio apostólico diante da Praça de São Pedro, o segundo de seu pontificado, depois de ter reunido uma multidão na mesma ocasião há uma semana.

Pela primeira vez na história milenar do catolicismo, o Papa reinante Francisco e seu predecessor, o Papa Emérito Bento XVI, se reuniram neste sábado (23), no palácio apostólico de Castel Gandolfo, uma ocasião inédita que se iniciou com um cálido abraço entre os dois pontífices.

Dez dias depois de sua eleição, o Papa Francisco foi de helicóptero até a tranquila localidade ao sul de Roma e foi recebido pessoalmente por Bento XVI no heliporto da residência de veraneio papal. "O abraço no heliporto entre o Papa e o Papa emérito foi muito bonito", comentou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.

Nas imagens distribuídas pela televisão do Vaticano, os dois Papas foram vistos usando a batina branca papal, e era visível que Bento XVI caminhava com dificuldade, apoiado por uma bengala, com o rosto envelhecido, embora emocionado.

Os dois papas conversaram em particular por 45 minutos na biblioteca do palácio apostólico, enquanto inúmeras pessoas se congregaram na pequena praça central de Castel Gandolfo para aplaudir e gritar os nomes de Francisco e Bento e na esperança de ver os dois papas juntos na sacada do palácio.

Durante o encontro, o Papa emérito reiterou ao papa Francisco "sua reverência e obediência", e novo pontífice, por sua vez, manifestou seu "agradecimento próprio e de toda a Igreja pelo ministério desenvolvido por Bento XVI durante seu pontificado", informou o porta-voz.

Durante o histórico encontro, os dois líderes religiosos também rezaram na capela do palácio apostólico. "Papa Francisco quis que se sentassem juntos, no mesmo banco, para rezar. Ele disse: 'somos irmãos'", contou Lombardi, depois de explicar que o Papa emérito havia oferecido a seu sucessor o posto de honra.

Durante o encontro privado na biblioteca, Francisco presenteou seu Bento XVI com uma imagem da "Virgem da humildade". "Francisco disse que escolheu esta virgem porque pensou nele e em todos os exemplos de humildade que deu durante seu pontificado", explicou Lombardi.

No total, Francisco permaneceu quase três horas em Castel Gandolfo, e depois regressou ao Vaticano. "Trata-se da primeira transição da história entre dois pontificados", enfatizou neste sábado o jornal italiano La Stampa.

Os assuntos que os dois pontífices examinaram não foram divulgados, mas é certo que que giraram em toros de temas importantes para uma igreja com 1,2 bilhão de fiéis: a "nova evangelização", as perseguições contra os cristãos, a reforma da Cúria, as divisões internas, os escândalos envolvendo dinheiro e sexo, incluindo os terríveis casos de pedofilia.

--- Bento XVI entrega seu relatório a Francisco ---

O Papa emérito fez chegar a seu sucessor o relatório ultrassecreto que ordenou elaborar sobre a situação interna da Igreja, informou Lombardi. Segundo vários vaticanistas, o Papa argentino, que em várias ocasiões citou seu "venerável predecessor", seguirá "o mapa do caminho" traçado por Bento XVI de recuperar a autoridade perdida e terminar a limpeza interna na Cúria.

Antes de renunciar, Bento XVI assegurou sua "obediência incondicional" ao futuro Papa e disse que iria se retirar do mundo. Anunciou que estaria ao lado do novo pontífice em oração e, segundo o Vaticano, estaria pronto para dar conselhos.

Os dois homens têm temperamentos completamente diferentes: enquanto Joseph Ratzinger se mostrava tímido diante da multidão, mesmo sendo caloroso em privado, Jorge Bergoglio é espontâneo, vai até as pessoas e as abraça.

O novo pontífice se distingue por um estilo informal e se mostra mais próximo dos pobres e da simplicidade. Ainda sim, é inflexível em sua doutrina. Sobre as questões da sociedade, Joseph Ratazinger e Jorge Bergoglio compartilham posições conservadoras, seja quanto ao casamento homossexual, o aborto ou a eutanásia.

Quanto aos sinais de simplicidade (anel de prata, etc) do novo Papa, sua importância não deve ser exagerada, segundo os vaticanistas. Bento XVI quis manter as tradições, mas viveu de forma simples.

Nos arredores do Vaticano, os cartazes e cartões postais com o retrato de Bento XVI tendem a perder espaço para os do sorridente Jorge Bergoglio e do midiático João Paulo II. Karol Wojtyla, beatificado em 2012, sete anos após sua morte, e que pode ser canonizado em breve, continua a ser o "gigante de Deus" aos olhos dos católicos.

A popularidade adquirida por Francisco em apenas uma semana e a insistência sobre seus gestos simbólicos de ruptura com as tradições podem ser vistas com maus olhos por uma parte do Vaticano, onde consideram injusto o aparente esquecimento do Papa alemão, indicam fontes informais, apesar de Francisco não perder a oportunidade de expressar seu "afeto" por seu predecessor.

"Este pontificado será enraizado nos ensinamentos de Bento XVI, que foi a principal força intelectual da Igreja nos últimos 25 anos. Sua herança continuará a influenciar este pontificado", considera Samuel Gregg, do instituto de pesquisa americano Aston. Semelhanças podem ser traçadas entre os discursos dos dois papas, por exemplo sobre a necessidade de privilegiar aspectos positivos da doutrina ao invés das condenações.

De acordo com o jornalista alemão Peter Seewald, maior especialista de Joseph Ratzinger, "está claro desde o início que o novo Papa se inscreve nos passos de seu predecessor". Ao jornal Corriere della Sera, Seewald afirmou que "Bento preparou o caminho (...) Ele é um grande admirador de São Francisco de Assis. Depois de São Bento (fundador do monaquismo ocidental), é Francisco de Assis que está em segundo lugar para ele: dois reformadores da Igreja, cada um em seu território, em seu caminho próprio".

"João Paulo II estabilizou o barco da Igreja na tempestade, Bento a purificou, deu instruções à tripulação e a recolocou no caminho certo. Agora Francisco irá ligar o motor para fazer a Igreja se mover", afirma Peter Seewald.

Quando se estabelecer em maio em um antigo monastério na colina do Vaticano, o Papa emérito estará a poucos passos do gabinete de Francisco. Uma coabitação inédita terá início, e os encontros serão possíveis nos jardins

Pela primeira vez na história milenar do catolicismo, o Papa Francisco encontrará neste sábado (23) seu antecessor, Bento XVI, em Castel Gandolfo, onde ele reside desde a sua renúncia, uma oportunidade única para se tratar os muitos desafios que a Igreja enfrenta.

Os dois homens de branco - Ratzinger, Papa emérito desde 28 de fevereiro, continua a vestir uma batina branca - estarão protegidos dos olhos da imprensa na tranquilidade da residência pontifícia de Castel Gandolfo, perto de Roma.

A hora de chegada do Papa foi anunciada para as 11h15 GMT (8h15 no horário de Brasília), mas não a de sua partida, sinal que eles terão todo o tempo que quiserem. Eles devem almoçar juntos, e a discrição é a palavra de ordem.

Os assuntos a serem discutidos são muitos em uma igreja de 1,2 bilhão de fiéis: a "nova evangelização", as perseguições contra os cristãos, a reforma da Cúria, as divisões internas, os escândalos envolvendo dinheiro e sexo, incluindo os terríveis casos de pedofilia. os dois sacerdotes devem falar do "Vatileaks", o caso dos vazamentos de documentos confidenciais, sobre o qual cardeais aposentados investigaram de forma paralela e prepararam um relatório que foi apresentado ao novo Papa.

Antes de renunciar, Bento XVI assegurou sua "obediência incondicional" ao futuro Papa e disse que iria se retirar do mundo. Anunciou que estaria ao lado do novo pontífice em oração e, segundo o Vaticano, estaria pronto para dar conselhos.

Os dois homens têm temperamentos completamente diferentes: enquanto Joseph Ratzinger se mostrava tímido diante da multidão, mesmo sendo caloroso em privado, Jorge Bergoglio é espontâneo, vai até as pessoas e as abraça.

O novo pontífice se distingue por um estilo informal e se mostra mais próximo dos pobres e da simplicidade. Ainda sim, é inflexível em sua doutrina. Sobre as questões da sociedade, Joseph Ratazinger e Jorge Bergoglio compartilham posições conservadoras, seja quanto ao casamento homossexual, o aborto ou a eutanásia.

Quanto aos sinais de simplicidade (anel de prata, etc) do novo Papa, sua importância não deve ser exagerada, segundo os vaticanistas. Bento XVI quis manter as tradições, mas viveu de forma simples.

Nos arredores do Vaticano, os cartazes e cartões postais com o retrato de Bento XVI tendem a perder espaço para os do sorridente Jorge Bergoglio e do midiático João Paulo II. Karol Wojtyla, beatificado em 2012, sete anos após sua morte, e que pode ser canonizado em breve, continua a ser o "gigante de Deus" aos olhos dos católicos.

A popularidade adquirida por Francisco em apenas uma semana e a insistência sobre seus gestos simbólicos de ruptura com as tradições podem ser vistas com maus olhos por uma parte do Vaticano, onde consideram injusto o aparente esquecimento do Papa alemão, indicam fontes informais, apesar de Francisco não perder a oportunidade de expressar seu "afeto" por seu predecessor.

"Este pontificado será enraizado nos ensinamentos de Bento XVI, que foi a principal força intelectual da Igreja nos últimos 25 anos. Sua herança continuará a influenciar este pontificado", considera Samuel Gregg, do instituto de pesquisa americano Aston.

Semelhanças podem ser traçadas entre os discursos dos dois papas, por exemplo sobre a necessidade de privilegiar aspectos positivos da doutrina ao invés das condenações.

De acordo com o jornalista alemão Peter Seewald, maior especialista de Joseph Ratzinger, "está claro desde o início que o novo Papa se inscreve nos passos de seu predecessor".

Ao jornal Corriere della Sera, Seewald afirmou que "Bento preparou o caminho (...) Ele é um grande admirador de São Francisco de Assis. Depois de São Bento (fundador do monaquismo ocidental), é Francisco de Assis que está em segundo lugar para ele: dois reformadores da Igreja, cada um em seu território, em seu caminho próprio".

"João Paulo II estabilizou o barco da Igreja na tempestade, Bento a purificou, deu instruções à tripulação e a recolocou no caminho certo. Agora Francisco irá ligar o motor para fazer a Igreja se mover", afirma Peter Seewald.

Quando se estabelecer em maio em um antigo monastério na colina do Vaticano, o Papa emérito estará a poucos passos do gabinete de Francisco. Uma coabitação inédita terá início, e os encontros serão possíveis nos jardins do pequeno Estado.

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Jorge Bergoglio, hoje Papa Francisco, tem uma amizade de décadas com o rabino Abraham Skorka. Amizade construída a partir de extensas conversas sobre religião, que resultaram na produção do livro "Sobre o céu e a terra". A partir dessa convivência, Skorka pode falar sobre a personalidade do Papa: "(Ele é) um homem íntegro, com uma fé muita profunda, que chega a se aborrecer com o superficial. Um homem de simplicidade honesta que busca a Deus constantemente".

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Além dessa parceria, os amigos também dividiram os microfones em um programa de TV, que terminou no ano passado. Eles partilham da concepção de ensinar a alma e o espírito dos fieis, baseados nas ideias de cada livro sagrado.

O papa Francisco está almoçando nesta segunda-feira (18) com a presidente argentina Cristina Kirchner na Casa Santa Marta do Vaticano, anunciou o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, em uma coletiva de imprensa. O pontífice argentino e Kirchner realizaram previamente um encontro de "cerca de 15 ou 20 minutos" sobre o qual não será divulgado nenhum comunicado oficial do Vaticano, disse Lombardi.

Kirchner, que chegou na tarde de domingo a Roma, e o até a última quarta-feira arcebispo de Buenos Aires Jorge Bergoglio sempre mantiveram relações tensas, e esperava-se que este encontro servisse para aproximar as duas partes antes da missa de entronização oficial do pontificado, na terça-feira. As divergências entre ambos começaram durante a presidência de seu marido, o falecido Néstor Kirchner, que não apreciava as críticas nas homilias do então cardeal, que denunciava com frequência o escândalo da pobreza ou o flagelo da droga e do crime na Argentina, e pioraram ainda mais após a legalização do casamento homossexual, em 2010.

O encontro com Kirchner foi o primeiro de Francisco com um dos muitos chefes de Estado e de governo que estão chegando ao Vaticano para acompanhar a missa de início oficial do papado. Após a cerimônia solene na praça de São Pedro, o Papa receberá os representantes das 130 delegações oficiais.

O Vaticano faz os últimos preparativos para a missa que na terça-feira (19) marcará oficialmente o início do pontificado do papa Francisco na praça de São Pedro, onde são esperados centenas de milhares de fiéis e diversos dignitários de todo o mundo. As autoridades estão instalando um grande dispositivo de segurança, similar ao do funeral de João Paulo II em 2005, para receber as quase 130 delegações oficiais, entre elas uma grande representação latino-americana que homenageará o primeiro Papa do subcontinente.

Uma das primeiras a chegar a Roma foi a presidente argentina, Cristina Kirchner, chefe de Estado do país de origem do até agora arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, e a primeira a ser recebida pelo novo pontífice. O 266º papa da história da Igreja católica, um jesuíta que sempre se caracterizou por seu austero estilo de vida, pediu aos fiéis de seu país que não viajassem à Cidade Eterna e dedicassem esse dinheiro para ajudar os mais necessitados.

No entanto, a julgar pelo Ângelus de domingo, muitos argentinos já se encontram na capital italiana para expressar seu afeto por este pontífice "do fim do mundo", que em poucos dias deu novos ares à milenar instituição, por sua proximidade com o povo e por suas palavras a favor de uma Igreja mais acolhedora e próxima às origens do cristianismo. A missa de entronização, durante a qual o novo Papa receberá o pálio e o anel do Pescador próprios do ministério petrino, deve começar pontualmente às 9h30 locais (5h30 de Brasília).

Antes, Francisco, que reside temporariamente na Casa Santa Marta, dentro dos muros do Vaticano, à espera de ocupar em alguns dias seu apartamento pontifício no Palácio Apostólico, deve saudar a multidão em seu "papamóvel". De acordo com a imprensa italiana, o Papa circulará durante meia hora entre os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, algo nada surpreendente vindo de um pontífice que já quebrou o protocolo em muitas ocasiões para saudar afetuosamente os fiéis, apesar dos desafios que isto gera para os serviços de segurança.

A chuva que caiu de forma intermitente sobre a cidade na última semana deve dar um alívio durante a cerimônia ao ar livre que coincide com o dia de São José, padroeiro da Igreja. O papa pronunciará uma esperada homilia nesta missa concelebrada por todos os cardeais presentes em Roma, e contará com a participação inédita na liturgia dos irmãos franciscanos do convento de La Verna, situado nas montanhas da Toscana.

Francisco, primeiro papa jesuíta, escolheu seu nome em homenagem a São Francisco de Assis e defende uma "Igreja pobre e para os pobres". Após a missa, o Papa receberá as delegações, entre as quais se destacam a presidente Dilma Rousseff e o líder mexicano, Enrique Peña Nieto, que dirigem os dois países com mais católicos do mundo.

Também viajaram a Roma os presidentes de Chile, Equador, Paraguai, Costa Rica e Honduras, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, assim como os herdeiros da Coroa espanhola e holandesa, os príncipes Felipe e Willem-Alexander, este último acompanhado por sua esposa argentina, Máxima Zorreguieta. A figura mais polêmica presente será o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, acusado de muitas violações de direitos humanos e que não está autorizado a pisar no território da União Europeia (UE), embora esta proibição não vigore no Vaticano.

Também é esperada a presença de vários líderes de outras regiões na entronização do papa Francisco, que no primeiro dia de seu pontificado estendeu a mão à comunidade judaica em uma carta dirigida ao rabino de Roma, Riccardo di Segni. Este confirmou sua presença, assim como o número dois da Igreja da Inglaterra, o arcebispo de York John Sentamu; Mohamed Youssef Hajar, secretário-geral da Organização Islâmica da América Latina, representará os muçulmanos.

Emocionados e com a esperança de uma mudança, milhares de latino-americanos se reuniram neste domingo na praça de São Pedro, no Vaticano, para o primeiro Angelus de Francisco, o carismático papa argentino que seduz o mundo com sua simplicidade.

"É o Papa de todos, não é mais argentino", afirma Diego Delfina, um operário argentino de 33 anos que vive em Ancona, em meio a um mar de bandeiras, a maioria argentinas, mas também de México, Peru, El Salvador, Chile e Brasil.

"Espero que mude muitas coisas em uma Igreja justamente criticada", acrescenta em meio a uma multidão entusiasta que grita "Viva o Papa! Viva o Papa!".

Assim como ele, muitos fiéis veem essa necessidade de dar novos ares à Igreja católica e de aproximá-la mais dos crentes, especialmente dos mais pobres, dos quais o agora Papa sempre esteve perto.

"Ele não vai mudar a Igreja, mas vai refrescá-la, dar a ela uma força nova", disse o padre Francisco, um sacerdote colombiano, vestido com seu austero hábito cinza de franciscano.

"Somos os pobres, os que acreditamos mais na Igreja, especialmente na América Latina. Os europeus nos evangelizaram e nós somos o fruto", acrescenta agitando uma bandeira de seu país.

A argentina Maria Paola Daud, de 40 anos, está convencida de que este Papa é "o que faltava" à milenar instituição.

"Não era esperado, mas em cinco minutos conquistou a todos", acrescenta diante dos olhares atentos de seus filhos, Francisco e Jesus.

A saída do novo pontífice à janela do apartamento pontifício no terceiro andar do palácio apostólico, que havia permanecido fechada desde 24 de fevereiro, quatro dias antes da renúncia de Bento XVI, provoca o primeiro grande aplauso.

"Irmãos e irmãs, bom dia", afirma como em sua primeira aparição o Papa, apenas uma pequena figura longínqua, aos 150.000 fiéis, turistas e curiosos que, segundo o Vaticano, lotam a grande esplanada, protegidos por numerosos policiais.

Na linguagem simples que o caracteriza, o Papa fala aos peregrinos da misericórdia e do perdão de Deus, contando anedotas e provocando risadas de seu atento auditório, embora, para a decepção de muitos, apenas em italiano.

Como quando se refere a um livro do cardeal emérito Walter Kasper que leu nos últimos dias e afirma: "Não pensem que estou fazendo publicidade do livro do cardeal, não é isso".

Depois se despede, pedindo para que rezem por ele e desejando "boa tarde e um bom almoço", com uma familiaridade inédita para um pontífice.

"Esta simplicidade que o Papa tem me emociona. Pode-se ver que é uma pessoa que quer transmitir ao povo a proximidade com seu Papa", explica irmã Luisa, uma jovem religiosa chilena da comunidade de Santa Marta.

"Precisávamos de um Papa que tivesse outro carisma", acrescenta, destacando a grande quantidade de jovens que estão acolhendo bem este pontífice. "Os jovens são a força da Igreja", afirma.

Os fiéis, que começaram a lotar a praça desde a manhã, gritam seu nome, Francisco, mas também seus apelidos, "Pancho", "Paco" ou "Quico", segundo seus países de origem.

Mais de 100.000 pessoas aclamaram neste domingo na Praça de São Pedro do Vaticano o Papa Francisco, que celebrou o primeiro Angelus de seu pontificado, no qual insistiu na necessidade da misericórdia e do perdão para um mundo mais justo.

"Irmãos e irmãs, bom-dia", foram as primeiras palavras do Papa argentino Jorge Bergoglio, que escolheu o nome Francisco, ao aparecer de batina branca e com uma cruz de ferro, enquanto os católicos agitavam bandeiras de dezenas de países na imensa esplanada situada no coração do Vaticano.

"Para nós cristãos é importante encontrar-nos todos os domingos, saudar-nos, conversamos em uma praça que, graças aos meios de comunicação, tem as dimensões do mundo", disse em uma nova demonstração da proximidade com os fiéis que marcou o início de seu pontificado.

"Deus perdoa sempre e tem misericórdia para todos", disse, antes de insistir: Deus "nunca se cansa de perdoar, somos nós os que cansamos de pedir perdão", repetindo a mesma mensagem de uma missa celebrada poucos minutos antes na capela de Santa Ana, dentro dos muros do Vaticano.

"Saúdo cordialmente todos os peregrinos e agradeço por sua acolhida", afirmou, antes de receber mais aplausos.

"Um pouco de misericórdia faz o mundo menos frio e mais justo", disse o pontífice.

"Já pensaram na paciência de Deus, a paciência que tem com cada um de nós?", completou o Papa argentino.

Também recordou um episódio de quando era bispo em Buenos Aires, em 1992, quando, após uma missa em homenagem à Virgem de Fátima, uma idosa o abordou e disse: "Se o Senhor não perdoasse a todos, o mundo não existiria".

Surpreso, o atual Papa perguntou "'Mas diga-me senhora, estudou na Universidade Gregoriana?" (a universidade de Roma onde muitos Papas se formaram), completou Francisco, em mais uma demonstração de seu senso de humor.

O Papa voltou a pedir aos fiéis que rezem por ele, como havia feito na quarta-feira, dia em que foi proclamado pontífice. Ele encerrou o Angelus com o desejo de "bom domingo e bom almoço", com a simplicidade que caracteriza os primeiros dias de seu comando da Igreja Católica.

"Sinto uma emoção indescritível. Vai trazer muita paz porque é muito humilde, muito espontâneo. Você sente que é mais próximo das pessoas. Com o Papa anterior não se sentia isto", disse Gabriel Solís, um argentino de 33 anos, que, como milhares de compatriotas, assistiu a segunda aparição pública do pontífice eleito após a renúncia de Bento XVI.

"Precisávamos de um Papa que tivesse outro carisma", afirmou Sor Luisa, jovem religiosa chilena de Santa Marta, que exibia a bandeira de seu país.

Personalidades de todo o mundo já estão chegando a Roma para acompanhar a grande missa de entronização da próxima terça-feira, dia de São José, incluindo as presidentes da Argentina e do Brasil, além dos líderes do Chile e México, assim como representantes dos Estados Unidos e das casas reais europeias.

A presidente argentina Cristina Kirchner terá uma audiência com o Papa na segunda-feira às 12H50 (8H50 de Brasília) na Casa Santa Marta, onde o Papa residirá até a mudança para o apartamento pontifício do Palácio Apostólico.

As autoridades de Roma esperam a presença de um milhão de pessoas na cidade, onde já são vendidos os primeiros objetos com a imagem de Francisco.

Jorge Bergoglio, de 76 anos, que escolheu o nome Francisco em homenagem ao santo dos pobres São Francisco de Assis, oficiou durante a manhã uma missa em uma pequena igreja do Vaticano e saudou pessoalmente as centenas de pessoas reunidas na saída do templo e que gritavam "Viva o Papa".

Desde sua eleição, o primeiro Papa latino-americano da história tem surpreendido com improvisos e com seu senso de humor, deixando de lado em alguns momentos o roteiro e saudando com carinho as pessoas que aparecem em seu caminho, o que tem sido interpretado como o início de uma nova era para uma Igreja desacreditada por vários escândalos.

No sábado, diante dos jornalistas credenciados no Vaticano, expressou o desejo de uma "Igreja pobre e para os pobres".

Uma das primeiras reformas que Francisco deve organizar é a da Cúria romana, o governo da Igreja, criticado por sua opacidade e centralismo.

O Papa confirmou "provisoriamente" os dirigentes de todos dicastérios, os ministérios da Igreja Católica, para ter tempo antes de tomar uma decisão sobre os cargos, anunciou o Vaticano.

Analistas acreditam que Francisco adiará a questão, que foi debatida nas congregações prévias ao conclave, para depois da Semana Santa, o momento mais intenso do ano para o Papa.

Em 23 de março, véspera do domingo de Ramos, o Papa visitará Bento XVI, com quem almoçará em Castelgandolfo, a residência papal a 30 km de Roma onde o Papa emérito se instalou temporariamente desde sua renúncia, em 28 de fevereiro.

O Papa Francisco afirmou neste sábado que deseja uma "Igreja pobre e para os pobres" e explicou como escolheu o nome com o qual exercerá o pontificado, ao receber jornalistas de todo o mundo neste sábado para uma audiência na sala Paulo VI do Vaticano. O pontífice argentino, que foi muito aplaudido pelos milhares de jornalistas presentes, explicou que São Francisco de Assis, o santo no qual se inspirou, era "o homem da pobreza, o homem da paz".

"Como eu gostaria de uma igreja pobre e para os pobres", acrescentou o Papa, muito aplaudido neste momento. Francisco tem surpreendido o mundo com a mensagem pelo retorno da Igreja a sua essência, com um discurso de humildade e senso de humor.

O Papa Francisco explicou que o nome foi inspirado por um comentário do cardeal brasileiro Claudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, "um grande amigo", que sentou ao seu lado durante o conclave. "Quando a coisa estava ficando um pouco perigosa, ele me reconfortava. E quando os votos alcançaram os dois terços e os aplausos chegaram porque havia sido eleito Papa, ele me abraçou, deu um beijo e disse: 'Não te esqueças dos pobres'", declarou o novo pontífice.

Também contou que, após sua eleição, recebeu a sugestão de utilizar o nome de Clemente XV, já que o Papa Clemente XIV aboliu a Companhia de Jesus no fim do século XVIII. Um cardeal propôs o nome de Adriano, em referência a um Papa que foi um grande reformista. Em uma audiência de 30 minutos, o primeiro Papa jesuíta da Igreja Católica também recordou que a instituição, desacreditada por vários escândalos, não tem "uma natureza política, e sim espiritual".

Na audiência com os jornalistas, uma tradição nos últimos papados após a eleição de um novo pontífice, Francisco agradeceu o trabalho dos milhares de jornalistas enviados ao Vaticano. "Vocês têm trabalhado muito, trabalhado muito", brincou em italiano o pontífice argentino, que repetiu o agradecimento pelo trabalho intenso desde o anúncio da renúncia de Bento XVI em 11 de fevereiro, oficializada no dia 28.

Em mais uma quebra de protocolo, o Papa não quis dar a bênção com a mão a toda a imprensa, consciente de que entre os jornalistas estavam muitos ateus e integrantes de outras religiões, conforme explicou, optando por saudar e abraçar uma centena de jornalistas selecionados, incluindo vários argentinos. O Papa, que rezará no domingo o seu primeiro ângelus da varanda de seu quarto de frente para a Praça São Pedro, não tem nenhum outro compromisso agendado para hoje, mas a próxima semana será agitada.

Francisco visitará Bento XVI no dia 23 de março em Castelgandolfo, a residência papal próxima de Roma onde o Papa emérito mora desde sua histórica renúncia. Antes, na próxima segunda-feira, o pontífice argentino receberá a presidente de seu país, Cristina Kirchner, com a qual mantém uma relação fria, especialmente desde a legalização do casamento homossexual.

As autoridades esperam a presença de um milhão de peregrinos em Roma para acompanhar este grande acontecimento, que será precedido no domingo pelo primeiro Angelus do Papa Francisco. Com tantos compromissos, o pontífice preferiu "reservar certo tempo" antes de tomar uma decisão à respeito da formação da Cúria Romana, o governo da Igreja, muito criticado por sua obscuridade e centralidade, segundo o Vaticano.

Desta foram, confirmou neste sábado "provisoriamente" os dirigentes dos dicastérios da Curia Romana, o governo da Igreja, informou o Vaticano em um comunicado. A reforma da Cúria, discutida durante as congregações de preparação para o conclave, é uma exigência de muitos membros da hierarquia da Igreja, particularmente pelos que vivem distantes de Roma.

É necessário "uma reforma estrutural. Então, começa-se a escolher o pessoal adaptado para as orientações de uma Igreja que o Papa deseja, que seja uma Igreja missionária, mais do diálogo", comentou o arcebispo Hummes, em uma entrevista publicada neste sábado. Quatro dias após sua eleição, as homenagens ao novo Papa continuam. Os jogadores do San Lorenzo, clube argentino que conta com a torcida do Papa Francisco, vestirão um uniforme especial neste sábado em homenagem ao pontífice durante a partida contra o Colón pela sexta rodada do torneio Final da primeira divisão do futebol argentino.

A única sombra que paira sobre este início de papado são as acusações de suposta passividade ante a ditadura militar na Argentina entre 1976 e 1983, acusações ressuscitadas em seu país e retomadas pela imprensa mundial. O Papa, líder da ordem jesuítica no período militar, tem sido criticado por não ter protegido dois sacerdotes de sua ordem sequestrados e torturados por militares, Francisco Jalics y Orlando Yorio.

O porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, disse na sexta-feira que o Vaticano considera que existe "uma campanha" contra Bergoglio, sustentada por "uma publicação que em algumas ocasiões é caluniosa e difamatória", em referência ao jornal argentino Página12, que questiona o papel de Bergoglio durante a ditadura. Um dos sequestrados, o padre Jalics, um húngaro que se estabeleceu na Alemanha, declarou na sexta-feira que estava em paz com o seu passado, e pediu a "benção" ao novo pontífice. O padre Orlando Yorio faleceu em 2002.

O papa Francisco falou sobre o que sentiu nos momentos seguintes à sua eleição, contando a um grupo de jornalistas neste sábado que foi imediatamente inspirado a assumir o nome de São Francisco de Assis por causa de seu trabalho pela paz e para o pobres, e que foi abraçado por outro cardeal em meio aos aplausos dos participantes do conclave.

"Deixe-me contar uma história", disse Francisco, interrompendo seu discurso preparado. O papa então descreveu como foi confortado por seu amigo, o cardeal brasileiro Claudio Hummes, quando parecia que a votação indicaria que ele seria o escolhido e havia "o grande perigo" de que ele havia alcançado os dois terços necessários para ser eleito. "Ele me abraçou, me beijou e disse para eu não me esquecer dos pobres", lembrou Francisco. "E foi quando meu coração me trouxe o nome de Francisco de Assis", que devotou sua vida dos pobres, ao trabalho missionário e ao cuidado da criação de Deus."

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Ele disse que algumas pessoas perguntaram por que o nome, já que ele pode também indicar referências a outras figuras, como o cofundador da ordem dos Jesuítas, da qual o papa faz parte, Francisco Xavier. Mas ele disse que a intenção que chegou a seu coração como uma inspiração imediatamente após sua eleição. São Francisco de Assis, disse o papa, foi um "homem dos pobres. O homem da paz. O homem que amou e cuidou da criação, e neste momento não temos um grande relacionamento com o criador. O homem que nos dá um espírito de paz, o homem pobre que queria uma igreja pobre".

A reunião no Vaticano dá início a uma agitada semana para o pontífice, que inclui uma visita no dia 23 a seu antecessor no retiro papal de Castel Gandolfo, um encontro histórico que vai reunir o novo papa e o primeiro pontífice a renunciar em seis séculos.

Na segunda-feira, um dia antes da posse formal do pontífice, haverá uma sessão com Cristina Kirchner, a presidente do país natal de Francisco, a Argentina. As informações são da Associated Press.

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