Atrás apenas da China e dos Estados Unidos, o Brasil possui 27 milhões de pessoas envolvidas ou em processo de criação de um negócio próprio. Em números absolutos, aparece em terceiro lugar no ranking de 54 países analisados pela pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2011 (GEM), realizada anualmente e fruto de uma parceria entre o Sebrae e o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP). A informação foi divulgada pela Agência Sebrae de Notícias.
“O Brasil mudou muito nos últimos anos: cresceram a renda e o nível de emprego. Por isso, hoje temos empreendedores mais qualificados, que buscam no próprio negócio a oportunidade para se desenvolver”, diz o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos. Ao comentar a pesquisa, ele ressalta ainda a forte presença feminina e de jovens e o grau de instrução, que também aumentou. “O Brasil sempre se destacou por ter grande energia empreendedora”.
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A GEM levanta as principais características do empreendedorismo em cada um dos países pesquisados e considera tanto os negócios formais quanto os informais. Foram ouvidas pessoas entre 18 e 64 anos. Os empreendedores representam 27% da população adulta brasileira. Em 2002, esse percentual era de 21%. A China, que lidera o ranking, tem quase 370 milhões de empresários. Já os Estados Unidos, que ocupa a segunda posição, cerca de 40 milhões.
Dos 27 milhões de empreendedores existentes no país, 85% estão no mercado há mais de três meses. Desses, 12 milhões, o equivalente a 45%, estão estabelecidos em seus segmentos de atuação, ou seja, operam no mercado há mais de 42 meses. Outros 11 milhões, 40% do total, são classificados como novos empreendimentos por funcionarem há mais de três meses e menos de 42 meses.
A pesquisa aponta também que 15% dos empreendedores, ou quatro milhões de pessoas, estão envolvidas na criação do próprio negócio. Nesse grupo estão incluídas pessoas que se encontram no estágio inicial da montagem do empreendimento, como no levantamento de informações sobre o mercado, por exemplo.
A maioria dos empresários abre o negócio porque constatou uma oportunidade de mercado e não por necessidade. A estimativa é que, para cada negócio aberto por necessidade, por motivo de desemprego, por exemplo, 2,24 começam pela identificação de uma oportunidade. O número é o maior desde que a pesquisa GEM começou a ser realizada, em 1999, mas ainda é inferior à média dos 54 países, que é de 4,35 negócios por oportunidade para cada um aberto por necessidade.
No Brasil, no grupo dos empreendedores iniciais, ou seja, aqueles que estão envolvidos na criação de um negócio ou que já têm um negócio com até 42 meses, a proporção de mulheres à frente dos negócios é maior que a média mundial. De cada cem empreendimentos iniciais, 49 têm comando feminino. A média desse grupo, nos 54 países pesquisados, é de 37 empreendedoras para cada cem. Elas preferem negócios como estética e tratamento de beleza, comércio de vestuário, fornecimento de comida preparada e confecções. Já os homens gostam mais de atividades ligadas à manutenção e reparação de veículos automotores, minimercados, lanchonetes e similares, e transporte de passageiros.
Dos 27 milhões de empreendedores brasileiros, mais da metade - 14,4 milhões -, têm entre 25 e 44 anos. Outros 3,4 milhões têm até 24 anos. Seis milhões estão na faixa de 45 a 54 anos, e 3,3 milhões têm mais de 55 anos. A renda mensal obtida por metade dos empreendedores chega a, no máximo, três salários mínimos. Um terço deles fatura entre três e seis salários mínimos e menos de 15% tira mais de seis salários mínimos por mês com o próprio negócio.
Geração de empregos
Os pequenos negócios são responsáveis pela maior parte das vagas de trabalho no Brasil. Dados referentes a 2010 da Pesquisa de Emprego e Desemprego do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que os pequenos negócios geram dois em cada três postos de trabalho no setor privado.
A GEM indica que boa parte das pequenas empresas pretende ampliar seus quadros. Entre os negócios com menos de 42 meses de existência, quase a metade planeja contratar entre um e cinco funcionários nos próximos cinco anos. Apenas um terço não pretende abrir vagas e o restante deve empregar mais de cinco pessoas nesse período. Com relação aos negócios estabelecidos, para os que têm mais de 3,5 anos, a previsão é de que 44% deles contratem entre um e cinco funcionários, 45% permaneçam com os quadros estáveis e o restante empregue mais de cinco pessoas.