O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do presidente Hugo Chávez, venceu as eleições para governador em 20 dos 23 Estados do país onde ocorreram sufrágios no domingo, informou nesta segunda-feira o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela. Chávez, de 58 anos, está em Cuba desde a semana passada, onde foi submetido à quarta cirurgia contra o câncer. Os partidários do bolivariano conquistaram os governos estaduais de importantes redutos da oposição, como Zulia e Mérida. Os opositores conseguiram manter os governos de apenas dois dos sete Estados que comandavam, Miranda e Lara; além disso, venceram as eleições no Estado de Amazonas.
As eleições estaduais do domingo aconteceram menos de uma semana após Chávez partir para Cuba, onde foi operado. Ele sofre de câncer desde meados de 2011. As eleições foram amplamente vistas como um referendo sobre o movimento bolivariano fundado por Chávez, se ele terá sobrevida política no caso de seu mentor sucumbir ao câncer ou não ter condições de saúde para assumir a presidência em 10 de janeiro de 2013.
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O governador de Miranda, Henrique Capriles, conseguiu se reeleger com pouco mais de 40 mil votos de diferença sobre seu principal adversário, o ex-vice-presidente Elias Jaua, do PSUV. No Estado de Lara, onde fica Barquisimeto, quarta maior cidade do país, o vencedor foi Henri Falcon, um ex-militar que era aliado a Chávez mas em 2008 se desentendeu com o presidente e passou para a oposição.
Os chavistas, contudo, elegeram governadores dos importantes estados de Zulia, Carabobo e Mérida. Em Zulia, o governador Pablo Pérez, de 43 anos e visto como uma das figuras mais importantes da oposição, foi derrotado pelo candidato do PSUV, Arias Cárdenas. A capital de Zulia, Maracaibo, é a segunda maior cidade do país e o Estado é um dos centros da indústria petrolífera.
"A realidade é que os chavistas provaram que o movimento deles está institucionalizado o suficiente na sociedade venezuelana, pelo menos em um nível regional, e isso mesmo sem Chávez", disse o cientista político Miguel Tinker Salas, professor de Estudos Latino-americanos na Universidade Pomona, em Claremont, Estado da Califórnia (EUA).
A eleição do domingo foi a primeira, nos 14 anos de Chávez na presidência, em que o bolivariano não participou ativamente, nem pedindo votos durante a campanha e nem viajando pelos Estados em apoio aos correligionários. Jorge Rodríguez, chefe de campanha do PSUV, disse que a vitória significa que o mapa da Venezuela "foi pintado de vermelho".
Capriles disse aos seus partidários, após sua vitória em Miranda, que era "difícil vir aqui hoje e exibir um sorriso", fazendo referência à derrota da oposição, em um sentido mais amplo. "Esse é um momento difícil, mas em todos os momentos difíceis as oportunidades podem surgir", afirmou. Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), 54% dos 19 milhões de eleitores votaram, uma participação que ficou bem abaixo dos 80% que foram às urnas em 8 de outubro, quando Chávez derrotou Capriles. O jovem governador de Miranda devolveu a derrota no domingo, obtendo 582 mil votos (51%) e vencendo o ex-vice-presidente Elias Jaua, que obteve 534 mil sufrágios (47%). Jaua foi encarregado pessoalmente por Chávez de derrotar Capriles em Miranda.
Chávez deverá tomar posse para um quarto mandato em 10 de janeiro de 2013. Mas se suas condições de saúde não permitirem, a Constituição da Venezuela exige que novas eleições sejam convocadas em 30 dias. Chávez, antes de partir para Havana na semana passada, nomeou o ex-chanceler e atual vice-presidente Nicolás Maduro como seu possível sucessor e disse que se o pior acontecer, Maduro deverá se candidatar e liderar o PSUV.
As informações são da Associated Press e da Dow Jones.