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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca nesta quarta-feira (23) em Brasília para discutir as últimas pendências da reforma ministerial com a presidente Dilma Rousseff. A expectativa é que o ex-presidente ajude na interlocução com o PMDB, que negocia ficar com pelo menos cinco pastas da nova configuração estudada por Dilma.

Lula deve almoçar com Dilma no Palácio do Alvorada. Na semana passada, o ex-presidente também esteve com a afilhada política para tentar superar a crise que atinge o governo. Ele prometeu que viria mais a Brasília e deve começar a ajudar mais na articulação política com o Congresso.

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As bancadas do PMDB no Congresso devem indicar cinco ministros na reforma ministerial conduzida pela presidente Dilma Rousseff para recompor a base aliada e tentar salvar seu governo.

A bancada peemedebista na Câmara deve indicar dois nomes, um para a Saúde e outro para uma pasta da área de infraestrutura. A bancada do Senado também deve indicar dois ministros. O quinto ministro seria um nome de consenso entre as bancadas das duas Casas.

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Hoje, o partido comanda seis pastas. Na cota do Senado, Pesca, Agricultura e Minas e Energia. Na cota da Câmara, Turismo. Já na cota do vice-presidente Michel Temer estão sob comando do PMDB Portos e Aviação Civil.

O PMDB encontra ao menos dois focos de resistência para fazer as indicações. O primeiro é um grupo minoritário na bancada da Câmara que faz oposição ao governo. O outro vem do próprio Temer, que terá que administrar uma redução de ministérios e, ao mesmo tempo, entregar cinco pastas ao seu partido.

"A maioria dos parlamentares do PMDB é governista, portanto, acho natural que participemos do ministério", disse o deputado Sérgio Souza (PMDB-PR).

No PT, há quem entenda que o partido precisa se sacrificar para garantir apoio a Dilma. "Pela governabilidade, o PT tem que ceder espaço aos aliados", disse o senador Paulo Rocha (PT-PA).

Henrique Alves

Além das indicações do PMDB da Câmara para dois ministérios, o líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani, defende o nome de Henrique Eduardo Alves, atual titular da pasta de Turismo como uma indicação de consenso da Câmara e do Senado.

Picciani deve se reunir ainda hoje com o senador Eunício Oliveira (CE) para oficializar a indicação. A intenção é notificar de imediato a presidente Dilma sobre as indicações do PMDB.

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse nesta terça-feira (22), que as bancadas do partido na Câmara e no Senado indicarão nomes para o novo ministério da presidente Dilma Rousseff, que pretende anunciar uma reforma administrativa nos próximos dias. Na segunda-feira (21), o vice-presidente Michel Temer e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do Senado, Renan Calheiros (AL), todos do PMDB, se negaram a fazer indicações para o primeiro escalão.

Pezão disse que a recusa dos principais líderes do partido não significou mais um passo para o rompimento do PMDB com o governo. "Não entendi assim. As bancadas é que vão fazer as indicações. O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, está ouvindo a bancada. Se a presidenta pedir indicação, haverá indicação", afirmou Pezão, que se reuniu com Dilma, em Brasília, na tarde de segunda-feira, 21.

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"Se o PMDB achar que não deve indicar, tem que ajudar a governar, dar tranquilidade à presidenta Dilma de indicar quem ela quiser. Mas tenho certeza de que as bancadas na Câmara e no Senado vão indicar membros para os ministérios. A presidenta falou ontem para mim que queria que o PMDB participasse do governo. Ela vai diminuir o número de ministérios, fazer unificação de órgãos, juntar algumas pastas. Ela pediu muito que o PMDB ajudasse a participar dessa fase. Não estou no Congresso, mas minha visão é que o PMDB deva participar, porque quem ajudou a eleger tem que ajudar a governar, se ela pedir", insistiu Pezão, um dos governadores mais próximos da presidente.

O governador repetiu a tese de que o PMDB tem responsabilidade em garantir apoio ao governo. "Nós temos o vice-presidente, fomos para a rua, tomamos uma decisão em convenção nacional de apoiar essa chapa do Michel e da Dilma. O PMDB nunca fugiu da sua responsabilidade, desde (os ex-presidentes) Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, de dar sua participação. Ainda mais em um momento difícil como esse. As idas que tenho feito a Brasília são para ajudar na governabilidade", afirmou Pezão em entrevista, depois de entregar apartamentos do programa Minha Casa Minha Vida, ao lado do ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

Defesa

Na solenidade de entrega das chaves, Pezão fez uma defesa veemente da presidente Dilma. "É um momento difícil do Brasil, mas a gente está trilhando o caminho para superar. É muito fácil criticar, apontar erros. Mas as pessoas só erram quando fazem. Se a presidenta gastou muito dinheiro com o Minha Casa Minha Vida, graças a Deus ela olhou para essas pessoas. Agradeço à presidenta Dilma por hoje estarmos entregando casas e fazendo a maior obra de saneamento da Baixada Fluminense", disse o governador, que renovou a promessa de campanha, feita ao lado de Dilma, de resolver o problema de falta de água na região até o fim de 2018. "Quero agradecer muito à presidenta Dilma, nada como ter um lar seguro. Isso aqui não é casa para pobre, é dignidade, é cidadania. Vejam se antes de entrar o (ex-presidente) Lula tinha casa para pobre", discursou Pezão.

O deputado federal Marcelo Matos (PDT) também saiu em defesa da presidente. "Quem quer tirar a presidenta Dilma, quem quer impeachment são os ricos. Os pobres sabem do compromisso da presidenta Dilma com eles, temos que defender a presidenta", disse Matos em discurso, pedindo aplausos de pé para Dilma. A plateia, formada por famílias que receberiam as chaves dos apartamentos aplaudiu, mas se dividiu na hora de ficar de pé.

Na porta do condomínio, moradores de um conjunto habitacional vizinho, que não pertence ao programa federal de habitação, cobrou que o asfalto - colocado na manhã de ontem, antes da solenidade - se estendesse além da área do Minha Casa Minha Vida e reclamou de falta de atenção do poder público. O prefeito Sandro Matos (PDT), vaiado e aplaudido, disse que o asfaltamento é feito com recursos federais, mas não faz parte do programa Minha Casa Minha Vida e que vai além dos limites do condomínio inaugurado nesta terça-feira.

Diante do impasse com o PMDB sobre a reforma ministerial, a presidente Dilma Rousseff decidiu viajar somente na quinta-feira, 24, para Nova York, onde vai participar da Assembleia Geral das Nações Unidas. A previsão inicial era que ela embarcaria nesta quarta-feira (23).

Na primeira rodada de conversas com o PMDB na segunda-feira, a cúpula do partido avisou a Dilma que não iria indicar nomes para compor o governo. O vice-presidente Michel Temer chegou a sugerir que ela adiasse a reforma ministerial.

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A ideia de Dilma era anunciar quais pastas seriam cortadas até quarta-feira, antes de embarcar para Nova York. Hoje, a presidente vai se reunir novamente com nomes do PMDB para tentar chegar a uma solução.

Para o Palácio do Planalto, ainda não está claro se a posição do PMDB é mais um gesto na direção do rompimento com o governo ou se o partido estaria tentando ganhar tempo para negociar um espaço maior na Esplanada. No desenho inicial de Dilma, a legenda teria direito a três ministérios.

Antes da Assembleia Geral, Dilma vai participar da Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável 2015, que acontece entre sexta e domingo. Devem acompanhar a presidente na viagem nomes como os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Joaquim Levy (Fazenda) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente). Segundo assessores palacianos, não houve adiamento da viagem, porque a previsão sempre foi de que Dilma embarcaria somente na quinta.

As fusões de ministérios previstas na reforma administrativa da presidente Dilma Rousseff podem resultar no fortalecimento dos ministros Edinho Silva (Comunicação Social) e Ricardo Berzoini (Comunicações). A informação é de congressistas do PMDB que se reuniram com a presidente na tarde de segunda-feira (21).

Segundo a ideia ainda em estudo, Berzoini é cotado para migrar do Ministério das Comunicações para a Secretaria-Geral da Presidência, que acumularia as funções da Secretaria de Relações Institucionais. Atualmente, a Secretaria-Geral da Presidência é comandada por Miguel Rossetto, do PT do Rio Grande do Sul.

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Ex-coordenador de campanha de Dilma, Rossetto ganharia como consolação a presidência do Incra, órgão vinculado à pasta do Desenvolvimento Agrário, da qual ele já foi ministro no governo. A SRI não tem ministro desde a saída de Pepe Vargas, em abril, quando a pasta foi integrada à Vice-Presidência da República. Michel Temer assumiu o papel de articulador político do governo de abril a agosto deste ano.

Atualmente ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Edinho Silva é cotado para herdar Comunicações. Essa medida unificaria o controle da distribuição de verbas publicitárias do governo com as estratégias e políticas de concessões de emissoras de rádio e TVs.

Ambos filiados ao PT de São Paulo, Berzoini e Edinho são muito ligados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde o começo do ano, Lula tenta aumentar sua influência dentro do Palácio do Planalto. Seu principal objetivo sempre foi colocar Jaques Wagner, da Defesa, no lugar de Aloizio Mercadante, da Casa Civil.

Nas últimas semanas, além de Lula, o PMDB e demais partidos da base pressionaram para que Dilma demitisse Mercadante. Homem de confiança da presidente, ele conseguiu resistir no cargo. Na semana passada, Lula e Mercadante se encontraram após o ministro confirmar sua permanência na Casa Civil.

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), queixou-se na segunda-feira (21) da falta de apoio por parte da cúpula de seu partido. O lamento correu durante a reunião realizada na casa do líder do partido no Senado, Eunício Oliveira (CE).

Neófita na sigla, Kátia aproximou-se da presidente Dilma Rousseff nos últimos meses e chegou a ser cotada para assumir a Casa Civil no lugar de Aloizio Mercadante (PT). A cúpula do partido desaprovou a ideia.

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No fim de semana, lideranças do partido fizeram chegar ao Palácio do Planalto que não aceitariam a ministra da Agricultura como interlocutora do PMDB com o Executivo, especialmente em relação a assuntos relacionados à reforma ministerial.

Na reunião na casa de Eunício, Kátia fez questão de ressaltar que "não quer tomar o lugar de ninguém". "O meu líder é o líder", disse ela, indicando o senador Eunício Oliveira.

A cúpula do PMDB se recusou na segunda-feira (21) a indicar nomes para compor o Ministério e a ajudar a presidente Dilma Rousseff a cortar pastas. Em três conversas com Dilma, o vice-presidente Michel Temer sugeriu a ela que adiasse a reforma ministerial, sob a alegação de que, neste momento de fragilidade, mudanças na equipe só provocariam mais instabilidade política e atritos na base aliada do governo.

A falta de indicações foi interpretada nos bastidores como mais um gesto do PMDB na direção do rompimento com o Planalto. Além de Temer, os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), avisaram Dilma que não apresentarão nomes para cargos.

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À noite, inconformada com a recusa do PMDB, Dilma chamou Temer para outra conversa, no Palácio da Alvorada. Os líderes do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e no Senado, Eunício Oliveira (CE), também foram convocados. Picciani disse a amigos que a bancada na Câmara "quer ter um ministro".

A partir daí, uma sucessão de encontros - um na casa de Eunício, com Temer, e outro na de Cunha - reuniu grupos de peemedebistas até perto da meia-noite. Foi um dia intenso de negociações. Diante de tantos problemas, a presidente já cogita a possibilidade de segurar a reforma ministerial para a próxima semana, depois da viagem a Nova York, onde participará da Assembleia Geral da ONU.

Para completar, Dilma também estava ontem muito preocupada em adiar a votação, prevista para hoje, dos vetos presidenciais à chamada pauta-bomba, que aumenta os gastos do governo. Ao avaliar que pode sofrer outra derrota no Congresso, ela chegou a telefonar para Cunha. "Compreendo o momento difícil", afirmou o presidente da Câmara.

Ministros disseram ao Estado que o novo impasse para a composição da equipe ocorreu porque a presidente decidiu cortar quadros importantes do PMDB, como os ministros Henrique Eduardo Alves - que comanda o Turismo e preside o partido no Rio Grande do Norte - e Helder Barbalho, hoje no controle da Pesca. Filho do senador peemedebista Jader Barbalho, Helder é presidente do PMDB do Pará.

O plano do governo prevê a junção dos ministérios da Pesca com Agricultura, comandada por Kátia Abreu, uma cristã nova no PMDB. O Turismo, por sua vez, deve ser incorporado ao Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Peemedebistas se queixaram de que o PT de Dilma não estaria sendo tão atingido. Um ministro comentou que Temer não poderia "chancelar" mais esse desgaste.

Na tentativa de compensar o PMDB, uma das alternativas em estudo é dar à legenda o controle de Comunicações, pasta atualmente chefiada por Ricardo Berzoini (PT), que assumirá a articulação política do Planalto.

O governo quer aproveitar a reforma administrativa, que vai cortar dez dos 39 ministérios e mil cargos comissionados, para pôr na equipe nomes que tenham votos tanto na Câmara como no Senado. Dilma também foi aconselhada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a encaixar no primeiro escalão políticos com influência sobre as bancadas, que possam barrar um possível processo de impeachment contra ela.

O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), admitiu que, caso não haja entendimento com o PMDB, o melhor é deixar a reforma para depois. Há receio de que uma troca de ministros, agora, contamine a votação dos vetos a projetos como o do reajuste dos funcionários do Judiciário.

"Precisamos garantir maioria na Câmara e no Senado", disse Delcídio. "Um mau desempenho do governo na votação dos vetos pode trazer impacto na economia. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Seria melhor adiar essa reforma."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A reforma administrativa foi o tema central da reunião da presidente Dilma Rousseff com o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), no início da tarde desta segunda-feira, 21, no Palácio do Planalto. Um dos governadores mais próximos de Dilma, Pezão foi chamado pela presidente na noite de domingo, 20, e embarcou nesta manhã para Brasília. A presidente quis ouvir a opinião do aliado para o plano de reforma que pretende apresentar nos próximos dias e também conta com o fato de Pezão ter boa interlocução com os diferentes líderes do PMDB.

Esta é a terceira vez que o governador vai a Brasília em uma semana. Na segunda-feira passada, 14, ele esteve na reunião da presidente com 19 governadores e, dois dias depois, reuniu-se com outros sete chefes dos Executivos estaduais para articular a mobilização no Congresso pela aprovação da nova CPMF e o aumento da alíquota de 0,2%, proposto pelo governo, para 0,38%, com divisão entre os entes federativos. Na quarta-feira, 16, Pezão também teve audiência com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, com quem discutiu o rombo da previdência do Estado.

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O governador do Rio tem insistido na necessidade de uma reforma previdenciária para aliviar os caixas estaduais. Na quarta-feira, o governador também foi ao Congresso, onde viu de perto a resistência à aprovação da CPMF. "A CPMF tem muita resistência da população, de todos. Mas a gente não pode deixar de conversar e o canal correto é o Congresso", disse Pezão na sexta-feira, 18.

Segundo Pezão, uma das propostas em discussão é que, no caso de aprovação da CPMF com alíquota de 0,38%, Estados e municípios, que ficariam com 0,18%, possam optar entre usar os recursos em saúde ou previdência. A União usará exclusivamente no pagamento de aposentadorias e pensões, como está previsto na proposta divulgada pelo governo na semana passada.

O governador disse que o governo deveria ter encaminhado uma reforma nas regras da previdência ao Congresso antes da recriação da CPMF. "Eu mandaria antes uma reforma da previdência pública, não tem como os Estados arcarem com o custo como está. Precisamos de uma lei federal", afirmou. "A conta não fecha, temos que achar uma solução. Se não for CPMF, que se crie outro recurso."

A reunião de coordenação política comandada pela presidente Dilma Rousseff teve como tema principal a reforma administrativa e o corte do número de ministérios. Antes de anunciar que ministérios serão cortados, a Secretaria de Imprensa da Presidência afirmou que o governo vai conversar com os líderes da Câmara e do Senado. A ação da presidente é uma forma de aproximação com o Congresso, peça chave na aprovação do pacote fiscal anunciado na última semana.

O Palácio do Planalto informou ainda que a reforma administrativa deve ser anunciada até quarta-feira, 23, assim como o encaminhamento dos ajustes fiscais propostos. Até o momento, as medidas não sofreram alterações e deverão ser encaminhadas ao Congresso da mesma forma com que foram anunciadas.

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Durante a reunião, a presidente também discutiu os vetos que serão apreciados pelo Congresso essa semana. A instrução de Dilma é que o governo trabalhe para mantê-los. Não haverá coletiva de imprensa com ministros após a reunião de coordenação política.

Além da Junta Orçamentária composta pela Aloizio Mercadante (Casa Civil), Nelson Barbosa (Planejamento) e Joaquim Levy (Fazenda) e do vice-presidente Michel Temer, estavam presentes: Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia), Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social), Eduardo Braga (Minas e Energia), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Gilberto Kassab (Cidades), Jaques Wagner (Defesa), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), Ricardo Berzoini (Comunicações) e José Eduardo Cardozo (Justiça). Os líderes do governo no Senado, senador Delcídio do Amaral, na Câmara deputado José Guimarães e no Congresso, senador José Pimentel também participaram do encontro com Dilma.

Na semana em que a presidente Dilma Rousseff prometeu anunciar quais serão os dez dos 39 ministérios que irá cortar, dirigentes do PMDB no Senado dizem não ter sido procurados para discutir o tema. A colegas de partido, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que não foi chamado a conversar e, se for, não pretende negociar indicações.

Renan disse a peemedebistas que os atuais ministros do partido são seus amigos e não irá entrar na discussão de redução de ministérios por essa razão. Argumentou ainda que não pretende mais fazer movimentos para ajudar o governo a sair da crise, por considerá-los inúteis.

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Nem mesmo o vice-presidente Michel Temer, que retornou ao Brasil após passar toda a semana passada em viagem oficial a Rússia e Polônia, havia sido convidado para discutir a reforma até ontem à noite, segundo dirigentes do partido.

Temer convidou lideranças do PMDB para uma conversa hoje à noite. O partido tem discutido internamente qual o melhor momento de deixar o governo, pauta que ganha mais adeptos na legenda a cada dia.

Na segunda-feira passada, o governo anunciou medidas - entre cortes de gastos e aumento de impostos - para tentar cobrir o rombo no Orçamento, mas não mencionou o corte de ministérios - o Planalto informou que iria esperar Temer voltar ao País para falar sobre reforma.

No domingo, 20, a presidente se reuniu com ao menos quatro ministros no Palácio da Alvorada: Ricardo Berzoini (Comunicações), Luís Inácio Adams (Advogado-geral da União), Nelson Barbosa (Planejamento) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência).

Kátia Abreu

"Não estamos sabendo absolutamente nada da reforma e da fusão de ministérios. Nem a bancada do partido nem o líder no Senado foram consultados", afirmou o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE). Até agora, o único a tratar do tema, "entre outros assuntos", foi o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ). Ele conversou, na semana passada, com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu.

A ideia do governo é indicar ao Ministério um nome que agrade à bancada na Casa. "Só na especulação não nos cabe fazer nenhum comentário. Vamos aguardar informações mais precisas", disse Picciani.

O fato de Dilma ter escalado Kátia Abreu como interlocutora do partido no governo em detrimento de Temer, que é presidente da legenda, transformou-se em um dos focos de insatisfação no PMDB.

Dirigentes da sigla dizem que ela é "cristã nova" no PMDB - ingressou há menos de dois anos no partido - e não seria a pessoa adequada para fazer essa negociação. "Se tiver que falar com alguém, que a presidente fale com o Renan ou com o Temer, que é vice-presidente da República e sucessor natural da Dilma", disse um peemedebista.

Segundo ele, o discurso da ministra em defesa do governo está cada vez mais distante do entoado pelo partido.

O PMDB tem cinco ministérios: Kátia Abreu (Agricultura), Eduardo Braga (Minas e Energia), Henrique Eduardo Alves (Turismo), Helder Barbalho (Pesca), Edinho Araújo (Portos) e Eliseu Padilha (Aviação Civil). A expectativa é de que Aviação Civil e Portos sejam incorporados ao Ministério dos Transportes. Turismo deve ser fundido com outra pasta. (Colaborou Leonencio Nossa)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Diante das resistências para aprovar o pacote fiscal, a presidente Dilma Rousseff vai mexer no "núcleo duro" do governo e reforçar a articulação política com o Congresso. A estratégia prevê o fortalecimento da Secretaria-Geral da Presidência, que hoje cuida dos movimentos sociais, e a volta de Ricardo Berzoini, atual ministro das Comunicações, para fazer a "ponte" entre o Palácio do Planalto e o Congresso.

Interlocutores de Dilma disseram à reportagem que ela está sendo cada vez mais pressionada pelo PMDB e mesmo pelo PT a substituir Aloizio Mercadante (PT) na Casa Civil. Apesar de ser o homem de confiança de Dilma, Mercadante coleciona atritos no Senado e na Câmara.

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Em conversas reservadas, o nome que voltou a ser citado para a Casa Civil é o da ministra da Agricultura, Katia Abreu (PMDB). Dilma, porém, ainda não bateu o martelo sobre essa troca.

Preocupado com os desdobramentos da crise, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai desembarcar nesta quinta-feira, 17, em Brasília e, mais uma vez, aconselhará Dilma a convocar o titular da Defesa, Jaques Wagner (PT), para a Casa Civil.

Governadores

Na segunda-feira, governadores da base aliada que se reuniram com a presidente pediram mudanças urgentes na articulação política do governo com o Congresso. Alegaram que, diante do agravamento da crise política e econômica, Dilma não aprovará as medidas para reequilibrar as contas públicas se não mexer no coração do governo.

A maior cobrança partiu dos governadores Tião Viana (AC) e Wellington Dias (PI), ambos do PT. Mais tarde, pelo menos dois parlamentares do PT com expressão no Congresso chegaram a dizer a Dilma que, se ela não fizer alguma coisa, seu mandato corre sério risco.

A avaliação do Planalto é de que a mudança no núcleo do governo não é suficiente para aprovar remédios amargos, como uma nova versão da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) ou o congelamento do reajuste salarial do funcionalismo, mas pode ajudar nas negociações.

Trânsito

Berzoini já foi ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), no primeiro mandato de Dilma. Ex-presidente do PT, ex-deputado e com bom trânsito com o Congresso, ele trabalhará com o assessor especial da Presidência, Giles Azevedo.

O modelo da reforma administrativa ainda não está fechado, mas Dilma já anunciou que cortará dez dos 39 ministérios, com uma economia estimada em R$ 200 milhões. Uma das ideias é que a articulação política seja transferida para a Secretaria-Geral da Presidência, com Berzoini à frente da pasta. Hoje, a Secretaria-Geral é dirigida pelo ministro Miguel Rossetto.

A verba de publicidade sairá da Secretaria de Comunicação Social (Secom) e migrará para a Secretaria-Geral. Se Berzoini não for para a pasta, o ministro-chefe da Secom, Edinho Silva, pode ser deslocado para lá. Nesse xadrez, Dilma ainda avalia se a SRI será extinta ou se ficará sob o guarda-chuva da Secretaria-Geral.

Os ministérios de Previdência e Trabalho devem ser juntados. O plano é unir, ainda, as pastas de Agricultura e Pesca, além de Desenvolvimento Social com Desenvolvimento Agrário.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder do PT do Senado, Humberto Costa, afirmou que a presidente Dilma Rousseff (PT) vai anunciar a reforma administrativa até a próxima quarta-feira (23). Segundo ele, a petista confirmou o novo anúncio federal durante uma reunião com líderes da base governista no Senado que aconteceu nessa terça-feira (15). 

"Dilma falou bastante e ouviu com atenção todos os líderes. Na semana que vem, ela garantiu que vai fazer o anúncio de redução de Ministérios, cortes de DAS e outras medidas de enxugamento da máquina. Disse, também, que os ministros já estão instruídos a investir nessa conversa com os nossos servidores", informou o pernambucano. "O Governo está fazendo movimentos muito positivos e tenho certeza que colherá bons resultados", acrescentou, pontuando também que deixou claro durante a reunião a necessidade de a presidente investir do diálogo com o Congresso Nacional. 

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Segundo Humberto Costa, a reforma deve incluir o corte de até dez ministérios, a união de empresas e o corte de cargos comissionados da gestão federal. Tudo deverá ser anunciado até a próxima quarta, um dia antes da presidenta viajar a Nova Iorque, onde abrirá a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

No encontro, Humberto e os demais líderes no Senado expressaram ainda que a aprovação da CPMF no Congresso será muito complicada. "Quando o governo está bem, já é difícil aprovar uma medida dessas. Agora que o governo passa por dificuldades é ainda mais", disse Humberto. "Fizemos um balanço realista. Vai ser preciso todo um trabalho de convencimento para que isso possa passar", completou. As propostas apresentadas na última segunda-feira devem começar a chegar ao Congresso na próxima semana

Um dia após o anúncio do pacote do governo para tentar colocar as finanças públicas em ordem, a presidente Dilma Rousseff defendeu as medidas propostas, que preveem corte de gastos de R$ 26 bilhões, aumento de uma série de impostos e a volta da CPMF.

“O Brasil está passando por muitos problemas, é verdade. Mas o Brasil é mais forte que esses problemas”, disse a presidente, durante a cerimônia de entrega do 28º Prêmio Jovem Cientista. “Esse país é muito maior do que os pessimistas de plantão querem fazer crer. Quando estamos juntos, somos capazes de superar os desafios e dificuldades, de construir a trajetória para o país continuar a crescer”, disparou, em crítica clara à oposição.

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Dilma também explicou que a nova contribuição não será permanente e os recursos terão um fim específico. “A proposta que nós estamos enviando ao Congresso é uma CPPrev. Ela é destinada fundamentalmente para a Previdência e ela é provisória porque nós sabemos que há uma depressão cíclica na Previdência. Sempre é assim. A Previdência tem uma queda quando diminui a atividade econômica”, destacou.

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“A nossa proposta vai assim. Agora, como será feito no Congresso é outro processo de discussão”, acrescentou ela, que disse que o governo se empenhará para que as medidas sejam aprovadas no Congresso Nacional, assim como aconteceu com as matérias do ajuste fiscal. “Nós nos empenharemos bastante. Primeiro para aprovar essas medidas, porque elas são necessárias, não porque nós queremos tomá-las, mas porque nós passamos por um momento em que é fundamental que saiamos dessa situação de recessão fiscal o mais rápido possível, para poder voltar a crescer e gerar os empregos necessários para o país”.

A presidente disse ainda que a reforma administrativa será divulgada até a quarta-feira da próxima semana, dia 23. “Eu mesma apresentarei a reforma. Vou fazer junções de ministérios e também de grandes órgãos, porque há órgão que são maiores do que ministérios”, disse. “Também iremos reduzir os DAS e fazer uma série de medidas administrativas para enxugar a máquina e focá-la. Posso assegurar que será uma avaliação muito estrita em tudo o que o governo tem na área administrativa”, sustentou, sem querer adiantar algumas ações a serem feitas.

Em breve conversa com os jornalistas, Dilma criticou as ações da oposição, que lançou campanha pelo impeachment e pretende fazer o assunto avançar na Câmara dos Deputados. “O governo está atento a todas as tentativas de produzir uma espécie de estabilidade profunda no país. É o pessoal do quanto pior melhor. Esse pessoal... só eles ganham. A população e o resto dos setores produtivos perdem”, considerou.

A petista voltou a ressaltar que não cederá às pressões pelo impeachment ou renúncia. “O Brasil a duras penas conquistou uma democracia, eu sei o que eu estou dizendo. Nós não vamos, em momento algum, concordar ou faremos tudo para impedir que processos não democráticos cresçam e se fortaleçam”, salientou, em relação aos pedidos de impedimento protocolados no Congresso. O governo tem articulado uma possível rejeição caso um dos processos cheguem ao plenário da Câmara

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O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), anunciou na quinta-feira, 10, que a presidente Dilma Rousseff colocará em prática a partir desta sexta-feira, 11, uma reforma administrativa que tem por objetivo cortar gastos e dar mais eficiência à gestão. A medida atende às exigências do Congresso, comandado pelo PMDB, de somente negociar o aumento da carga tributária após o Planalto enxugar a máquina pública.

"Amanhã (sexta-feira) o governo começa a anunciar uma série de medidas de cunho administrativo, incluindo os ministérios, e, ao longo da semana que vem, completaríamos", disse Delcídio à reportagem. "Esse também é o entendimento do ministro Levy, todas as ações que o governo vai implementar para que efetivamente a gente saia desse cenário kafkaniano", afirmou o senador, que se reuniu ontem com o titular da Fazenda, Joaquim Levy.

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A reforma foi tratada na reunião de coordenação convocada de forma emergencial pela presidente um dia após a agência de classificação de risco Standard & Poor’s ter retirado o grau de investimento do Brasil. Dilma pediu unidade ao governo e determinou agilidade nos anúncios das medidas.

Delcídio não informou quais pastas entrarão na reforma nem quais cargos serão cortados, mas reconheceu que a iniciativa tenta contemplar a cúpula do PMDB no Congresso, que não aceita dividir com o Executivo o desgaste da defesa da elevação de impostos. "Primeiro, serão as medidas relativas à prestação de serviços, que vão desde terceirização, contratação de transporte, despesas básicas que pautam o dia a dia de todos os ministérios e também a reestruturação de ministérios. Aí, vêm as outras medidas na semana que vem, que são as medidas de fundo." Esse processo, afirmou, deve gerar mais desgaste com aliados. "Ela já tem um desenho. Claro que ela está discutindo porque essas mudanças têm reflexos políticos também."

Um ministro que participou da reunião disse que o governo precisa "tomar medidas de caráter emergencial" para uma "política de austeridade fiscal". Mas ressaltou que as decisões não serão anunciadas todas de uma vez, mas "a conta-gotas".

Nos últimos dias, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rejeitaram qualquer tipo de aumento de tributo. "Não cabe ao Congresso promover o debate sobre a criação de impostos. Isso tem de partir do Executivo", reiterou Renan ontem. O presidente do Senado disse ser fundamental cortar gastos e reduzir ministérios. "São medidas emblemáticas. O governo precisa mostrar que está cortando na própria carne." Para Renan, as hipóteses de criação ou reajuste de impostos só devem ocorrer por insuficiência no corte de gastos.

Líderes do PMDB no Congresso não aceitam discutir aumento de tributo sem uma sinalização de enxugamento da máquina. Mas, apesar das cobranças, setores da coalizão governista não querem perder cargos recém-conquistados.

CPMF

Mesmo criticado, o governo não desistiu de promover a volta da CPMF. O Palácio do Planalto sabe que terá uma grande batalha no Congresso. A volta do imposto do cheque só pode ocorrer por meio de emenda constitucional, o que requer votação nas duas Casas em dois turnos com, no mínimo, 305 votos na Câmara e 49 no Senado.

Entre as propostas mais avançadas para promover a reforma administrativa estão a aglutinação de repartições públicas e programas que estão espalhados em vários ministérios. É o caso, por exemplo, das agências de exportações (Apex) e desenvolvimento industrial (ABDI).

Como ambas são subordinadas ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e têm funções similares, podem ser fundidas, o que resultaria em corte de pessoal comissionado. A Apex promove produtos brasileiros no exterior e atrai investimentos estrangeiros e a ABDI auxilia na execução da política industrial no exterior.

No caso dos programas sociais, o alvo é o seguro-defeso, benefício pago a pescadores artesanais nos períodos em que é proibida a atividade pesqueira. Apelidado de "bolsa pesca", o benefício já foi investigado por causa de irregularidades. Segundo o governo, o cadastro do seguro-defeso é considerado completamente desorganizado e descontrolado. Uma completa reestrutura será feita nesse programa.

(Colaborou Erich Decat)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), disse nesta quinta-feira, 27, que todas as decisões da reforma ministerial que o governo pretende fazer cabem à presidente Dilma Rousseff, mas que ele tem certeza de que a reforma será "ampla". "Não posso falar sobre um tema, o detalhamento, porque quem vai fazer isso é a presidente Dilma da forma que ela achar conveniente", disse. "Mas estou convencido que será uma reforma ampla, importante para o País e um sinal para a sociedade que o governo está fazendo sua parte", disse nesta quinta-feira, 27.

Segundo Guimarães, não há ainda nenhuma definição sobre quais e quantos ministérios devem ser extintos. "Não tem nada definido. Há uma decisão de que vamos fazer uma reforma administrativa e cortar aquilo que é oneroso para financiamento da máquina pública", disse. "Temos que racionalizar, integrar e enxugar. Na hora certa, a presidente vai fazer e dizer o que vai fundir ou não", completou.

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O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, também comentou hoje os rumores de que a reforma ministerial seria menos abrangente e apenas uma mudança de status de algumas pastas. "Se for isso, é uma simulação de corte, não é o que a gente gostaria de ver. Por isso acho que tem que tramitar a minha PEC que prevê a redução para 20 ministérios", afirmou.

O Ministério do Planejamento informou nesta quarta-feira (26) em nota que, além dos 20 imóveis que serão alienados este ano, avaliados em R$ 94,8 milhões, o governo deverá leiloar outros 119 imóveis em 2016. Essa segunda fase incluirá ativos avaliados em R$ 522 milhões.

Segundo o Ministério, o programa de melhoria da gestão do patrimônio da União prevê ainda a alienação de 30 terrenos para uso residencial, comercial, industrial e para serviços, com valor estimado em R$ 649 milhões. Outros 530 imóveis funcionais administrados pelo Planejamento também irão a leilão futuramente, com estimativa de valor em R$ 598 milhões.

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Para substituir gastos com aluguel, o governo também planeja construir, em parceria com a iniciativa privada, seis novos prédios anexos à Esplanada dos Ministérios, a um custo de R$ 876 milhões. Também será construída uma segunda sede para a Receita Federal, com investimentos de R$ 495 milhões. Reformas no bloco O da Esplanada e do edifício da Siderbrás custarão ainda R$ 65 milhões e R$ 27 milhões, respectivamente.

De acordo com a nota, o ministério estima um custo total de R$ 1,260 bilhão com a construção de novos prédios em 12 anos, paralelamente a uma economia de R$ 1,363 bilhão com aluguéis no mesmo período. Ou seja, a economia final com as medidas será de R$ 103 milhões até 2027.

O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, afirmou nesta quarta-feira, 26, que o apoio do seu partido, o PDT, ao governo "independe de cargos" e, por isso, não muda com a diminuição de espaço para aliados com a reforma administrativa que pretende reduzir o número de ministérios em dez, como anunciou o governo na segunda-feira, 24.

"Fomos o primeiro partido a apoiar Dilma. Apoiamos o governo no campo popular. Nosso lado é dos trabalhadores", afirmou Dias, após assinar, no Rio, um convênio com a Fundação Getulio Vargas (FGV) para estudos sobre as políticas para imigrantes.

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Sobre a redução do número de ministérios, Dias afirmou que a decisão deve ser objeto de estudos, mas apoiou uma "reforma administrativa". Ainda assim, o ministro disse que o Brasil "dobrou de tamanho" e precisa de mais servidores.

Segundo Dias, o apoio ao governo é importante durante a crise política. "Não podemos abandonar o barco. Temos que fortalecer, a fim de que se cumpra o calendário eleitoral e daqui a três anos e meio nós tenhamos novas eleições", afirmou o ministro.

Dias também citou a crise política ao comentar os dados recentes que apontam o aumento do desemprego. "Temos que superar esse pessimismo, resultado de um discurso político que não se conforma com o resultado eleitoral", disse o ministro, apostando na recuperação da economia após os setores produtivos "se organizarem".

Sobre a crise política, Dias ainda comparou o momento atual com o fim do governo João Goulart, deposto em 1964 por um golpe militar. Na visão do ministro, o "cenário é o mesmo; mudam os personagens".

"Todos os países da América Latina que têm adotado políticas emancipatórias estão sofrendo um cerco muito grande de históricos setores conservadores. Getúlio (Vargas) foi morto por isso, Jango foi deposto por isso, e hoje essas forças continuam querendo criar dificuldades para o governo, especialmente agora em que o principal alvo dessa gente é a Petrobras", afirmou Dias.

A reforma administrativa planejada pela presidente Dilma Rousseff, com corte de dez dos 39 ministérios, deixou apreensivos aliados, que agora temem perder cargos, e fez ressurgir no governo a defesa de um novo modelo de articulação política. Uma das ideias prevê a incorporação da Secretaria de Relações Institucionais à Casa Civil, que, na configuração em estudo, seria ainda mais forte do que já é e voltaria a cuidar da liberação de cargos e emendas, além da gestão do governo.

Enquanto não há definição, deputados e senadores avaliam que a discussão sobre corte de ministérios e redução de aproximadamente 1 mil dos 22 mil cargos comissionados vai paralisar o governo, aumentar a disputa por espaços na máquina pública e piorar a crise política, num momento em que Dilma enfrenta ameaças de impeachment.

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A cúpula do PT passou agora a trabalhar com um novo cenário na articulação política para insistir na mudança do ministro da Defesa, Jaques Wagner, para a Casa Civil, no lugar de Aloizio Mercadante. O plano é antigo e já foi até defendido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reuniões com Dilma, sob o argumento de que Mercadante é inábil e já fez vários desafetos no Congresso.

Dilma nunca aceitou tirar Mercadante, alvo de fogo "amigo", do comando da Casa Civil, mas dirigentes do PT prometem conversar novamente com ela, caso a Secretaria de Relações Institucionais - hoje responsável pelo "varejo" da política - seja extinta ou abrigada naquela pasta.

'Articulação paralela'

Desde que o vice-presidente Michel Temer decidiu se afastar da interlocução com o Congresso, sob queixas de "articulação paralela" feita por Mercadante, além de embates com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, os problemas na articulação política ganharam os holofotes.

Braço direito de Temer, o titular da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), foi na mesma linha do vice e disse que ajudará o governo nas negociações com deputados e senadores apenas até setembro. Desde abril, Padilha tem dupla função: é titular da Aviação Civil, mas despacha no gabinete da Secretaria de Relações Institucionais, que é vinculada à Vice-Presidência.

Sobre sua mesa despontam planilhas com mapas de como cada parlamentar votou, nos últimos quatro meses. A papelada municia o Palácio do Planalto na hora da distribuição de cargos e indica que a base aliada está cada vez mais dividida. "Tem gente que vem aqui e fala que gostaria de espaço tal no governo. Mas aí a gente também tem que ver se ele votou com o governo ou não", disse Padilha. "Ninguém nos engana."

Na noite de segunda-feira, o assessor especial da Presidência, Giles Azevedo, reuniu-se com o presidente do PT, Rui Falcão, em Brasília. Giles tem conversado com deputados e senadores do PMDB, PT, PP e PC do B para orientar a estratégia governista na CPI que investiga denúncias de irregularidades no BNDES. É homem da confiança de Dilma, mas petistas dizem que não tem perfil para ser articulador do Planalto.

Munidos desse diagnóstico, Lula, ministros e dirigentes do PT voltaram a lembrar de Wagner para a tarefa. Ex-governador da Bahia, ele já foi titular da Secretaria de Relações Institucionais no primeiro mandato de Lula. Agora, até alguns de seus colegas de Esplanada sonham em remanejá-lo para uma Casa Civil mais "encorpada", com poderes de Relações Institucionais.

Nos bastidores, Wagner também é tratado como possível candidato do PT à eleição presidencial de 2018, caso Lula não queira concorrer à sucessão de Dilma.

Depois de Lula dizer que sentia falta de Wagner no Planalto, Mercadante teve uma conversa com ele, em São Paulo. Auxiliares disseram que o chefe da Casa Civil pediu apoio. Foi no governo Lula que a Casa Civil, então sob o comando de José Dirceu, acabou dividida. À época, a ideia era que Dirceu cuidasse da gestão e Aldo Rebelo (PC do B), da articulação política, mas os dois "bateram cabeça". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), elogiou nesta terça-feira (25) a decisão do governo da presidente Dilma Rousseff de anunciar um corte de ministérios e cargos comissionados. Ele ressalvou, entretanto, que a redução poderia ter sido feita antes, como a primeira medida da reforma do Estado.

"Eu acho que é uma boa iniciativa da presidente, isso poderia ter sido feito lá atrás. Eu fundamentalmente defendo corte de ministérios, cargos em comissão e a reforma do Estado para garantir mais eficiência da máquina pública", disse Renan, em entrevista na chegada ao Senado.

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O peemedebista destacou que, embora não tenha sido consultado pela presidente, sempre defendeu as medidas anunciadas ontem pelo governo, que devem ser implementadas até o final de setembro. Ele destacou que a reforma do Estado é um grande exemplo do que se pode fazer para o ajuste fiscal.

Questionado se a proposta poderia causar uma insegurança na base aliada, que deve perder ministérios, Renan disse que "sinceramente" não sabe o que o governo está pensando. Mas frisou que a medida é "coerente com o ajuste fiscal que o governo está pretendendo fazer".

O presidente do Senado disse que fará um esforço para votar tudo que está na Agenda Brasil, conjunto de iniciativas anticrise lançado por ele. "Vamos ouvir líderes, instalar a comissão que vai cuidar de todos os pontos desta agenda. É importante para o Brasil que a gente avance com relação a este objetivo", afirmou.

Temer - Renan fez elogios ao vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), um dia após a decisão dele de deixar o "varejo" da articulação política. Segundo o presidente do Senado, Temer tem uma "grande contribuição a dar ao País".

"Ele (Temer) tem o nosso apoio para permitir que cumpra o papel que lhe possa ser eventualmente cobrado. Ele tem o nosso apoio para que possa cumprir o seu melhor papel", disse Renan.

O presidente do Senado disse ter conversado na segunda-feira com Temer, que, segundo ele, se mostrou disposto a ajudar. "É importante que nós possamos, neste momento de dificuldades, inclusive na área política, apoiar as pessoas que querem fazer o bem", afirmou.

Segundo Renan, Temer não lhe relatou na conversa nenhuma insatisfação com o PT. Nos bastidores, esse é um dos motivos alegados pelo vice e por aliados para a saída dele da função.

Janot - O presidente do Senado disse, ainda, não acreditar em surpresas na votação secreta que pode reconduzir amanhã o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mesmo diante do fato de vários senadores - inclusive ele - serem investigados na Operação Lava Jato.

"Acredito que não (haverá surpresas). Acho que a maior demonstração que o Senado pode dar de isenção neste caso é fazer a apreciação da indicação com normalidade, com respeito. Uma coisa muito boa no Brasil, acho que as instituições estão funcionando", disse Renan.

Ontem, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que a cúpula do PMDB do Senado fechou um acordo para dar mais um mandato de dois anos para Rodrigo Janot.

O presidente da Casa reafirmou que a sabatina do procurador-geral está marcada para amanhã na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ele disse que, conforme calendário que já estabeleceu, vai levar a indicação ao plenário no mesmo dia.

Em entrevista nesta segunda-feira, 24, no Palácio do Planalto, aos jornais O Estado de S.Paulo, O Globo e Folha de S.Paulo, a presidente Dilma Rousseff negou qualquer possibilidade de afastamento do ministro da Fazenda Joaquim Levy. Questionada se havia fundamento nos rumores que movimentaram o mercado financeiro hoje, Dilma foi categórica: "Isso é mentira".

A presidente frisou que a reforma ministerial que está promovendo tem caráter estruturante e confirmou que "à primeira vista" pretende reduzir dez ministérios. "Vamos passar todos os ministérios a limpo", afirmou Dilma, adiantando que haverá também redução de secretarias em ministérios que não serão extintos.

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"Até setembro anunciaremos os ministérios que serão cortados", declarou a presidente, que aproveitou a conversa para reafirmar seu apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Minhas relações com Lula são as mais próximas. Quem tentar me afastar dele não conseguirá", disse, classificando como um "desserviço" os ataques ao ex-presidente. "Botar bomba no Instituto Lula; fazer aquele boneco (Lula vestido de presidiário na manifestação do dia 16) é um desserviço para o País."

Cargos comissionados

Dilma afirmou ainda que a reforma ministerial enxugará em torno de 5% o total de cargos comissionados (de livre nomeação e exoneração na gestão pública. "A reforma ministerial vai extinguir cerca de mil, dos cerca de 22,5 mil cargos comissionados", disse a presidente.

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