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Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 no País, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e os clubes planejam o retorno parcial dos torcedores aos estádios. Ele será "parcial" porque os clubes terão de respeitar as regras de distanciamento social nas arenas. Os estádios não poderão ficar lotados para evitar a possibilidade de contaminação pelo novo coronavírus.

Com isso, um consenso começa a surgir entre os clubes: os sócios-torcedores terão prioridade na compra dos ingressos no retorno do público. Os clubes apostam na retomada dos planos de fidelidade e na recuperação dessa parcela da torcida, que também foi afetada pela pandemia.

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"O sócio-torcedor do Flamengo sempre teve prioridade na compra de ingressos. Com a retomada controlada de público aos estádios, esta prioridade será ainda mais importante, na medida em que teremos uma limitação de ingressos disponíveis para venda. Muito provavelmente, neste início, o público presente será formado majoritariamente por sócios-torcedores", diz Gustavo Oliveira, vice-presidente de comunicação e marketing do Flamengo.

A posição do clube com maior torcida do País é a mesma de outras agremiações. "Assim que o retorno for concretizado, ao analisarmos as regras que serão impostas, nós iremos priorizar o acesso aos sócios-torcedores, que mesmo sem poder ir ao estádio permaneceram ao lado do clube durante esse período", assegurou o presidente do Fortaleza Marcelo Paz.

O Juventude pretende abrir a venda de ingressos para o público em geral apenas quando a capacidade de ocupação for superior a 50%. "Temos que reforçar nosso apoio aos sócios, principalmente pela ajuda que eles nos deram na pandemia. Eles se mantiveram adimplentes e apoiaram o clube em todos os momentos", afirma Fábio Pizzamiglio, vice-presidente de marketing.

Victor Grunberg, vice-presidente de administração do Internacional, afirma que o clube gaúcho vai apresentar um modelo de retomada parcial do público com valorização dos sócios-torcedores.

Os programas de sócios se tornaram uma renda significativa para os clubes nos últimos anos. De maneira geral, eles oferecem vantagens nas compras de ingressos para jogos. Por conta da pandemia, no entanto, o segmento também encolheu.

TESTES - A CBF prevê as primeiras experiências de retomada da torcida no segundo turno do Campeonato Brasileiro e nas quartas de finais da Copa do Brasil. Isso deve acontecer no final de agosto e início do mês de setembro. A entidade deve buscar o aval das autoridades estaduais para que as partidas sejam realizadas com público parcial. O governo estadual de Minas Gerais, por exemplo, já autorizou a reabertura nos municípios que estão na "fase verde" no combate à pandemia. Hoje, a região do Vale do Aço, onde se localiza Ipatinga, é a única que poderia receber torcida na arena sem restrições.

Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB), afirmou na quarta-feira que não vai antecipar a data para a volta do público aos estádios e que isso só deve ocorrer em 1º de novembro.

A Conmebol autorizou em julho o retorno do público aos estádios nos jogos das oitavas de final da Copa Libertadores e da Copa Sul-Americana. Isso depende, no entanto, da liberação das autoridades locais. A prefeitura do Rio de Janeiro liberou a presença de público na final da Copa América no início do mês de julho. O Maracanã recebeu cerca de 1.600 torcedores na vitória da Argentina sobre o Brasil. O cenário mudou em setembro. O poder municipal havia liberado a volta gradual aos estádios, mas voltou atrás em função do aumento de casos de covid-19 na cidade.

FALTA DE BILHETERIA - A ausência de bilheteria afetou de forma significativa o orçamento dos clubes brasileiros. O Fortaleza, dono da segunda maior média de público do Campeonato Brasileiro em 2019, foi uma das principais equipes afetadas pela falta de bilheteria. A receita bruta dos ingressos em 2019 foi de aproximadamente R$ 11 milhões, o que representa cerca de 10% da receita operacional. A saída, como conta o presidente Marcelo Paz, foi reduzir gastos. "A perda das receitas com bilheterias foi minimizada, mas é difícil compensá-la", avalia. De maneira geral, a participação da venda de ingressos no total de receitas dos clubes gira de 10% a 15%.

O Cuiabá, estreante na Série A, estima perdas de R$ 1 milhão por mês por conta da falta de público. A torcida planejava ver o clube na primeira divisão pela primeira vez. "Para o mato-grossense, não poder ir ao estádio neste momento é difícil. Ficamos 35 anos sem ter um time do estado na Série A. Era um sonho de todos", declarou Cristiano Dresch, vice-presidente do clube.

No Brasileirão de 2019, último com a presença de torcida, a receita bruta resultante da venda de ingressos dos clubes da Série A foi de aproximadamente R$ 270 milhões.

Sem a bilheteria, os clubes tiveram de diversificar as receitas. Fábio Pizzamiglio explica que o Juventude investiu em planos associativos diferenciados a partir de R$ 28 mensais, ingressos virtuais e até campanhas de doação via PIX, além da busca constante de novos patrocinadores. O clube está de volta à Série A depois de 13 anos.

Gustavo Oliveira revela que o Flamengo "conseguiu um incremento representativo nos valores dos patrocínios, maior monetização das redes sociais, venda de espaços na programação da FlaTV, (a terceira maior TV de clubes do mundo), a comercialização direta do PPV do Campeonato Carioca e, é claro, a venda de alguns jogadores de futebol do elenco".

Apesar da pandemia, o mercado publicitário continuou crescendo no último ano. Desde março do ano passado, mais de 120 novos acordos foram fechados por clubes da Série A. A interação das marcas com as torcidas ficou restrita ao meio digital.

"Durante a pandemia, as ativações no âmbito digital foram fortalecidas", explica Fernando Lamounier, diretor de marketing da Multimarcas Consórcios, patrocinadora do Atlético-MG, Paysandu e Sport. "Mas nada substitui o contato presencial e as experiências ao vivo aos torcedores. Todo o mercado publicitário, as empresas, as agências e os próprios clubes estão ansiosos e já se planejam para esse momento", completa.

O Palmeiras anunciou nesta sexta-feira que vai levar 11 sócios-torcedores para acompanhar a final da Copa Libertadores diante do Santos, dia 30, no estádio do Maracanã. Apesar da partida ser realizada com os portões fechados, cada clube pode levar 150 convidados e a diretoria pretende utilizar parte dessa cota para levar alguns dos contribuintes do Avanti, o programa oficial de sócio-torcedor do clube.

Os nomes dos 11 escolhidos serão anunciados nos próximos dias. O Palmeiras afirmou que vai selecionar de acordo com a assiduidade nos jogos do time, tempo de contribuição e manutenção da adimplência nos últimos meses, quando por causa da pandemia o número de contribuintes reduziu drasticamente. Os torcedores vão ganhar credenciais e serão um dos poucos autorizados a entrar no Maracanã.

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O clube afirmou que a escolha desses 11 nomes é uma maneira de retribuir o esforço de quem manteve os pagamentos das mensalidades mesmo durante a pandemia. "É um reconhecimento da Sociedade Esportiva Palmeiras àqueles que contribuíram para que a instituição honrasse com os diversos compromissos do departamento de futebol durante um dos momentos mais desafiadores da nossa história", anunciou o Palmeiras.

Fora os torcedores, a comitiva de convidados do Palmeiras deve ter dirigentes, familiares de atletas e conselheiros. O Santos também anunciou que vai levar alguns torcedores. A equipe da Vila Belmiro pretende selecionar 25 nomes. A final da Libertadores será disputada no dia 30, às 17h, em jogo único.

O Fortaleza conseguiu 937 novos sócios-torcedores ao realizar uma Live com Luís Roberto, narrador do Grupo Globo. As novas adesões renderam um valor recorde aos cofres do clube: a arrecadação de R$ 612 mil.

Durante a live, o clube anunciou que os torcedores poderiam aderir aos planos de sócios com desconto de 50%, incluindo todas as formas de pagamento. A transmissão da série "Vencedores" aconteceu na TV Leão, o canal oficial do clube no YouTube.

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"Já tínhamos feito outras ações para melhorias do sócio e essa promoção foi a que teve mais adesões. Sempre que lançamos uma promoção, fazemos um estudo, analisamos o momento, o perfil do torcedor, as motivações que ele teria para se adequar e aderir ao programa de sócio, e essa de 50% de desconto teve uma aceitação muito boa", disse o presidente Marcelo Paz.

"Sabemos que é um período em que as pessoas não costumam fazer esse tipo de investimento, mas entendemos que o torcedor tem uma confiança no clube, sabe da importância dessa ajuda, e que fazer o plano de sócio é algo que ele vai usar mais na frente", afirmou Marcelo.

O clube já havia realizado uma outra live e maio. Uma transmissão para celebrar os cinco anos do gol histórico na final do Campeonato Cearense de 2015. Com o alcance de 87 mil espectadores, a arrecadação foi de R$ 140 mil.

O presidente do Atlético Mineiro, Sérgio Sette Câmara, comunicou nesta quinta-feira (14) a prorrogação gratuita por 90 dias do Galo na Veia, o programa de sócio-torcedor, para todos aqueles que estiveram ativos e adimplentes. A medida também vale para atleticanos que se associarem durante o período de paralisação das competições em função do surto de coronavírus.

"Vamos oferecer uma ampliação gratuita do seu plano por mais três meses ao fim do contrato, para que você continue nos acompanhando quando tudo isso passar. Para quem se associar agora, haverá o mesmo direito - mais 90 dias de graça. Estamos fazendo isso para que você continue nos acompanhando e ajudando a manter o nosso Galo forte e vingador durante e depois que tudo isso passar. Conte a todos essa novidade. É importante par ao clube a chegada de novos sócios", afirmou Sette Câmara em trecho da mensagem enviada aos torcedores.

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A medida do Atlético-MG visa compensar o período sem jogos, tendo sido anunciada exatamente no dia em que se completaram dois meses sem partidas do time - em 14 de março, venceu o Villa Nova por 3 a 1, pelo Estadual, na estreia do técnico Jorge Sampaoli. Na semana desse duelo, o clube havia relançado o Galo na Veia, com preços mais populares, que variavam entre R$ 10 e R$ 30 mensais.

Com a paralisação, o Atlético-MG acertou a redução dos salários do seu elenco em 25%. No início desta semana, os atletas realizaram testes para detectar se estão com coronavírus. A medida é necessária para a retomada dos treinamentos, mas o clube não definiu quando eles poderão voltar a ocorrer.

O faturamento dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro com programas de sócios-torcedores cresceu 42% nos últimos cinco anos. O avanço foi conquistado com uma taxa média de crescimento anual de 9%. Esses números estão em um estudo da consultoria Feng Brasil, especializada em projetos de engajamento de fãs e gestão de programas de fidelidade, a partir dos balanços oficiais dos clubes de 2014 a 2018.

O estudo também aponta que o crescimento dos sócios-torcedores impulsiona a média de público do Brasileirão, que teve acréscimo de 13% no período, passando de 16.537 em 2014 para 18.821 em 2018. Em números absolutos, os clubes faturaram R$ 390 milhões só em 2018 com os programas de fidelidade. Nesta edição, o Flamengo, líder da média de público, costuma ter a maioria composta pelos sócios-torcedores (69%).

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Alguns clubes não disponibilizam a receita com sócios-torcedores dos programas em seus balanços oficiais. Por isso, a comparação entre 2014 e 2018 abrange os 16 clubes que publicam as informações (com exceção de Corinthians, CSA, Cruzeiro e Fortaleza).

André Monnerat, gerente de Negócios da Feng Brasil, afirma que os clubes estão procurando oferecer vantagens não só nos programas de sócio-torcedor, mas também na estrutura dos estádios e no processo de compra de ingresso. "Hoje é mais frequente um torcedor que se dispõe a gastar regularmente com o clube para estar no estádio", explica.

Atualmente, as receitas dos clubes são derivadas principalmente do comércio B2B (contratos com empresas para a venda dos direitos de transmissão, acordos de material esportivo e patrocínios). A seguir, estão os rendimentos B2C (venda direta ao consumidor final). Em 2018, os R$ 390 milhões que foram arrecadados com os sócios se aproximaram do total de bilheteria (R$ 417,5 milhões).

Monnerat opina que a receita gerada pelos programas de sócios tem vantagens sobre a venda de ingressos. Ele explica que se trata de uma receita recorrente, disponível todos os meses, mesmo quando os jogos param. "Em boa parte dos planos os sócios não só pagam mensalidades, mas também compram seus ingressos, com desconto. Fidelizados, eles aumentam sua frequência no estádio e contribuem para o crescimento da média de público. O crescimento de sócios acaba também tendo impacto positivo na bilheteria", conceitua.

O estudo aponta que os programas de sócios-torcedores ainda podem evoluir na comunicação e nos canais de divulgação, no investimento em mídia, na eficiência do fluxo de conversão online, na plataforma de meios de pagamento, no desenvolvimento de novos canais de venda e no acompanhamento dos indicadores.

EXEMPLO DE SUCESSO - Um dos exemplos de sucesso nos programas de fidelidade é o Avanti, do Palmeiras, que conta com cerca de 200 mil associados. Metade dos torcedores que vai ao estádio é sócia do programa. "Os programas de sócio torcedor devem ser o principal canal de contato e relacionamento para ouvir o torcedor", explica Reginaldo Diniz, cofundador e CEO da End-to-End, empresa de inteligência do programa Avanti e parceira do clube desde dezembro de 2017. "Independentemente da performance esportiva, o plano Avanti é rentável e estável", completa.

Diniz explica que os programas devem oferecer uma experiência ao sócio-torcedor. "Para os programas de sócio-torcedores que hoje ainda estão lastreados na venda de ingressos, o objetivo é focar na mudança de percepção e experiência de atendimento antes, durante e depois de cada jogo. Para isso, é necessário olhar com cuidado e foco o tripé pessoas, processos e tecnologia", explica.

Em termos práticos, Diniz explica que foram desenvolvidos projetos de autoatendimento digital, ampliação dos meios de pagamento (débito, crédito, paypal e dinheiro) e redução de perdas por fraude na compra de ingressos ou nos pagamentos das mensalidades, um dos principais problemas dos clubes. "O cadastro de sócio-torcedor é o principal ativo do clube e o mesmo deve ser gerido de forma clara, transparente, profissional e constantemente atualizada. Com dados corretos, cadastros atualizados e planos atraentes e diversificados, é possível aumentar a quantidade de sócios", opina.

O Corinthians pretende perdoar a dívida dos sócios-torcedores inadimplentes e assim aumentar o número de clientes do banco digital Meu Corinthians BMG. A ideia é do diretor de marketing do clube, Caio Campos, que recebeu a reportagem do Estado na última semana.

O número atual de torcedores endividados com o clube é de cerca de 111 mil, quase o dobro dos sócios que estão em dia com a anuidade, que é de 64.800. Mas para zerar esse débito os torcedores terão que abrir uma conta no banco que patrocina a camisa da equipe.

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O plano faz parte do projeto de integração entre correntistas e sócios-torcedores e fazer com que um só cartão possibilite a movimentação financeira e também a utilização como ingresso no estádio. O dirigente informou que em novembro, no máximo em dezembro, os sócios que abrirem contas digitais no BMG não estarão mais em dívida com o Corinthians.

"Queremos migrar a base inteira de sócios. Queremos que todos os sócios abram a conta. Não vai ser obrigatório, claro. Mas vai ter muitos benefícios. Vamos anistiar os inadimplentes que abrirem conta. Vamos zerar o passado de dívida e iniciar uma nova parceria", explicou Caio.

Segundo advogados especialistas em Direito do Consumidor consultados pelo Estado, a prática é legal desde que fique claro para o sócio o custo que terá pela aquisição de conta.

Nem o clube e nem o BMG revelam o número atual de correntistas. A meta em janeiro era ambiciosa. O presidente Andrés Sanchez disse na ocasião que pretendia ter 200 mil contas abertas. E prometeu uma surpresa quando atingisse essa marca. Caio admite que o início não foi "o 'boom' esperado", mas acredita que essa nova ação deve impulsionar os números. "Queremos que pelo menos metade dos inadimplentes migrem", disse.

O Meu Corinthians BMG funciona como qualquer banco digital. O cliente tem a conta para movimentar e pode ter cartões de débito e crédito. Não há anuidade. A diferença para os demais bancos é que nos próximos meses o cartão oferecerá descontos nos ingressos para os jogos na arena em Itaquera e também nas lojas oficiais do clube. "Vamos oferecer uma série de benefícios que ainda estão sendo definidos", informou.

O Corinthians recebeu R$ 30 milhões do BMG no começo do ano. O valor corresponde a dois anos de patrocínio máster e mais R$ 6 milhões em adiantamento referente a eventuais lucros que a parceria poderá trazer. O contrato tem duração de cinco anos, com possibilidade de renovação por mais cinco.

ARENA - Caio conversa regularmente com o presidente Andrés Sanchez sobre os naming rights do estádio. Os dois evitam dar qualquer informação sobre essa "eterna" busca. "A gente não para de trabalhar para tentar. Não paramos de pensar, mas não quero falar nada para não dar falsa esperança. Qualquer coisa que se comenta em relação a isso gera estresse", comentou.

Ainda em relação ao estádio, Caio informou que o câmpus de uma universidade será instalado no 10º andar, no lado oposto ao da academia do lutador Anderson Silva, que funciona desde 2018. "Não vou revelar o nome, porque o contrato não foi assinado. Mas está tudo certo. As obras começam em agosto. As aulas, em 2019."

Além disso, um novo restaurante será inaugurado em breve e o clube já conta com cinco camarotes na arena. Com suas parcerias, o Corinthians recebe um aluguel mensal e tem direito a uma porcentagem do lucro. Muitos projetos nasceram para funcionar fora dos dias de jogos, como o parque de camas elásticas no 4º andar. "Já está pronto. Fizemos a quadra, estamos terminando uma pista de cooper em volta da arena e agora esse parque. O arena começa a ter vida também fora dos dias de jogos."

A poucos dias do clássico entre Palmeiras e Corinthians, pelo Campeonato Paulista, o clube alviverde levou a melhor sobre o rival na disputa particular no ranking de sócios-torcedores. Na última listagem divulgada, o atual campeão brasileiro tomou a liderança do adversário, ao se tornar o líder no quesito entre as equipes do futebol brasileiro, com 126.355 torcedores.

O Corinthians perdeu 52,4 mil participantes no programa neste ano e caiu da primeira para a quinta colocação, com 81,1 mil torcedores. O clube era líder do ranking desde dezembro de 2015, quando chegou a ter a adesão de 132 mil pessoas logo após a conquista do Campeonato Brasileiro. Mas a queda veio e logo na frente dele está o São Paulo, com 112,3 mil. O segundo lugar é o Grêmio (114,7 mil), seguido pelo Inter (112,7 mil).

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Desde a criação do Movimento Por um Futebol Melhor, em 2013, o Palmeiras teve crescimento rápido, ao ser dono do recorde de adesões mais rápidas em um mesmo mês, com 23,8 mil em janeiro de 2015. No mesmo ano, a equipe ganhou 62,4 mil novos torcedores no programa. Apesar da conquista do título brasileiro no fim do ano passado, os últimos meses foram de estagnação, com a perda de 373 integrantes.

A tragédia com a delegação da Chapecoense fez com que o número de sócios-torcedores do clube mais do que duplicasse em pouco mais de 24 horas após a tragédia ocorrida em Medellín, na Colômbia, local onde caiu o avião que levava a delegação para a partida contra o Atlético Nacional, na madrugada de terça-feira (29), pela final da Copa Sul-Americana.

Até semana passada, a Chapecoense tinha pouco mais de cinco mil sócios-torcedores. Entretanto, nas últimas horas, foram mais de sete mil novos pedidos de torcedores querendo aderir ao programa. Os números ainda não foram atualizados pelo site Futebol Melhor, referência nestes dados, porque os pedidos ainda precisam ser confirmados pelos torcedores.

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"Estamos tendo problemas de navegação no site, tamanha demanda, e está acontecendo tudo tão rápido, que ainda não paramos para ver melhor o que está acontecendo. Mas estamos tendo um crescimento espetacular", contou Andrei Copetti, que era diretor de marketing até o começo do ano no clube, mas saiu após divergências com patrocinadores. Após a tragédia, foi convidado por Ivan Tozzo a retornar ao cargo.

Andrei, que era muito amigo do presidente do clube, Sandro Pallaoro, acredita que o número de sócios é uma demonstração do carinho das pessoas pelo time de Santa Catarina. "Tivemos um crescimento absurdo nas redes sociais, navegação no site, Facebook, etc, e tudo isso mostra o quanto o fato chocou o mundo, mas também como somos queridos. Isso é emocionante", disse, emocionado.

É a torcida quem agiganta um clube de futebol. As bandeiras, os gritos, o apoio do primeiro ao último jogo do campeonato. Os campeões são esculpidos pelas arquibancadas. E, claro, o faturamento. Por isso, as arquibancadas devem ser ocupadas principalmente por associados. Mais que fãs, clientes e consumidores. Os dois últimos vencedores do Brasileirão têm dentre as semelhanças um destaque: um programa forte de sócio-torcedor. A mesma característica têm Bayern de Munique-ALE, Barcelona-ESP e Chelsea-ING. Essa relação de títulos e massificação é recíproca. A matemática é simples: quanto melhores os desempenhos, mais sócios, quanto mais sócios, mais estabilidade.

Dentre os 25 clubes com maior número de sócios no mundo, 12 são brasileiros: Corinthians, Palmeiras, Internacional, Grêmio, São Paulo, Cruzeiro, Santos, Flamengo, Atlético-MG, Sport, Fluminense e Bahia. Desses, apenas os baianos não estão na elite da liga nacional e somente as equipes cariocas não estiveram na sequência dos melhores colocados da Série A 2015.  Ou seja, o bom desempenho dentro das quatro linhas é crucial para o crescimento fora.

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O clube do Nordeste com maior número de sócios-torcedores é o Sport, com mais de 42 mil. O Leão foi o único representante da região na Série A 2015 e quase se classificou à Libertadores da América. Terminou a temporada na sexta colocação. Vice-presidente de Marketing do Rubro-Negro, Melina Amorim declarou: “Acreditamos que o bom desempenho do time e a campanha lançada ano passado foram os principais motivadores para esse salto no número de sócios. Nosso planejamento prevê a valorização e a ampliação dos benefícios”.

O Sport vem investindo esforços na informatização dos serviços de atendimento aos sócios-torcedores. O clube divide o serviço em quatro planos: Torcedor, Contribuinte Preto, Contribuinte Vermelho e Contribuinte Ouro. A mensalidade do mais básico (primeiro) custa R$ 28,50 e oferece meia-entrada em alguns setores da Ilha do Retiro, prioridade em compra antecipada, participação em sorteios exclusivos e no Programa Por um Futebol Melhor. Entretanto, não libera entrada para todas as dependências do estádio como área social, das piscinas.

Líder no número de associados no Brasil, o Corinthians tem mais de 132 mil torcedores. O clube é o atual campeão brasileiro. Fora de campo, oferece o plano mais barato do cenário nacional, chamado de Minha Paixão, com valor de R$ 9 por mês (R$ 108 ao ano). Dentre os serviços, em relação ao Sport, as diferenças são: nenhum desconto em bilhetes, prioridade máxima na compra de ingressos para jogos a mais de 120 km da Arena e acesso anual do titular (sem o dependente) ao Memorial no Parque São Jorge.

O Corinthians consegue unir quatro fatores: bons desempenhos nas competições disputadas, torcida de massa, competitividade na compra de ingressos e baixo custo. Especialista em Marketing Esportivo, Marcio Flores acredita que a melhor maneira de seduzir o sócio-torcedor é direcionando os serviços para o público-alvo. Pela grande quantidade de corintianos e o número insuficiente de lugares na Arena Corinthians (49.205), se associar torna-se quase um pré-requisito para assistir aos jogos do clube. Simultaneamente, os torcedores se reaproximam do Timão. A média de público em 2016 é de 32.528, mesmo no apertado calendário brasileiro. A média de renda por partida neste ano é de R$ 1.826.493; o total arrecadado já soma R$ 14,6 milhões.

O clube com maior número de sócios no mundo é o alemão Bayern de Munique. De acordo com a última atualização, são 258 mil. O motivo da absurda quantidade segue os mesmos conceitos utilizados pelo Corinthians, mas tem seu diferencial (é o padrão seguido pela maioria dos times europeus): os planos não são diferenciados de acordo com benefícios, mas sim com a idade dos interessados (veja no quadro abaixo a divisão). O valor apresentado é em relação à anuidade do plano, além de que a conversão para a moeda brasileira é apenas uma referência, já que o salário mínimo na Alemanha é €$1.473, cerca de R$ 6 mil, seis vezes maior que o brasileiro. Os serviços propostos pelo clube bávaro são até mais modestos do que alguns times do Brasil. Entretanto, são executados de forma excelente. Inclusive, anualmente é realizado o Jahreshauptversammlung, uma assembleia com todos os associados para apresentar faturamentos, despesas e direcionamento para onde pretende investir.

Estabilidade financeira e iniciativas

Os programas de sócios-torcedores estão entre os principais responsáveis pela estabilidade financeira dos clubes atualmente. Apenas em 2015, de acordo com o Movimento Por um Futebol Melhor (MPFM), ocorreram 300 mil adesões e foram movimentados R$ 400 milhões. No início de 2013, quando a ação iniciou, o valor arrecadado somava R$57 milhões. Um dos clubes participantes que mais aumentou a quantidade de associados no período foi o Cruzeiro.

Em 2011, a Raposa se livrou do rebaixamento à Série B por apenas dois pontos. Em 2013, quando iniciou o MPFM, o clube fez grandes investimentos e chegou a se reforçar com o meia-atacante Júlio Baptista, que estava no Málaga e havia marcado 14 gols em 33 jogos. O jogador chegou ao Mineirão em um carro-forte e foi apresentado pela diretoria como resultado do programa Sócio do Futebol. Foram 40 contratações para a temporada, incluindo: o zagueiro Dedé (R$ 14 milhões), o atacante Willian (R$ 10,5 milhões), o zagueiro Manoel (R$ 7,5 milhões) e o atacante Dagoberto (R$ 7 milhões). No final do ano, a equipe comandada por Marcelo Oliveira chegou ao título, bem como na temporada seguinte. A arrecadação anual da Raposa com sócio-torcedor em 2015 ultrapassou a cifra de R$80 milhões.

O especialista Marcio Flores ainda explica, porém, que o atual momento das campanhas de associados são incógnitas por serem embrionárias. “A crise obrigou os caras a pensarem em novos projetos, como o sócio-torcedor. Ainda é muito embrionário. Acho que está crescendo essa história. O sócio-torcedor consegue dar um faturamento muito grande aos clubes. Mas existe a possibilidade de daqui a um ano ser um fracasso”, analisa.

O motivo alertado é simples. Existem vários casos em que os clubes não conseguem realizar as ofertas com excelência. Apesar da relação entre torcedor e time ser passional, o serviço de clube para sócio é completamente comercial, assim como as reclamações e insatisfações. Com os problemas na execução de planos, as adesões logo se transformam em reprovações e podem acarretar um afastamento massivo da torcida ao clube independente do desempenho da equipe de futebol nos torneios.

O Santa Cruz é dono do quarto estádio com maior capacidade do Brasil: o Arruda. O José do Rego Maciel tem espaço para 64.044 pessoas. O novo programa de sócio-torcedor do clube pretende direcionar planos com acesso livre para setores específicos do estádio. Atualmente, apenas a Paixão Tricolor (R$ 27 mensais) possui o benefício. "O intuito é de resgatar esse torcedor que às vezes não pode pagar esse ingresso mais caro. Mas também aqueles que têm a mística de, ‘quero ser sócio, mas só assisto jogos na arquibancada", disse o diretor de Marketing tricolor, Jorge Arranja.

Ferramenta interessante do Tricolor do Arruda é a GeoSanta, que mostra onde estão distribuídos os associados corais. Não apenas por países, mas cidades e até os bairros onde vivem. “A nossa intenção é ocupar todos os bairros do Recife, todas as cidades de Pernambuco e, enfim, todos os estados do País. Ali, estamos mostrando todos os sócios adimplentes. Assim que o sócio adere, ele é plotado no mapa”, falou Dênis Victor Oliveira, sócio-diretor da BPGP Marketing Esportivo.

Já o Internacional tem uma estratégia diferenciada para agrupar os torcedores. O Colorado incentiva a criação de ‘Embaixadas’, que são representantes de diferentes localidades e têm um canal de comunicação direto com a diretoria social. Dentre os requisitos, o embaixador precisa reunir ao menos dez associados em dia (nos últimos seis meses) e ser reconhecidamente no bairro ou cidade como indentificado com o Inter.

Marcio Flores ainda disse que a captação de patrocinadores tem se tornado uma difícil barreira para muitas equipes brasileiras. Antes era possível acertar o pagamento de determinado valor apenas com uma empresa. Atualmente, é necessário diversificar desde o patrocinador máster à omoplata e até banners no estádio até fechar em um nível aproximado. Neste cenário, os planos de sócio-torcedor se tornaram uma das principais fontes de renda dos grandes clubes, na maioria dos casos perdendo apenas para a verba recebida pela concessão dos direitos de imagem. Além de reaproximar o torcedor do clube. No fim, quem sai ganhando é a qualidade do futebol brasileiro.

Após ganhar 6.592 novos sócios-torcedores durante o mês de agosto, o Corinthians atingiu nesta terça-feira (1º), data do 105º aniversário do clube, a marca de 115.429 associados do programa Fiel Torcedor. O time alvinegro permanece na terceira colocação do ranking nacional, atrás de Palmeiras e Internacional, mas diminuiu a distância para o segundo lugar.

O Palmeiras possui 129.493 sócios-torcedores e registrou durante o mês de agosto queda de 90 associados. O líder é o Internacional, com 146.861.

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O Corinthians tem como meta possuir o maior programa de sócio-torcedor do mundo. O clube espera superar o Benfica, de Portugal, que conta atualmente com 270 mil sócios-torcedores.

Em abril, o time paulista lançou novos pacotes para atrair consumidores de alto poder aquisitivo e também de baixa renda. Foi criada, por exemplo, uma categoria com mensalidade a partir de R$ 9. O clube também passou a investir pesado em marketing e o técnico Tite virou garoto-propaganda de comerciais exibidos nos intervalos da novela das 21h da TV Globo.

A estratégia vem dando certo e este ano o Corinthians ganhou até agora quase 49 mil novos associados. Todo dinheiro das mensalidades vai para o clube. Já a arrecadação com a venda de ingressos através do Fiel Torcedor é destinada para o fundo que administra o Itaquerão e é responsável por pagar os financiamentos feitos durante as obras. O estádio custou R$ 1,1 bilhão.

O São Paulo lançou nesta terça-feira (14) o novo programa de sócio-torcedor do clube e apresentou metas ambiciosas. A diretoria quer dobrar o número de participantes até o fim do ano, quando o objetivo é chegar até 110 mil, além de atingir um faturamento bruto de até R$ 40 milhões por ano com o projeto, que foi reformulado e possui oito opções de planos entre R$ 12 e R$ 489.

Pioneiro na fidelização dos torcedores, ao lançar o projeto em 1999, o São Paulo admitia ter sido ultrapassado por rivais. "O programa de sócio-torcedor do São Paulo deixava a desejar, reconheço que precisava mais do que uma reciclagem, mas partir do zero para recriar o projeto", explicou o presidente do clube, Carlos Miguel Aidar. Para preparar o lançamento, o departamento de marketing estudou os pontos positivos dos projetos de equipes como Corinthians, Palmeiras e Inter até formular a proposta final.

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O lançamento foi em evento no CT da Barra Funda com a presença dos ex-jogadores Cafu, Careca, Zetti, Pintado, fora os atuais integrantes do elenco Rogério Ceni e Luis Fabiano. Todos ganharam o plano mais caro, de R$ 489, que prevê como comodidade um bufê para jogos da equipe no Morumbi e a possibilidade de pagar apenas R$ 1 pelos ingressos.

O clube tem atualmente 55 mil sócios e ocupava a oitava posição no ranking nacional. "O programa de sócio-torcedor é mais importante do que o patrocínio master, porque a gente não depende de ninguém, só do torcedor. Estamos entre as três maiores torcidas do País e não podemos ficar abaixo disso no ranking do sócio-torcedor", comentou o vice-presidente de comunicações e marketing, Douglas Schwartzmann, um dos responsáveis pelo novo projeto.

A diretoria preparou um plano específico para torcedores que moram em outros estados e diz contar com aproximadamente R$ 18 milhões de são-paulinos pelo País. Foram criados cinco novas opções de planos, que se somam às três existentes anteriormente. Todas oferecem um clube de vantagens, com descontos válidos em lojas online conveniadas, como restaurantes e serviços de lazer.

O valor dessas compras na rede cadastrada será convertido em Moedas Tricolores, que poderão ser trocadas por milhas aéreas, ingressos de cinema, crédito em combustível, experiências para o sócio ou ainda pagar contas no estádio. O clube vai dar prioridade aos sócios que mais frequentam o Morumbi. A cada dois jogos consecutivos, o torcedor recebe uma estrela e quando deixa de ir a algum jogo, perde um estrela. Quem tiver a pontuação, máxima por exemplo, poderá comprar as entradas com 84 horas de antecedência em comparação ao torcedor comum.

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