Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco descobriram que a variante Gamma é predominante em 23 municípios do estado, segundo divulgou a assessoria de comunicação da instituição, nesta sexta (23). O fato foi constatado ao fim de mais uma fase do projeto de sequenciamento genômico do novo coronavírus “Diversidade genômica de cepas de Sars-CoV-2 circulantes no estado de Pernambuco”.
Financiada com recursos do Ministério Público do Trabalho de Pernambuco (MPT-PE), a pesquisa tem o intuito de auxiliar os órgãos de saúde estaduais no mapeamento das variantes de Sars-CoV-2. O projeto envolve 30 pesquisadores, dentre estudantes de graduação e de pós-graduação, bem como professores e técnicos, todos ligados ao Núcleo de Pesquisa em Inovação Terapêutica Suely Galdino (Nupit SG) e ao Laboratório de Bioinformática e Biologia Evolutiva (Labbe) do Departamento de Genética do Centro de Biociências (CB) da UFPE.
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Nesta última etapa, os cientistas analisaram as sequências genômicas completas de 63 amostras clínicas oriundas de 23 municípios das regiões de Araripina, Arcoverde, Belo Jardim/Pesqueira, Caruaru, Garanhuns, Limoeiro, Recife, Serra Talhada e Surubim. Foi observado o amplo predomínio (90,5%) da variante Gamma nos municípios da amostragem. Também conhecida como P.1, a variante Gamma foi inicialmente identificada em Manaus (AM), sendo considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das principais variantes de preocupação (VOC) em circulação no mundo.
A pesquisa também constatou a presença das linhagens P.1.1 (6,3%) e P.1.2 (3,2%), duas mutações da variante que mostram sua grande capacidade de diferenciação genética ao longo do tempo. Vale ressaltar que, entre as amostras investigadas, estão as de quatro profissionais de saúde que já tinham completado o esquema vacinal, com as duas doses recomendadas. Os trabalhadores apresentaram quadro clínico leve, “mas a constatação da infecção pela variante Gamma, de acordo com os pesquisadores, deve servir como reforço para o apelo das autoridades sanitárias quanto à manutenção das medidas preventivas (distanciamento social, uso de máscara e higienização das mãos) mesmo pelas pessoas que já foram completamente vacinadas contra a covid-19”, ressalta a nota oficial da UFPE.
O estudo não detectou ainda a circulação da variante delta (ou B1.617.2), originalmente identificada na Índia e associada ao repique da pandemia em diversos países. De acordo com os pesquisadores, a ausência da mutação pode ser explicada pelo fato de as amostras terem sido obtidas nas primeiras semanas do mês de junho, enquanto a transmissão comunitária da variante só foi confirmada nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro recentemente.