Dior, Yves Saint Laurent e Balenciaga: três grandes maisons de moda parisienses vão começar 2013 com um novo estilista no comando. Que melhor maneira de aguçar o apetite dos fashionistas e manter as vendas?
"Chega um ponto em que a marca precisa se renovar", diz Serge Carreira, especialista da indústria do luxo e professor universitário de Ciências Políticas.
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A mudança pode acontecer involuntariamente, como no caso de John Galliano, demitido da Dior após ser acusado de racismo em fevereiro de 2011 e substituído na primavera pelo belga minimalista Raf Simons.
Ou pode acontecer deliberadamente, como em Yves Saint Laurent e Balenciaga, onde Hedi Slimane e Alexander Wang foram nomeados para substituir os estilistas Stefano Pilato e Nicolas Ghesquiere respectivamente.
"Trazer um novo estilista se transformou na nova maneira das marcas aguçarem o apetite dos consumidores", diz o consultor de luxo Jean-Jacques Picart.
Para a indústria da moda, todas essas mudanças em apenas um ano mostram o fim de um ciclo e o começo de um novo, como no início dos anos 2000 com a chegada de Hedi Slimane à Dior Homme, e Tom Ford à Saint Laurent, diz Picart.
Nicholas Ghesquiere passou 15 anos na Balenciaga, assim como fez John Galliano na Dior, enquanto Pilati ficou na YSL por 12 anos no total, começando com Ford, diz Pamela Golbin, curadora do Museu de Artes Decorativas de Paris.
Foi tempo suficiente para a indústria mudar, assim como o cargo de estilista.
"O número de coleções aumentou de quatro para oito, 12 ou mais se você incluir coleções-cápsula", acrescentou.
As marcas cada vez mais procuram por estilistas que atuem como seus relações públicas, abrindo lojas e frequentando bailes de gala.
Golbin demonstra as mudanças na indústria da moda com uma frase da estilista francesa Madeleine Vionnet:
"'Artistas estão aí para nos fazer sonhar, couturiers (estilistas) têm que vender roupas ou deixar do negócio.'"
"Hoje não é mais suficiente saber fazer um vestido", diz Carreira. "Ter uma forte identidade e um produto distinto são as chaves para o sucesso."
Em uma época em que as marcas de luxo estão lutando para manter o crescimento, elas precisam encontrar um equilíbrio entre criatividade e negócios.
"E a história nos mostra que vale a pena ser ousado", diz Carreira. "Se você pedir a talentos criativos para produzir produtos padronizados, não há como isso dar certo."
Os consumidores também mudaram nos últimos 15 anos.
A indústria está abordando clientes longes do padrão dos anos 1990. Hoje os clientes vão e voltam em busca de grandes e pequenas marcas e ofertas mais caras e baratas.
A primavera na Europa vai trazer o tão esperado primeiro desfile "real" de Hedi Slimane para Yves Saint Laurent, depois da coleção primavera-verão apresentada em outubro pelo cultuado estilista em homenagem ao fundador da maison.
Raf Simons, novo estilista da Dior, já deixou sua marca em Paris com duas coleções, uma de Alta-Costura e outra de prêt-à-porter, em que reviu a silhueta de cintura fina da marca com uma linha clean e um toque contemporâneo.
Alexander Wang, o queridinho da cena nova-iorquina, vai dar seus primeiros passos na Balenciaga com um desfile outono-inverno de prêt-à-porter na próxima primavera europeia.
Aos 28 anos, Wang já é um homem de negócios experiente, à frente de sua marca própria que está se expandindo para Ásia, onde este estilista de origem taiwanesa-americana tem raízes familiares.
Sua chegada à Balenciaga pode ou não anunciar uma estratégia de mercado mais agressiva, mas seja qual for a direção tomada pela marca, para Picart, a nomeação de Wang "sela a chegada de uma nova geração" de estilistas nos altos cargos da moda, na capital mundial do estilo.