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Pensava-se que o gigante estava dormindo, mas acabou sendo mais guloso do que se esperava: Sagitário A*, o buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea, registrou recentemente uma poderosa explosão de atividade após devorar objetos cósmicos ao seu alcance.

O evento aconteceu há 200 anos e o satélite espacial IXPE da Nasa detectou recentemente um eco da explosão, de acordo com um estudo publicado na revista Nature.

Sagitário A* (Sgr A*), que deve o nome a sua detecção na constelação de Sagitário, fica a 27.000 anos-luz da Terra, no coração de nossa galáxia. Foi observado pela primeira vez na década de 1990 por astrofísicos e sua presença foi confirmada em imagens há um ano.

Com uma massa de cerca de quatro milhões de sóis e 13 bilhões de anos, "sempre foi considerado um buraco negro inativo", disse à AFP Frederic Marin, do Observatório Astronômico de Estrasburgo, que liderou o trabalho.

Sgr A* está em estado de quiescência, como a maioria dos buracos negros nos centros galácticos que engoliram toda a matéria em seu raio de atração.

"Imagine um urso que entra em hibernação depois de devorar tudo ao seu redor", disse Marin, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS).

Mas sua equipe descobriu que no final do século XIX (período estabelecido pelo cálculo da distância), o monstro acordava de seu torpor e engolia o gás e a poeira que passavam perto dele, por vários meses ou um ano, antes de voltar a dormir.

Durante este período, Sgr A* era "pelo menos um milhão de vezes mais brilhante do que é hoje", observou Marin. Isso equivale ao poder de buracos negros supermassivos extremamente ativos que dão origem a quasares, como seu irmão M87* na galáxia Messier 87, a 55 milhões de anos-luz.

O momento mais intenso de Sgr A* foi revelado pela radiação incomum das nuvens moleculares em seus arredores: gigantes feitos de gás e poeira gelada, "frios por definição" e que "não deveriam emitir tanta luz em raios-X", invisíveis ao olho humano, segundo o pesquisador.

- Canto do cisne -

"A intensidade da emissão de raios-X entre o sono e o despertar (do buraco negro) pode ser comparada à de um vaga-lume à espreita em uma floresta, que de repente se torna tão luminoso quanto o sol”, acrescentou o CNRS em um comunicado.

Após um milhão de segundos de observações, o satélite IXPE (Imaging X-ray Polarimetry Explorer) conseguiu detectar a polarização dessa luz de raios-X, ou seja, que seus campos elétrico e magnético vibravam em uma direção precisa.

Como uma "bússola estelar", a polarização apontava na direção de Sgr A*, sugerindo que era a fonte da radiação refletida pelas nuvens moleculares.

Assim, o buraco negro "emitiu um eco da sua atividade passada, que conseguimos observar pela primeira vez", disse o cientista, representante francês responsável pela missão IXPE.

A densidade de um buraco negro é tão grande que nada pode escapar, nem mesmo a luz. Mas antes que a matéria cruze o limite final (chamado horizonte de acontecimentos) e seja engolida para sempre, ela forma redemoinhos, se aquece e emite luz.

"É como o canto do cisne" transmitido indiretamente pelas nuvens moleculares ao redor de Sgr A*. Resta saber o que causa esse retorno: uma nuvem que se afastou antes de cair no buraco negro? Uma estrela que se aventurou muito perto?

Observações adicionais, previstas para setembro com o IXPE, devem ajudar a entender melhor o ciclo de atividade do Sgr A* e talvez levantar uma ponta do véu que cobre a origem dos buracos negros supermassivos, que ainda são um enigma da astronomia.

Os astrônomos observaram o aparecimento fugaz de uma bolha de gás circulando, a velocidades "incríveis", o buraco negro no centro de nossa galáxia - de acordo com um estudo científico publicado nesta quinta-feira (22).

A detecção desta bolha, cujo tempo de vida não ultrapassou algumas horas, pode fornecer informações sobre o comportamento dos buracos negros. Esses objetos astronômicos são ainda mais misteriosos, porque são literalmente invisíveis. E sua força gravitacional é tal que nem mesmo a luz pode escapar.

Sagittarius A*, o buraco negro supermassivo no coração da Via Láctea, está a pelo menos 27.000 anos-luz da Terra. Foi detectado graças ao movimento das estrelas em sua órbita.

A colaboração EHT, uma rede mundial de radiotelescópios, publicou em maio passado a primeira imagem do anel de material que envolve o buraco negro antes de ser absorvido por ele.

O ALMA, um desses radiotelescópios localizado no Chile, captou um sinal "muito surpreendente" nos dados de observação de Sagittarius A*, disse à AFP o astrofísico Maciek Wielgus, do Instituto Alemão Max Planck de Radioastronomia.

Poucos minutos antes de ALMA coletar esses dados, o telescópio espacial Chandra detectou "uma enorme emissão" de raios X de Sagittarius A*, relatou.

Essa explosão de energia, que se acredita ser semelhante às tempestades solares do Sol, enviou uma bolha de gás voando ao redor do buraco negro a toda velocidade, descreve o estudo publicado na revista Astronomy and Astrophysics.

O fenômeno observado por cerca de uma hora e meia permitiu calcular que a bolha de gás fez uma órbita completa do buraco negro em apenas 70 minutos, ou seja, a uma velocidade equivalente a 30% à da luz, que vai para 300.000 quilômetros por segundo.

Uma velocidade que "desafia a imaginação", segundo Wielgus.

Astrônomos do projeto internacional Event Horizon Telescope (EHT) - ou Telescópio Horizonte de Eventos, em português - divulgaram nesta quinta-feira (12) a primeira imagem do buraco negro supermassivo que habita o centro de nossa galáxia, a Via Láctea.

A novidade chega pouco mais de três anos depois de o mesmo projeto ter revelado a primeira foto de um buraco negro na história da astronomia, que fica no centro da galáxia M87, a 55 milhões de anos-luz da Terra.

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Desta vez, por estar na mesma galáxia que nossa planeta, o buraco negro fica consideravelmente mais perto: a 27 mil anos-luz de distância, ou seja, a imagem revelada nesta quinta exibe como esse astro supermassivo estava 27 mil anos atrás.

Suspeita-se da existência de um buraco negro no centro da Via Láctea desde a década de 1970, quando o físico americano Karl Jansky detectou uma gigantesca fonte de sinais de rádio na direção da constelação de Sagitário.

Esse objeto misterioso ganhou o nome de Sagittarius A* (ou Sgr A*), e a evidência mais forte de sua natureza até hoje havia sido divulgada já no século 21, após décadas de observações das vertiginosas órbitas de estrelas no centro da Via Láctea, que só poderiam ser provocadas pela atração gravitacional gerada por um buraco negro supermassivo.

Essa descoberta rendeu o prêmio Nobel de Física à americana Andrea Ghez e ao alemão Reinhard Genzel (que estava no anúncio desta quinta) em 2020, honraria dividida com o britânico Roger Penrose.

No entanto, a imagem divulgada pelo EHT fornece a prova definitiva de que o coração da Via Láctea é dominado por um buraco negro com 4 milhões de vezes a massa do Sol, mas com uma circunferência equivalente ao tamanho da órbita percorrida por Mercúrio.

Buracos negros

A imagem foi obtida por uma rede de oito radiotelescópios do projeto EHT, criada justamente para capturar fotos de buracos negros, os objetos mais misteriosos do cosmos e que geralmente se formam quando estrelas de grande massa ficam sem combustível para seu processo de fusão nuclear, fazendo sua matéria colapsar para dentro, atraída pela gravidade.

Esse processo gera um ponto no espaço-tempo onde a densidade é infinita e do qual nem a luz pode escapar. Um buraco negro com 15 vezes a massa do Sol, por exemplo, teria somente 90 quilômetros de diâmetro. Ou seja, o equivalente a espremer 15 sóis no espaço entre São Paulo e Campinas.

No entanto, o Universo também conta com os chamados buracos negros supermassivos, como o Sgr A*, que normalmente habitam o centro de galáxias e ostentam massas até bilhões de vezes maiores que a do Sol, mas cujo processo de formação ainda é misterioso.

Tecnicamente, é impossível fotografar um buraco negro, já que ele não emite luz. O que a imagem do EHT mostra são as ondas de rádio - invisíveis a olho nu - emitidas pela nuvem de gás superaquecido ao redor do Sgr A*.

Apesar de este buraco negro estar muito mais perto de nós do que o da galáxia M87, fotografá-lo foi consideravelmente mais difícil, já que o Sgr A* é menor (se ele fosse uma rosquinha, o M87 seria um campo de futebol), o que faz com que o gás gire ao seu redor mais rapidamente. Dessa forma, foi preciso fazer uma "média" de diversas imagens obtidas ao longo da pesquisa.

"Esse é um resultado extraordinário e cujo tamanho só conseguiremos compreender com o tempo", comemorou a ministra da Universidade da Itália, Maria Cristina Messa - o país participa do EHT com o Instituto Nacional de Astrofísica (Inaf), com o Instituto Nacional de Física Nuclear (INFN) e com as universidades Federico II, em Nápoles, e de Cagliari.

Da Ansa

Existe um lenda antiga que afirma não haver som no espaço pelo fato de que a maior parte dele é essencialmente um vácuo, não fornecendo meio para a propagação das ondas sonoras. Mas a Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, não apenas desmistificou isso como conseguiu mixar o som provocado por buraco negro.

Os astrônomos descobriram que as ondas de pressão enviadas pelo buraco negro causavam ondulações no gás quente do aglomerado, que poderiam ser traduzidas em uma nota. Só que essa nota fica cerca de 57 oitavas abaixo do Dó maior, que é a base do sistema tonal, e que navega por frequências que o ouvido humano não consegue captar.

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Foi então que os pesquisadores do Observatório Chandra, da Nasa, conseguiram traduzir os dados astronômicos em som nos buracos negros do aglomerado de galáxias de Perseu e M87, que estão a uma distância de aproximadamente 240 milhões e 53 milhões de anos-luz da Terra, respectivamente. Segundo a Nasa, um aglomerado de galáxias possuem grandes quantidades de gás e isso fornece um meio para as ondas sonoras viajarem.

Em Perseu, as ondas sonoras foram identificadas pelos cientistas e tornadas audíveis pela primeira vez. Os pesquisadores ampliaram o tom da escala em 57 e 58 vezes acima do som original, para que pudesse ser ouvido pelos humanos. Isso implica dizer que o som ficou 144 quatrilhões e 288 quatrilhões de vezes mais alto que sua frequência original.

"A varredura semelhante a um radar ao redor da imagem permite que você ouça as ondas emitidas em diferentes direções. Na imagem visual desses dados, azul e roxo mostram dados de raios-X capturados pelo Chandra", explicou a Nasa.

A agência espacial dos EUA também conseguiu extrair som de outro famoso buraco negro, o Messier 87, ou M87. Ele é estudado pelos pesquisadores há décadas e ficou famoso com o lançamento de um projeto em 2019. "A região mais brilhante à esquerda da imagem é onde se encontra o buraco negro e a estrutura no canto superior direito é um jato produzido por ele. A sonificação varre a imagem de três camadas da esquerda para a direita, com cada comprimento de onda mapeado para uma gama diferente de tons audíveis. As ondas de rádio são mapeadas para os tons mais baixos, os dados ópticos para os tons médios e os raios X detectados pelo Chandra para os tons mais altos. A parte mais brilhante da imagem corresponde à parte mais alta da sonificação", disse a Nasa.

O estudo foi conduzido pela cientista Kimberly Arcand, do Observatório Chandra, pelo astrofísico Matt Russo e pelo músico Andrew Santaguida (ambos do projeto SYSTEMS Sound).

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Na última quarta-feira (28), foi realizada a primeira observação de uma luz proveniente da parte de trás de um buraco negro, localizado há 800 milhões de anos-luz de distância. A grande questão se dá porque o objeto cósmico deforma o espaço, dobra a luz e torce os campos magnéticos em torno de si próprio. Esse acontecimento foi previsto por Albert Einstein (1879 – 1955), com a Teoria da Relatividade.

A descoberta foi feita a partir de pesquisas para identificar mais sobre as diversas características de um buraco negro. Todo e qualquer material que cai no objeto cósmico serve como combustível para alimentar as fontes de luz contínuas próximas ao buraco negro. Assim é formada a região conhecida como coroa, que acaba superaquecendo a milhões de graus e cria um plasma magnético.

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O feito foi realizado por Dan Wilkins, astrofísico da Universidade de Stanford, que teve o estudo publicado na revista científica Nature. De acordo com o professor da Escola de Humanidades e Ciências de Stanford, Roger Blandford, há 50 anos, quando os cientistas especulavam sobre a relação entre campos magnéticos e buracos negros, eles não sabiam que, tempos mais tarde, seria possível observar com os próprios olhos a teoria de Einstein sendo aplicada.

Apesar do estudo, ainda estão programadas outras pesquisas para entender melhor o funcionamento dos buracos negros. Uma das instituições responsáveis por isso é o observatório de raios-x da Agência Espacial Europeia, o Athena (Telescópio Avançado para Astrofísica de Alta Energia). Wilkins também integra o projeto para auxiliar na composição da estrutura astronômica.

 

 

Na última semana, astrônomos no projeto Event Horizon Telescope (EHT) revelaram a primeira imagem do campo magnético de um buraco negro. Este é mais um feito inédito do grupo de cientistas, que revelou ao mundo, em abril de 2019, a primeira imagem da região de espaço-tempo localizada no centro da galáxia Messier 87 (M87), há 55 milhões de anos-luz de distância da Terra.

A imagem, projetada há 2 anos, mostrava apenas um borrão com um círculo flamejante e o centro escuro. O novo registro mostra com mais nitidez a região vermelha do buraco negro como um espiral em linhas agrupadas. Este ponto localizado na borda é responsável pela emissão de jatos de luz que alcançam regiões em até 5 mil anos-luz de distância da própria galáxia.

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Cientistas apontam que a nova imagem serve como fonte de estudo para entender melhor como funciona a estrutura de um astro cósmico tão misterioso quanto o buraco negro, apesar das inúmeras teorias comprovadas ao longo dos anos, como a radiação Hawking, criada em 1974 por Stephen Hawking (1942-2018), e comprovada em laboratório no início de março.

Acredita-se que todos os buracos negros em sua essência possuem esses campos magnéticos nas bordas. O que acontece dentro do astro cósmico continua sendo um mistério. Porém, a região de fora poderá ser estudada a fundo, no final de abril de 2021, quando a EHT voltar às atividades com a adição de telescópios mais precisos.

Cientistas do Instituto de Tecnologia de Israel (Technion) criaram em laboratório uma estrutura com elementos semelhantes aos de um buraco negro, em uma escala menor. A partir desse experimento, foi comprovado pelo físico e coautor do estudo, Jeff Steinhauer, que os buracos negros emitem uma espécie de radiação. Este fenômeno foi nomeado Radiação Hawking, em 1974, na teoria do físico inglês Stephen Hawking (1942-2018).

Até então, não havia um experimento que comprovasse a teoria sobre a radiação. Segundo Steinhauer, em tese, tudo que entra em um buraco negro, não consegue sair, seja a matéria ou até mesmo a luz. Uma determinada região, onde não há volta por conta da sucção do buraco negro, é denominada horizonte de eventos. E por conta deste fenômeno, no espaço vazio, a radiação surge.

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A mecânica quântica permite que o buraco negro faça uma divisão entre as partículas virtuais ao redor, e acaba por absorver parte dessa partícula. Por conta da gravidade, uma das partículas é absorvida e a outra escapa. Essa partícula que foge do horizonte de eventos é a famosa Radiação Hawking. Em teoria, ao longo de bilhões de anos, o buraco negro poderia evaporar completamente por conta dessa radiação.

Hawking foi um dos maiores cientistas do mundo, e ficou conhecido por escrever teorias e dissertar sobre fenômenos físicos da natureza e a origem do universo. Ele sofreu por muitos anos por conta de uma doença degenerativa, a esclerose lateral amiotrófica.

Em certo ponto, a doença fez com que o físico conseguisse mexer apenas os dedos e os olhos, sendo obrigado a ficar em uma cadeira de rodas, com um sintetizador eletrônico para falar. Apesar de todas as dificuldades, Hawking uma vez disse: "Não importa quanto a vida possa ser ruim, sempre existe algo que você pode fazer e triunfar. Enquanto há vida, há esperança".

Utilizando o telescópio Hubble, uma equipe de pesquisadores descobriu um fino disco de material que rodeia um buraco negro supermassivo no coração da galáxia NGC 3147.

Os buracos negros, quando estão em determinados tipos de galáxias, como a NGC 3147, encontrada a aproximadamente 130 milhões de anos-luz, são considerados "famintos", pois não há material suficiente capturado gravitacionalmente para alimentá-los.

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Por isso, é surpreendente que um disco fino rodeie este buraco negro "faminto" que, no entanto, se comporta como se fosse um buraco negro supermassivo como os encontrados em galáxias muito mais ativas, informa o Daily Mail.

O disco que cerca o buraco negro oferece uma oportunidade única de provar as teorias da relatividade de Albert Einstein, pois o disco está tão incorporado no campo gravitacional do buraco negro que sua luz é alterada, conforme as teorias de Einstein.

"Nunca vimos os efeitos da relatividade geral e especialmente na luz visível com tanta claridade", assegura Marco Chiaberge, membro da equipe.

O telescópio Hubble também observou que o material do disco girava em torno do buraco negro a mais de 10% da velocidade da luz, dando a impressão de estar brilhando mais quando se aproxima da Terra, enquanto esse brilho diminui conforme se afasta da Terra.

Para estudar a matéria do disco, os pesquisadores utilizaram o Telescópio Espacial Hubble, dividindo a luz do objeto em seus muitos comprimentos de onda individuais para determinar a velocidade, a temperatura e outras características do objeto.

"O tipo de disco que observamos é um quasar reduzido que não esperávamos que existisse", explicou o líder do estudo, Stefano Bianchi, da Universidade de Roma III.

Da Sputnik Brasil

Mais de 100 anos após Albert Einstein ter lançado sua Teoria da Relatividade Especial, a humanidade finalmente foi capaz de registrar a primeira imagem de um buraco negro. Capturada pela iniciativa Event Horizon Telescope (EHT) e divulgada nesta quarta (10), a figura é resultado de um esforço coletivo que mobilizou satélites em diferentes partes do planeta Terra.

Para entender melhor o que o feito significa no meio científico e por que ele só foi realizado agora, o jornal O Estado de S. Paulo conversou com o Rodrigo Nemmen, professor de astrofísica na Universidade de São Paulo (USP). Confira abaixo:

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O que é um buraco negro? E como ele é formado?

O buraco negro é um objeto astronômico, caracterizado por uma concentração de matéria em uma região muito pequena do espaço. É como se você pegasse toda a massa do planeta Terra e condensasse em uma esfera de 1cm de aión - ele apresenta as concentrações mais intensas de matéria no universo.

Nome

O buraco negro tem esse nome porque sua gravidade é tão forte que não deixa nada escapar de sua órbita, nem mesmo a luz. Por isso que eles são chamados assim, porque são literalmente negros. Geralmente, a matéria sugada é na forma de gases espalhado nas proximidades do buraco negro, como hidrogênio e hélio.

O que é o disco de acreção que aparece na imagem do buraco negro?

O disco de acreção é o que acontece quando a matéria cai no buraco negro. Ao espiralar na direção desse objeto, ela forma esse disco de gás, que a gente chama de disco de acreção. Como ele fica muito aquecido pela fricção dos átomos e pela maneira caótica com que a matéria entra no buraco negro, o gás é aquecido e passa a brilhar de maneira forte.

É esse processo de fricção que aparece na imagem divulgada, o qual chamamos de 'oceano de luz' ou 'oceano de fogo'.

Por que demorou tanto para conseguirmos registrar a imagem de um buraco negro?

Essa poder de observação corresponde ao poder de alcance do telescópio que precisa ser utilizado. No caso, ele precisa ser 2.000 vezes melhor que o Telescópio Hubble. Fotografar um buraco negro é como se você colocasse uma caneca na superfície da lua e fotografasse esse objeto daqui da Terra.

De forma geral, é um feito extremamente complicado. Você precisaria praticamente de um telescópio do tamanho do planeta Terra. Então, um dos motivos pelos quais demorou tanto para fotografar um buraco negro é porque não havia material suficientemente avançado.

Agora, eles criaram uma combinação de oito antenas de rádio. O que demorou foi organizar essas antenas para criar um telescópio que pudesse fazer a observação simultânea de um buraco negro. Há alguns anos, isso não seria possível.

Outro ponto é o volume de dados que essa captura gerou - foi algo na casa dos petabytes (milhões de gigabytes). Não seria possível armazenar esse espaço em mídias como CDs, por exemplo. Não é algo fácil como apontar um celular e tirar uma imagem. Você precisa fazer uma análise muito minuciosa.

Além disso tudo que foi citado, também faltavam os cálculos teóricos que dessem as previsões e os modelos do que essa imagem significa, o que exigiu previsões de supercomputadores. E esses cálculos só foram possíveis com a tecnologia dos últimos anos.

Um círculo escuro no meio de um disco resplandecente: a imagem de um buraco negro foi apresentada nesta quarta-feira (10) ao mundo, a primeira na história da astronomia.

O primeiro "monstro cósmico" a ser registrado foi detectado no centro da galáxia M87, a cerca de 50 milhões de anos-luz da Terra, segundo os responsáveis pelo projeto internacional chamado Event Horizon Telescope.

Um grupo de cientistas descobriu o mais distante buraco negro já registrado até hoje. O objeto, cuja massa é 800 milhões de vezes maior que a do Sol, está a 13 bilhões de anos-luz da Terra.

A distância é tão grande que o buraco negro pode ser considerado uma relíquia do cosmos primitivo: os sinais que ele emite viajam na velocidade da luz e levam 13 bilhões de anos para chegar à Terra e o Universo teve origem há cerca de 13,7 bilhões de anos. Com isso, o buraco negro é observado atualmente com o aspecto que possuía 690 milhões de anos após o Big Bang.

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De acordo com os autores do estudo, publicado nesta quinta-feira, 7, na revista científica Nature, é surpreendente que um buraco negro já tivesse um tamanho tão descomunal quando o Universo ainda tinha apenas 5% de sua idade atual.

"Esse buraco negro cresceu muito mais do que nós esperávamos em apenas 690 milhões de anos depois do Big Bang. Isso desafia todas as nossas teorias sobre a formação de buracos negros", disse um dos autores do estudo, Daniel Stern, do Laboratório de Propulsão de Foguetes da Nasa, em Pasadena, na Califórnia (Estados Unidos).

Os astrônomos combinaram dados do telescópio espacial Wide-field Infrared Survey Explorer (Wise), da Nasa, com observações feitas a partir da Terra para identificar potenciais objetos distantes. Depois, passaram a acompanhar o objeto com os telescópios Magalhães, do Observatório de Las Campanas, no Chile.

O autor principal da pesquisa, Eduardo Bañados, da Carnegie Institution for Science, em Pasadena, na Califórnia (Estados Unidos), liderou o trabalho de identificação de candidatos entre as centenas de milhões de objetos descobertos pelo Wise, a fim de selecionar quais deles valeria à pena acompanhar com os telescópios Magalhães.

Para que um buraco negro tenha se tornado tão gigantesco no universo primitivo, os astrônomos especulam que ele deve ter encontrado condições especiais que permitiram um crescimento tão rápido. Tais condições, porém, permanecem misteriosas.

O buraco negro descoberto, que está no centro de uma galáxia, devorando avidamente todo o material em seu entorno, está no interior de um quasar e por isso pode ser observado.

Os quasares são objetos astronômicos extremamente distantes que possuem o brilho de uma galáxia com bilhões de estrelas, mas que têm dimensões aparentemente pequenas e que são formados por material que está em processo de ser "engolido" por um buraco negro. À medida que esse material acelera sua queda em direção ao buraco negro, ele esquenta, emitindo uma quantidade de luz tão extraordinária que afasta o material que cai atrás dele.

Pela imensa distância em que os quasares se encontram, a luz emitida por eles leva bilhões de anos para chegar à Terra e, por isso, permitem que os cientistas olhem para o passado e estudem o Universo primitivo. De acordo com os autores da pesquisa, esse quasar é especialmente interessante, porque revela eventos de uma época na qual o Universo era extremamente jovem.

"Os quasares estão entre os objetos celestes mais brilhantes e mais distantes e são cruciais para compreendermos o Universo primitivo", disse outro dos autores do estudo, Bram Venemans, do Instituto de Astronomia Max Planck, na Alemanha.

O Universo teve origem em uma "sopa" extremamente quente de partículas que rapidamente se espalharam, em um período conhecido como "inflação". Cerca de 400 mil anos após o Big Bang, essas partículas esfriaram e formaram gás hidrogênio. Mas o Universo permaneceu escuro, sem nenhuma fonte luminosa, até que a gravidade condensasse a matéria, formando as primeiras estrelas e galáxias.

A energia liberada por essas estrelas primitivas fez com que o hidrogênio, que havia se tornado neutro, perdesse um elétron, isto é, voltasse a ser ionizado. O gás permaneceu nesse estado desde então. Uma vez que o Universo foi reionizado, os fótons puderam viajar livremente pelo espaço. Nesse ponto, o Universo se tornou transparente para a luz.

Grande parte do hidrogênio em torno do novo quasar descoberto é neutro. Isso significa que o quasar não é apenas o mais distante já registrado, mas é também um exemplo do que podia ser visto antes da reionização do Universo. "Essa foi a última grande transição do Universo e é uma das atuais fronteiras da astrofísica", disse Bañados.

A distância do quasar é determinada pela unidade que os cientistas chamam de "redshift" ("desvio para o vermelho", em inglês), que mede o quanto a expansão do Universo estende o comprimento de onda da luz emitida por um corpo celeste distante antes que essa luz chegue à Terra. Quanto maior é o redshift de um objeto, maior é a distância - tanto no espaço como no tempo.

O novo quasar tem redshift de 7.54, com base na detecção de emissões de carbono ionizado da galáxia que abriga o imenso buraco negro. Isso significa que a luz emitida pelo quasar levou mais de 13 bilhões de anos para chegar à Terra. Os cientistas estimam que o céu contenha entre 20 e 100 quasares tão brilhantes e tão distantes como o que foi descoberto.

Os astrônomos João Steiner e Daniel May, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP publicaram um estudo na revista inglesa "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society" afirmando que os buracos-negros expulsam boa parte do gás que fica no centro das galáxias ao invés de engoli-lo. Esta pesquisa derruba o mito de que os buracos-negros absorvem mais do que expelem.

O trabalho de May e Steiner, com o apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), utilizou dados de dois grandes telescópios: o VLT e o Gemini Norte para estudar uma galáxia especial — a NGC 1068, primeira de núcleo ativo descoberta, por ser a mais brilhante do céu.

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Os astrônomos mostraram que o vento no núcleo do buraco-negro se forma em dois estágios. No primeiro, as coisas acontecem no próprio disco de matéria que circunda o buraco-negro, onde a radiação eletromagnética evapora a poeira existente. O processo cria o vento primário, caracterizado por uma aceleração do gás. A segunda etapa provém da interação desse vento e de um jato de partículas arremessadas pelo campo magnético central. Surge, então, o vento térmico (ou secundário), capaz de arrastar o gás até regiões distantes.

Os autores determinaram ainda que o vento de alta velocidade sopra seguindo o formato de uma ampulheta. A descoberta destes novos mecanismos colabora para a compreensão de como as galáxias se formaram. “O mecanismo e a localização exata do vento não era conhecida, este trabalho mostra isso pela primeira vez”, disse o astrônomo João Steiner.

Após cinco noites de observações com uma rede maciça de telescópios, astrônomos disseram na quarta-feira que podem ter tirado a primeira foto de um buraco negro.

Vai levar meses para a imagem ficar pronta, mas se os cientistas conseguirem, os resultados podem ajudar a resolver mistérios sobre a composição do universo e sobre como ele surgiu.

"Em vez de construir um telescópio tão grande que provavelmente desmoronaria sob seu próprio peso, combinamos oito observatórios como os pedaços de um espelho gigante", disse o astrônomo Michael Bremer, gerente de projeto do Telescópio Event Horizon.

"Isso nos deu um telescópio virtual tão grande quanto a Terra - de cerca de 10 mil quilômetros de diâmetro", disse à AFP.

Quanto maior o telescópio, melhor a resolução e o nível de detalhe.

O buraco negro supermaciço observado está escondido no centro da Via Láctea, numa região chamada constelação de Sagitário, a cerca de 26.000 anos-luz da Terra.

A massa deste buraco negro gigante, apelidado Sagitário A*, é cerca de quatro milhões de vezes a do Sol.

Segundo a astronomia teórica, quando um buraco negro absorve matéria - planetas, detritos e qualquer coisa que chegue muito perto - um breve raio de luz fica visível.

Mais especificamente, os astrônomos esperam ter registrado imagens de uma região misteriosa em volta do buraco negro, chamada horizonte de eventos, um limite a partir do qual a força da gravidade é tão forte que nada, nem mesmo a luz, pode escapar.

A rede formada a partir do Telescópio Event Horizon foi projetada para detectar o raio de luz que surge quando um objeto desaparece além desse limite.

"Pela primeira vez em nossa história, temos a capacidade tecnológica de observar buracos negros em detalhe", disse Bremer.

O telescópio virtual preparado é poderoso o suficiente para detectar uma bola de golfe na Lua, acrescentou.

O telescópio do IRAM, de 30 metros, localizado nas montanhas espanholas de Sierra Nevada, é o único observatório europeu a participar no esforço internacional.

Os outros telescópios que contribuem com o projeto incluem o Telescópio do Polo Sul, na Antártica, o Telescópio James Clerk Maxwell, no Havaí, e o Telescópio Cosmológico do Atacama, no deserto do norte do Chile.

Todos os dados - cerca de 500 terabytes por estação - serão coletados e transportados em aviões para o Observatório Haystack do MIT, em Massachusetts, onde serão processado por supercomputadores.

"As imagens surgirão à medida que combinarmos todos os dados", explicou Bremer. "Mas vamos ter que esperar vários meses para chegar ao resultado".

Uma equipe internacional de astrônomos descobriu um buraco negro antigo e gigantesco, com uma massa 12 bilhões de vezes maior que a do Sol. O objeto está no centro de um quasar ultraluminoso - o mais brilhante objeto do universo inicial já descoberto -, que emite uma quantidade de energia 1 quatrilhão (um milhão de bilhões) maior que a do Sol. O estudo foi publicado na revista Nature.

De acordo com o autor principal do artigo, Fuyan Bian, da Universidade Nacional da Austrália, a descoberta desafia as teorias disponíveis sobre como os buracos negros se formaram e cresceram no universo primitivo. "A formação tão rápida de um buraco negro tão grande é algo difícil de interpretar."

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Os quasares são objetos astronômicos extremamente distantes que têm o brilho de uma galáxia com bilhões de estrelas, mas têm dimensões aparentemente pequenas e são formados por material que está em processo de ser "engolido" por um buraco negro. Conforme esse material acelera sua queda em direção ao buraco negro, ele esquenta, emitindo uma quantidade de luz tão extraordinária que afasta o material que cai atrás dele. Acredita-se que esse processo, conhecido como pressão de radiação, é responsável por limitar o crescimento dos buracos negros.

"No entanto, este buraco negro no centro do quasar ganhou uma massa enorme em um período curto de tempo", afirmou. O trabalho reuniu cientistas de Austrália, China, Chile e Estados Unidos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Humberto Costa (PT) afirmou, nesta terça-feira (24), que a Câmara Federal precisa de uma "pauta mais progressista". Segundo ele, a Casa - que imprimiu, com o novo presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), uma aceleração na votação de projetos nos primeiros dias de trabalho - não vai ditar o ritmo de trabalho do Senado. 

“Acho que a Câmara tem uma novidade, que foi a eleição de um novo presidente. Geralmente, nessa condição, há interesse da Mesa em mostrar trabalho e fazer com que as coisas andem. Eu espero que isso vá até o fim, porque ao longo desses últimos quatro anos a Câmara foi o espaço onde várias coisas que foram votadas no Senado, lá não saíram do lugar”, avalia o líder do PT.

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“Falava-se até que era um buraco negro, que a Câmara absorvia todas as matérias votadas aqui no Senado. É importante, ainda, que essa pauta de lá seja progressista. Mais do que a quantidade de propostas aprovadas, os projetos têm de ter qualidade”, completou.

Senado Federal

O petista declarou também que os senadores irão concluir, nesta semana, as discussões sobre a composição das 12 comissões permanentes da Casa para dar início à pauta legislativa do ano. Os senadores também devem finalizar os debates sobre o novo colegiado de líderes. Atualmente, o cargo de líder do Governo, por exemplo, está vago.

A prioridade dos líderes partidários para esta semana é a composição das 12 comissões do Senado, que deve ser definida em reunião de líderes ainda não agendada. Os parlamentares discutem o critério a ser utilizado na escolha dos presidentes dos colegiados, que já foi tema de debate entre governistas e oposicionistas durante a escolha dos integrantes da Mesa do Senado. 

A maior parte dos congressistas acredita que o princípio da proporcionalidade, de acordo com o número de senadores de cada partido ou bloco, deverá ser respeitado. 

Ainda hoje, às 19h, os parlamentares se reúnem em sessão do Congresso Nacional para a apreciação de quatro vetos presidenciais e do projeto de lei orçamentária de 2015. Pela primeira vez, senadores e deputados poderão votar os itens da pauta por meio de uma "cédula" que permitirá a apuração eletrônica dos votos. Antes, o resultado era colhido manualmente nas urnas que armazenavam os papéis de votação. 

A estreia da funcionalidade depende da aprovação de sua regulamentação, prevista em um projeto de resolução que será examinado hoje, antes da votação dos vetos e da LOA.

 

Os buracos negros emitem potentes jatos de matéria em alta velocidade, o que inclui átomos pesados, revelou um estudo publicado esta quarta-feira (13) na revista científica britânica Nature. Há décadas os astrônomos ficam intrigados com estreitos feixes de matéria expelidos dos buracos negros, o fenômeno mais poderoso do universo.

Sabe-se que os jatos contêm elétrons, que são partículas com carga negativa. Mas o enigma é que os jatos não têm todos carga negativa, o que sugere que deve haver "algo" com carga positiva ali para equilibrar as coisas.

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Este "algo" parecem ser átomos de ferro e níquel, segundo astrônomos que utilizaram o telescópio espacial europeu XMM-Newton e o rádio-telescópio Compact Array, no leste da Austrália.Linhas de átomos foram vistas em emissões exaladas por um pequeno buraco negro denominado 4U1630-47 com dois terços da velocidade da luz.

A fonte dos jatos parece ser um disco de acréscimo, um cinturão de gás quente que gira em torno da entrada do buraco. A descoberta é importante porque os buracos negros, além de destrutivos, são criadores também.

Eles reciclam a matéria e a energia do espaço e os jatos ajudam a dar forma quando e onde uma galáxia forma estrelas. "Os jatos de buracos negros supermaciços ajudam a determinar o destino de uma galáxia", anunciou em um comunicado Tasso Tzioumis, da Organização Australiana para a Pesquisa Industrial e Científica da Comunidade Britânica (CSIRO, na sigla em inglês). "Então, queremos entender melhor o impacto que os jatos têm em seu ambiente", continuou.

Um átomo de ferro é cerca de 100 mil vezes mais maciço do que um elétron, o que significa que carrega muito mais energia do que uma partícula mais leve viajando na mesma velocidade.As colisões com a matéria no espaço interestelar poderiam gerar raios-gama e elétrons, sugeriram os autores.

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