Em sua despedida do comando do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), nesta sexta (13), o então procurador-geral Carlos Guerra disse que a crise econômica que assola o país e Pernambuco trouxe consequências para o orçamento da instituição. “O nosso barco precisava de reparos. Nossa tripulação, por vezes, sem conhecimento exato das atividades a serem adotadas. A resistência às tempestades deve estar presente na travessia, mas o que se abateu no Ministério Público não foi uma tempestade. Foi um tsunami. Fomos impedidos de realizar ações previstas no plano de gestão como a conclusão da sede de Nazaré e de Caruaru, bem como a nomeação de promotores de Justiça”, disse.
Ele também declarou que o Conselho Nacional do Ministério Público “modificou práticas administrativas culturalmente e historicamente arraigadas pelos servidores da instituição”. Reconheceu equívocos, mas, convicto, afirmou que os erros não diminuíam o trabalho realizado. “Precisamos, todos nós, estar abertos a esse aprendizado sob pena de naufragarmos. Ainda assim, o destino que traçamos nos animava e permitiu que vários dos meus sonhos que compartilhei fossem realizados”.
##RECOMENDA##Carlos Guerra citou feitos de sua gestão de 2015-2017 ressaltando que um dos seus compromissos foi o de manter a folha de pagamento em dia, sem atrasos e parcelamentos, e que fez reestruturação em vários setores do órgão, além de reformas em andamento no Colégio de Procuradores. Também salientou que teve “coragem” para reduzir despesas cortando contratos com empresas terceirizadas, diária e veículos.
No seu discurso, com uma leve alfinetada, o ex-procurador-geral declarou que realizou essas ações sem medo de ouvir críticas dos que ele chamou de discordantes de plantão. “Nunca me deixei levar pelos pedidos eleitoreiros de nomeação irresponsável. A fortaleza do MPPE, que é sua democracia interna, também pode ser a sua fragilidade na medida em que nem todos querem ser tratados em condições de igualdade. É preciso sensatez para compreender a relevância do senso de igualdade na vida institucional. Digo, sem medo de errar, que esse foi o grande símbolo de Carlos Guerra na condução desta Casa. A busca da igualdade de tratamento a todos os membros e servidores do MPPE”.
Com 26 anos de carreira, Guerra passou quatro anos à frente da Secretaria Geral do Ministério Público dizendo que a experiência o permitiu ver “com antecedência “percalços que nos alçariam durante esta travessia”.
Ainda frisou que seu sentimento é o de dever cumprido. “Fui eleito pela vontade dos membros do Ministério Público com o sentimento de dever cumprido. Lembro-me, como se fosse hoje, o dia em que assumi o cargo empolgado por realizar ações em prol do Ministério Público de Pernambuco e da população do meu estado. Trazia naquele momento a experiência de quem nasceu dentro do Ministério Público sob o olhar do meu pai também promotor de Justiça. Ao amigo Dirceu, os meus votos de uma gestão profícua na Procuradoria Geral de Justiça”, concluiu.