O mercado de câmbio doméstico abriu nesta quarta-feira com o dólar em baixa, enquanto no exterior a moeda dos Estados Unidos exibe sinais mistos. O dólar nas operações interbancárias de balcão começou o dia vendido a R$ 1,9670, com recuo de 0,25%. Às 13h30, atingiu uma máxima a R$ 1,9690 (-0,15%).
No mercado futuro, às 13h39, o contrato de dólar para março de 2013 caía 0,33%, a R$ 1,9720. Este vencimento futuro oscilou entre R$ 1,9695 (-0,45%) e R$ 1,9735 (-0,25%), após abrir a R$ 1,9715 (-0,35%). A queda do dólar ocorre na esteira da divulgação da Pesquisa Focus, do Banco Central, que apresentou ajustes para o alto nas projeções do mercado para a inflação este ano. A expectativa é de que o volume de negócios com moedas seja mais fraco nesta meia sessão de quarta-feira de cinzas.
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O câmbio também chama atenção em âmbito global. Um comunicado de terça-feira (12) do G-7 - grupo dos sete países mais industrializados do mundo - conduz a discussão sobre a chamada "Guerra Cambial" para a reunião nesta sexta-feira (15) e no sábado (16) entre os representantes do G-20, na Rússia. Em uma tentativa de evitar uma potencial rodada desestabilizadora de desvalorizações cambiais, o G-7 reiterou o compromisso com um câmbio movido pelas forças do mercado. Embora o G-7 não tenha feito menção explícita ao iene, autoridades do Japão afirmaram rapidamente que outros países do grupo entendem que as políticas do país não agem sobre o câmbio, mas sim no combate à deflação.
No Brasil, a Pesquisa Focus, do BC, mostrou que o mercado voltou a elevar sua projeção de inflação medida pelo IPCA para 2013 pela sexta semana consecutiva, de 5,68% para 5,71%. Há quatro semanas, a estimativa estava em 5,53%. Para 2014, a projeção segue em 5,50% há 13 semanas. A projeção de alta da inflação para os próximos 12 meses subiu de 5,47% para 5,49%, conforme a projeção suavizada para o IPCA. Há quatro semanas, estava em 5,53%. Nas estimativas do grupo de analistas que mais acertam as projeções, o chamado Top 5, a previsão para o IPCA em 2013 no cenário de médio prazo subiu de 5,52% para 5,70%. Para 2014, a previsão dos cinco analistas passou de 5,80% para 6,50%, teto da meta de inflação. Há um mês, o grupo apostava em altas de 5,73% e de 5,85% para cada ano,
respectivamente.
Sem perspectivas de uma desaceleração de preços no curto prazo, o governo tende a operar as expectativas do mercado no sentido de evitar grande volatilidade do
câmbio. Na sexta-feira, após a queda do dólar até R$ 1,9530 (-0,96%) -
menor cotação intradia desde 11/5/2012 - em meio à confusão gerada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao dizer que o governo não deixará o dólar voltar para o
patamar de R$ 1,85, o próprio ministro reafirmou que a política cambial não mudou. O Banco Central também interveio, recolocando a moeda em estabilidade, de volta ao
patamar de R$ 1,97.
O que se abstrai desse movimento é que o Ministério da Fazenda e o Banco Central, após declarações desencontradas das autoridades, acabaram alinhando suas
sinalizações a fim de assegurar a manutenção do regime de câmbio flutuante. Além disso, de olho na inflação e na meta de crescimento do País, e ainda após o mercado
testar um novo piso informal para o dólar na sexta-feira, as autoridades indicaram que o governo deseja que a taxa de câmbio oscile perto de R$ 2,00, nem muito acima
nem muito abaixo desse nível, segundo avaliações de analistas de bancos e corretoras de câmbio ouvidos pelo Broadcast.