Fazer um intercâmbio e estudar fora do país é um sonho que muitos brasileiros compartilham. O que nem todos sabem é que, embora as notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sejam normalmente utilizadas para ingressar em instituições brasileiras, também é possível usá-las para se candidatar a uma universidade em Portugal.
Essa ação é possível desde 2014, devido a uma alteração na legislação portuguesa que permitiu que as universidades criassem processos seletivos para estrangeiros que desejam estudar no país. Atualmente, mais de 50 instituições de ensino superior portuguesas possuem convênio com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep).
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Mas após a admissão do candidato, pode surgir uma dúvida: qual o próximo passo? Para ajudar nessa nova etapa, o Leiajá conversou com dois estudantes brasileiros que foram aprovados em instituições portuguesas.
Higor Cerqueira, de Duque de Caxias (RJ), cursou sua graduação em Produção Cultural e mestrado em Inovação de Produtos e Processos no Instituto Politécnico de Bragança, e foi aprovado recentemente no doutorado em Mídia e Arte Digital na Universidade do Algarve.
Higor conta que, após sua aprovação, seu primeiro passo foi dar início no processo de emissão do visto. Ele comenta que os candidatos recebem uma carta de aceite da universidade, que funciona como uma reserva de matrícula, e se trata do documento mais importante para solicitação do visto de estudo, chamado título de residência para fins de estudo.
O carioca chama atenção para as variações e explica a diferença entre os vistos “Existe um título de residência de estudo para fins de longa duração, e existe também a estada temporária. A estada temporária é pra quem vem apenas 6 meses, pra quem vai fazer um intercâmbio. Agora o de longa duração, o título de residência, é pra quem de fato vai fazer uma graduação completa, ou um mestrado, ou um doutorado. Só nesse visto de título de residência de longa duração que as pessoas têm direito do reagrupamento familiar, o direito de trabalhar enquanto estuda, a estada temporária não assegura esses benefícios.”
No tocante à moradia, Higor declara que muitos estudantes encontram uma residência através de grupos no facebook, onde pessoas de várias cidades de Portugal divulgam casas disponíveis para aluguel, ou até mesmo as empreas imobiliárias. No entanto, ele alerta sobre a importância do cuidado na negociação virtual, e fala de um serviço chamado Relocation, que é contratado para gerenciar esse processo.
Higor ainda fala do projeto que desenvolveu chamado 'Estude em Portugal', que tem como objetivo identificar as necessidades, levar informações e direcionar o estudante para um local do país levando em consideração o perfil de cada um.
Já Bruna Luiza Perrenoud Chagas, de Guaratinguetá (SP), foi aprovada em Arquitetura pela Universidade de Porto, em abril deste ano. Antes disso, estudante havia sido aprovada na Universidade Estadual Paulista em Franca (Unesp) e na Universidade Presbiteriana Mackenzie, ambas em São Paulo, mas optou por seguir carreira acadêmica na faculdade portuguesa.
Logo após a aprovação, Bruna também iniciou o processo de visto, que é expedido pela empresa VSF Global (sigla para Visa Facilitation Services Global). Segundo Bruna, ela levou cerca de 1 mês para reunir todos os documentos que precisava, que podiam ser entregues presencialmente ou virtualmente. Entre eles, ela destacou o passaporte; o certificado de registro criminal, que deve ser apostilado para ter validade em outros países; e o seguro de viagem ou o PB4 – que é certificado que garante o direito a assistência médica em Portugal.
Em relação ao custo dos estudos, a paulista declara que um dos motivos que a motivou a escolher a Universidade do Porto, foi a descoberta de um programa direcionado para todos os falantes da língua portuguesa, que ganham 50% de desconto nas mensalidades.
Bruna relata que houve dificuldade em encontrar uma moradia, devido aos preços elevados. No entanto, ela conseguiu uma moradia estudantil próximo à universidade. De acordo com ela, todos os passos foram resolvidos do Brasil, com a ajuda de estudantes brasileiros que já fazem o intercâmbio e compartilham muitas dicas por meio das redes sociais.
A discente acrescenta: “Acho que vale a pena pesquisar bastante, entrar em contato com quem já está lá, pedir as dicas. Por exemplo, para minha candidatura foi preciso a nota do enem e um portfólio de arquitetura, aí nesse portfólio eu tive ajuda de duas estudantes brasileiras que já fazem arquitetura lá.”