Em seu quarto ano de existência, a Mamelungos coleciona apresentações, histórias e fãs. Recentemente premiada no Troféu Sonar-PE de música em três categorias (recorde no troféu), a Mamelungos já tem um disco homônimo lançado e conta com um público fiel que não perde um show e sabe cantar as músicas do repertório autoral da banda. Formado por Thiago Hoover, Luccas Maia, Weré Lima, Igor Bruno e Peu Lima, o grupo faz um som despreocupado e criativo, que você pode conferir no Classificação Livre, da TV LeiaJá, desta quarta (30).
Confira entrevista com Peu Lima, Luccas Mais e Weré Lima exclusiva para o portal LeiaJá.
Vocês estão em um momento muito bom e hoje já contam com um público fiel. Quais as estratégias que vocês utilizam para chegar a esse público e fidelizá-lo?
Peu – A gente deve muito aos amigos, temos muitos amigos que ajudaram e foi um trabalho de formiguinha mesmo. Claro que a gente tem um trabalho de divulgação na internet.
Luccas – Acho que a temporada que a gente fez no Capibar, no início da banda. Fizemos várias sextas-feiras lá e foi importantíssimo para difundir a banda, aquela coisa de “tem uma banda nova na cidade”. Não teve bem uma estratégia não, foi mais o boca a boca mesmo, foi acontecendo. E todo lugar que a gente conseguia a gente tocava.
Então as apresentações ao vivo são o foco no contato com o público?
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Weré – As apresentações ao vivo são onde a gente mostra a cara da gente realmente.
Peu – E delas que surgiu a necessidade de fazer um CD. O pessoal começou a procurar as músicas querendo escutá-las, e com o álbum a gente conseguiu transferir isso pras redes sociais, pra internet. Aí um público que não tem acesso aos shows pode também conhecer a banda.
Luccas – Pessoas de outros Estados também.
Qual a importância da internet neste processo?
Peu – Sempre que é possível a gente produz conteúdo para a internet. Seja um ensaio, uma foto ou algum momento nosso. Quando estávamos em São Paulo, por exemplo, fizemos um diário de bordo da viagem e, pela naturalidade da coisa, acho que o pessoal se identifica com a banda. A gente foca no Facebook e no nosso site. O site é o ponto de convergência das nossas ações na internet e a gente tenta sempre estar presente ali de alguma maneira. Até porque não temos tocado muito aqui e estamos nos coçando pra tocar de novo.
Uma característica interessante do grupo é que vocês têm uma certa flexibilidade na formação instrumental. Isso é algo pensado? Até que ponto essa troca de instrumento foi natural?
Weré – Acho que vem muito natural, nós sempre quisemos algo que não nos fizesse se prender a um rótulo. Isso vai muito da musicalidade da gente, foi natural, a gente não premeditou. O negócio é experimentar mesmo.
Luccas – Não tem fórmula certa, se a gente quiser trocar tudo, a gente troca. Mas tem também a questão da logística, né. Tem que pensar nisso também.
Vocês já têm clipes, já conseguiram gravar o disco. Vocês contam com parceiras para viabilizar essas realizações?
Luccas – Como toda banda independente, sempre tivemos parcerias.
Peu – Parceiras de amigos, de pessoas que viraram nosso amigos...
Luccas – Que se identificam com a nossa música, de pensar: “Vamos ajudar, quero fazer um clipe disso”. E o que a gente fez foi bom tanto pra banda quanto pra quem fez.
Peu – Mas, até agora, a gente não teve nenhuma parceria com uma empresa privada, um patrocínio. E a gente tenta pagar aos parceiros o preço que é, mas muitas vezes não temos condições de pagar na hora ou o preço mesmo completo. Ainda bem que temos sido bem aceitos no cenário.
O mercado para a música autoral praticamente inexiste no Recife. Vocês já conseguem viabilizar economicamente o trabalho de vocês? Se conseguem, como fazem isso?
Luccas – Não, a gente não consegue.
Weré – é muito difícil dar essa resposta positiva sendo uma banda independente. Existe sempre um investimento, um passo à frente a ser dado. A gente conseguiu subir alguns degraus desde quando começou, mas justamente investindo, isso não veio para o nosso bolso. Estamos sempre investindo no som, na gravação, na equipe técnica, no show.
Mas a banda já “se paga”?
Luccas – A banda se paga, mas o custo ainda é maior e não temos uma margem para viver só da Mamelungos, até porque a gente mora e vive no Recife, não tem como. O próximo passo é circular, fazer shows fora.
Peu – A gente está sempre dependendo de vários fatores também. Sem querer falar mal, mas, por exemplo, a gente tocou no carnaval e, como quase todo mundo, ainda não recebeu, então a gente acaba devendo pra nossa equipe mesmo.
Luccas – A gente até pagou a equipe, mas teve que tirar de onde não tinha, do nosso bolso, pra esperar um cachê que sabe-se lá quando sai.
Peu – Ainda bem que eles são nossos amigos, porque seria difícil manter a equipe sem condições de pagar, eles iam ficar esperando até quando para receber?
Quais são as metas para 2012 da Mamelungos?
Luccas – agora é o segundo disco
Peu – Tem também um videoclipe que a gente quer fazer, da música Varanda. Ela é do disco 2, mas já tocamos ela. A música não está nem gravada ainda e, se formos pensar na ordem natural das coisas, teríamos que primeiro gravar o disco e depois pensar no clipe, mas vai acabar sendo em paralelo. Espero que até o fim do ano tenhamos realizado o disco e o clipe. E sempre tentando tocar fora.
Luccas – A gente tá pensando em rodar pelo Brasil: Sudeste, Norte, o que rolar.
Peu – A experiência de chegar em São Paulo e ver o pessoal cantando as músicas da gente foi uma coisa assim que eu sempre sonhei, mas nunca tinha vivido. Queria poder fazer isso em várias cidades, porque tem até gente que pede, pergunta quando a gente vai pro Rio, pra Manaus...
Luccas – O último show que a gente fez em São Paulo foi fechado uma semana antes, foi só a Mamelungos e conseguimos encher o lugar, mesmo cobrando ingresso. O pessoal dançou, cantou, parecia que estávamos aqui. Tudo graças à internet e aos amigos que ajudam a divulgar.
Peu – tem até bandas que já fazem cover da gente, vi na internet uma banda do Paraná fazendo um cover de Ipê Amarelo.