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A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) e o PSL entraram com representações contra dois parlamentares do partido nesta quarta-feira, 6. Em relação ao filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Joice pediu que a Procuradoria-Geral da República faça uma denúncia criminal e instaure um processo penal contra Eduardo pela fala dele sobre a possibilidade de o governo editar um novo AI-5.

Já ao Conselho de Ética da Câmara, um documento foi encaminhado pelo presidente do PSL, o deputado Luciano Bivar (PE), pedindo cassação do mandato de Eduardo e também da deputada Carla Zambelli (PSL-SP) por quebra decoro parlamentar. Nos dois casos, a acusação é de ataques virtuais que teriam sido promovidos pelos dois parlamentares contra Joice.

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Por fim, Joice encaminhou ainda um pedido ao Conselho de Ética do PSL solicitando "encaminhamentos necessários" pela fala de Eduardo sobre o AI-5.

Na terça-feira, 5, no plenário da Câmara, Joice já havia anunciado que levaria o caso contra Eduardo à PGR. Ex-líder do governo no Congresso, ela se emocionou e chegou a chorar ao discursar na tribuna, ao relatar os xingamentos e as ameaças que tem recebido nas redes sociais. Para ela, o movimento representa um autoritarismo "sujo".

Desde que foi destituída da liderança do governo no Congresso como consequência de uma crise no PSL, a deputada tem acusado o governo e os filhos do presidente Jair Bolsonaro de usarem uma "milícia digital" para atacar desafetos políticos.

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, bateu boca com a deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP) na tarde desta quarta-feira, 6, durante uma audiência pública na Câmara. Ele afirmou que a ditadura militar brasileira foi uma contrarrevolução que evitou que o País virasse uma "grande Cuba" e que a anistia "levou uma terrorista à Presidência da República".

"Há duas visões da História do Brasil. Para mim, não foi golpe, foi contrarrevolução. Se não houvesse contrarrevolução, hoje seríamos Cuba. A sua posição é a posição que a esquerda adotou. Essa radicalização política não interessa a ninguém", disse ao responder à deputada.

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Sâmia também insistiu para que o ministro se posicionasse claramente contra as declarações feitas pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que sugeriu a necessidade de "um novo AI-5" para conter uma possível "radicalização" da esquerda no País. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na semana passada, Heleno deu uma declaração favorável à fala do deputado. Na entrevista, o ministro comparou a dificuldade para emplacar uma regra como o AI-5 ao ritmo lento que tramita no Congresso o pacote anticrime de Sérgio Moro.

Na comissão, Sâmia lembrou os casos de tortura na ditadura e disse que Heleno, ao não condenar veementemente a ideia de um novo AI-5, "flerta com a possibilidade" de algo semelhante ser feito novamente.

"O senhor até agora não teve a oportunidade de repudiar a declaração [de Eduardo Bolsonaro]", disse. "Eu não vou repudiar, porque ele já repudiou. Ele disse que falou uma coisa que não é o que ele pensa. Não vou falar mais nada", disse. Diante da insistência da deputada, Heleno retrucou: "A senhora vai me torturar porque eu não quero falar?"

O ministro afirmou ainda que a anistia realizada após a ditadura militar "levou uma terrorista à Presidência da República e a vários cargos importantíssimos da República. Isso é questão de visão, de lado", disse fazendo referência à ex-presidente Dilma Rousseff, que foi presa e torturada durante a ditadura militar. Ela integrou a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), que deu origem à VAR-Palmares, movimento contrário à ditadura.

Heleno participou como convidado de audiência pública realizada pela comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia sobre o monitoramento dos movimentos sociais, em especial dos povos indígenas. O convite já havia sido feito ao ministro antes das declarações que ele deu na semana passada ao Estado em defesa do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Deputados do PT protocolaram nesta terça-feira, 5, mais três pedidos para convocar o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, para que ele explique declarações dadas ao jornal O Estado de S. Paulo, na semana passada, sobre a possibilidade de um novo AI-5. Esses novos requerimentos são para que ele compareça a comissões e devem ser votados pelos colegiados entre amanhã e a próxima semana. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) já havia protocolado um pedido, que pode ser votado ainda hoje, para que Heleno seja convocado ao plenário.

Como mostrou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, há uma articulação política de bastidores que pode resultar na aprovação da convocação em plenário. O movimento tem o aval do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que fez críticas a Heleno nesta segunda-feira, 4.

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O deputado Rogério Correia (PT-MG) é autor de dois dos requerimentos protocolados nesta terça-feira. Ele pede audiências com Heleno nas comissões de Direitos Humanos e na de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP), que deve pautar o requerimento já na sessão de amanhã. "O filho do presidente (Eduardo Bolsonaro) fazer uma declaração dessas como deputado é grave, agora, um general responsável por ações institucionais, que deveria estar guardando a Constituição, é apavorante", disse Correia. "Ele disse que 'tem de ver como vai fazer', ou seja, ele pensa nisso", completou.

O terceiro pedido de convocação é assinado pelo deputado José Guimarães (PT-CE). Ele quer levar Heleno à Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ).

Na entrevista concedida ao Estado, por telefone, no último dia 31 - e gravada -, Heleno não repudiou a possibilidade de "um novo AI-5". Instituído pela ditadura militar em 1968, o Ato Institucional nº 5 foi um dos mais duros daquele período, pois revogou direitos, suspendeu garantias constitucionais e delegou ao chefe do Executivo o poder de cassar mandatos parlamentares. "Não ouvi ele (Eduardo Bolsonaro) falar isso. Se falou, tem de estudar como vai fazer, como vai conduzir. Acho que, se houver uma coisa no padrão do Chile, é lógico que tem de fazer alguma coisa para conter", afirmou Heleno.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) fez uma comparação da fala do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre o AI-5 com o culto ao nazismo na Alemanha, ao protocolar um pedido de cassação do mandato do filho do presidente Jair Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara nesta segunda-feira, 4. "Se nós cogitarmos a possibilidade de que alguém pode arguir o retorno aos piores momentos da história nacional ou pode fazer sedição à ruptura da ordem democrática, teríamos de admitir que em outros países, como na Alemanha fosse tolerável o culto ao nazismo", afirmou o senador.

O documento protocolado pela Rede hoje na Câmara cita quebra de decoro parlamentar. Para Randolfe, Eduardo se insurgiu contra o próprio juramento e atentou contra a ordem democrática.

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A declaração de Eduardo sobre o AI-5, dada em entrevista à jornalista Leda Nagle, provocou um terremoto político na semana passada e gerou críticas de diversos partidos. Além do pedido protocolado hoje pela Rede, outros devem chegar ao Conselho de Ética nos próximos dias.

O deputado Eduardo Bolsonaro chegou a divulgar um pedido de desculpas depois que sua declaração sobre o AI-5 foi divulgada. Para Randolfe, no entanto, isso não muda nada. "Esse tem sido o modo de operação de pessoas do governo, atenta contra a democracia de manhã e pede desculpas à tarde. Não podemos mais permitir que isso continue, ele precisa pagar pelo atentado à democracia que cometeu", disse Randolfe.

O Ato Institucional nº 5 foi o mais duro instituído pela ditadura militar, em 1968, ao revogar direitos fundamentais e delegar ao presidente da República o direito de cassar mandatos de parlamentares, intervir nos municípios e Estados. Também suspendeu quaisquer garantias constitucionais, como o direito a habeas corpus. A partir da medida, a repressão do regime militar recrudesceu.

A Rede Sustentabilidade apresentou representação cobrando a perda de mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, por "militar de forma contrária" à democracia e demonstrar "desprezo pela vontade do povo" ao falar sobre "novo AI-5". A manifestação foi encaminhada nesta segunda-feira (4) à Mesa Diretora da Câmara para ser apreciada pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

O caso envolve a fala de Eduardo Bolsonaro na última quinta-feira (31), na qual defendeu a edição de um "Novo AI-5" para conter manifestações de rua semelhantes às que ocorrem no Chile. Segundo o filho do presidente, a medida seria para enfrentar uma "radicalização da esquerda". No mesmo dia, após ser desautorizado pelo pai, o deputado voltou atrás e pediu desculpas pelo comentário.

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Em manifestação, a Rede afirma que a declaração de Eduardo caracterizaria abuso de imunidade material e "danos incomensuráveis ao Poder Legislativo. O partido também acusa o deputado de "violar o interesse público, a vontade popular e a Constituição Federal".

"Apesar de ter sido o deputado federal mais votado nas eleições de 2018, as suas ações militam de forma contrária a uma ideia mínima de democracia, demonstrando desprezo pela vontade do povo", afirma a sigla.

Anos de chumbo

O Ato Institucional Número 5 (AI-5) foi o mais duro instrumento de recrudescimento da ditadura militar (1964-1985). Baixado durante o governo do general Costa e Silva 13 de dezembro de 1968, o decreto vigorou por uma década garantindo poderes de exceção do Executivo, o que possibilitou perseguição, prisões, tortura e morte de adversários políticos do regime.

Foi por meio do AI-5 que a ditadura fechou o Congresso Nacional, cassando mandatos de parlamentares e suspendeu a garantia de direitos individuais, como o habeas corpus.

A Rede cita que se manifestar a favor da edição de um novo decreto que debilitou o Poder Legislativo viola a imunidade parlamentar, garantia de deputados e senadores em cargo, além de atentar contra o decoro da Casa.

"O discurso a favor de um AI-5 é uma apologia a tudo que este instrumento previu, servindo de incentivo a outras pessoas agirem nesse mesmo sentido, sobretudo pelo discurso ser amplamente divulgado e ter origem não nas palavras de um deputado federal qualquer, mas um dos filhos do presidente da República", afirma a Rede. "Ao defender abertamente o uso de instituto similar ao AI-5, o deputado federal Eduardo Bolsonaro ofende diretamente diversos preceitos constitucionais".

Se a representação for aceita, o pedido da Rede pode parar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Lá, Eduardo tem cenário desfavorável com três das quatro vagas do PSL pertencerem à ala ligada ao presidente da sigla, Luciano Bivar, desafeto da família Bolsonaro. O "Centrão", por sua vez, tem 24 das 42 cadeiras.

Defesa

A reportagem entrou em contato com o gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro. O espaço está aberto para manifestações.

A defesa do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao AI-5, uma das medidas mais drásticas da ditadura, foi recebida com críticas e constrangimento por oficiais-generais do Alto Comando das Forças Armadas consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo. A avaliação é a de que não há espaço para se falar em ações extremas, pois o País vive em uma democracia e já possui instrumentos legais para conter eventuais excessos em manifestações como as que ocorrem atualmente no Chile. Procurado, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, não quis se manifestar sobre o assunto.

Após Eduardo pedir desculpas pelo comentário, o general da ativa Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria de Governo, usou as redes sociais para fazer um apelo. "Precisamos buscar serenar ânimos! Não podemos criar fantasmas onde não existe!! Opiniões não podem servir para distorcer os fatos ou potencializar diferenças políticas", tuitou.

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Oficiais-generais quatro estrelas afirmam ter visto nas declarações do filho "03" do presidente Jair Bolsonaro uma provocação à esquerda. Lembram que a radicalização no discurso é uma estratégia do deputado e até do presidente usada com frequência.

As manifestações nos países vizinhos são acompanhadas com atenção pelas Forças Armadas e a avaliação é de que, por enquanto, não há riscos de protestos semelhantes no Brasil.

O presidente do Clube Militar, general Eduardo José Barbosa, reverbera o pensamento dos comandantes de tropa e também avalia não haver mais espaço para AI-5 no Brasil. "Hoje, só cabe o que está na Constituição", disse. "Para casos extremos que por acaso possam acontecer, como no Chile, a nossa Constituição é clara e prevê Estado de Defesa e Estado de Sítio, que poderiam ser decretados pelo presidente, mas isso precisaria de aval do Congresso."

Questionado se a declaração de Eduardo causa constrangimento, o general negou. "O que A ou B fala é opinião de cada um. A liberdade de expressão é garantida a qualquer pessoa. Portanto, ele pode falar o que ele quiser", completou o militar da reserva.

'Vivandeiras'

"Tem sempre as vivandeiras, como dizia o marechal Castelo Branco", disse um dos generais consultados pelo jornal. Comandante de tropa, o general de divisão afirmou que declarações como a de Eduardo Bolsonaro "não calam dentro da instituição". Ele afirmou que os generais não veem nenhuma ameaça à ordem democrática e às instituições. "Desde 1985, o País conviveu com dois impeachments e o fez de forma serena. As instituições estão funcionando e não precisam de tutela", afirmou o general.

O militar afirmou que não deveria ser necessário lembrar a ninguém que o Exército não toma partido, não é força de governo, mas uma instituição de Estado, que representa a Nação e defende a Pátria. Para ele, a estrutura de segurança pública dos Estados é mais do que suficiente para garantir a ordem. O oficial deu como exemplo os protestos de 2013. De acordo com o general, naquele ano, as PMs - principalmente a de São Paulo - mostraram que podem lidar com esse tipo de evento sem o recurso a medidas excepcionais.

Outro general disse que há radicais no entorno do presidente. "Quando alguém entra na minha sala e diz que é para fechar o Supremo não precisa nem do cabo, basta o soldado, pois eles estão desarmados. Eu pergunto: 'E amanhã?' O Brasil não é a Bolívia. Radicalismo não leva a nada." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um dia depois de o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sugerir um "novo AI-5" para conter uma eventual radicalização da esquerda, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), escreveu nesta sexta-feira (1º) no Twitter que "exaltar o período de trevas da ditadura é desmerecer a estatura constitucional da nossa democracia".

"O AI-5 impôs a perda de mandatos de congressistas, a suspensão dos direitos civis e políticos e o esvaziamento do habeas corpus. É o símbolo maior da tortura institucionalizada. Exaltar o período de trevas da ditadura é desmerecer a estatura constitucional da nossa democracia", escreveu Gilmar Mendes no Twitter.

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O Ato Institucional nº 5 foi o mais duro instituído pela ditadura militar, em 1968, ao revogar direitos fundamentais e delegar ao presidente da República o direito de cassar mandatos de parlamentares, intervir nos municípios e Estados. Também suspendeu quaisquer garantias constitucionais, como o direito a habeas corpus. A partir da medida, a repressão do regime militar recrudesceu.

"Se a esquerda radicalizar a esse ponto, vamos precisar dar uma resposta. E essa resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada via plebiscito, como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada", afirmou Eduardo Bolsonaro em entrevista à jornalista Leda Nagle.

Gilmar Mendes é o segundo ministro do STF que vem a público para criticar a declaração do filho da presidente da República. Na quinta-feira (31), o ministro Marco Aurélio Mello considerou uma "impropriedade" a fala do parlamentar.

"Quanta impropriedade. Estão solapando a democracia. E é geral. Exemplo: o inquérito natimorto: sigiloso ao extremo e nele tudo cabe. Aonde vamos parar?", disse Marco Aurélio à reportagem.

Marco Aurélio fez referência ao inquérito sigiloso, instaurado por determinação do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, que apura ameaças, ofensas e fake news disparadas contra integrantes da Corte e seus familiares. A investigação tem sido contestada por ter ocorrido à revelia do Ministério Público e ter levado à censura de reportagens publicadas no site O Antagonista e na revista digital Crusoé.

Reações

A menção ao Ato Institucional n.º 5 causou forte reação nos três Poderes, a ponto de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dizer que a apologia à ditadura era passível de punição. Horas depois, o presidente Jair Bolsonaro, pai de Eduardo, desautorizou o filho, sob o argumento de que quem fala em AI-5 só pode estar "sonhando".

Eduardo Bolsonaro acabou pedindo desculpas, em entrevista à TV Bandeirantes. "Peço desculpas a quem porventura tenha entendido que eu estou estudando o retorno do AI-5, ou o governo, de alguma maneira - mesmo eu não fazendo parte do governo - está estudando qualquer medida nesse sentido. Essa possibilidade não existe. Agora, muito disso é uma interpretação deturpada do que eu falei. Eu apenas citei o AI-5. Não falei que ele estaria retornando", disse o deputado em entrevista por telefone à TV Bandeirantes na quinta.

Após falar em "novo AI-5", o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) é alvo de uma queixa-crime assinada por 18 parlamentares do PSOL, PT, PSB, PDT, PC do B, além da liderança da Minoria na Câmara Federal. Eles moveram a ação no Supremo Tribunal Federal (STF) e pedem que Eduardo seja condenado por incitação e apologia ao crime, além de ato de improbidade administrativa, o que pode levar à perda de cargo do filho do presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com a peça, Eduardo Bolsonaro "incitou um possível retorno do AI-5, página infeliz da história brasileira, afrontando diretamente os ditames constitucionais e democráticos pátrios". "O AI-5 permitiu, e em decorrência dele, que fossem praticados inúmeros e severos crimes a milhares de pessoas, à instituições e à coletividades".

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"Pretender sua volta incita a prática dos mesmos crimes antes cometidos como a tortura, o abuso de poder, as lesões corporais, os homicídios e numerosos outros tipos penais todos atentando contra a sociedade, a democracia, as organizações, a liberdade e a vida das pessoas. Por tal razão, o parlamentar incidiu nos tipos penal de 'incitação ao crime' e 'apologia de crime ou criminoso'", anotam.

Os parlamentares ainda ressaltam que "a natureza autoritária da ditadura militar, bem como as graves violações de direitos do regime inaugurado em 1964, foi reconhecida por diversas oportunidades pelo Estado Brasileiro por meio de seus representantes constitucionalmente instituídos, desde a promulgação da Constituição de 1988".

"É fundamental que os poderes constituídos tomem as providencias cabíveis para punir os responsáveis pelos referidos atentados contra o Estado Democrático de Direito", sustentam.

Assinam a peça os deputados federais Ivan Valente (PSOL), Fernando Melchionna (PSOL), André Figueiredo (PDT), Alessandro Molon (PSB), Daniel Almeida (PC do B), Humberto Costa (PT), Jandira Fhegali (PC do B), Joenia Wapichana (Rede), Francisco Alencar (PDT), Paulo Pimenta (PT), Áurea Carolina (PSOL), David Miranda (PSOL), Edmilson Rodrigues (PSOL), Glauber Braga (PSOL), Luíza Erundina (PSOL), Marcelo Freixo (PSOL), Sâmia Bomfim (PSOL) e Talíria Petrone (PSOL).

O deputado defendeu em entrevista à jornalista Leda Nagle medidas drásticas - como "um novo AI-5" - para conter manifestações de rua como as que ocorrem no Chile atualmente. "Se a esquerda radicalizar a esse ponto, vamos precisar dar uma resposta. E essa resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada via plebiscito, como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada", afirmou.

Após forte repercussão negativa, que envolveu parlamentares, Judiciário, advogados e entidades de defesa dos Direitos Humanos, ele pediu desculpas. "E eu não fico nem um pouco constrangido de pedir desculpa a qualquer tipo de pessoa que tenha se sentido ofendida ou imaginado o retorno do AI-5", disse.

Para o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, se o Brasil registrar protestos similares aos que estão ocorrendo nos últimos dias no Chile, o governo terá que "fazer alguma coisa para conter". Editar um "novo AI-5", como sugeriu nesta quinta-feira (31), o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, segundo ele, não é assim tão fácil, teria que ser aprovado "em um monte de lugares".

Heleno compara o andamento de uma eventual proposta como a sugerida por Eduardo às dificuldades enfrentadas pelo pacote anticrime do ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. Um dos principais conselheiros do presidente para assuntos militares, Heleno conversou com o jornal O Estado de S. Paulo, por telefone, nesta quinta-feira à tarde, e disse que até aquele momento não tinha visto a entrevista em que Eduardo defende a reedição do AI-5. Em nenhum momento, ele repudiou a declaração do deputado ou a norma editada pela ditadura.

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Eduardo falou sobre editar uma espécie de novo AI-5, caso protestos no Brasil se radicalizem. O que o senhor acha?

Ele (Eduardo) estava sob forte emoção com esse negócio da TV Globo (a declaração do deputado foi dada segunda-feira, portanto, antes da reportagem do Jornal Nacional que menciona o nome do presidente no caso Marielle Franco). Tudo isso tem de ser considerado. Essas coisas, hoje, num regime democrático... É complicado. Tem de passar em um monte de lugares. Não é assim. O projeto do Moro, fundamental para conter crime, não passa. Fazem de tudo para não passar. O pessoal não quer, não quer nada que possa organizar o País. Mas isso aí não é assim, 'vou fazer' e faz.

O AI-5 seria algo de outro período, que não cabe mais hoje?

Não ouvi ele (Eduardo Bolsonaro) falar isso. Se falou, tem de estudar como vai fazer, como vai conduzir. Acho que, se houver uma coisa no padrão do Chile, é lógico que tem de fazer alguma coisa para conter. Mas até chegar a esse ponto tem um caminho longo.

Neste caso de uma situação como a do Chile, o senhor acha que seria viável ou mesmo necessário algo como um AI-5?

Não sei. Não presenciei os movimentos do Chile. O que a imprensa noticia normalmente não é a verdade. Isso a gente já se acostumou no Brasil. Notícia de jornal, televisão, é toda manipulada. A favor ou contra ao que interessa àquele canal. Até os sites de redes sociais são manipulados. Não tenho ainda informações seguras sobre o que houve no Chile. Hoje em dia não acredito em nada da imprensa. A imprensa hoje, eu falo com muito receio que é tudo com segundas intenções. O telefonema (do Estado) já foi sobre algo que você quer uma resposta, eu sei qual a resposta que você quer, não vou te dar essa resposta. Pode escrever o que você quiser.

De maneira geral, qual a sua leitura sobre um AI-5, ou algo parecido, hoje?

Não vou comentar sobre isso. Não ouvi nada sobre isso. Isso aí para mim não faz sentido. Ele (Eduardo) não comentou com a gente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder do PT na Câmara, o deputado Paulo Pimenta (RS), afirmou que a bancada do partido deverá entrar com uma queixa-crime contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no Supremo Tribunal Federal (STF) por causa das declarações dadas sobre um "novo AI-5" caso ocorram manifestações tais quais as que ocorrem no Chile. "O Supremo precisa ter uma resposta e encarar isso como um crime, para que fique claro para a sociedade que a apologia à ditadura e a torturadores não será tolerada. Aqueles que tentarem fazer isso deverão responder criminalmente por isso", afirmou Pimenta.

"Nós temos que impedir que o ovo da serpente continue a ser chocado". "Ele (Eduardo Bolsonaro) tem que perder o mandato e sofrer as consequências criminais do que ele cometeu", afirmou o líder do PT.

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Pimenta também confirmou que seis partidos de oposição assinaram o pedido para que Eduardo seja investigado pelo Conselho de Ética da Câmara. Segundo apurou Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, são eles o PT, PSOL, PSB, PDT, PCdoB e Rede.

PSC

O PSC emitiu nota de repúdio à fala de Eduardo Bolsonaro. O partido se posiciona contrário a "qualquer atitude autoritária que atente contra a Constituição e as liberdades individuais". O texto ainda classifica a declaração do parlamentar como "absurda e despropositada". COLABOROU SAMUEL COSTA, ESPECIAL PARA AE

Movimentos sociais reunidos nas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular decidiram alterar o mote da manifestação marcada para o dia 5, no vão livre do MASP, em razão das declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre um "novo AI-5". O ato, que tinha como tema a cobrança por justiça no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, agora vai ter como tema "ditadura nunca mais".

"Eduardo Bolsonaro é um escroque sem nenhuma credibilidade mas a questão é que isso tem ganhado espaço no círculo do presidente e parece revelar um desejo golpista do próprio (Jair) Bolsonaro", disse o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, que disputou a eleição presidencial de 2018 pelo PSOL.

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A declaração de Eduardo em entrevista à jornalista Leda Nagle sobre a possibilidade de um novo AI-5 em caso de radicalização da esquerda ressuscitou a articulação por mobilizações populares que haviam ganhado força com a associação do nome de Bolsonaro ao assassinato de Marielle e refluíram com o desmentido do Ministério Público do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira, 30, à tarde.

"Estamos modificando e ampliando o mote em repúdio às declarações do Eduardo", disse Boulos.

Segundo o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, a ideia é testar se a indignação demonstrada por parte da população contrária ao governo Bolsonaro nas redes sociais pode se consolidar nas ruas, a exemplo do que vem acontecendo no Chile e em outros países da América Latina.

"A ideia é que seja uma manifestação bem ampla colocando na pauta desde o caso da Marielle até essa infinidade de coisas que não acaba nunca. Este governo é tão inábil que daqui até terça-feira ainda podemos ter fator novos", disse Juliano.

Ontem de manhã, em entrevista coletiva convocada para falar sobre o caso Marielle antes do desmentido do MP-RJ, o dirigente do PSOL chegou a falar que "torcemos para que o Brasil vire um Chile". Hoje Medeiros reiterou a posição.

"Há uma tentativa do governo de criar um clima de intimidação mas a gente não vai se intimidar, não. Não tem AI-5, não tem toque de recolher que vá intimidar as pessoas", disse ele.

Segundo Raimundo Bonfim, dirigente da Central de Movimentos Populares (CMP) e da Frente Brasil Popular, apesar do desmentido do MP-RJ, o caso Marielle continua na pauta. "Ainda tem muita coisa para esclarecer como o fato de o ministro da Justiça (Sérgio Moro) ter acionado a Procuradoria Geral da República (PGR) para ouvir o porteiro (do condomínio de Bolsonaro). Isso é muito grave. Ministro não é justiceiro", disse Bonfim.

A cúpula da Procuradoria-Geral da República (PGR) avalia que a fala do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre um novo "AI-5" é uma opinião que está protegida pela imunidade parlamentar, segundo o Estado/Broadcast Político apurou. A polêmica declaração reacendeu dentro da PGR, do Supremo Tribunal Federal (STF) e de tribunais superiores o debate sobre a extensão da imunidade parlamentar e a possibilidade de o parlamentar responder na Justiça pelo seu posicionamento.

Segundo a Constituição, os congressistas são "invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos". Isso não significa, porém, que tudo é permitido pela Justiça. Em junho de 2016, por exemplo, a Primeira Turma do STF aceitou denúncia contra o então deputado federal Jair Bolsonaro por dizer, nos corredores da Câmara, que a petista Maria do Rosário (RS) não "merecia ser estuprada" por ser "muito feia" e porque ela "não faz seu tipo".

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A avaliação do colegiado na época foi a de que as declarações não guardam relação com a função de deputado, não devendo ser protegidas pela imunidade parlamentar. A ação foi suspensa depois que Bolsonaro assumiu o Palácio do Planalto, já que o presidente não pode ser responsabilizado por ato anterior ao mandato.

Dois integrantes da cúpula da PGR ouvidos reservadamente pelo Estado/Broadcast Político avaliam que a declaração de Eduardo Bolsonaro está protegida pela imunidade parlamentar. Um deles define o posicionamento do filho do presidente da República como "simples opinião". Um outro membro da cúpula da PGR diz que acionar, hoje, a Justiça contra Eduardo Bolsonaro equivale a reprimir quem falava contra o AI-5 nos anos de chumbo. "Quem fala o que quer, ouve o que não quer. Essa é a regra da liberdade", afirmou.

Dentro do STF, no entanto, um ministro acredita que a fala representa um ataque à democracia, representa uma ameaça ao Estado de Direito e pode ser enquadrada até na lei de segurança nacional. Sancionada em 1983, em plena ditadura militar, a lei prevê detenção de um a quatro anos para quem fazer, em público, propaganda de "processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social".

Em entrevista ao Estado/Broadcast Político, o ministro Marco Aurélio Mello considerou o comentário de Eduardo Bolsonaro uma "impropriedade". "Estão solapando a democracia. E é geral. Exemplo: o inquérito natimorto: sigiloso ao extremo e nele tudo cabe. Aonde vamos parar?", disse Marco Aurélio à reportagem, ao criticar o inquérito sigiloso instaurado pelo próprio STF para apurar ameaças, ofensas e fake news contra integrantes da Corte.

Um outro integrante do Supremo, que também pediu para não ser identificado, concorda com a posição da cúpula PGR de que as falas estão protegidas pela liberdade de expressão e a imunidade parlamentar. Para esse integrante, muitas pessoas defendem o regime militar, e "não há como enquadrar ideias".

Precedentes

A extensão da imunidade parlamentar é um tema recorrente em julgamentos no STF. Em 2014, a Primeira Turma do STF recebeu denúncia contra o então deputado Abelardo Camarinha (PSB-SP) por injúria, depois que ele deu entrevista em que acusava um vereador de ter adquirido bens com dinheiro de origem ilícita. "A atividade parlamentar tem no uso da palavra sua expressão mais significativa, mas o abuso da palavra pode ter, sim, implicações criminais civis e criminais", disse a ministra Rosa Weber na ocasião.

Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde também atua, Rosa ainda não se manifestou sobre a controversa declaração de Eduardo Bolsonaro. Para um ministro do TSE, Eduardo não infringiu nem ofendeu ninguém e nenhuma instituição, e sim "falou bobagem".

Já um ministro do Superior Tribunal e Justiça (STJ) respondeu ao questionamento da reportagem com outra pergunta: "A questão é: pode um parlamentar usar a imunidade parlamentar, atributo da democracia, para defender a ditadura?"

O presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), em nome do partido, afirmou que as declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sugerindo a edição do AI-5 são inaceitáveis. Em nota divulgada nesta quinta-feira, 31, Bivar repudia o que chamou de "tentativa de golpe ao povo brasileiro".

"O PSL é contra qualquer iniciativa que resulte em retirada de direitos e garantias constitucionais. Em nosso partido, a democracia não é negociável. Fica aqui nossa manifestação de repúdio a esta tentativa de golpe ao povo brasileiro", afirma Bivar na nota.

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De acordo com o comunicado, o Diretório Nacional do PSL, "com veemência", "repudia integralmente qualquer manifestação antidemocrática que considere a reedição de atos autoritários". "A simples lembrança de um período de restrição de liberdades é inaceitável", diz a nota.

Bivar defendeu na nota ainda a importância da imprensa livre. "Não podemos permitir que sejam abalados pilares democráticos caros, como a tolerância, a prática de aceitar o contraditório, as críticas e o trabalho importante da imprensa, que deve ser livre, sem amarras de qualquer tipo".

LEIA A NOTA NA ÍNTEGRA:

"O Diretório Nacional do Partido Social Liberal, com veemência, repudia integralmente qualquer manifestação antidemocrática que, de alguma forma, considere a reedição de atos autoritários.

A simples lembrança de um período de restrição de liberdades é inaceitável.

O Brasil demorou anos para voltar a respirar democracia e a eleger diretamente seus representantes, a um custo altíssimo, tanto para o Estado quanto para as vítimas do regime transitório.

Não podemos permitir que sejam abalados pilares democráticos caros, como a tolerância, a prática de aceitar o contraditório, as críticas e o trabalho importante da imprensa, que deve ser livre, sem amarras de qualquer tipo.

O PSL é contra qualquer iniciativa que resulte em retirada de direitos e garantias constitucionais.

Em nosso partido, a democracia não é negociável.

Fica aqui nossa manifestação de repúdio a esta tentativa de golpe ao povo brasileiro.

Executiva Nacional do PSL

Luciano Bivar - Presidente"

O presidente Jair Bolsonaro fez uma tentativa de contornar a fala do filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), sobre um "novo AI-5". "Quem está falando sobre AI-5 está sonhando", disse ao ser questionado por jornalistas na saída do Alvorada nesta quinta-feira, 31. "Não existe. AI-5 é no passado, existia outra Constituição, não existe mais. Esquece. Vai acabar a entrevista aqui", afirmou.

Bolsonaro, sugeriu que o próprio filho fosse cobrado. "Cobrem dele (Eduardo). Quem quer que seja que fale em AI-5, está sonhando. Tá sonhando! Tá sonhando! Não quero nem ver notícia nesse sentido aí", disse o presidente.

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"Olha, cobre você dele. Ele é independente. Tem 35 anos se eu não me engano. Mas tudo bem. Lamento... Se ele falou isso, que eu não estou sabendo, lamento, lamento muito", afirmou.

Crianças

Uma excursão de crianças aguardava o presidente na saída do Palácio. Bolsonaro pediu que os estudantes fizessem perguntas e respondeu a eles. "Dica: primeiro respeitar papai e mamãe, professor na sala de aula e estudar", disse. "Não queiram ficar dependente do Estado a vida toda", afirmou.

O presidente voltou a dizer que ainda não se sabe a origem do óleo que atinge as praias do Nordeste. Além disso, afirmou que se reúne com o ministro da Economia, Paulo Guedes, na segunda-feira, para tratar da reforma administrativa que deve ser enviada ao Congresso na terça-feira.

Mais cedo ele se reuniu com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e disse que tratou sobre projetos com o senador.

O governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB), disse "repudiar a tentação autoritária e o silêncio de quem as patrocina", além de afirmar ser inaceitável a "ruptura do modelo democrático".

A nota assinada pelo governador rebate as declarações do deputado federal e filho do meio do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), de que não descarta "um novo AI-5" caso aconteçam no Brasil manifestações como as que acontecem no Chile hoje.

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Doria acrescentou que "a democracia brasileira não tem medo de bravatas" e que "o País quer distância dos radicais que pregam medidas de exceção e atentam contra a Constituição". Para Doria, "o Brasil estará unido para manter as liberdades civis, a imprensa livre e as garantias fundamentais".

A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), classificou como "estarrecedor e inaceitável" o comentário do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O parlamentar defendeu, em entrevista à jornalista Leda Nagle, medidas drásticas como um "novo AI-5" para conter manifestações de rua como as que ocorrem no Chile, caso elas se repitam aqui no Brasil.

"Estarrecedor e inaceitável. Qualquer um que tenha vivido, ou tenha conhecimento mínimo, do que foram os atos institucionais, em especial o AI 5, não pode aceitar uma declaração como esta, não importa se de filho de presidente da República ou não", afirmou a senadora por meio do Twitter.

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Em outra postagem, a senadora destacou que de um parlamentar se espera o cumprimento do juramento constitucional. "Mas, especialmente de um integrante do Congresso, de quem se espera o cumprimento do juramento constitucional, feito no momento da posse, de defender a democracia e respeitar a Constituição brasileira. Crises da democracia só podem ser resolvidas no bojo da própria democracia."

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) criticou nesta quinta-feira, 31, a fala do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) em defesa de um "novo AI-5" no caso de radicalização da oposição do governo de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL).

"A democracia não comporta comichões autoritárias, retrocessos e enxovalhamento institucional. Os ataques são inconsequentes, não irrelevantes. A democracia se encarrega de punir abusos", escreveu o senador em sua conta no Twitter.

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Para Renan, "o #AI5 foi a expressão mais aterradora, opressiva e fascista da história. #Ditaduranuncamais", tuitou.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), reagiu à declaração do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre "um novo AI-5", classificando a fala do filho do presidente Jair Bolsonaro como um "absurdo" e uma "inadmissível afronta à Constituição".

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) defendeu em entrevista à jornalista Leda Nagle medidas drásticas - como um novo Ato Institucional 5 (AI-5) - para conter eventuais manifestações de rua como as que ocorrem no Chile atualmente.

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"É lamentável que um agente político, eleito com o voto popular, instrumento fundamental do Estado democrático de Direito, possa insinuar contra a ferramenta que lhe outorgou o próprio mandato", diz nota assinada por Alcolumbre, que, como presidente do Senado, preside o Congresso Nacional.

"Mais do que isso: é um absurdo ver um agente político, fruto do sistema democrático, fazer qualquer tipo de incitação antidemocrática. E é inadmissível esse afronta à Constituição", afirmou.

Alcolumbre declarou ainda não fazer espaço para "retrocesso autoritário".

Confira a nota na íntegra:

Nota à imprensa

Como presidente do Congresso Nacional da República Federativa do Brasil, honro a Constituição Federal do meu País, à qual prestei juramento, e ciente da minha responsabilidade, trabalho diariamente pelo fortalecimento das instituições, convicto de que o respeito e a harmonia entre os Poderes é o alicerce da democracia, que é intocável sob o ponto de vista civilizatório.

É lamentável que um agente político, eleito com o voto popular, instrumento fundamental do Estado democrático de Direito, possa insinuar contra a ferramenta que lhe outorgou o próprio mandato.

Mais do que isso: é um absurdo ver um agente político, fruto do sistema democrático, fazer qualquer tipo de incitação antidemocrática. E é inadmissível essa afronta à Constituição.

Não há espaço para que se fale em retrocesso autoritário. O fortalecimento das instituições é a prova irrefutável de que o Brasil é, hoje, uma democracia forte e que exige respeito.

Davi Alcolumbre

Presidente do Congresso Nacional

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O líder da Oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB-RJ), afirmou nesta quinta-feira, 31, que a ala pedirá a cassação do mandato do deputado Eduardo Bolsonaro (SP), líder do PSL na Casa, por sua declaração sobre um "novo AI-5". Segundo Molon, que fez o anúncio a jornalistas na Câmara, o pedido será apresentado na próxima semana no Conselho de Ética da Casa.

"Declaração extremamente grave, inaceitável, fere o decoro parlamentar, e por isso nós da oposição vamos pedir a cassação do mandato do deputado Eduardo Bolsonaro", afirmou o líder da oposição.

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Para Molon, Eduardo "abusa" das prerrogativas de parlamentar, "em especial a imunidade parlamentar". "Ele está usando a imunidade parlamentar para defender o fim da democracia, para ameaçar o Parlamento", disse Molon.

Líder do PSOL na Câmara, Ivan Valente também afirmou que será apresentada uma notícia crime no Supremo Tribunal Federal (STF) ainda nesta quinta-feira, 31, contra Eduardo. "Ele está pregando uma ditadura", afirmou.

Segundo Valente, há uma articulação para que haja um pronunciamento geral de repúdio à declaração do deputado pelos partidos de oposição e também de Centro.

"Falamos com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, há uma articulação junto com Davi Alcolumbre para que haja um pronunciamento geral dos partidos políticos de oposição e também do Centro para repudiar mais essa atitude", afirmou.

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A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) afirmou, em nota divulgada nesta quinta-feira, 31, repudiar com veemência a manifestação do deputado Eduardo Bolsonaro, líder do PSL na Câmara, sobre a possibilidade da edição de um 'novo AI-5' (Ato Institucional nº 5) no Brasil.

"A ação mais dura do longo período de ditadura militar fechou o Congresso Nacional, assembleias estaduais e representou um 'salvo conduto' para que o Estado assassinasse aqueles que discordavam do regime militar. Instituiu a censura prévia das artes e da imprensa. Também permitiu ao governo federal, sob pretexto de 'segurança nacional', destituir sumariamente juízes e intervir em estados e municípios, cassando mandatos de governadores e prefeitos", diz o presidente da FNP, Jonas Donizette, prefeito de Campinas (SP).

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Na avaliação da entidade, flertar com o AI-5 é inaceitável e um afronta à democracia. "É crime previsto na Lei de Segurança Nacional. É lamentável e muito preocupante que um parlamentar cogite reeditar o pior período da história do Brasil republicano. Propor tamanho retrocesso é uma afronta à Constituição."

Na nota, é destacado ainda que defender o Estado Democrático de Direito é dever de todos os brasileiros, especialmente por aqueles eleitos pelo voto direto. "Por isso, é indispensável que a Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, a Casa do povo, tome urgentemente as providências cabíveis e necessárias para defender a democracia brasileira."

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