Com base nos balanços financeiros publicados pelos clubes brasileiros em abril deste ano, alguns profissionais do Itaú BBA fizeram uma análise detalhada da relação entre dívidas e gastos de 27 clubes brasileiros, entre eles Náutico, Santa Cruz e Sport. O estudo constatou diferentes cenários para o trio de ferro da capital pernambucana. Enquanto os alvirrubros são colocados em um cenário preocupante com gastos crescentes e receitas em queda, rubro-negros receberam destaque pela gestão que diminuiu o passivo do clube no ano passado.
Segundo os profissionais responsáveis pela análise, ela foi desenvolvida apenas com base nas informações públicas, sem que se tenha tido contato com clubes, por isso, em alguns casos, as informações levantadas ainda são deficitárias. Após a divulgação, ainda é feita uma projeção futura para os clubes em caso de ausência de mudanças administrativas.
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Náutico:
Para os alvirrubros, o balanço apresentado é de crescimento na receita para um total de R$ 18,4 milhões em 2015, R$2,4 milhões a mais em relação ao ano anterior, mas em equiparação com a receita, os gastos do clube também aumentaram e ultrapassaram o saldo positivo fazendo que o Náutico fechasse pelo segundo ano com déficit financeiro. O balanço, inclusive, mostra que os elevados gastos no Timbu se mantém desde a participação do time na Série A nos anos de 2012 e 2013. Quando o clube teve suas maiores receitas, o balanço mostrou também gastos que se aproximavam do que era disposto em caixa. Ainda é apresentada uma análise da folha de pagamento que está acima dos valores estabelecidos pelo Profut, que prevê a destinação de no máximo 80% da renda bruta do clube para o futebol. Atrasos salariais e pagamentos relativos ao passado são apontados como maiores fatores para o crescimento de dívidas e impostos.
Ao final é feita uma análise sobre a situação alvirrubra:
“Na Corda Bamba
O Náutico parece não se conhecer. Clube de alcance regional, tem acesso limitado a Receitas, mas ainda assim apresenta Custos e Despesas acima das receitas há dois anos. Isso só dificulta o clube de manter as contas em dia.
Se nada for feito para reverter o quadro, uma possível adesão ao Profut vai drenar o caixa do clube e pode colocá-lo em risco num futuro próximo. Mas sem isso fica impossível se equilibrar”.
Santa Cruz:
Em relação ao tricolor, a receita do clube foi de R$15,1 milhões e teve uma queda em relação aos anos de 2014 e 2013, quando teve R$18 milhões e R$19 milhões, respectivamente. Mesmo com aumento nos ganhos dos direitos de TV, o clube teve quedas consideráveis relativas à bilheteria e publicidade. A baixa receita refletiu nos gastos do clube, que para subir para a Série A aumentou os Custos e Despesas e fechou, pelo segundo ano consecutivo, com uma geração de caixa negativa. O saldo negativo é creditado a dívidas bancárias, que foram o principal ponto utilizado para ajustar as contas do clube em 2015. Porém, em demais dívidas, foi apontada uma queda nos números. Os corais, que também aderiram ao Profut, diferentemente do Náutico, apresentam uma folha que ainda se mantém dentro dos padrões estabelecidos.
Ao final também é feita uma análise sobre o Santa Cruz:
“Procurando se encontrar
O Santa Cruz em 2015 deve ser analisado sob duas óticas: I) Esportivamente foi muito bem, especialmente considerando a capacidade de investivento, pois dos clubes analisados é um dos menores orçamentos; II) Financeiramente foi bastante complexo, pois a geração de caixa foi negativa, teve pressão de giro relevante, muitas saídas de caixa e ainda teve que se apoiar em bancos para fechar suas contas.
Vai contar com o crescimento de receitas de quem chega a Série A para organizar a casa. Ou não, caso utilize o dinheiro apenas para reforçar o elenco e tentar permanecer na divisão de elite, o que não é recomendado se pensarmos estratégias de longo prazo.
Mais um clube que tem a vida difícil de quem tem poder financeiro limitado.”
Sport:
O Leão apresentou em 2015 sua maior receita em relação a 2011, 2012, 2013 e 2014, chegando a casa dos R$88 milhões. Além disso, o clube conseguiu uma baixa de 84% para 66% em relação a folha de pagamento, mas houve aumento de outras despesas que segundo o Itaú não foram detalhadas no balanço divulgado pelo clube, que fizeram que, mesmo com o aumento das receitas, houvesse também um aumento dos custos e despesas. Ainda se mantendo dentro do que recebeu, o saldo positivo foi mínimo.
A análise feita para o sobre o rubro-negro é a seguinte:
“Olhando para o Futuro
O Sport apresenta uma gestão organizada, controlada, que mantém as finanças equilibradas.
2015 foi um bom ano nesse sentido, onde vimos a equipe reestruturar suas dívidas tributárias, ao mesmo tempo que se utilizou de adiantamentos para reforçar seu caixa e entrar em 2016 pronto para manter uma equipe competitiva, mas dentro de suas possibilidades.
É importante que o clube mantenha os pés no chão e suba de patamar de forma consciente”.