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A Polícia Civil do Paraná investiga uma possível relação entre a morte do vigilante da Itaipu Binacional Claudinei Coco Esquarcini no domingo, 17, com o assassinato do guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), Marcelo Arruda, ocorrido no último dia 9 em Foz do Iguaçu. Arruda foi morto pelo agente penal federal Jorge Guaranho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, durante a sua festa de aniversário, que tinha como tema o PT e imagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Esquarcini pertencia ao quadro de diretores da Associação Recreativa e Esportiva Saúde Física (Aresf), local onde a festa de Arruda ocorreu. Por ser um dos diretores, ele teria acesso ao sistema de monitoramento das câmeras de segurança através de senhas.

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Segundo a Polícia Civil do Paraná, Esquarcini cometeu suicídio no domingo, 17, em Medianeira (PR). Imagem de câmera de segurança mostra que ele estava sozinho quando se jogou de cima de um viaduto na BR-277. Foi socorrido com vida, mas não resistiu e morreu.

Nesta segunda-feira, 18, os advogados que representam a família de Marcelo Arruda pediram que seja determinada a busca e apreensão do celular de Esquarcini e que a presidência da Aresf forneça em até 24 horas ao Ministério Público a lista completa de diretores da associação.

Após a morte de Esquarcini, começou a circular a informação de que o agente de segurança teria sido o responsável por mostrar a Guaranho as imagens das câmeras da festa na qual ocorreu a morte do tesoureiro do PT. Um associado da Aresf ouvido pelo Estadão, no entanto, afirmou que Esquarcini não estava no churrasco no qual Guaranho teria tido acesso às imagens da festa do petista.

Na sexta-feira, 15, a delegada Camila Cecconello, responsável por comandar as investigações sobre a morte de Arruda, informou que Guaranho ficou sabendo que uma comemoração com temática do PT estava ocorrendo na Aresf porque as imagens das câmeras de segurança da festa foram mostradas a ele durante um churrasco. A identidade da pessoa que tinha acesso às imagens das câmeras não foi revelada. Segundo a delegada, a testemunha afirmou que não teria mostrado as imagens por maldade e não sabia das intenções de Guaranho.

Guaranho saiu do churrasco e esteve na festa de aniversário de Marcelo Arruda por duas vezes, na noite do dia 9. Na primeira, estava na companhia da esposa e um bebê de três meses no banco de trás do carro, com som alto em uma música de apoio a Bolsonaro. De acordo com testemunhas, ao parar o veículo na entrada da festa e abaixar os vidros, Guaranho começou a gritar palavras de apoio ao presidente, tais como "aqui é Bolsonaro" e "mito", além de fazer xingamentos ao PT. Houve um princípio de discussão entre ele e Arruda, que jogou pedras e terra em direção ao carro. Nesse momento, Guaranho apontou a arma para Arruda e a esposa do guarda municipal, Pâmela Suellen Silva, interveio.

Após deixar a esposa e bebê em casa, Guaranho retornou à festa. Em depoimento à Polícia Civil, a esposa de Guaranho disse que pediu ao marido para não retornar, mas ele havia se sentido humilhado por ter sido atingido por terra e pedras. Já de volta à festa, ele saiu do carro armado - Arruda também estava armado. Guaranho atirou primeiro. Dos quatro tiros que deu, dois acertaram Arruda, que, mesmo ferido, conseguiu revidar com dez disparos, dos quais quatro acertaram Guaranho.

Caído ao chão, Guaranho ainda recebeu diversos chutes no rosto de pelo menos três pessoas. Arruda chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu, deixando esposa e quatro filhos.

A conclusão do inquérito policial indiciou Guaranho por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por colocar em risco a vida de outras pessoas presentes na festa. Ele continua internado em estado grave, porém estável, respirando com a ajuda de aparelhos. O Ministério Público do Paraná teve acesso ao inquérito policial e deverá se manifestar essa semana sobre o assassinato, podendo abrir denúncia contra Guaranho ou pedir mais diligências sobre o caso.

O PT elaborou uma série de instruções de segurança aos apoiadores que participam, nesta terça-feira (12), do ato com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Brasília. As orientações recomendam precauções como "não aceitar provocações de bolsonaristas infiltrados", tirar fotos e gravar "situações de ameaça" e andar em grupos. A preocupação com a segurança acontece três dias depois de o guarda municipal petista Marcelo Arruda ter sido morto a tiros pelo agente penitenciário bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho.

O pré-candidato do PT à Presidência vai participar nesta terça e na quarta-feira (13) de eventos com apoiadores e reuniões com políticos aliados para reforçar sua tentativa de voltar ao Palácio do Planalto.

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Está previsto para às 17 horas de hoje um evento no centro de convenções Ulysses Guimarães com apoiadores do ex-presidente. O ex-governador de São Paulo e pré-candidato a vice do petista, Geraldo Alckmin (PSB), também vai participar.

Veja a lista de recomendações:

-Não aceite provocação de bolsonaristas infiltrados;

-Não discuta nem agrida nenhum provocador. Ações heróicas podem causar riscos desnecessários à você e ao teu coletivo de militantes;

-Se achar alguém suspeito que pareça ser uma ameaça, avise à equipe de segurança;

-Preencha a lista de presença no link;

-Tire fotos e grave situação de ameaça;

-Ande em grupos até parada de ônibus e rodoviária;

-Evite se expor a situação de risco.

-É bom ter uma camiseta não militante debaixo da vermelha caso precise andar só no trajeto para casa em locais públicos.

Apoios

O evento também será o primeiro de Lula com o pré-candidato ao governo do Distrito Federal, Leandro Grass (PV), que representará a federação PT-PCdoB-PV na disputa pela sucessão do governador Ibaneis Rocha (MDB). Antes do evento no centro de convenções, Lula vai se reunir com empresários da Confederação Nacional de Comércio (CNC) e receber um documento com sugestões do setor.

Presidentes dos partidos que vão apoiar Lula, como PSB, Solidariedade, PCdoB, PSOL e Rede, além do próprio PT, vão participar de uma reunião nesta tarde com o procurador-geral da República, Augusto Aras, quando vão entregar um pedido para federalizar as investigações envolvendo o assassinato de Marcelo. Lula não deve participar da entrega da ação.

Como mostrou o Estadão, Aras avalia que não há margem para retirar as apurações do Paraná e deve frustrar o pedido dos dirigentes partidários. O chefe da PGR disse a aliados que o caso foi um crime comum e que a Justiça local tem capacidade de lidar.

Na quarta, os presidentes dos partidos também vão se reunir com o ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF), que será o presidente da Justiça Eleitoral durante as eleições deste ano. No encontro, os dirigentes vão entregar um "memorial sobre a violência política contra a oposição no Brasil" e pedir iniciativas do TSE para garantir "eleições pacíficas".

Na quarta, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), irá receber Lula e senadores petistas na residência oficial da presidência do Senado. O mineiro procurou afastar qualquer tipo de caráter eleitoral e disse que a conversa com Lula será algo institucional.

"Vejo como um encontro natural, institucional e importante para a demonstração de que as instituições neste país conversam, dialogam. Podem não convergir sempre, mas que há um ambiente de diálogo e de muito respeito mútuo entre todos", disse em entrevista coletiva na segunda-feira (11).

Pacheco também recebeu em abril o pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, e seu irmão, o senador Cid Gomes (PDT-CE). O PSD decidiu que vai liberar os diretórios estaduais da legenda para apoiarem quem preferirem. Integrantes importantes do partido, como o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o pré-candidato ao governo de Minas, Alexandre Kalil, já declararam apoio ao petista. Por outro lado, o partido presidido por Gilberto Kassab fechou aliança com o candidato bolsonarista ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Palanques nos Estados

Logo na manhã desta terça, Lula vai participar de reuniões para garantir palanques estaduais amplos, com a presença de políticos distantes da esquerda e até de partidos que vão apoiar o presidente Jair Bolsonaro (PL) em âmbito nacional. O ex-presidente tem uma conversa agendada com o deputado Neri Geller (Progressistas-MT) e com o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) para tratar da eleição no Mato Grosso. O encontro acontece a pedido de Geller, que é pré-candidato ao Senado e deve ter o apoio do PT no Estado.

O Progressistas é da base bolsonarista e tem o presidente licenciado da legenda, Ciro Nogueira, como ministro da Casa Civil. Mesmo assim, Geller se encaminha para apoiar Lula no Mato Grosso. O deputado já foi ministro da Agricultura na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e é um empresário ruralista, segmento que hoje está majoritariamente com Bolsonaro.

Também está prevista uma reunião com o senador Omar Aziz (PSD-AM) e com o deputado Marcelo Ramos (PSD-AM), apoiadores declarados de Lula. O tema da conversa será a eleição no Amazonas, Estado onde o PT ainda não tem definição. A expectativa é que os petistas apoiem a pré-candidatura do senador Eduardo Braga (MDB-AM) a governador. O MDB lançou a senadora Simone Tebet como pré-candidata a presidente, mas uma ala do partido já embarcou no apoio a Lula. Braga também terá uma reunião com Lula na quarta.

"Ele (Eduardo Braga) deve ser o palanque do presidente Lula e não vamos criar um problema pra campanha do presidente que é um projeto maior. Ajustaremos as coisas no Estado", disse Marcelo Ramos ao Estadão.

Consequências violentas da polarização política no Brasil têm sido presenciadas antes mesmo do início da campanha eleitoral, marcada para o próximo mês, no dia 16. Um guarda municipal, que declarava apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi assassinado a tiros por um agente penitenciário apoiador do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). Não foi o único caso.

Na quarta-feira (6), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, disse que o Brasil pode repetir, de forma mais grave, o episódio de invasão ao Capitólio ocorrido no ano passado, em Washington, Estados Unidos. Na ocasião, apoiadores do ex-presidente Donald Trump interromperam a contagem oficial de votos, o que confirmaria a vitória de Joe Biden, deixando cinco pessoas mortas. Em menos de um mês, quatro episódios de violência foram identificados Brasil afora.

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Assassinato em Foz do Iguaçu

O episódio de violência mais recente foi o assassinato de Marcelo Arruda, guarda municipal em Foz do Iguaçu, no Paraná, no sábado (9), durante sua festa de aniversário. Arruda era filiado ao Partido dos Trabalhadores e, segundo boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil, foi morto a tiros por Jorge José da Rocha Guaranho, agente penitenciário federal e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Momentos antes do crime, Guaranho havia interrompido a festa e ameaçado os presentes com uma arma na mão, na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu. Marcelo Arruda foi abordado no estacionamento, quando Guaranho sacou a arma e começou a disparar. Arruda tentou se defender com sua arma funcional e houve troca de tiros. Guaranho está no hospital em estado grave.

Ataque contra Juiz

O juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal - responsável por mandar prender o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro- foi atacado na manhã de quinta-feira (7), em Brasília. Seu veículo foi atingido nas laterais e no para-brisa dianteiro por terra, ovos e estrume.

Segundo informações da Justiça Federal, o juiz vinha recebendo centenas de ameaças após autorizar a Polícia Federal a prender o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, além dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura e outros dois suspeitos de crimes como corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa por terem instalado uma espécie de 'gabinete paralelo' no MEC.

Bomba em evento no Rio

Durante um ato em que o pré-candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participava na Cinelândia, Rio de Janeiro, na quinta-feira (7), uma bomba caseira foi lançada contra o público. Quando a bomba foi jogada, por volta das 18h50, Lula não estava no palco, mas o evento já havia começado.

Andre Stefano Dimitriu Alves de Brito foi preso em flagrante pouco depois da explosão do artefato. Segundo testemunhas ouvidas pela Justiça, durante o evento Brito foi visto carregando "uma espécie de bomba de fabricação caseira, produzida com uma garrafa plástica e um pavio, que se encontrava aceso". Outra testemunha também teria presenciado o fato e ambas relataram terem visto Brito arremessar o explosivo, com o pavio aceso, entre as pessoas que estavam no ato público.

Ataque por drone

Um líquido malcheiroso foi lançado com um drone sobre o público durante evento em Uberlândia, Minas Gerais, no dia 15 de junho. Na ocasião, Alexandre Kalil (PSD) lançou sua pré-candidatura ao governo do Estado de Minas Gerais e recebeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ainda não havia chegado no local no momento em que o líquido foi lançado.

Três pessoas foram detidas pela polícia para dar explicações. Uma delas é o empresário Rodrigo Luiz Parreira, que já havia sido condenado por estelionato, em primeira instância, a dois anos e seis meses de prisão.

O policial penal federal Jorge José Guaranho, responsável por atirar e matar o guarda municipal e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR) Marcelo Arruda, teve a prisão preventiva decretada, mesmo estando internado em estado grave no Hospital Municipal da cidade.

A informação foi repassada pelo promotor Tiago Lisboa, do Grupo Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Paraná, durante coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (11).

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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou, nesta segunda-feira (11), que a Casa repudia a violência decorrente de manifestações políticas, dois dias após um guarda municipal petista ser morto a tiros por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro em Foz do Iguaçu (PR). O deputado também pediu paz e ressaltou que a campanha eleitoral está apenas começando.

"A Câmara dos Deputados repudia qualquer ato de violência, ainda mais decorrente de manifestações políticas. A democracia pressupõe o amplo debate de ideias e a garantia da defesa de posições partidárias, com tolerância e respeito à liberdade de expressão", escreveu Lira.

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Na noite de sábado (9), o guarda municipal Marcelo Arruda foi morto a tiros durante a comemoração de seu aniversário de 50 anos. A festa tinha temática do PT e Arruda era filiado ao partido. De acordo com o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil, ele foi morto por Jorge José da Rocha Guaranho, agente penitenciário federal e apoiador de Bolsonaro.

"A campanha eleitoral está apenas começando. Conclamo a todos pela paz para fazer nossas escolhas políticas e votar nos projetos que acreditamos. Esta é a premissa de uma democracia plena e sólida, como a nossa", disse o presidente da Câmara.

A repercussão do assassinato movimentou o mundo político neste domingo (10). O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse ontem que a convivência com o contraditório deve ser respeitada. "O assassinato de um cidadão, durante a comemoração de seu aniversário com a temática do candidato Lula é a materialização da intolerância política que permeia o Brasil atual e nos mostra, da pior forma possível, como é viver na barbárie", escreveu, no Twitter.

Bolsonaro cobrou investigação da morte, mas responsabilizou a esquerda por episódios de violência. "Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos", escreveu o presidente, no Twitter. Nesta segunda, o chefe do Executivo fez um discurso pró-armas a apoiadores.

Pré-candidatos ao Palácio do Planalto, Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) também repudiaram o assassinato. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por sua vez, condenou a intolerância, a violência e o ódio.

Dois dias após um guarda municipal petista ser assassinato por um bolsonarista no Paraná, o presidente Jair Bolsonaro fez um discurso pró-armas a apoiadores. O chefe do Executivo também voltou a atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a mencionar os questionamentos feitos pelas Forças Armadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as urnas eletrônicas.

"Eu entendo que arma é liberdade, é segurança e é a garantia de uma nação também. O maior exército do mundo é o americano, são seus CACs Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador também. Aqui nós estamos chegando a 700 mil CACs. Em três anos e meio, dobramos o número de CACs no Brasil", disse Bolsonaro nesta segunda-feira, no Palácio da Alvorada.

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Na noite de sábado, o guarda municipal Marcelo Arruda foi morto a tiros em Foz do Iguaçu (PR) durante a comemoração de seu aniversário de 50 anos. A festa tinha temática do PT e Marcelo era filiado ao partido. De acordo com o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil, ele foi morto por Jorge José da Rocha Guaranho, agente penitenciário federal e apoiador de Bolsonaro.

No domingo, o presidente cobrou investigação da morte, mas responsabilizou a esquerda por episódios de violência. "Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos", escreveu Bolsonaro, no Twitter.

Críticas ao TSE

Hoje, o chefe do Executivo voltou a dizer que "mais importante que a vida é a liberdade" e atacou os ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, do Supremo. "O TSE convidou as Forças Armadas para participar de uma comissão de transparência eleitoral. Só que eles não entenderam, não sabiam que o chefe supremo sou eu. E eu determinei que as Forças Armadas, junto com seu comando de defesa cibernética, fizesse o trabalho que tinha que ser feito dentro do TSE", disse Bolsonaro.

"Nós fizemos e apresentamos sugestões. Agora, o TSE, na pessoa do Fachin, não aceita que o nosso pessoal técnico converse com o pessoal técnico deles. Quem age dessa maneira, não tem qualquer compromisso com a democracia. Deixo bem claro: Fachin foi quem tirou Lula da cadeia", emendou.

O presidente, que coloca dúvida sobre as urnas eletrônicas sem apresentar provas, também declarou que vai se reunir com embaixadores na próxima semana para "explicar o que aconteceu" nas eleições de 2018. Bolsonaro costuma dizer, também sem apresentar provas, que ganhou a eleição no primeiro turno naquele ano. Bolsonaro também voltou a dizer hoje que não há "nenhum Poder maior que o outro" e que o inimigo no Brasil é interno e está dentro da Praça dos Três Poderes, em referência ao STF.

A ação de policiais militares de Pernambuco reprimindo manifestantes pacíficos contrários ao presidente Jair Bolsonaro reabriu a discussão sobre a influência da radicalização política nas PMs e uma tendência observada por especialistas em segurança pública e oficiais consultados pelo Estadão: a atuação dos chamados "lobos solitários" nas corporações do País. Desde janeiro de 2020, ganharam repercussão nacional ao menos 15 casos em que policiais foram acusados de agir de forma político-partidária contra opositores do governo.

A ação de radicais da extrema-direita é uma das principais preocupações das cúpulas da segurança pública de vários Estados. Nesta terça-feira (1º), o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), aceitou o pedido de exoneração do comandante da Polícia Militar, Vanildo Maranhão. Ele será substituído pelo coronel José Roberto Santana, que ocupava o cargo de diretor de Planejamento Operacional da PM.

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No sábado passado, dois homens foram feridos gravemente por tiros de balas de borracha disparados por policiais Tropa de Choque. Uma das vítimas sofreu perda do globo ocular esquerdo. O governo afastou o comandante da operação e outros policiais e pediu investigação da Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social. A Polícia Civil instaurou inquérito e o Ministério Público também abriu procedimento para acompanhar a apuração.

A ação da PM nos atos contra o presidente Bolsonaro em Recife abriu uma crise no governo Paulo Câmara, que passou a ser pressionado por adversários na esquerda e ao mesmo tempo criticado por ativistas de extrema-direita. Câmara recebeu anteontem a vereadora Liane Cirne, do PT, que foi atacada com gás de pimenta por policiais.

O governador e representantes do Estado têm evitado a imprensa e manifestações públicas nos últimos dias. Interlocutores de Câmara atribuem a ação violenta da PM a um "bolsão" de militares bolsonaristas que agiria da na base da corporação, especialmente na Tropa de Choque.

Ao Estadão, o delegado Breno Maia afirmou que não vai se posicionar antes de finalizar as investigações. "Estamos fazendo a ouvidoria de todo o mundo, e ainda tem manifestante registrando BO. O fato é muito recente", afirmou.

Além de Pernambuco, há preocupação com ações envolvendo policiais em outros Estados, como o Ceará e a Bahia, ambos comandados pelo PT. Já foram registradas, no entanto, ações contra opositores ainda em Estados governados por aliados de Bolsonaro. Soldados, sargentos e tenentes agiram para impedir manifestações contra o presidente em Goiás, no Rio e em Minas.

Pesquisa

Um dos que se preocupam com as ação de PMs é o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima. Segundo dados de pesquisa do Fórum, são 120 mil os policiais radicalizados no Brasil, que apoiam ideias como fechamento do Congresso ou a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal, a maioria dos quais é PM - há cerca de 700 mil policiais militares, civis e federais no País.

Para ele, as ações coletivas contra os governos, como a do motim de policiais no Ceará, em janeiro de 2020, deixaram de estar no horizonte em razão da PEC Emergencial, que congelou os salário. Mas isso não significa um distanciamento dos policiais do universo bolsonarista. "Bolsonaro emula o pensamento médio dos policiais em questões, por exemplo, sobre como lidar com bandidos."

Um marco nas ações contra manifestantes contrários ao governo, segundo Lima, foi a ação da PM mineira no carnaval de 2019, proibindo ato contra Bolsonaro feito pelo bloco de carnaval Tchanzinho Zona Norte. Integrantes do bloco foram ameaçados por um capitão da PM quando começaram a puxar um coro contra o presidente.

Em janeiro de 2020, em São Vicente (SP), um estudante foi detido por PMs porque tentava protestar contra o presidente, exibindo um exemplar da Constituição Federal. O argumento era que ele representava uma ameaça. Após depor em uma delegacia, o rapaz foi liberado.

Na segunda-feira, o secretário estadual do PT de Goiás, Arquidones Bites Leão, foi preso por PMs em Goiânia, por ter se recusado a retirar uma faixa do capô do carro com a frase "Fora Bolsonaro Genocida". Leão, que também é professor da rede pública estadual, invocou seu direito de se manifestar, mas o policial disse que iria enquadrá-lo na Lei de Segurança Nacional. O policial, identificado como Tenente Albuquerque, não usava máscara no momento da abordagem. Ele foi afastado das funções.

Casos como o de Goiás reacenderam a discussão sobre problemas no treinamento policial e nos mecanismos de controle internos para lidar com os "lobos solitários". "Não temos ainda, a exemplo dos Estados Unidos, a capacidade de formar um tipo de agente público no País que desenvolve o distanciamento de suas emoções quando entra no uniforme", disse o professor Leandro Piquet, do Instituto de Relações Internacionais da USP. Para o coronel Glauco Carvalho, que comandou a PM na capital paulista, "alguns PMs adeptos do bolsonarismo, pensando em defender o líder, praticam atos que expressam suas ideias, em vez dos postulados das corporações". /

Acusações

A ação da Polícia Militar nos atos contra o presidente Jair Bolsonaro, promovidos no fim de semana no Recife, provocou troca de acusações entre representantes da esquerda no Estado.

A deputada Marília Arraes (PT-PE), que faz oposição à gestão do governador Paulo Câmara (PSB), não o poupou, nem às suas decisões e palavras, de duras críticas. "As explicações dele são sem nexo. A Rádio-Patrulha e o Choque não vão para a rua por acaso. Ou é descontrole da Polícia Militar ou estão dando um golpe", disse a deputada petista.

A vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, que é do PCdoB, rebateu as declarações da petista. "Não se pode atribuir a um governo de esquerda e com postura democrática a atitude condenável de um segmento da corporação", disse Luciana ao Estadão.

Várias autoridades políticas da Alemanha denunciaram neste domingo o "ataque à democracia" após a tentativa de invasão do Parlamento nacional durante a manifestação dos "antimáscaras", que representou uma nova etapa na radicalização do movimento.

As imagens de sábado à noite de centenas de manifestantes tentado forçar as barreiras e o cordão de isolamento policial para subir as escadas do famoso edifício do Reichstag em Berlim provocaram um grande impacto no país.

O incidente foi o ponto máximo de um protesto do movimento "antimáscaras", que reuniu quase 40.000 pessoas para protestar contra as restrições impostas pela pandemia de Covid-19 e terminou com 300 detenções.

O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, denunciou neste domingo o "ataque insuportável ao coração de nossa democracia e os excessos da extrema-direita", assim como as "bandeiras do Reich" que foram exibidas por manifestantes para recordar o império que acabou em 1919, após a I Guerra Mundial.

"Nunca vamos tolerar", disse Steinmeier, considerado a referência moral do país.

A ministra da Justiça, Christina Lambrecht, pediu uma "defesa contra os inimigos de nossa democracia", enquanto começa o debate sobre a validade de seguir autorizando este tipo de manifestação.

"A imagem insuportável de neonazistas diante do Reichstag não pode se repetir", afirmou a ministra, enquanto seu colega da pasta do Interior, Horst Seehofer, criticou um ato "inaceitável contra o centro simbólico de nossa democracia liberal".

Centenas de manifestantes forçaram as barreiras de segurança para subir a escada do Reichstag. As forças de segurança conseguiram impedir por pouco a invasão do edifício.

Local repleto de história

O Reichstag, onde os deputados alemães se reúnem em sessão plenária, tem uma forte carga simbólica na Alemanha.

O edifício e sua famosa cúpula foram incendiados em 1933 pelos nazistas, um ato que pretendia deixar de joelhos o que restava da democracia alemã do entreguerras.

"A pluralidade de opiniões é uma característica do bom funcionamento de uma sociedade", disse o ministro conservador do Interior. "Mas a liberdade de reunião chega ao limite quando as regras públicas são pisoteadas".

O município de Berlim tentou proibir a manifestação alegando a impossibilidade de garantir o respeito às distâncias de segurança e os chamados gesto de barreira para prevenir o contágio do coronavírus, ante o elevado número de pessoas anunciado e sua determinação. Mas a justiça, após uma ação dos organizadores, autorizou a manifestação.

Quase 300 pessoas foram interpeladas durante os distúrbios com a polícia, diante do Reichstag e da embaixada da Rússia, perto do centro da cidade, onde os manifestantes jogaram garrafas e pedras contra as forças de segurança.

A extrema-direita mobilizada

Os manifestantes se reuniram para criticar as medidas impostas devido à pandemia do novo coronavírus, como o uso de máscara ou as distâncias de segurança, que consideram um cerceamento da liberdade. Protestos similares aconteceram na Suíça, França, Reino Unido e Áustria.

O protesto aconteceu dois dias após o anúncio do governo da chanceler Angela Merkel de novas restrições ante a aceleração das infecções.

Uma multidão heterogênea composta por militantes antivacinas, pessoas que acreditam em teorias da conspiração, cidadãos preocupados com as restrições relacionadas à pandemia, mas também, cada vez mais, de acordo com as autoridades, simpatizantes da extrema-direita.

"Os símbolos nazistas e outras bandeiras do Império não tem espaço diante da Câmara dos Deputados", denunciou o vice-chanceler e ministro das Finanças, Olaf Scholz.

"Ver as bandeira do Império diante do Parlamento é uma vergonha", tuitou o ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas.

Depois de ter falado sobre o retorno do Ato Institucional Número 5 (AI-5), o deputado Eduardo Bolsonaro afirma que foi mal interpretado e que não existe qualquer possibilidade da retomada do AI-5. “Eu talvez fui infeliz em falar do AI-5”, aponta o filho do presidente da república.

O deputado falou ao vivo no programa Brasil Urgente, da Rede Bandeirantes, na noite desta quinta-feira (31). No ar, ele pediu desculpas pelas suas declarações. “A gente vive sob a constituição de 88 e eu fui democraticamente eleito. Não convém a mim e não é interessante a radicalização”, pontua Eduardo.

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Tentando justificar a sua fala, o deputado disse que o que não quer no Brasil são manifestações como as que estão acontecendo no Chile. Revelou ainda que uma das formas de tentar impedir algo do tipo no Brasil é propondo projetos de leis contra aqueles, a quem classifica como terroristas. A criminalização em regime fechado para quem botar fogo em ônibus, para que essa pessoa não saia para a sociedade tão facilmente, foi uma das saídas apontadas por Eduardo Bolsonaro.

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, disse nesta terça-feira (24) que a pasta está planejando uma campanha de valorização da liberdade de expressão, da arte e da cultura e da Lei Rouanet. “Precisamos nos unir em torno de uma campanha em defesa dessas três bandeiras”.

Em um encontro com artistas no Rio de Janeiro, ele pediu apoio da classe para mobilizar a sociedade na defesa de princípios democráticos como a liberdade de expressão, de criação e de manifestação.

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Para o ministro, a cultura no Brasil já vinha sendo alvo do debate político antes mesmo das polêmicas envolvendo a exposição de temática LGBT Queermuseu, cancelada em setembro em Porto Alegre, no Centro Cultural Santander, e a performance com um homem nu no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

“Já havia uma campanha contra a cultura e isso se radicalizou após as exposições e, infelizmente, penso que a tendência é que se radicalize mais até as próximas eleições”, disse Sá Leitão. “Muita dessa histeria anticultura, antiarte, antiliberdade de expressão que se disseminou é estimulada com objetivo político-eleitoral”.

Lei Rouanet

Segundo o ministro, a Lei Rouanet tem sido alvo de campanha para ser extinta. Sá Leitão disse que o ministério tem trabalhado na revisão da instrução normativa da lei para desburocratizá-la.

“Precisamos simplificar e reduzir o nível de burocracia da Lei Rouanet para ampliar o acesso à lei de incentivo. Temos R$ 1,150 bilhão disponíveis este ano para a Lei Rouanet e a execução fica em torno de R$ 700 milhões a R$ 800 milhões. Temos sempre uma margem não utilizada. Essa não utilização tem muito a ver com o excesso de burocracia”, disse.

Sancionada em 1991, a lei instituiu o Programa Nacional de Apoio à Cultura, que estabelece as normativas de como o governo federal deve disponibilizar recursos para fomentar a cultura no Brasil. Segundo a legislação, as empresas podem aplicar recursos em projetos culturais, a título de doação ou patrocínio, em troca de renúncia fiscal.

O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) não tem escondido sua insatisfação com o PSB nos últimos dias e admitiu que pode deixar o partido. O pernambucano disse que a legenda pessebista está enfrentando um clima de “radicalização” e não descartou a possibilidade de buscar “novas alternativas partidárias”. Bezerra Coelho compõe a ala da sigla que apoia as ações do governo do presidente Michel Temer (PMDB) e vem declarando dissidência às determinações partidárias sobre, por exemplo, as reformas trabalhista e previdenciária.   

“Estamos enfrentando um clima de radicalização dentro do PSB, que abriu processo no conselho de ética contra 16 deputados e dois senadores, o que inegavelmente gera muito desconforto para nós”, afirmou o senador ao encerrar um giro que fez pelo Sertão de Pernambuco nessa quinta-feira (17), durante entrevistas que concedeu a blogs e rádios locais. 

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No entanto, ele fez questão de deixar claro que irá buscar o entendimento dentro da legenda à qual está filiado desde 2005. “Se este caminho não for possível, então buscaremos novas alternativas partidárias, para poder continuar realizando nosso trabalho e cumprindo os compromissos assumidos com os pernambucanos e pernambucanas ao longo destes 35 anos de vida pública”, destacou.

Nos bastidores, Fernando Bezerra Coelho é cotado para disputar o governo de Pernambuco, mas para isso ele deve deixar o PSB, já que o partido vai bancar a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB). Já houve a especulação de Bezerra Coelho seguir para o DEM ou para o PMDB. 

O parlamentar percorreu 11 cidades em três dias, incluindo os municípios de Petrolina, Floresta, Belém do São Francisco, Dormentes, Orocó, Santa Maria da Boa Vista e Lagoa Grande. Nas agendas, reuniões com gestores públicos, lideranças políticas e representantes de movimentos sociais, para a prestar contas do mandato e recolher demandas da sociedade. Fernando Bezerra também debateu os cenários políticos e econômicos do país e do estado.

“É fundamental olhar nos olhos das pessoas e ouvir o que elas tem a dizer. Vivemos uma crise, mas não podemos fugir da realidade. Se o momento é difícil devemos nos aproximar ainda mais da população para dialogar, buscar soluções e encontrar caminhos que possamos trilhar juntos”, disse o senador ao ponderar a necessidade da agenda pela região. 

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