O tabu foi embora. Após dez anos sem perder na Ilha, o Náutico venceu o Sport por 1x0, nesta quinta-feira (23). Na torcida, rubro-negros ficaram na bronca com a exibição do Leão. Mesmo com um segundo tempo de pressão, os visitantes se deram melhor. O lateral Marcelo Cordeiro e o volante Naldinho, substituídos, só ouviram vaias vindas da arquibancada. O primeiro, até agouro recebeu. “Faz esse favor gramado, machuca esse cara”, diziam os mais exaltados.
Antes disso, os torcedores leoninos estavam confiantes e vislumbravam a vitória. Bola rolando para Sport e Náutico, na Ilha do Retiro. Nas sociais, vários ambulantes correndo de um lado para o outro, atendendo a freguesia rubro-negra. No meio deles, seu Manuel da Costa, o gari, que também é vendedor de amendoim quando a capital pernambucana recebe jogos de futebol. Foi apenas começar a partida, para as vendas serem interrompidas. “Vamos tocar a bola, dominar eles”, dizia o comerciante, atento a cada lance.
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Quando a reportagem do Portal LeiaJá se aproximou, seu Manuel logo puxou assunto. Disse baixinho: “Sou alvirrubro”. O intruso dos camarotes não se continha nos conselhos. “Tem que ter calma, botar o Sport na roda”, opinou. No gramado, o Náutico começava bem, com jogadas de perigo. Em uma falta na entrada da área, seu Manuel deu o caminho das pedras. “Magrão não enxerga os chutes de longe, só vê o vulto. Agora, vai ser gol, quero nem ver”.
O chute de Marinho foi para fora, mas o vendedor não desanimava. “O Sport está muito pior que o Náutico. Esse juiz vai arrumar um pênalti para nós. Capricha que sai o gol, e ai eles vão ficar perdidos”, frisou.
Como um profeta, o primeiro tempo terminou com 1x0 para o Náutico, gol do volante Zé Mário. E o seu Manuel da Costa, feliz da vida, voltou a vender os seus amendoins. Mas a segunda etapa estava por vir, e o trabalho podia esperar.
Com amendoim, sem festa
Na melhor chance do Sport na segunda etapa, Neto Baiano recebeu na pequena área e isolou. Foi o combustível para a torcida pegar no pé. E lembrar-se das declarações efusivas do atacante, nas entrevistas que antecederam o Clássico dos Clássicos. “Como é que perde um gol desse? Aí nas coletivas fica falando um monte de coisa. Não precisamos de falador, queremos gol!”, reclamavam.
Quando o jovem da base Sandrinho entrou na partida, aos 29 minutos da etapa final, um torcedor do Sport clamava: “Agora vai”. Esperança que se desfez quando o último apito de Gilberto Castro Júnior soou. O tabu se foi! Deixa suficiente para seu Manuel comemorar, ainda que sem mais vendas. Já que os rubro-negros partiram da Ilha do Retiro antes mesmo do fim do jogo.