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No mercado futuro de juros, as taxas curtas reduziram levemente a intensidade da elevação, ante os níveis registrados no início da tarde, diante da afirmação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a taxa Selic vai convergir para o nível da TJLP. Os DIs longos mantêm o ritmo de acumulação de prêmios em face da melhora do ambiente externo, sinalizando o entendimento do mercado de que o Banco Central terá de voltar a subir o juro no futuro em resposta à deterioração das expectativas de inflação.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013 (232.985 contratos) estava em 8,70%, ante 8,68% no ajuste, enquanto o DI janeiro de 2014 (378.865 contratos) marcava 9,34%, de 9,27% na véspera. O DI janeiro de 2017, com giro de 47.380 contratos, apontava 10,67%, de 10,54% ontem, e o DI janeiro de 2021 (7.105 contratos) indicava a máxima de 11,23%, de 11,09%.

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Durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Mantega afirmou que "a inflação está controlada no País, o que dá possibilidade de mais ação do governo na política monetária e na política fiscal", citou que o Brasil caminha para taxas mais normais, como as vistas em países mais parecidos com o Brasil e mencionou que a taxa básica de juros, hoje em 9,75% ao ano, vai convergir para o nível da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que atualmente está em 6% ao ano.

No ambiente externo, dados positivos na Alemanha, com elevação das expectativas econômicas na pesquisa Zew em março, e números favoráveis nos Estados Unidos, com as vendas no varejo em fevereiro atingindo o maior nível em cinco meses, animaram os investidores, levando as bolsas europeias a fecharem no azul. Ainda nos EUA, o Federal Reserve manteve os Fed funds na faixa entre zero e 0,25%, relatou, no comunicado, melhora no mercado de trabalho local, citou que a economia vem se expandindo moderadamente e pontuou que o juro seguirá excepcionalmente baixo ao menos até 2014, com expectativas de inflação estáveis no longo prazo. O entendimento é de que a autoridade monetária norte-americana mostra uma visão melhor sobre a economia do país.

Hoje (5) o Banco Central (BC) divulgou o boletim Focus, com projeções do mercado financeiro para os pri9ncipais indicadores da economia. Analistas e investidores mantiveram a projeção de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 5,24%, em 2012. A taxa de câmbio estimada para o final do ano também ficou estável, em R$ 1,75. Houve ainda a manutenção da projeção da taxa básica de juros para o final de 2012 em 9,5% ao ano. A estimativa de correção para os preços administrados permanece em 4%.

Os investidores e analistas projetam uma redução da dívida líquida do setor público de 36,2% para 36% em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Já a estimativa de crescimento da economia este ano, nas projeções do mercado financeiro, permanece em 3,3%. A projeção para a expansão da produção industrial subiu de 2,6% para 2,77%.

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Nas contas externas, há uma piora nas expectativas do setor. A estimativa para o déficit em conta-corrente passou de US$ 67,05 bilhões para US$ 67,8 bilhões, com queda no saldo da balança comercial de US$ 19,1 bilhões para US$ 19 bilhões. A perspectiva para os investimentos estrangeiros diretos permaneceu em US$ 55 bilhões.


Na primeira pesquisa Focus após a reunião de janeiro do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado financeiro manteve a previsão de que a taxa Selic deve ser cortada novamente em 0,50 ponto porcentual em março, mas a previsão para abril foi reduzida. Na pesquisa Focus divulgada há pouco pelo Banco Central, a expectativa de redução do juro em abril foi reduzida à metade, passando de 0,50pp para 0,25 ponto porcentual.

De acordo com a pesquisa Focus, os analistas mantiveram a expectativa de que o juro básico da economia brasileira irá terminar 2012 em 9,50%. O ritmo das quedas até chegar a esse patamar, porém, deve ser diferente do previsto há alguns dias. Na pesquisa desta segunda-feira, o mercado manteve a aposta de que o juro deve ser cortado na próxima reunião em meio ponto porcentual novamente - como ocorreu na semana passada - até chegar aos 10% ao ano em março. Já no encontro seguinte, em abril, o ritmo da redução da taxa Selic cairia para 0,25 ponto porcentual, levando o juro básico para 9,75%.

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Até a semana passada, o mercado previa que o corte de abril também seria de 0,50 ponto porcentual, sendo o último do ano. Mas com essa modificação dos prognósticos para abril, o juro seguiria em 9,75% em maio e só cairia efetivamente para 9,50% em agosto. Para a reunião de julho, a mediana mostra Selic em 9,63%, o que revela um mercado dividido entre os 9,75% e os 9,50%.

O levantamento revela, ainda, que cresce a corrente do mercado que prevê aumento do juro de até 0,50 ponto porcentual já em janeiro de 2013, quando o juro subiria para 9,88% - o que revela o mercado dividido entre o aumento da taxa para 9,75% ou para 10%. Para fevereiro, já prevalece a mediana das expectativas em 10%.

Até a semana passada, o mercado trabalhava com aumento do juro de 0,25 ponto porcentual em janeiro e alta iguais 0,25pp em março, ou seja, com a Selic retornando a 10% em março de 2013.

Apesar de a inflação de 2011 finalmente não ter estourado o intervalo da meta perseguida pelo Banco Central (BC), com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficando exatamente no teto de 6,5%, o mercado futuro de juros projeta hoje queda menor da Selic do que há pouco mais de um mês. No momento, a indicação é de que a taxa básica não chegará a um dígito este ano, como se apostava até recentemente.

Por trás das apostas mais cautelosas quanto aos juros estão o Relatório de Inflação (RI) de dezembro, que indicou inflação em alta em 2013 com a trajetória da Selic (a taxa básica de juros da economia) prevista pelo mercado e a situação internacional ligeiramente menos negativa. Quando inesperadamente iniciou os cortes da Selic no fim de agosto, baixando a taxa básica de 12,5% para 12% ao ano, o BC apontou, como uma das razões da sua decisão, a piora do cenário externo e seus efeitos no Brasil. Desta forma, melhoras na economia global indicam queda menor da Selic em 2012 e vice-versa.

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Após o corte de agosto, tanto os economistas de mercado, que fazem previsões baseadas em modelos, indicadores e julgamentos qualitativos, quanto os juros do mercado futuro indicaram quedas da Selic em 2012 progressivamente maiores. No auge desse movimento, no fim de novembro, os juros futuros chegaram a indicar uma Selic mínima abaixo de 9,5% ainda no primeiro semestre de 2012. Agora, apontam que o mínimo a ser atingido em 2012 está ligeiramente acima de 10%.

"Há um conjunto de fatores indicando que há uma probabilidade cada vez maior de que o BC pare de reduzir a Selic antes do 9,5%, que era a nossa previsão anterior - hoje, eu acho algo mais provável que pare em 10% ou 10,5%", diz José Márcio Camargo, economista-chefe da gestora de recursos Opus, no Rio.

O RI, um detalhado documento trimestral do BC de análises e projeções, apontou em dezembro que o IPCA no "cenário referencial" ficaria em 4,7% em 2012 e 2013, ligeiramente acima do centro da meta de 4,5%. O cenário referencial pressupõe que a Selic e a taxa do câmbio perdurem indefinidamente - isso quer dizer, no RI de dezembro, juro básico de 11% e dólar a R$ 1,80. Mas o que chamou a atenção dos analistas, no RI de dezembro, foi o chamado "cenário de mercado". Nesse caso, as projeções de câmbio e juros são exatamente a média (mais precisamente, a mediana) das projeções do mercado coletadas pelo BC. Assim, as previsões eram de que, em 2012, a Selic cairia a 9,5% e o câmbio se valorizaria para R$ 1,75. Dessa forma, o IPCA ficaria em 4,8% em 2012 e subiria para 5,3% em 2013. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nada mudou nas previsões do mercado financeiro para o comportamento do juro básico da economia brasileira (Selic) em 2012. De acordo com a pesquisa Focus, divulgada nesta manhã pelo Banco Central (BC), a mediana das previsões para a taxa de juros ao final do ano seguiu em 9,50% pela terceira semana seguida. Há um mês, o mercado esperava juro em 9,75% ao ano.

Pelas contas do mercado financeiro, o BC deve manter o ritmo de cortes em 0,50 ponto porcentual nas reuniões marcadas para este mês - em 17 e 18 de janeiro - e também em março e abril. Com essa velocidade, a taxa Selic cairia dos atuais 11% para 9,50% no início do segundo trimestre.

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No grupo dos analistas que mais acertam projeções na pesquisa do BC, o chamado Top 5, a previsão para a queda do juro básico é ainda mais agressiva já que esses analistas esperam 9% no fim de 2012 no cenário de médio prazo. A pesquisa mostra ainda que a estimativa para a Selic média no decorrer de 2012 manteve-se em 9,69% ante 9,88% previstos há um mês.

O mercado financeiro reduziu a estimativa para o patamar do juro básico da economia brasileira (Selic) no fim de 2012, de 10,00% para 9,75%, segundo a pesquisa Focus divulgada hoje pelo Banco Central. A queda das projeções acontece na primeira pesquisa realizada após a última reunião deste ano do Comitê de Política Monetária (Copom), quando a taxa foi reduzida de 11,50% para 11,00%. Além disso, é a primeira vez que o mercado financeiro acredita em Selic de um dígito ao final do próximo ano desde 22 de setembro de 2009. Nas duas pesquisas anteriores, o mercado mantinha a previsão de taxa em 10,00%.

De acordo com a pesquisa, o BC deve manter o ritmo de cortes em 0,50 ponto porcentual nas reuniões marcadas para janeiro e março de 2012. Em abril do ano que vem, a velocidade dos cortes seria reduzida para 0,25 ponto porcentual, quando a Selic cairia para 9,75%. A partir daí, a taxa seria mantida até o fim do ano.

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No grupo dos analistas que mais acertam projeções na pesquisa do BC, o chamado top 5, a previsão para o juro básico no fim do próximo ano seguiu em 9,50% no cenário de médio prazo.

A pesquisa mostra ainda que a estimativa para a Selic média no decorrer de 2012 caiu de 10,06% para 9,88% ante 10,50% previstos há um mês.

IPCA

As previsões para a inflação em 2012 voltaram a cair. De acordo com a pesquisa Focus, a mediana das estimativas para o IPCA em 2012 recuou de 5,56% para 5,49% na primeira pesquisa realizada pelo BC após a divulgação da nova metodologia de cálculo do IPCA anunciada na semana passada. Há um mês, a projeção estava em 5,57%.

Já as estimativas para 2011 seguiram em trajetória de alta e passaram de 6,49% para 6,50%, na segunda alta seguida e exatamente no teto da meta de inflação.

Também caiu a projeção suavizada para o IPCA nos próximos 12 meses, que passou de 5,58% para 5,47%, na segunda redução seguida. Há um mês, a expectativa estava em 5,63%.

No grupo dos analistas que mais acertam as projeções na pesquisa Focus - o chamado Top 5 -, a mediana das previsões para o IPCA em 2012 também recuou de 5,46% para 5,27%. Para 2011, a expectativa deste grupo foi em trajetória contrária e avançou de 6,49% para 6,51%. Há um mês, este grupo previa altas de 5,63% em 2012 e de 6,54% em 2011.

Entre todos os analistas ouvidos pelo BC, a expectativa para o IPCA em novembro de 2011 manteve-se em 0,50% pela oitava semana seguida. O dado será conhecido nos próximos dias. Para dezembro, a aposta para a inflação oficial manteve-se em 0,51%.

IGP-DI

O mercado financeiro não alterou as previsões para a inflação medida pelos IGPs no próximo ano. De acordo com a pesquisa Focus, a mediana das estimativas para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) no próximo ano seguiu em 5,24%. Já no caso do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), a expectativa para 2012 manteve-se em 5,29% pela segunda semana seguida. Há um mês, analistas apostavam em altas de 5,23% para o IGP-DI e de 5,36% para o IGP-M

Para 2011, a expectativa para o IGP-DI seguiu em 5,75%. Há quatro semanas, analistas esperavam alta de 5,84%. Para o IGP-M, a previsão para este ano voltou a subir e passou de 5,73% para 5,75%, abaixo dos 5,78% previstos um mês atrás. O IGP-M é usado como referência para o reajuste em muitos contratos de aluguel e em algumas tarifas públicas.

A pesquisa também mostrou que a estimativa para o IPC-Fipe em 2012 foi elevada de 5,17% para 5,18%. Há um mês, a expectativa dos analistas era de alta de 5,14% para o índice. Para 2011, a previsão para a inflação ao consumidor em São Paulo avançou de 5,59% para 5,68%, ante 5,61% observados quatro semanas atrás.

Economistas mantiveram ainda a estimativa para o aumento em 2012 do conjunto dos preços administrados - as tarifas públicas - em 4,50% pela terceira semana seguida. Para 2011, a expectativa de alta seguiu em 6%, também pela terceira pesquisa consecutiva. Há um mês, o mercado previa elevação desse conjunto de preços em 4,55% em 2012 e em 5,90% em 2011.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu hoje, por unanimidade, cortar a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual para 11% ao ano. Com isso, manteve o ritmo de queda do juro básico da economia iniciado em agosto, quando a taxa havia sido reduzida em 0,5 ponto porcentual.

A decisão de hoje ficou em linha com a previsão da maior parte dos analistas financeiros. De acordo com levantamento do AE Projeções, serviço da Agência Estado, de 71 instituições financeiras consultadas, 70 esperavam uma queda de 0,5 ponto porcentual, e uma apostava em corte de 1 ponto porcentual.

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A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 17 e 18 de janeiro. A ata da reunião de hoje será divulgada pelo BC na quinta-feira da próxima semana, dia 8 de dezembro.

O mercado de juros futuros usou as notícias que trouxeram nova valorização dos ativos para começar a "rolar" o ciclo de afrouxamento monetário. Com a perspectiva praticamente consolidada de que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzirá a Selic em 0,5 ponto porcentual na última reunião do ano, os agentes, inicialmente, projetavam algo próximo a mais dois cortes de igual intensidade em 2012. Hoje, porém, as notícias de que a China decidiu reduzir o compulsório, que os bancos centrais de grandes economias adotaram medidas para ampliar a liquidez, que o Ministério da Fazenda deve anunciar novas ações para estimular o crédito e que o Conselho Monetário Nacional aliviou o custo dos bancos pequenos e médios nas operações de venda de carteiras de crédito fizeram os investidores ver a situação internacional como ainda mais grave, com o crescimento da economia global seriamente comprometido no próximo ano. Isso ampliou as chances estampadas na curva a termo de a taxa básica terminar 2012 em um dígito, com mais três cortes de 0,5 ponto porcentual.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2012, com giro de 959.425 contratos, cedia a 10,849%, de 10,88% no ajuste. O DI janeiro de 2013 (331.145 contratos) caía a 9,63%, de 9,68% ontem, enquanto o DI janeiro de 2014 (223.840 contratos) estava em 9,85%, de 9,93%. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (36.015 contratos) marcava 10,63%, de 10,75% na véspera, e o DI janeiro de 2021 (10.975 contratos) recuava a 10,83%, de 10,94% no ajuste.

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Na visão do analistas, a ação dos bancos centrais hoje foi positiva, mas não conseguirá alterar de forma significativa o fraco crescimento global em 2012. O Federal Reserve, dos EUA, o Banco do Canadá, Banco da Inglaterra (BOE), Banco do Japão (BOJ), Banco Central Europeu (BCE) e Banco Nacional da Suíça (SNB) concordaram em reduzir o preço dos acordos temporários de swap de liquidez em dólar existentes em 0,50 ponto porcentual. Mais cedo, a China anunciou o corte do depósito compulsório em 0,50 ponto porcentual, para 21% no caso dos grandes bancos, um indício claro de que a economia do gigante asiático precisa de estímulo.

No âmbito doméstico, o CMN editou uma regra para a transição "suave" dos bancos para a resolução 3.533 do Banco Central, que quer aproximar o Brasil do padrão contábil internacional. Pela nova medida do Conselho, os bancos estão liberados para contabilizar, temporariamente, "eventuais despesas geradas pelas operações de venda de carteiras ao longo do prazo da operação ou até 2015". Isso, na visão de analistas, facilitará especialmente a vida dos bancos pequenos e médios.

Por fim, ainda hoje, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, informou que o governo deve anunciar, "no máximo até a semana que vem", medidas para estimular o crédito no País.

O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto disse hoje em entrevista exclusiva à Agência Estado, que "é perfeitamente viável" que a Selic chegue a 9% em 2012, cenário que já está sendo vislumbrado por algumas instituições financeiras, como o Itaú Unibanco e Templetom, por exemplo. "Isso é possível sim, pois o objetivo do governo é que o juro real fique muito próximo da taxa (descontada a inflação) internacional", afirmou Delfim. "Isso é importante para permitir a plena funcionalidade do sistema de câmbio flutuante, pois com o juro muito alto há uma propensão muito forte de a moeda se valorizar."

Delfim pondera que o Banco Central vai manter o movimento de redução da Selic no próximo ano, pois a inflação continuará baixando e deve atingir o centro da meta de 4,5% em 2012. "O presidente do BC, Alexandre Tombini, é muito competente e o mercado está descobrindo isso agora. Tombini conhece o sistema de metas de inflação como poucos", afirmou. "A redução de juros a partir de agosto foi importante pois, para fazer a inflação convergir à meta de 4,5% em 2011, seria preciso provocar uma recessão extraordinária no País, o que poderia levar a uma queda do PIB neste ano de 3%."

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O ex-ministro também disse que a presidente Dilma Rousseff, até o fim do seu governo, em 2014, deve fazer com que a taxa de juros real atinja uma marca de 3%, como indicou durante a campanha eleitoral de 2010. "Tal fato é fundamental, pois ajuda a corrigir uma das principais anomalias estruturais da economia brasileira, a taxa de juros excessivamente alta, que provoca diversas distorções, como o câmbio muito apreciado".

Em sua avaliação, o Produto Interno Bruto (PIB), em 2011, deve crescer de 3% a 3,2% para avançar de 3,5% a 4% em 2012. "Acho difícil o País expandir entre 4,5% e 5% no próximo ano como prevê a Fazenda, pois houve uma desaceleração do nível de atividade que deve apresentar no final deste ano um incremento de apenas 2,5%", afirmou. E completou: "Se crescer 4% no próximo ano, já será uma vitória, pois o mundo está numa situação ruim, sobretudo a Europa."

Câmbio

Em relação ao câmbio, Delfim Netto avalia que o dólar tende a oscilar entre R$ 1,75 e R$ 1,80 em 2012. "Como a crise internacional deve perdurar por alguns anos, a volatilidade do câmbio será registrada também no ano que vem", afirmou.

Ele diz que há forças antagônicas na economia internacional que devem se equilibrar no próximo ano. "Há a depreciação do dólar em relação a diversas moedas no mundo. Além disso, como a economia brasileira está crescendo, o câmbio também se fortalece. Isso é natural", destacou. "Por outro lado, existe o movimento de queda dos juros, que colabora para diminuir a valorização do real ante o dólar."

Com o avanço da crise internacional, o ex-ministro ressaltou que as exportações e as importações devem cair no próximo ano, com queda também dos "termos de troca" do Brasil. Ele não fez previsões sobre quanto deve chegar o superávit comercial em 2011 e no próximo ano. "Tudo isso é chute", disse.

São Paulo – Entidades representativas da indústria e dos sindicatos de trabalhadores pediram maior ousadia na queda dos juros básicos da economia. Hoje o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central  promoveu a terceira redução consecutiva de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), que baixou de 11,5% para 11% ao ano.

Em nota conjunta, representantes da indústria e dos sindicatos de trabalhadores do ramo metalúrgico pediram um corte maior nos juros, e fizeram um alerta sobre a queda da produção manufatureira no país. “A situação é grave e não há pressão inflacionária, e concordamos que o Copom deveria ter feito um corte mais agressivo na taxa de juros, para afastar de vez o risco de redução da produção e do emprego”, diz o texto da nota assinada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

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As entidades ressaltaram que a produção manufatureira do país teve queda de 2% em setembro ante agosto, e encerrou o terceiro trimestre com recuo de 0,8% em relação ao segundo – a maior queda desde o primeiro trimestre de 2009, quando foi registrada redução de 6,6%.

A nota destaca ainda que o comércio varejista apresentou contração de 0,7% no terceiro trimestre em relação ao segundo e que “o mercado de trabalho e o crédito também exibem sinais de esfriamento”.

Também para a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), vinculada a Central Única dos Trabalhadores (CUT), faltou ousadia ao Copom. Segundo a entidade, o comitê acertou ao reduzir os juros básicos, mas errou ao diminuir apenas 0,5 ponto percentual.

“É preciso ter ousadia e acelerar o ritmo de queda da Selic. O Brasil é ainda campeão mundial dos juros altos, o que emperra a geração de empregos, o incremento da produção e o desenvolvimento econômico”, disse em nota.

As centrais sindicais Força Sindical, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical e União Geral dos Trabalhadores (UGT), em nota conjunta, também consideram tímida a queda de 0,5 ponto percentual na Selic.

“Entendemos que o Banco Central perdeu uma ótima oportunidade de aproveitar-se do encolhimento da demanda mundial para fazer uma drástica redução na taxa de juros, que poderia funcionar como um estímulo para a criação de novos empregos e para o aumento da produção no país”.

As entidades ressaltam que a indústria tem piorado seu desempenho nos últimos meses e a geração de empregos mostra sinais de crescimento menor.

“Se apostar firmemente no nosso mercado interno por meio da redução da taxa de juros (Selic) e da adoção de políticas orientadas a ampliar a oferta de crédito aos consumidores e às empresas, o Brasil tem a possibilidade e a oportunidade de manter e dinamizar a atividade econômica interna, e de gerar mais empregos e renda”.

O ex-governador José Serra (PSDB) disse hoje (28) que a crise econômica mundial é grave e avaliou que o governo cometeu um dos maiores erros de política econômica ao não reduzir a taxa básica de juros (Selic) durante a recessão causada pela crise internacional de 2008. Ele afirmou que, desta vez, o governo vem tendo um comportamento melhor em relação à Selic, aproveitando-se do encolhimento da demanda mundial para reduzir os juros.

"A crise econômica é muito feia, mas o Brasil, em crises passadas, soube aproveitar as oportunidades", disse. "Mas houve uma crise que foi desaproveitada, a de 2008 e 2009, porque o Brasil foi o único país do mundo que não baixou os juros", afirmou, ao participar nesta manhã do 7.º Congresso Paulista de Jovens Empreendedores, promovido em São Paulo, no qual ministrou a palestra intitulada "O Desenvolvimento Econômico no Brasil".

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Serra observou que, no atual cenário mundial, apesar da crise, há uma boa perspectiva para os Estados Unidos. Ele citou uma expectativa de "reindustrialização" do mercado norte-americano e avaliou ser necessário esperar as eleições presidenciais de 2012 para traçar um desfecho para o atual cenário econômico norte-americano.

Para Serra, a crise não afetará de maneira muito grave a economia japonesa e a China deve seguir apresentando altas taxas de crescimento, com destaque para o incremento do mercado interno.Com relação à Europa, observou que foi um grande erro o fato de uma moeda única ter sido adotada não como culminação da integração de países do continente, mas como o início desse processo. O ex-governador deixou o evento sem falar com a imprensa.

 

A última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que define a Selic, está marcada para amanhã e a próxima quarta-feira (30). O comitê eleva a Selic quando considera que a economia está muito aquecida, com trajetória de inflação em alta. Por outro lado, a taxa básica é reduzida quando o objetivo é estimular a atividade econômica.

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Neste ano, depois de subir 1,75 ponto percentual na taxa até julho, o BC mudou a estratégia em agosto, quando começou a reduzir a taxa, devido aos desdobramentos da crise da dívida na Europa e às dificuldades de recuperação dos Estados Unidos. Assim, apesar da inflação ainda em alta, o Copom acredita que o desaquecimento da economia global gera efeitos no Brasil, como a redução das pressões inflacionárias. Em agosto e em outubro, as reduções na taxa Selic foram de 0,5 ponto percentual em cada reunião.

A meta de inflação para 2011 e para o próximo ano é 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos, ou seja, o limite inferior é 2,5% e o superior, 6,5%. Diferentemente das estimativas de setembro, por exemplo, os analistas não esperam mais que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ultrapasse o teto da meta este ano. Mas a expectativa é que o IPCA encerre 2011 próximo do limite superior, em 6,49%, ante 6,48% previstos no boletim Focus da semana passada. Para 2012, a expectativa é que a inflação caia para 5,56%, ante 5,55% previstos anteriormente.

A estimativa para o crescimento da economia (Produto Interno Bruto - PIB) este ano caiu de 3,16% para 3,1%. Para 2012, a projeção passou de 3,5% para 3,46%.

 

O mercado futuro de juros futuros voltou a se render à piora externa e registrou devolução de prêmios nos vértices curtos e intermediários da curva a termo, enquanto a parte longa ficou de lado. As notícias ruins vieram de todos os lados. Logo cedo, os investidores se depararam com a desaceleração do Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da China. Na Europa, ainda durante a manhã, o Banco Central da Grécia aventou a hipótese de o país sair da zona do euro, enquanto o leilão de títulos da Alemanha teve demanda fraca. Internamente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, trouxe sinais contraditórios, ao dizer que o mundo se aproxima do cenário vivido em 2008 e que os emergentes já sentem seus efeitos, mas ponderar que a economia brasileira voltou a se acelerar. O IPCA-15 de novembro apontou avanço de 0,46%, ante 0,42% em outubro, mas ficou em linha com o esperado pelo mercado.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2012, com forte giro de 742.075 contratos, caía a 10,938%, de 10,97% no ajuste. Nesse patamar, a taxa indica um corte próximo de 0,60 ponto porcentual da Selic no próximo encontro do Copom, em 29 e 30 de novembro, mas com a maioria dos agentes ainda apostando no ajuste moderado de 0,50 ponto. O DI janeiro de 2013 (461.760 contratos) estava em 9,90%, de 10,01% na véspera, enquanto o DI janeiro de 2014 (185.610 contratos) cedia a 10,20%, de 10,29% ontem. Os longos, por sua vez, ficaram de lado, sustentados pela forte alta do dólar hoje. O DI janeiro de 2017 (35.980 contratos) apontava 10,86%, de 10,87%, e o DI janeiro de 2021 (6.090 contratos) indicava 10,97%, de 10,94% no ajuste.

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Para analistas, o principal drive veio realmente do exterior, onde bolsas e commodities tiveram novo dia de queda. A queda do PMI chinês preliminar para 48 em novembro - indicando contração da atividade industrial -, de 51 em outubro, passou a sensação de que a perda de força da economia da China pode ser maior do que a prevista inicialmente. Na Europa, a possibilidade de uma recessão fica cada vez maior e o leilão de títulos da Alemanha hoje é um exemplo de que o maior país da zona do euro não deve ficar imune à crise da região. Em leilão de bunds de 10 anos, os alemães venderam apenas 3,644 bilhões de euros, bem menos do que os 6 bilhões de euros pretendidos.

Na Grécia, o banco central alertou para o fato de o país enfrentar o risco de uma saída desordenada da zona do euro e pediu que o novo governo de coalizão grego acelere o ritmo das reformas econômicas. Em seu relatório prévio de política monetária para 2011, o banco central disse que o mais recente pacote de ajuda de 130 bilhões de euros liderado pela União Europeia representa a última chance para os gregos cumprirem o programa de reformas.

Por aqui, o IPCA-15 de novembro, divulgado pelo IBGE, jogou a favor da estratégia do Banco Central, mas veio em linha com a continuidade de ajustes moderados da Selic. No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 ficou em 6,69%, ainda acima do teto da meta do ano, que é de 6,50%. O índice, porém, não piorou o risco de estouro do teto da meta do ano.

Não é ainda uma goleada, mas o Banco Central está ganhando o jogo que vem disputando com o mercado desde que sinalizou, lá em agosto, que o cenário externo justificaria o início de uma trajetória de redução de juros. É o que afirmam economistas consultados pela Agência Estado à luz de indicadores de atividade e, mais recentemente, da redução da inflação corrente e da expectativa para o fechamento do ano na meta, ainda que no teto, conforme mostrou a Pesquisa Focus.

Na última segunda-feira, ao divulgar as medianas das expectativas dos analistas do mercado para o IPCA de 2011, o Banco Central confirmou o recuo da previsão de inflação de 6,52% - taxa ao redor da qual as projeções têm rodado desde setembro - para 6,50%. Trata-se de um leve recuo, de apenas 0,02 ponto porcentual, mas o suficiente para a autoridade monetária não se ver na obrigação, caso o número se confirme, de escrever uma carta ao Conselho Monetário Nacional (CMN) no final do ano para justificar a inflação acima do teto da meta, que é de 6,50%.

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Diante dos indicadores que comprovam a desaceleração econômica esperada pelo BC - em agosto a produção industrial caiu 0,20% na margem -, da desaceleração do ritmo de crescimento do crédito para Pessoa Física em setembro e da volta para a meta das expectativas de inflação, os analistas já admitem que o BC acertou lá atrás quando delineou o cenário em que a crise externa iria impactar a economia doméstica.

A economista-chefe do Royal Bank of Scotland (RBS), Zeina Latif, está entre os que reconhecem que o BC acertou no seu prognóstico. "O fato concreto é que o BC acertou mais que o mercado o cenário internacional e as suas implicações para a atividade doméstica", diz a economista. Ela só acha cedo para dizer que o BC acertou totalmente na questão da inflação, mesmo com a redução recente das expectativas, porque ele nunca previu a inflação rompendo a meta e "isso ainda pode acontecer". "De qualquer forma, a tendência é a Focus interromper a alta por hora", diz Zeina, para quem a Focus tem limite para piora.

Evidentemente, diz a economista, o IPCA-15 baixo - em outubro a inflação por este indicador foi de 0,42% ante 0,53% em setembro - influenciou positivamente o ligeiro recuo da mediana das expectativas de inflação para 2011. Isso, de acordo com a economista, ajuda a dinâmica inflacionária deste e do próximo ano. "Tem casas reduzindo expectativa de crescimento do PIB, o que ajuda a inflação", diz.

No Banrisul, o economista Cássio Zimmermann, diz ter ainda um pouco de dúvida sobre a efetividade da queda da inflação, como prevê a Focus, porque, segundo ele, o cenário neste momento não é aquele que o mercado previa e nem o que o BC esperava. "Está no meio do caminho", diz o economista do banco gaúcho. Todavia, ele não nega que o comportamento dos preços ao consumidor tem surpreendido os analistas do mercado. "Por enquanto, o BC está com a cabeça na lâmpada. As projeções estão apontando para uma inflação no teto da meta", reitera Zimmermann. "Mas lá trás, o BC estava mais certo que o mercado sim".

O problema, de acordo com o economista do Banrisul, é que a convergência tem se dado de forma muito lenta. "Não que eu duvide do BC, mas faltam ainda alguns resultados. Mas se tiver que fazer um placar, diria que o BC está ganhando o jogo. Não é ainda uma goleada, mas está ganhando", admite o economista. Zimmermann confessa que está inclinado a caminhar para o cenário do BC. "É nítido e natural que o BC tenha outras informações que nós não temos. Como ele acertou lá trás e mantém a trajetória da sua política monetária, é mais um indício de que ele está vendo mais piora no cenário externo", avalia o economista.

O Banrisul trabalha com projeções de 6,50% para o IPCA no fechamento deste ano e de 5,40% no ano que vem. "Na projeção deste ano eu não mexo mais. Se tiver que mudar, reduzirei a projeção do IPCA para 2012", diz.

O presidente e economista-chefe do Banco Ribeirão Preto (BRP), Nelson Rocha Augusto, diz não ter dúvidas de que o BC acertou e por uma razão muito simples: "As autoridades, quando estão imbuídas de propósitos corretos e têm mais informações que seus comandados, acabam acertando", afirma.

Augusto lembra que naquela semana de agosto que antecedeu o primeiro corte de 0,50 ponto porcentual da Selic, que o mercado todo contestou, o presidente do BC, Alexandre Tombini, participou de várias reuniões presenciais na Europa com autoridades econômicas de todo o mundo. "Quando ele volta da Europa e induz os membros do Copom a votar um corte da Selic era porque ele tinha informações que nós não tínhamos. Eu não tenho a menor dúvida de que o Tombini estava correto e tomou a decisão correta", diz o presidente do BRP, que trabalha com o IPCA fechando em 6,40% este ano.

A ata da última reunião do Copom, que será divulgada nesta quinta-feira, será importante para indicar se a desaceleração da economia doméstica já começa a preocupar o Banco Central (BC), o que poderá influenciar as próximas decisões de política monetária, comentou o economista-sênior do Barclays Capital, Guilherme Loureiro. "Alguns indicadores relativos ao nível de atividade doméstico mostraram certa acomodação, mas chamou a atenção de muitos analistas o IBC-Br, que caiu (0,53%) em agosto, ante julho", disse.

Segundo Marcelo Salomon, um dos dois chefes da área de pesquisa para América Latina do banco inglês, o BC vinha manifestando até recentemente que a piora do cenário externo era o principal motivo que o levou a adotar uma estratégia de corte de juros a partir do final de agosto. "Caso o Copom manifeste na ata que há agora também uma preocupação com o desaquecimento do PIB do Pais por fatores internos, muitos investidores poderão imaginar que a Selic poderá chegar a 8% no próximo ano, o que vai derrubar a curva de juros", destacou. "A questão é saber se o BC quer que o mercado tenha tal interpretação de trajetória mais acentuada da redução da Selic, pois isso poderia gerar uma expectativa de mercado que não condiz com o patamar elevado da inflação", emendou.

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Salomon e Loureiro não acreditam que o nível de atividade doméstica esteja ingressando num ciclo vigoroso de perda de velocidade. Eles estimam que o PIB vai baixar da alta de 7,5% no ano passado para 3,4% em 2011, mas deve retomar o fôlego e avançar 3,9% em 2012. Na avaliação dos especialistas, a alta nominal do salário mínimo de 14% no ano que vem é um dos principais elementos que serão importantes para manter o crescimento num patamar próximo a 4% num horizonte pouco superior a 12 meses.

"Cerca de um terço dos trabalhadores ocupados no Brasil ganha de um a dois salários mínimos", destacou o economista-sênior. Segundo ele, este indicador vai colaborar para que a massa real de salários suba 4,5% no próximo ano. Tal avanço deste indicador sinaliza que o mercado de trabalho continuará bem favorável no médio prazo, pois ele aponta que a taxa de desemprego medida pelo IBGE deve atingir a média de 6% no quarto trimestre de 2011 e subir um pouco no ano seguinte, pois deve atingir 6,5% no mesmo período de 2012.

Inflação

É sobretudo o desempenho favorável do nível de atividade de agora até o final de 2012 que leva os economistas do Barclays Capital a avaliarem que a inflação no Brasil permanecerá alta nesse horizonte de tempo, pois deve encerrar 2011 no teto de 6,5% e atingir 5,9% no próximo ano. Como o cenário global traçado pelo banco inglês não avalia que os EUA e a Europa vão entrar em recessão até o final do ano que vem, Marcelo Salomon pondera que os ventos desinflacionários que virão do exterior serão mais fracos do que os esperados pelo governo.

"Neste contexto, os preços de commodities metálicas e alimentícias devem ficar estáveis de agora até o fim do ano que vem. E para ajudar a diminuir a inflação no Brasil essas cotações deveriam cair", destacou Salomon. Ele avalia que o barril do petróleo tipo Brent deve atingir no quarto trimestre de 2012 a média de US$ 112,00, marca próxima ao que deve ser registrado no mesmo período deste ano, quando deve ficar entre US$ 110,00 e US$ 115,00.

O Barclays Capital destaca que a inflação em maio de 2012 deve atingir no Brasil a marca de 5,4% no acumulado em 12 meses, em linha com o esperado pelo Banco Central, que é uma taxa de 5,3%. Mas Guilherme Loureiro aponta que esta redução vai ocorrer basicamente devido a efeitos estatísticos, pois serão retirados do cálculo os meses que registraram altas vigorosas do IPCA e serão agregados valores mensais mais moderados. "Porém, a inflação deve rodar de agora até maio a uma média mensal de 0,50%, que é um patamar elevado", comentou Marcelo Salomon. Essa velocidade mensal equivale ao IPCA atingindo 6,16% em termos anualizados. De junho até dezembro de 2012, o banco inglês estima que o índice vai apresentar uma alta média mensal de 0,45%, o que representa uma velocidade equivalente a 5,53% num horizonte de 12 meses.

"Não concordamos com a avaliação do BC de que a inflação vai atingir 5,3% em maio e depois vai cair para 4,7% no final de 2012", comentou Salomon. Para o economista, que é um dos chefes de pesquisa para América Latina do Barclays Capital, o BC continua muito preocupado em manter a inflação no objetivo central de 4,5%, mas também tem meta de crescimento do PIB e do câmbio. "O governo quer o IPCA entre 4,5% e 6,5%", disse. Contudo, ele pondera que é não é ruim a intenção do governo de garantir um certo nível mínimo de expansão do País, apesar da inflação acima da meta, numa econômica global delicada, na qual especialmente Europa e EUA estão lutando muito para fugir da recessão.

"A situação da economia mundial é muito delicada e o Brasil está bem. O País tem indicadores fiscais melhores que os da Alemanha", comentou Salomon. O banco inglês espera que a economia norte-americana deve registrar expansão de 1,8% neste ano e de 2,5% em 2012, enquanto que a Europa deve apresentar um desempenho inferior no período, pois deve baixar de 1,7% em 2011 para 0,9% no próximo ano.

O economista e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Luiz Gonzaga Belluzzo, aprovou a decisão do Banco Central (BC) de reduzir, na última quarta-feira, a taxa básica de juros da economia em 0,50 ponto porcentual, para 11,50% ao ano. Belluzzo, que também é sócio da Faculdade de Campinas (Facamp), conversou com jornalistas ontem, antes da cerimônia de lançamento do curso de pós-graduação da instituição. Questionado se não vê contradição na redução da Selic num momento de inflação ainda alta, alimentada principalmente pelo setor de serviços, que responde pouco à política de juros, Belluzzo disse que não. De acordo com ele, a inflação de serviços responde sim à política de juros porque é um setor que está sendo puxado pela demanda. "Então, responde sim à política de juros. O que eu estou dizendo é que essa inflação de serviços vem numa mudança estrutural, com a entrada de 2,2 milhões de pessoas que estavam no Bolsa-Família para o mercado de trabalho", explicou.

Segundo Belluzzo, essas pessoas conseguiram melhorar sua renda e, com esta melhora, a elasticidade renda/serviços é muito mais alta do que a dos bens básicos que elas consumem. Na opinião do ex-secretário, para um economista convencional a receita seria aumentar a taxa de juros e acabar com a inflação de serviços. "Mas um BC não pode se limitar a isso. Vocês conhecem algum país no mundo com uma taxa de juros real mais alta do que a do Brasil? Isso é uma anomalia", criticou. "É um vício estranho. Em plena crise mundial ter uma taxa de juros nominal de 12%, que valoriza o câmbio e causa prejuízos para as contas públicas. O Brasil está cheio de jabuticabas e a taxa de juros no Brasil é a maior jabuticaba no momento", observou.

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Ainda de acordo com Belluzzo, é compreensível que em momentos de repique inflacionário que se eleve a taxa de juros e outros países fizeram isso. "Mas esses países subiram a taxa de juros de 3,5% para 4% ou de 4% para 4,5%. O nível de juros também é importante, tem que ser considerado", disse. Questionado se conhece outro país no mundo com uma cultura inflacionária tão arraigada no consciente do empresário e da população quanto no Brasil, Belluzzo respondeu que essa cultura decorre da criação de instrumentos que estavam adaptados à inflação alta. "As instituições são hábitos e práticas e isso realmente demora. Mas não é justificativa para, depois de tanto tempo de estabilização, ter uma taxa de juros tão alta", respondeu.

No entanto, Belluzzo recomendou que a redução da taxa de juros seja acompanhada de um controle duro dos gastos públicos. Perguntado se o que ele queria dizer é que o governo precisa gastar melhor, ou com mais qualidade, ele disse que não gosta desta expressão, porque parece referência a um orçamento doméstico. "Quando uma dona de casa corta gastos, ela prejudica poucas pessoas. No campo macro, quando o governo corta gastos, ele prejudica muita gente. Então, redução de gastos públicos não inclui investimentos", afirmou Belluzzo, acrescentando que se o governo deixar de investir a economia cairá ainda mais.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu hoje, por unanimidade, cortar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual para 11,5% ao ano. Com isso, acelerou o ritmo de queda do juro básico da economia iniciado em agosto, quando a taxa havia sido reduzida em 0,50 ponto porcentual.

A decisão de hoje ficou em linha com a previsão da maior parte dos analistas financeiros. De acordo com levantamento do AE Projeções, serviço da Agência Estado, de 74 instituições financeiras consultadas, 69 esperavam uma queda de 0,50 ponto porcentual, quatro apostavam em corte de 0,75 ponto porcentual e apenas uma casa trabalhava com a expectativa de uma redução de 0,25 ponto porcentual.

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A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 29 e 30 de novembro. A ata da reunião de hoje será divulgada pelo BC na quinta-feira da próxima semana, dia 27 de outubro.

O mercado de juros futuros operou em compasso de espera pela decisão de hoje do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e apenas consolidou suas apostas em um corte de 0,50 ponto porcentual da Selic. Além disso, a agenda doméstica relativamente fraca e a ausência de novidades concretas no âmbito externo também não abriram espaço para grandes correções. Dessa maneira, as taxas dos contratos de juros curtos ficaram praticamente paradas nos patamares de ajuste de ontem, com leve viés de baixa.

A despeito de alguns analistas ainda acreditarem em um Copom mais agressivo, não houve movimentações mais intensas nos mercados de derivativos, como as que se viu na véspera do último encontro da autoridade monetária e que, agora, estão sendo investigadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

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Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2012 (488.275 contratos) estava em 11,124%, de 11,14% no ajuste, apontando redução próxima a 0,5 ponto porcentual em cada uma das duas reuniões que restam no ano. O DI janeiro de 2013, com giro de 197.090 contratos, cedia a 10,44%, de 10,47% na véspera, enquanto o DI janeiro de 2014 (70.690 contratos) recuava à mínima de 10,67%, ante 10,75%. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (17.630 contratos) apontava mínima de 11,13%, de 11,23% no ajuste, e o DI janeiro de 2021 (5.655 contratos) indicava 11,14%, de 11,23% ontem.

A precificação do mercado de juros está em linha com o levantamento do AE Projeções com 74 casas. Desse total, 69 acreditam em uma redução de meio ponto da Selic, quatro instituições enxergam um Copom mais agressivo, com corte de 0,75 ponto porcentual, enquanto apenas uma, a BGC Liquidez, aposta em uma diminuição do ritmo para 0,25 ponto porcentual. A pesquisa também mostrou que 61 de 70 instituições preveem que a Selic estará em 11% no fim de 2011.

E se o mercado se mostra convicto da intensidade do corte no encontro de hoje, restam dúvidas sobre a extensão do afrouxamento monetário. Até agora, o DI janeiro de 2013 precifica a Selic em 10,50% no fim do ano que vem, o que indica redução de 1,5 ponto porcentual ante o nível atual, de 12% ao ano. "Acho que o tamanho do afrouxamento dependerá do desenrolar dos acontecimentos lá fora. Enquanto isso, não dá para cravar até onde a Selic irá", comentou o estrategista-chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno.

Hoje, a Receita Federal anunciou que a arrecadação de setembro cresceu 7,52% sobre igual mês de 2010, atingindo R$ 75,102 bilhões. O valor ficou acima da mediana encontrada pelo AE Projeções, de R$ 73,8 bilhões, mas dentro do intervalo das estimativas, de R$ 68,3 bilhões a R$ 76,2 bilhões.

No exterior, o ritmo dos negócios foi lento, uma vez que não houve nada de novo, a não ser variações dos mesmos rumores dos últimos dias. A Alemanha e a França continuam a trabalhar juntas em sua promessa de entregar uma solução abrangente para a crise da dívida da zona do euro, disse o ministro das Finanças francês, François Baroin, enquanto o jornal alemão Financial Times Deutschland informou que o ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, pôs em discussão a ideia de alavancar a Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês) para no máximo 1 trilhão de euros. Vale lembrar que ontem circularam rumores sobre o aumento para 2 trilhões de euros, fato negado posteriormente por uma fonte próxima às discussões.

No primeiro dia da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado de juros continua se fiando nas sinalizações da autoridade monetária de que ajustes moderados na Selic são condizentes com a convergência da inflação para a meta em 2012. Assim, a precificação na curva a termo de juros futuros ainda indica queda de 0,5 ponto porcentual da Selic, amanhã, sem que os dados de inflação conhecidos hoje e a criação de postos de trabalho acima do esperado em setembro alterassem tal cenário. No entanto, a demora na solução da crise de dívida e bancária da Europa e a leve desaceleração do crescimento chinês abriram espaço para que os agentes trabalhassem com um prolongamento do afrouxamento monetário em 2012.

Ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2012 (270.950 contratos) cedia a 11,14%, de 11,18% no ajuste, indicando redução de 0,55 ponto porcentual da Selic, amanhã, e mais 0,5 ponto no encontro de novembro. O DI janeiro de 2013, com giro de 300.625 contratos, recuava a 10,47%, de 10,55% na véspera, enquanto o DI janeiro de 2014 (74.585 contratos) estava na mínima de 10,75%, ante 10,89%. Os DIs janeiro de 2017 e de 2021 estavam, ambos, na mínima de 11,23%, ante 11,37% no ajuste de ontem, com 25.775 contratos e 2.090 contratos negociados, respectivamente.

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Apesar do avanço das bolsas e das commodities, o noticiário externo é, mais uma vez, dúbio. Logo na abertura dos mercados ocidentais os investidores repercutiam a advertência dada pela agência de classificação de risco Moody's, no fim da noite de ontem, de que a perspectiva estável do rating AAA da França está sob pressão devido a métricas mais fracas de endividamento e do potencial surgimento de novas obrigações. Além disso, do outro lado do mundo, a China informou ontem à noite que o PIB do terceiro trimestre cresceu 9,1% em relação ao mesmo período do ano passado, abaixo dos 9,5% do segundo trimestre e também das previsões dos economistas, que apontavam para uma expansão de 9,2%.

Diante desse quadro, os mercados abriram no vermelho, mas mudaram de lado depois que, novamente, a retórica entrou em ação. O ministro de Finanças da França, François Baroin, afirmou que o país está trabalhando em uma forte resposta à crise da dívida na zona do euro, na preparação para a reunião de cúpula da União Europeia. Disse ainda que o país fará tudo para manter seu rating AAA. Alguns resultados positivos de empresas dos Estados Unidos também ajudaram a impulsionar os ativos.

Internamente, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) indicou criação de 209.078 novas vagas de trabalho com carteira assinada no País em setembro, segundo o Ministério do Trabalho. O resultado ficou dentro do intervalo previsto pelo mercado, entre 150 mil e 240 mil postos, mas superou a mediana das estimativas, de 175 mil vagas formais.

No que diz respeito à inflação corrente, o IGP-10 divulgado hoje pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) subiu 0,64% em outubro, ante 0,63% em setembro. A inflação na capital paulista, pedida pelo IPC-Fipe, subiu 0,27% na segunda quadrissemana de outubro, ante 0,23% no primeiro levantamento do mês e acima da mediana projetada pelo AE Projeções, de 0,25%.

A curva a termo de juros futuros passou por uma inclinação no pregão de hoje, com as taxas curtas perto da estabilidade e acúmulo de prêmios nos vencimentos longos. Para operadores, esse movimento ocorre devido à percepção de que as autoridades europeias estão próximas de uma solução que minimize a crise de dívida e bancária da região, enquanto o corte de pelo menos 0,50 ponto porcentual da Selic no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) já está contratado, o que diminui o espaço para oscilações mais fortes nos DIs curtos. Prova disso é que a queda de 0,53% do IBC-Br de agosto ante julho não impôs pressão de baixa nesses vencimentos.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013 (299.925 contratos) estava em 10,45%, de 10,46% no ajuste, enquanto o DI janeiro de 2014, com giro de 131.860 contratos, subia a 10,74%, de 10,70%. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (26.150 contratos) avançava para 11,19%, de 11,12% no ajuste de terça-feira, e o DI janeiro de 2021 (2.925 contratos) indicava 11,21%, de 11,14% no ajuste.

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Na visão do economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, o IBC-Br pode reforçar as chances de prolongamento da queda da Selic em 2012. "O resultado desse índice confirma a tendência de desaceleração dessa proxy do PIB acumulado em doze meses, de 7,78% em dezembro de 2010, para 4,88% em junho deste ano e, finalmente, para 4,0% em agosto. Considerando uma estabilidade do indicador em setembro como hipótese, o carry-over garantiria um crescimento real do PIB de 2,71% em 2011, portanto abaixo do produto potencial estimado de 4,6%. Por fim, ratifica a nossa previsão de um PIB próximo de zero e potencialmente negativo no terceiro trimestre", considerou.

Lá fora, apesar da queda das commodities e das bolsas, as notícias não foram de todo ruins. Depois de assustar o mercado na terça-feira, o Parlamento da Eslováquia aprovou hoje a Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), permitindo que o fundo de resgate da zona do euro entre em operação e seja ampliado de 250 bilhões de euros para 440 bilhões. Além disso, o executivo-chefe da EFSF, Klaus Regling, disse que a Itália e a Espanha seriam capazes de se financiar sem recorrer ao programa de resgate financeiro da zona do euro, contribuindo para a recuperação do euro ante o dólar.

Entre as notícias negativas, o Credit Suisse informou que uma nova rodada de testes de estresse da Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês) sobre os bancos da Europa com uma exigência mínima de 9% de capital de alta qualidade vai resultar em 66 bancos reprovados, ou dois terços do total avaliado. E o Citigroup, em relatório denominado "Teste de Estresse Europeu", prevê que os bancos italianos precisarão levantar 27,7 bilhões de euros para cumprir com o mínimo de 9% de capital, enquanto as instituições espanholas precisarão de 33,4 bilhões de euros, as francesas de 34,3 bilhões de euros e os bancos alemães, de mais 30 bilhões de euros.

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