Um dia após a ação de ordenamento da praia de Boa Viagem, na Zona Sul da cidade, muitos barraqueiros ainda contestavam a decisão da prefeitura em criar áreas para os banhistas que não quiserem sentar-se numa das barracas. “Meu espaço ficou certo, mas ninguém sabe quanto tempo isso vai durar. Fizeram essa área aí do lado sem nada, mas tiveram que espremer a gente nessa outra faixa”, disse Erivaldo Vieira, da barraca Point do Banana.
“Disseram que é até 12 metros, mas a minha barraca tá com oito metros, tem que botar igual. O pessoal chega do nada com grosseria pra cima de gente, ameaçando se a gente não se espremer aqui. Eu era de frente a essa rua, e agora to aqui tomando espaço de dona Maria, que ficou com um trecho menor ainda. To me sentindo péssimo, mas temos que trabalhar”, lembrou Clécio Romão, da Barraca do Júnior.
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Maria de Lourdes trabalha como comerciante na praia de Boa Viagem há mais de 30 anos, e desde 1991 conseguiu a licença para trabalhar regularmente na orla. “Eu to com bem menos espaço, as cadeiras quase juntas, e disseram que, se não respeitar, vão nos por para fora”, explicou.
De acordo com o chefe de operações da Secretaria de Controle Urbano (Secon), Anísio Aziz, o objetivo maior é organizar a distribuição dos comerciantes na faixa de areia, e criar espaços para os banhistas. “Nossa meta é organizar o trecho do Parque Dona Lindu ao Pina até o fim do semestre, com a criação de dez áreas. Já criamos duas, uma na Rua Professor José Brandão e outra na Rua Dona Benvinda de Farias”, reforçou.
Ainda segundo Aziz, ficou estabelecido uma faixa de 12 metros de largura para os comerciantes, que podem utilizar toda a extensão da areia, até água, para distribuírem seus equipamentos. “Temos 622 barraqueiros cadastrados ao longo da orla, e muitos deles não aparecem todo fim de semana. Nesse caso, estabelecemos um prazo de dois finais de semana seguidos, se o comerciante não vier para a praia abrir as cadeiras, ele perde o espaço, e será realocado”, afirmou.
Outra prática que a prefeitura está de olho são os aluguéis de faixas de areia entre os barraqueiros. “Isso é ilegal. Eles têm uma faixa própria para eles, e muitos ainda alugam a faixa ao lado, pagando aluguel”, comentou. “Nesses casos, eles serão advertidos, se continuarem a prática, serão multados e podem perder a concessão do trecho”, completou Anísio.
A multa por infrações cometidas pelos barraqueiros é de R$ 600, enquanto que, apreensões de cadeiras e outros equipamentos podem custar de 240 a 606 reais. “Estamos com uma equipe de fiscalização das seis da manhã às 18h, em que participam a polícia militar, guarda municipal, agentes de trânsito da CTTU, e o grupo de operações da Secon”, finalizou. As fiscalizações serão feitas durante todos os dias da semana, envolvendo 30 pessoas, e durante a semana, com 15 pessoas.
Movimentação - Muita gente aproveitou o sol do domingo (19) para ir à praia. "A movimentação só começa depois das 12h", explicou Nana Banana, dono de uma barraca na orla. Mas, o comentário geral era que, comparado a outros anos, o movimento de janeiro estava fraco. "Já passou metade do mês e estou achando bem parado, apesar de ser férias. Acho que o povo está se endividando muito, mas nós estamos aqui até o último cliente" comentou Clécio Romão, da Barraca do Júnior;