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A Agência Nacional de Águas (ANA), órgão federal responsável pela gestão de recursos hídricos, alterou uma resolução referente à vazão de águas do Rio Xingu, mudança que beneficiou diretamente a concessionária Norte Energia, dona da hidrelétrica de Belo Monte.

Ao fazer a mudança na resolução publicada pela própria agência, a ANA permitiu que a Norte Energia faça o enchimento do lago da usina em qualquer dia ou mês do ano, derrubando a exigência de sua resolução original, que permitia que essa operação ocorresse somente entre os meses de janeiro a junho. Essa alteração foi feita quando já se sabia que as obras estavam atrasadas e que o início das operações de Belo Monte não ocorreria conforme inicialmente garantido pela empresa. Interessava à Norte Energia, portanto, flexibilizar essa regra.

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No dia 28 de fevereiro de 2011, a ANA publicou a resolução número 48. Assinada pelo presidente da agência Vicente Andreu, essa resolução tratava especificamente de Belo Monte e estabelecia que "o início do enchimento do reservatório deverá ocorrer entre os meses de janeiro e junho". A regra estabelecia ainda que, neste período, a empresa teria que respeitar as vazões mínimas de água do Rio Xingu, ou seja, manter um volume mínimo para que a população não ficasse sem água.

No dia 19 de dezembro de 2014, porém, o prazo foi vetado. Uma nova resolução, de número 2046, dessa vez assinada pelo diretor da agência Paulo Lopes Varella Neto, estabeleceu apenas que a empresa teria de respeitar as vazões mínimas do Rio Xingu, mas que poderia encher o lago em qualquer data do ano, desde que garantisse a "preservação dos usos múltiplos dos recursos hídricos, inclusive a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário". Essa mudança na regra só foi publicada no Diário Oficial da União na véspera do Natal do ano passado, em edição do dia 23 de dezembro.

Hoje, no auge da seca e da baixa vazão do Xingu, a Norte Energia espera a licença de operação do Ibama o mais rápido possível para começar a encher seu reservatório. Segundo a empresa, todas as condicionantes socioambientais do empreendimento foram cumpridas e agora só falta a licença do órgão para que o bloqueio do rio seja feito. Internamente, a empresa esperava que essa licença saísse no dia 15 de setembro, apesar de o Ibama não ter obrigação de fixar data para emitir sua licença.

Os dados históricos de vazão do Xingu coletados pela ANA apontam que o rio está com um dos menores índices de vazão do ano, com cerca de 1.100 metros cúbicos de água por segundo. Para se ter uma ideia, no período chuvoso, entre março e abril, esse volume sobe para a média de 20 mil m3 por segundo, chegando até picos de 25 mil m3/s.

A Norte Energia tem todo o interesse em iniciar o enchimento de seu lago imediatamente, já que a usina está atrasada. Por contrato, Belo Monte deveria ter começado a entregar energia em fevereiro deste ano. Uma série de eventos, no entanto, retardaram as obras da hidrelétrica. A empresa alegou que não tinha culpa pelo atrasos e solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a prorrogação de até 455 dias em seu cronograma. A Aneel rejeitou integralmente os argumentos da empresa e negou o pleito. Em maio deste ano, a Norte Energia conseguiu uma liminar na Justiça que a isenta da responsabilidade pelo adiamento.

Apesar de solicitar formalmente a prorrogação do prazo para começar a entregar energia apenas em fevereiro do ano que vem, a Norte Energia trabalha com a expectativa de iniciar sua geração ainda em novembro deste ano. Para isso, precisaria da autorização do Ibama para barrar o rio imediatamente.

Procurada pela reportagem, a concessionária não se manifestou sobre o assunto. A ANA também não se pronunciou sobre o caso.

A Defensoria Pública da União (DPU) em Belém moveu uma ação de R$ 3,5 bilhões contra a hidrelétrica de Belo Monte, que está em construção no Rio Xingu, no Pará.

A Ação Civil Pública foi ajuizada na Justiça Federal de Altamira. Uma série de compensações e indenizações é pleiteada em favor de indígenas, barqueiros, carroceiros, ribeirinhos, pescadores e a população urbana atingida pelo empreendimento.

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No processo, a DPU aponta como responsáveis a União, a concessionária Norte Energia, o Ibama, a Fundação Nacional do Índio (Funai), o BNDES e a Agência Nacional de Águas (ANA). A ação judicial foi subscrita pelos defensores públicos federais Anginaldo Vieira, Cláudio Santos e Elzano Braun, da DPU em Belém.

Os defensores requerem ainda medida cautelar para que a concessionária Norte Energia, dona da usina, não dê início ao processo de enchimento do reservatório da usina, mesmo que o Ibama venha a conceder a licença de operação que autoriza essa operação.

A DPU afirma que duas resoluções da ANA (740/2009 e 48/2011) vedam expressamente o início do enchimento do reservatório nos meses de vazão reduzida do Rio Xingu, no período de julho a dezembro.

Reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" demonstrou que, em dezembro do ano passado, uma nova resolução da ANA (2046) alterou os termos da resolução publicada em 2011. Segundo a DPU, porém, nada foi alterado em relação à primeira resolução de 2009, que já determinava em quais meses o reservatório poderia ser enchido pela concessionária.

Nas contas da concessionária Norte Energia, a autorização para o enchimento do lago da Hidrelétrica de Belo Monte deveria sair nesta terça-feira, 15, data que a empresa havia anotado em seu calendário para obter a licença de operação do Ibama. O prazo chegou a ser informado em relatório encaminhado ao órgão ambiental no fim de fevereiro. Só com esse documento é que estará autorizado o barramento do Rio Xingu, na região de Altamira (PA). Vai ser preciso esperar um pouco mais.

O Ibama ainda não concluiu seu parecer em relação ao cumprimento integral das ações compensatórias ligadas à construção da usina. O órgão também não recebeu ainda o parecer da Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre o cumprimentos das condicionantes indígenas, tema que sempre foi uma das questões mais sensíveis no processo de compensação envolvendo Belo Monte.

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A Norte Energia conta com a emissão da licença de operação para que consiga iniciar a geração de energia em novembro, com nove meses de atraso em relação ao cronograma oficial do empreendimento. Por contrato, a hidrelétrica tinha de ter iniciado sua geração no dia 28 de fevereiro, a partir de sua casa de força complementar (a usina tem uma casa de força principal), com o acionamento gradual de seis turbinas de 38,85 megawatts (MW) cada.

Por meio de nota, a Norte Energia informou que "cumpriu todas as condicionantes exigidas pelo Ibama para que a licença de operação seja liberada e aguarda a decisão do órgão ambiental".

Apesar do cronograma interno, a empresa declarou agora que "não cabe à Norte Energia especificar data para que o Ibama conceda a licença de operação". Ainda assim, disse que pretende iniciar sua geração em novembro. "Os prazos internos de cumprimento de exigências e condicionantes estão rigorosamente em dia, portanto, o cronograma está mantido."

Casas

A empresa informou que concluiu todos os processos de indenização e reassentamento de 7,8 mil famílias, ou cerca de 27 mil pessoas, além de milhares de demolições de casas nas áreas que serão cobertas pelo reservatório e que "apenas aguarda avaliação dos órgãos competentes para a liberação da licença de operação".

Em Altamira, a Defesoria Pública da União acumula centenas de casos de famílias que reclamam direito à indenização.

O atraso de Belo Monte foi parar na Justiça. A concessionária queria que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adiasse seu cronograma em até 455 dias, sob alegação de que as obras foram prejudicadas por ações alheias à sua vontade, como invasões aos canteiros, greves e demora da agência em conceder declarações de utilidade pública. Nenhum argumento foi aceito pela diretoria da agência, que rejeitou integralmente o pedido, no fim de abril.

Depois de afirmar que uma "máfia verde" influenciou a punição imposta pela Aneel, a defesa da concessionária foi à Justiça e conseguiu suspender os efeitos da decisão, por meio de liminar concedida pela 14ª Vara do Tribunal Regional do Distrito Federal.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A chinesa State Grid confirmou o favoritismo e venceu a disputa pela linha de transmissão responsável pelo escoamento de energia da hidrelétrica de Belo Monte. A companhia apresentou uma proposta de Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 988,030 milhões, o que representa um deságio de 19% em relação ao valor máximo exigido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que era de R$ 1,219 bilhão. O investimento estimado na construção da linha de transmissão é de cerca de R$ 7 bilhões.

A oferta dos chineses superou a proposta apresentada pela espanhola Abengoa, de uma RAP de R$ 1,049 bilhão, o que representava um deságio de 14%. Como a diferença entre as propostas ficou superior ou igual a 5%, a disputa terminou ainda na primeira fase. O consórcio formado por Eletronorte e Furnas, controladas pela Eletrobras, não apresentou proposta.

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O Leilão de Transmissão nº 7/2015, realizado nesta sexta-feira, 17, representa a licitação de um dos projetos de energia mais importantes do País. Serão 2.550 quilômetros de linhas de transmissão que cortarão os Estados de Pará, Tocantins, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Além da linha, serão construídas duas subestações conversoras com 7.800 MW de capacidade instalada.

A State Grid, favorita da disputa, também é responsável pela construção da primeira linha de transmissão para escoar a energia de Belo Monte. O primeiro projeto foi leiloado no ano passado e enfrenta atrasos. Estimado inicialmente em cerca de R$ 5 bilhões, o projeto terá 2.100 mil km de extensão e capacidade para transmitir 4.000 MW. A proposta do consórcio formado por State Grid, Furnas e Eletronorte estabelecia uma RAP de R$ 434,647 milhões, o que representou um deságio de 38% em relação ao valor máximo de R$ 701 milhões estabelecido pela Aneel.

O Ministério Público Federal no Pará (MPF-PA) apontou uma série de irregularidades no processo de remoção dos ribeirinhos que serão atingidos pelas obras da hidrelétrica de Belo Monte, em construção no Rio Xingu, no Pará.

De acordo com o relatório de inspeção realizada em junho na região de Altamira e Vitória do Xingu, principais municípios atingidos pelas obras, a remoção compulsória comete irregularidades, ao "ignorar completamente o modo de vida dessas famílias", condição que deveria ser contemplada, de acordo com o Plano Básico Ambiental (PBA) do projeto, documento que detalha os programas para a minimização dos impactos negativos da usina.

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A remoção das famílias, afirma o MPF, impõe a necessidade de manutenção do modo de vida das comunidades afetadas em condições, no mínimo, semelhantes às que detinham antes do impacto. O documento alerta sobre o risco de os ribeirinhos ficarem desprovidos de acesso aos seus meios de subsistência.

"Entre diversas irregularidades apontadas, o relatório de inspeção destaca que, sem a opção de remoção para assentamentos em áreas próximas do rio, os ribeirinhos acabam sendo coagidos a aceitar indenizações insuficientes para a aquisição de local que permita a recomposição de suas condições de vida, rompendo ainda com um padrão cultural de ocupação do território, que tem como característica essencial a dupla moradia: uma casa nas ilhas, para a pesca e a agricultura, e outra na cidade, para a venda da produção e para acesso à saúde e à educação", declara o MPF.

Em reportagem publicada há duas semanas, o jornal "O Estado de S. Paulo" revelou os dramas sociais e ambientais que envolvem o processo de remoção de mais de 25 mil pessoas no entorno de Altamira.

Segundo o MPF, após a realização da inspeção, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), responsável por emitir as licenças da usina, notificou a concessionária Norte Energia, dona de Belo Monte, sobre as remoções.

O MPF-PA declarou que aguarda a resposta do governo federal quanto às alternativas que serão apresentadas para a readequação do processo de remoção. A inspeção na região foi realizada pelo MPF em conjunto com o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), o Ibama, a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), a Defensoria Pública da União (DPU), a Defensoria Pública do Estado do Pará (DPE-PA) e a Procuradoria Federal Especializada da Funai (AGU-Funai).

O trabalho teve ainda participação de pesquisadores e professores ligados à Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Chicago, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal do Pará (UFPA).

O Ministério Público Federal (MPF) pediu "intervenção urgente" do governo para que sejam paralisadas as demolições de casas das populações que estão sendo removidas no entorno de Altamira, no Pará, por conta da construção da hidrelétrica de Belo Monte.

Um relatório parcial sobre a inspeção feita no início do mês nas áreas atingidas por Belo Monte foi entregue nesta segunda-feira, 15, pelo MPF à Secretaria-Geral da Presidência da República e outros órgãos governamentais. O documento com as constatações da equipe de inspeção reúne instituições do próprio governo, pesquisadores e organizações não governamentais.

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O relatório, que segundo o MPF é fruto de acordo entre todas as instituições que participaram da inspeção, enumera 55 constatações sobre o descumprimento das obrigações da usina e violações dos direitos dos atingidos. A concessionária Norte Energia, dona de Belo Monte, foi informada sobre as conclusões.

"O relatório é preliminar e recomenda intervenção urgente no processo para paralisar as demolições e violações de direitos das populações removidas. Uma das primeiras medidas que precisa ser tomada é a paralisação da chamada balsa da demolição, que há meses percorre o Xingu fazendo a remoção dos ribeirinhos e pescadores que estão nas áreas a serem alagadas por Belo Monte", declara o MPF, em nota.

Um relatório definitivo ainda será apresentado e somado a documentos com as conclusões dos pesquisadores de várias universidades. "No total, são 78.793 hectares interferidos pela usina e quase duas mil famílias atingidas só na área rural. São agricultores, pescadores, extrativistas e ribeirinhos que, se o PBA (Projeto Básico Ambiental) fosse obedecido, deveriam ter recebido o necessário para recompor as condições em que sempre viveram. Em vez disso, de acordo com os dados oficiais da Norte Energia, 75% deles receberam tão somente indenização em dinheiro, demonstrando que a opção que deveria ser a principal, a de reassentamento, praticamente inexiste", afirma o MPF.

As instituições que participaram da inspeção foram o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Defensoria Pública da União (DPU) e a Defensoria Pública do Estado (DPE). O trabalho também conta com a participação de vários pesquisadores de universidades, da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

O MPF aguarda, após a apresentação das constatações ao governo, uma resposta formal sobre a paralisação das remoções e sobre as providências que serão adotadas para resolver os problemas apontados.

O Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) divulgou nota, no começo da noite deste sábado (30), informando que o Corpo de Bombeiros de Altamira (PA) concluiu o resgate dos corpos dos funcionário envolvidos em um acidente na madrugada de hoje, no Sítio Belo Monte. As vitimas foram os ajudantes de produção Denivaldo Soares Aguiar, José da Conceição Ferreira da Silva e Pedro Henrique dos Santos Silva. Na nota, o Consórcio diz que "solidariza-se com a dor dos familiares e amigos, e está prestando todo o apoio às famílias".

Segundo o texto da nota, por volta de 2h da manhã, na Área Industrial do canteiro de obras da Usina de Belo Monte, um dos silos da Central de Concreto desabou durante as operações de descarga de caminhões de cimento. "As causas do acidente estão sendo investigadas pelos peritos, e o CCBM vem colaborando com todos os esforços possíveis", informa o texto.

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Outros três trabalhadores atingidos pelo desabamento foram atendidos por equipes médicas do Consórcio e, posteriormente, em hospital de Altamira. "Dois entre os feridos apresentaram escoriações leves, já tendo sido liberados pelos médicos, e um teve fratura no ombro", encerra a nota.

São Paulo, 30/05/2015 - Há cerca de 12 horas, três pessoas estão desaparecidas no canteiro de obras da Usina de Belo Monte, no Pará, desde o desabamento de um dos silos da central de concreto da área industrial, às 2 h da madrugada. O acidente aconteceu durante a operação de descarga de um caminhão, segundo nota da assessoria de imprensa do Consórcio Construtor Belo Monte.

De acordo com a empresa, outras três pessoas foram atingidas pelo desabamento. Dois tiveram ferimentos leves e já foram liberados. Um deles teve uma fratura no ombro.

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No comunicado à imprensa, o Consórcio Construtor Belo Monte afirma que "está, desde o primeiro momento, prestando todo o atendimento aos funcionários e colaborando com o trabalho de peritos e agentes da Polícia Civil, que estão no local desde a madrugada".

O Ministério Público Federal (MPF) vai pedir explicações ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre as mudanças feitas no contrato da hidrelétrica de Belo Monte.

Reportagem publicada nesta terça-feira (14) pelo jornal "O Estado de S. Paulo" revela que uma alteração contratual feita pelo banco no financiamento de R$ 22,5 bilhões firmado com a hidrelétrica de Belo Monte livrou o consórcio Norte Energia, dono da usina, do pagamento de multa para o banco público, sanção que poderia chegar à cifra de aproximadamente R$ 75 milhões.

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A punição deixou de existir porque o banco concordou em alterar as datas de execução de obras da usina, que está em construção no Rio Xingu, no Pará. Ao mudar o cronograma original que exigia do consórcio, as multas por atraso desapareceram.

Segundo Felício Pontes, procurador do MPF no Pará, o banco será acionado para prestar esclarecimentos. O MPF quer ter acesso à ata da reunião que deliberou sobre as mudanças no cronograma, bem como ao contrato de financiamento e ao termo aditivo que efetivou as mudanças. "O risco é de ter havido gestão temerária. Vamos pedir explicações", disse.

Hoje, em audiência no Senado, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que é natural ocorrer reprogramação nos pagamentos em projetos muito grandes. "Quando a empresa justifica, apresenta ao banco um cronograma e pede reestruturação, desde que peça antes do prazo, não é irregularidade", afirmou.

O atraso de Belo Monte foi reconhecido pela Norte Energia no ano passado. O termo aditivo firmado com o BNDES traz, manuscrita, a data de 23 de outubro de 2014. No entanto, esse documento só passou a ter efetivo valor jurídico no dia 23 de março deste ano, exatamente cinco meses depois. Só no mês passado o banco e a empresa fizeram o reconhecimento de firmas de seus representantes e o registro do documento no 1º Ofício do Registro de Títulos e Documentos da Cidade do Rio de Janeiro.

Para o MPF, o caso será analisado por se tratarem de decisões que favorecem uma empresa privada, a partir da utilização de dinheiro público. A Norte Energia tem 49,98% de sua participação nas mãos da estatal Eletrobras. Os demais 50,02% estão diluídos entre as empresas Neoenergia, Cemig, Light, Vale, Sinobras e J.Malucelli, além de os fundos Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa).

A chinesa State Grid, empresa que venceu o leilão para construir a principal linha de transmissão de Belo Monte, decidiu pegar um "atalho" para iniciar as obras e evitar atrasos no projeto de R$ 4,5 bilhões. O ‘Estado’ apurou que os chineses negociam com o Ibama uma autorização parcial ao empreendimento para instalar os canteiros de obra ao longo do traçado de 2.087 km de extensão da malha. Essa autorização driblaria a necessidade de conseguir, antes de qualquer tipo de intervenção, a licença de instalação do projeto, documento que efetivamente libera o início das obras.

O recurso foi usado em 2011 no licenciamento da hidrelétrica de Belo Monte, em construção no Rio Xingu, no Pará. O caso está na Justiça, em processo movido pelo Ministério Público Federal (MPF) do Estado, que alega a ilegalidade do instrumento. Apesar da polêmica, a medida é tida como indispensável pelo consórcio Belo Monte Transmissora de Energia (BMTE), formado pela State Grid (51%) e pela Eletrobrás (Furnas e Eletronorte, com 24,5% cada).

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Abertura de canteiros não é uma tarefa trivial em projetos desse porte. Previsto para ter até 15 mil funcionários no pico das obras, o linhão de Belo Monte vai abrir pelo menos nove canteiros, com até 100 mil m² cada um, áreas que incluem alojamento, escritório, refeitório, ambulatório, depósito e estruturas operacionais.

A estratégia foi confirmada pelo vice-presidente de operações e manutenção da State Grid, Ramon Haddad. Em nota, ele declarou que as localizações serão definidas "após a emissão da licença prévia (que atesta apenas a viabilidade ambiental do projeto) e antes da emissão da licença de instalação".

Com início no município de Anapu (PA), a 17 km de distância da hidrelétrica de Belo Monte, a linha da BMTE vai avançar por quatro Estados - Pará, Tocantins, Goiás e Minas Gerais -, até chegar a Estreito, na divisa de Minas e São Paulo. Trata-se da principal rota de escoamento de energia de Belo Monte para a região Sudeste do País.

A antecipação dos canteiros, na avaliação dos chineses, pode reduzir a pressão que eles já começam a sentir sobre o contrato assinado em junho do ano passado. O plano previa que a primeira autorização (licença prévia) do Ibama saísse em abril, para iniciar as obras em junho, quando seria emitida a licença de instalação. As chances dessas autorizações se confirmarem nesses prazos, porém, são pequenas, dada a complexidade do projeto.

A possibilidade de utilização de trabalhadores chineses no empreendimento foi afastada por Ramon Haddad. "Neste projeto a mão de obra será brasileira, com total preferência para os trabalhadores locais, residentes nas proximidades das subestações e ao longo dos 2.100 quilômetros da linha de transmissão", declarou.

Para o procurador do MPF no Pará, Felício Pontes, caso o Ibama autorize a instalação dos canteiros antes da licença de instalação, o empreendimento pode ser alvo de um processo judicial. "Essa licença parcial não existe no direito ambiental. Não podemos nos omitir diante de uma ilegalidade tão grande", comentou. No processo movido contra a hidrelétrica de Belo Monte por conta da mesma estratégia, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região chegou a deferir a ação do MPF, mas o presidente do TRF suspendeu os efeitos da decisão, até que seja julgado o mérito do caso, o que ainda não ocorreu, segundo o MPF.

Espanhóis. Bem mais preocupante que o projeto dos chineses é o empreendimento da espanhola Abengoa. Dona do chamado "linhão pré-Belo Monte", rede que vai distribuir energia da usina pelo Nordeste, a Abengoa assumiu o compromisso de entregar uma rede de 1.854 km de extensão em fevereiro do ano que vem, mas as obras ainda não começaram.

O atraso de mais de um ano nas obras de Belo Monte deixou de ser apenas um problema de ordem operacional para o governo e o setor elétrico. Passados quase cinco anos desde que a hidrelétrica foi a leilão, em abril de 2010, o maior projeto de geração de energia do País se vê hoje transformado em uma enorme confusão financeira, com sérios riscos de tornar-se economicamente inviável.

A gravidade da situação foi descrita em detalhes pelo próprio consórcio Norte Energia, dono da usina, em uma carta encaminhada à diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no fim de novembro. No documento, ao qual o Estado teve acesso, o consórcio afirma que a rejeição de seu pedido de prorrogação dos prazos e a consequente obrigação de comprar energia de outras usinas para garantir a entrega daquilo que não produziu custariam ao consórcio "somas vultosas, capazes de inviabilizar o empreendimento".

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Por contrato, Belo Monte, em construção na região de Altamira, no Pará, teria de começar a gerar energia a partir de fevereiro de 2015, o que efetivamente só ocorrerá no primeiro trimestre de 2016. Nesse período, argumentou o diretor-presidente da Norte Energia, Duilio Diniz de Figueiredo, seria preciso desembolsar - a preços atuais - cerca de R$ 370 milhões por mês para cobrir o rombo. A usina tem previsão de conclusão para fevereiro de 2019.

Orçada inicialmente em R$ 25,8 bilhões, Belo Monte já ultrapassa a marca de R$ 30 bilhões, por conta de um aditivo de R$ 700 milhões e de correção financeira. Esse termo foi assinado com o Consórcio Construtor de Belo Monte, liderado pela Andrade Gutierrez.

Em tom de apelo, a carta da Norte Energia à Aneel tenta derrubar uma decisão já tomada pela Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração (SFG) da agência. Em agosto, técnicos da SFG analisaram os argumentos e pedidos feitos pela Norte Energia. Todos foram rejeitados, ou seja, para a área técnica, o consórcio é o único responsável por cada dia de atraso da hidrelétrica.

O assunto ainda precisa passar pela diretoria colegiada da agência, o que não tem data para ocorrer. Procurada, a Aneel disse que o documento está em análise e que não comentaria o processo da Norte Energia.

Críticas

Inconformada com a decisão preliminar, a empresa reagiu e disparou críticas contra tudo e contra todos. Após avaliar a decisão da SFG, disse que foi possível constatar "diversos equívocos e informações incorretas em sua análise" e que "o resultado contraria a legislação vigente". A própria Aneel foi incluída na lista de culpados por atrasos.

A agência, segundo o consórcio, comprometeu o cronograma das obras porque demorou a emitir as declarações de utilidade pública para as áreas onde seria construída a usina. Apesar de o pedido ter ocorrido em dezembro de 2010 e reapresentado em agosto de 2011, afirma a Norte Energia, a autorização de toda a área do empreendimento só ocorreu em janeiro de 2012, "causando atrasos na liberação das áreas".

O consórcio afirma que todas as informações poderiam ter sido requeridas pela Aneel com antecedência, imediatamente após a emissão da licença de instalação da usina. "Contudo, o mesmo não foi feito, trazendo prejuízo inevitável e alheio à vontade da Norte Energia." Para quantificar o dano sofrido, a empresa afirma que, até novembro, ainda tinha 591 unidades pendentes para desapropriação, o que representa 39% do total das áreas de terras necessárias para implantação do empreendimento.

A relação dos responsáveis pelos atrasos também inclui o Ibama e a Funai. O enchimento do reservatório principal da hidrelétrica teria sofrido atraso de 351 dias porque "impedimentos legais do Ibama e Funai inviabilizaram ações no sítio Pimental", local onde é construída uma das casas de força da usina. A empresa também afirma que a "perda da janela hidrológica (meses sem chuva) e demora na autorização do Ibama" resultaram no impacto direto de 397 dias de atraso no marco de desvio do rio Xingu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Está longe o dia em que a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós começará a produzir seus primeiros megawatts, como deseja o governo, mas seu projeto já foi suficiente para gerar um amontoado de 15 mil páginas de informações e laudos técnicos empilhados em dezenas de blocos, na sede do Ibama. A papelada que trata do licenciamento ambiental da hidrelétrica é recorde nas prateleiras do órgão ambiental e supera até mesmo o volume enciclopédico acumulado no conturbado processo de Belo Monte, que somou 12 mil páginas.

Uma força-tarefa foi montada pelo Ibama para cuidar do caso. Nove analistas ambientais foram deslocados para analisar exclusivamente a viabilidade socioambiental daquela que tem a ambição de ser última grande hidrelétrica erguida no País. Com 8.040 megawatts, seria a primeira barragem no Rio Tapajós, no Pará, um dos principais afluentes do Rio Amazonas.

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Apesar da mobilização em torno do projeto, o Estado apurou que os levantamentos de dados encaminhadas pelo Grupo de Estudo Tapajós, formado por gigantes do setor elétrico e empreiteiras, não têm atendido a todas exigências do Ibama. Demandas de informações complementares e mais aprofundadas serão entregues pelo órgão ambiental aos responsáveis pelos estudos.

A avaliação do relatório de impacto ambiental de São Luiz do Tapajós teve início em maio. No dia 17 de setembro, o governo chegou a anunciar que o leilão da usina seria feito ainda neste fim de ano. No dia seguinte, porém, o Ministério de Minas e Energia voltou atrás e cancelou oficialmente o plano.

Cronograma

Para que o projeto da usina possa ser leiloado, é preciso que o governo obtenha a licença prévia ambiental. Trata-se de regra do setor elétrico, para dar mais segurança ao investidor que vencer o leilão. Hoje, porém, São Luiz é um empreendimento sem cronograma definido, apesar do desejo do Ministério de Minas e Energia de ver a hidrelétrica contratada em 2015.

Na prática, porém, não há previsão no Ibama sobre quando a licença prévia será emitida, ou nem mesmo se ela é, de fato, viável. As audiências públicas, que devem ser realizadas em povoados e municípios da região para discutir o assunto, ainda não têm data nem local definidos.

Paralelamente à complexidade socioambiental de São Luiz, corre ainda o processo que trata dos impactos a terras e comunidades indígenas, um capítulo à parte na história da usina e que ainda deve render muita discussão. A Fundação Nacional do Índio (Funai), que no início de outubro já havia concluído pela inviabilidade do empreendimento, por causa das interferências em terras e aldeias, ainda não enviou seu parecer ao Ibama, a quem cabe dar um posicionamento final sobre a obra.

Protesto

No próximo dia 27, está prevista uma manifestação na comunidade de São Luiz, próxima ao município de Itaituba, cerca de 70 km abaixo do local do rio previsto para a barragem. A manifestação é liderada pelo padre Edilberto Sena, ligado ao Movimento Tapajós Vivo.

Envolta em polêmicas, a hidrelétrica acumula mais de quatro anos de atraso em relação ao cronograma original. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que chegou a programar o início de operação da usina para janeiro de 2016, agora estima que isso só vá ocorrer em agosto de 2020. Dos 18 novos projetos hidrelétricos previstos para entrar em operação entre 2019 a 2023 - um conjunto de usinas que soma 14.679 MW -, a São Luiz representa sozinha 55% de toda essa energia. O investimento previsto é de R$ 30 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

A Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) permanecerá por mais seis meses na região de Belo Monte, no Pará. A determinação está presente na portaria nº 1.406 do Ministério da Justiça, publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (26).

O objetivo da presença da Força Nacional na região, conforme cita a portaria, é "garantir a incolumidade das pessoas, do patrimônio e a manutenção da ordem pública, nos locais em que se desenvolvem as obras, demarcações e serviços, na região da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Estado do Pará". O período adicional de 180 dias de presença da FNSP na área começa a contar a partir de hoje, data de publicação da portaria.

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O prazo do apoio prestado pela FNSP poderá ser prorrogado, se necessário. A decisão foi tomada considerando manifestação expressa do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

Em 14 de fevereiro, o Ministério da Justiça já havia autorizado a ampliação da permanência da Força Nacional na região para garantir a segurança durante a execução das obras da usina de Belo Monte por seis meses. Agora o prazo está sendo novamente ampliado.

O enorme canal que vai ligar o Rio Xingu ao reservatório intermediário da Hidrelétrica de Belo Monte começa a ganhar formas e mudar a paisagem local. Os 20 quilômetros de extensão da obra já foram abertos e estão em estágios diferenciados de trabalho. Por enquanto, apenas 1 km está concluído. Outros estão em fase de revestimento do leito e taludes do canal ou na etapa de aprofundamento do terreno.

A expectativa é concluir todo o trabalho até o fim do ano. Mas a meta não será uma tarefa fácil de cumprir, especialmente com o histórico de paralisações desde o início das obras da hidrelétrica. Além disso, parece um trabalho sem fim. A construção do canal, que na prática é um rio artificial construído no meio da Amazônia para desviar a água do Xingu, exige a escavação de 110,8 milhões de m³ de rocha e solo - volume equivalente ao Canal do Panamá. Todo esse material encheria 5 milhões de caminhões basculantes.

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Hoje 1.400 máquinas, tratores e caminhões trabalham freneticamente para cumprir os prazos do canal, que terá 25 metros de profundidade, 210 metros de largura na base e 360 metros na superfície. Toda a retirada de rocha e solo é feita em camadas. "Primeiro fazemos a abertura do canal para a cota 84 (em relação ao nível do mar). Retiramos todo o material, criamos uma frente de serviço e praça de manobra para as máquinas e caminhões. Depois começamos tudo de novo, com detonações de rocha e retirada de material para a cota 75, que será o fundo do canal", afirma o engenheiro da Norte Energia, Marcelo Boaventura.

Com o solo nivelado, é hora de fazer o revestimento do leito e dos taludes. As rochas retiradas de outros locais da obra são trituradas e usadas para cobrir o fundo do canal. As pedras precisam ter tamanhos e pesos similares, para aguentar o volume de água que vai passar pelo canal: a vazão será de 14 mil m³ por segundo, afirma Boaventura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O projeto de construção da usina Belo Monte, no Pará, já alcançou 50% de avanço, revelou nesta terça-feira, 20, o diretor presidente da Norte Energia, Duilio Diniz Figueiredo. Respeitadas as projeções atuais, as primeiras máquinas do sítio Pimentel devem entrar em operação em 2015. No ano seguinte a primeira máquina da usina propriamente dita deve entrar em atividade.

"Estamos trabalhando para entrar com o reservatório e uma ou duas máquinas no Sítio Pimentel em 2015. Em março de 2016 entraremos com a usina, uma máquina", destacou o executivo, que participa na manhã de hoje do evento LETS, organizados em parceria pelas federações das indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Rio de Janeiro (Firjan).

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O projeto, com capacidade instalada de 11.233 MW de potência e geração anual de 4.428 MW médios, foi licitado em 2010 em disputa vencida pela Norte Energia, consórcio formado por Eletrobras, os fundos de pensão Petros e Funcef, as empresas Neoenergia, Cemig e Light, além de autoprodutores como a Vale. O projeto, inicialmente estimado em R$ 25,9 bilhões, hoje está avaliado em mais de R$ 30 bilhões.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) homologou e adjudicou, nesta terça-feira, 1, o leilão de transmissão 11/2013, destinado ao escoamento da energia produzida pela usina hidrelétrica de Belo Monte para a Região Sudeste.

A licitação, realizada em 7 de fevereiro, foi vencida pelo consórcio IE Belo Monte, formado por State Grid, Furnas e Eletronorte. A proposta teve deságio de 38% na Receita Anual Permitida (RAP).

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Também hoje a Aneel negou recurso administrativo interposto pela Abengoa, que questionava requisitos de habilitação técnica do consórcio IE Belo Monte no leilão.

A presidente Dilma Rousseff comemorou na tarde desta sexta-feira (7), o leilão da linha de transmissão de Belo Monte, realizado pela manhã pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Por meio da sua conta no microblog Twitter, Dilma destacou que o "disputado leilão" resultou em um deságio de 38% oferecido pelo consórcio vencedor IE Belo Monte, formado pela chinesa State Grid e pelas brasileiras Eletronorte e Furnas. "A regra básica para vencer o leilão era apresentar a menor proposta de receita anual", postou a presidente. "Como houve deságio de 38%, haverá um desconto maior na conta de luz", completou.

O deságio de 38% incide sobre a Receita Anual Permitida (RAP), que será a remuneração à qual o grupo terá direito para operar as linhas. A Aneel tinha estabelecido como teto uma RAP de R$ 701 milhões e o consórcio ofereceu uma receita de R$ 434,647 milhões.

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Embora o deságio tenha sido bem maior do que o observado nos últimos leilões de transmissão, o impacto sobre a tarifa paga pelo consumidor será diluído. Na conta de luz, o consumidor paga custos de geração, transmissão e distribuição de energia, além de encargos setoriais e impostos. Neste caso, o deságio terá impacto apenas em parte dos custos de transmissão do setor elétrico.

O grupo vencedor do leilão vai construir e operar 2.100 km de linha de alta tensão entre Xingu (PA) e Estreito (MG). A atual extensão das linhas da rede básica do sistema interligado nacional ultrapassa 90 mil quilômetros.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) será a principal fonte de recursos do financiamento do projeto do chamado linhão de Belo Monte, estimado em aproximadamente R$ 4,5 bilhões. De acordo com José Carvalho, representante da Eletrobras e do consórcio IE Belo Monte, vencedor do leilão desta sexta-feira, 7, aproximadamente 50% a 55% do financiamento virá do BNDES. A chinesa State Grid, líder do consórcio com 51% de participação, deverá injetar aproximadamente 10% do valor. O restante dos recursos deve ser captado junto ao FI-FGTS e via emissão de debêntures.

O projeto, composto por uma linha de 2,1 mil quilômetros de extensão que escoará a energia produzida pela usina Belo Monte para a região Sudeste e cortará os Estados do Pará, Tocantins, de Goiás e Minas Gerais, foi dividido pelo consórcio vencedor em oito lotes, por isso diversas construtoras participarão do empreendimento. Carvalho não revelou o nome dessas empresas.

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A Siemens será responsável pelo fornecimento dos conversores, em um acordo avaliado em aproximadamente R$ 2 bilhões. O valor total do projeto, cogitado entre R$ 4,5 bilhões e R$ 5 bilhões, deve ficar mais próximos dos R$ 4,5 bilhões, segundo Carvalho. O valor do investimento será proporcional à participação de cada empresa no consórcio. Além da State Grid, compõem o grupo vencedor as brasileiras Eletronorte (24,5%) e Furnas (24,5%), controladas pela Eletrobras.

Carvalho destacou que o projeto prevê a utilização dos equipamentos disponíveis no Brasil. Quando não houver disponibilidade local, o consórcio ainda tentará de garantir um porcentual mínimo de 60% de conteúdo local em sistemas que necessitem de partes importadas. Além disso, é previsto que testes de equipamentos possam ser realizados em um laboratório instalado no Brasil. As decisões do consórcio devem ser tomadas por consenso entre os grupos.

O consórcio IE Belo Monte, formado pela chinesa State Grid (51% de participação) e pelas brasileiras Eletronorte (24,5%) e Furnas (24,5%), controladas pela Eletrobras, foi o vencedor do leilão da linha de transmissão de Belo Monte, realizado na manhã desta sexta-feira (7), pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O grupo ganhou a disputa ainda na primeira etapa do certame, com uma oferta de Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 434,647 milhões, um deságio de 38% em relação ao valor máximo estabelecido pela Aneel, de R$ 701 milhões.

Venceria o leilão quem apresentasse o maior deságio, e com uma proposta agressiva o consórcio liderado pelos chineses saiu vencedor. Também participaram do certame o consórcio BMTE, formado por Taesa e Alupar, cada uma com 50% de participação, e a Abengoa. O grupo espanhol propôs uma RAP de R$ 620,423 milhões, com deságio de 11,4% em relação ao valor estabelecido pela Aneel, enquanto o BMTE ofereceu uma RAP de R$ 666,482 milhões, com deságio de 4,93%.

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O chamado linhão de Belo Monte terá 2,1 mil quilômetros de extensão e será responsável por escoar a energia produzida pela usina Belo Monte para a região Sudeste. Estima-se que o investimento do projeto totalizará aproximadamente R$ 5 bilhões.

O lote leiloado hoje é composto por duas subestações conversoras, instaladas no Pará e em Minas Gerais, e por linhas de transmissão que passarão pelos Estados do Pará, do Tocantins, de Goiás e de Minas Gerais, partindo de Xingu (PA) até o município mineiro de Estreito.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizará, nesta sexta-feira (7), o primeiro grande evento do setor elétrico de 2014. O leilão de Transmissão de nº 11/2013 licitará a linha de transmissão de Belo Monte (PA), que vai escoar a energia produzida pela usina para a região Sudeste e demandará investimento estimado em aproximadamente R$ 5 bilhões. O chamado linhão de Belo Monte terá 2,1 mil quilômetros de extensão e capacidade para transmitir 4 mil megawatts (MW) de energia. O início do certame está previsto para as 10h e será realizado na sede da BM&FBovespa, em São Paulo.

A expectativa no mercado é de que o leilão seja disputado por dois consórcios. Um deles formado por Eletrobras e State Grid, empresa chinesa líder global na tecnologia de linhas de transmissão de ultra tensão, e o outro composto por Alupar e Transmissora Aliança de Energia Elétrica (Taesa), empresa controlada pela Cemig. Não está descartada, porém, a presença de outros concorrentes, como a Copel. Grupos espanhóis também se organizam para atuar como epecistas, ou seja, responsáveis pela construção do projeto.

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Ao contrário do que faz normalmente, a comissão de licitação da Aneel decidiu não divulgar de forma antecipada o nome dos consórcios e empresas que disputarão o linhão, a fim de garantir maior concorrência ao processo licitatório.

Este será o primeiro leilão no qual será empregada no Brasil a tecnologia de ultra-alta tensão em corrente contínua, que tem como principal benefício o baixo nível de perdas técnicas. A nova linha terá 800 kV de tensão, superior aos 765 kV do sistema de transmissão de Itaipu.

Etapas

A sistemática do certame prevê que a linha de transmissão poderá ser licitada em rodada única, com uma oferta pelos dois lotes do certame, ou de forma separada. O lote A será formado por duas subestações conversoras instaladas no Pará e em Minas Gerais. O lote B será composto pela linha de transmissão que passará por Pará, Goiás, Tocantins e Minas Gerais, partindo de Xingu (PA) até o município mineiro de Estreito.

Caso não haja proposta na primeira etapa do leilão, na qual o ofertante demonstra interesse nos dois lotes de forma conjunta, o certame irá para a segunda etapa, com as ofertas pelos dos dois lotes feitas de forma separada. Os contratos referentes ao linhão de Belo Monte, contudo, serão assinados somente na eventualidade de os dois lotes serem licitados.

O vencedor será a empresa ou consórcio que apresentar a menor proposta de Receita Anual Permitida (RAP) para construir e operar o ativo. A RAP proposta pela Aneel ficou em R$ 701 milhões no caso de oferta por lote único. Na eventualidade de os lotes serem licitados separadamente, ficou definido o valor de R$ 370,6 milhões para o lote A e de R$ 327,4 milhões para o lote B. A RAP ofertada será recebida pelas companhias em um prazo de 30 anos, com possibilidade de prorrogação.

A expectativa da agência reguladora é de que o sistema entre em operação no prazo de 44 a 46 meses a partir da assinatura dos contratos, ou seja, no início de 2018, e resulte na criação de 15.476 empregos diretos.

O prazo de 46 meses para a entrega das obras será concedido caso os lotes A e B sejam licitados conjuntamente. Se forem leiloados em separado, o prazo para o lote B cai para 44 meses. Estima-se que serão necessárias 4,5 mil torres para viabilizar a operação da linha que ligará o Sudeste e a hidrelétrica de Belo Monte, localizada no rio Xingu.

O linhão a ser licitado hoje é fundamental para o escoamento de energia da usina Belo Monte, a maior hidrelétrica em construção no Brasil, com capacidade para gerar até 11,233 mil MW no pico. A primeira máquina da unidade deverá operar a partir de 2016, porém o pleno funcionamento da usina deve ocorrer apenas em 2019, quando a última das 24 turbinas do sistema entrará em operação.

Em um primeiro momento, a energia gerada por Belo Monte será escoada pelo linhão Tucuruí-Macapá-Manaus, em operação desde o ano passado. Outros dois sistemas, no entanto, também devem ser licitados para viabilizar as operações de Belo Monte. O segundo sistema de escoamento será leiloado nesta sexta-feira. Já o terceiro, chamado provisoriamente de Belo Monte - Nova Iguaçú (RJ), ligará a usina ao território fluminense, conforme explicado no ano passado pelo diretor da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) José Carlos de Miranda Farias.

Rentabilidade

O leilão de hoje será o primeiro certame realizado desde que a Aneel elevou, em dezembro passado, a taxa de retorno sobre o capital (WACC) de projetos de transmissão, de 4,60% para um número variável que deve ser sempre superior a esse patamar. O edital do leilão de Belo Monte revela que o WACC do linhão será de 6,63%.

No final do mês passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que as condições de financiamento para o linhão de Belo Monte também serão mais favoráveis do que aquelas oferecidas em leilões anteriores. A taxa de juro do financiamento será equivalente à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje em 5%, acrescida de uma remuneração básica de 1% ao ano. Nos leilões realizados no final de 2013, a remuneração cobrada pelo BNDES era acrescida de 1,3% ao ano.

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