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O criminalista Celso Vilardi, que representa a empreiteira Camargo Corrêa, disse que "o lugar do sr. Palocci é na cadeia". Vilardi está indignado com as buscas da Polícia Federal, realizadas nesta quinta-feira (7), no âmbito da Operação Appius, com base na delação do ex-ministro dos Governos Lula e Dilma.

"A partir de agora, de forma incansável, comprovaremos a mentira e exigiremos um processo contra o sr. Palocci por denunciação caluniosa e o retorno dele à prisão, que é o seu lugar", disparou o advogado.

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Em um capítulo de sua colaboração premiada, fechada com a Polícia Federal em Curitiba, Palocci disse que a empreiteira teria repassado R$ 50 milhões em propinas para que o governo petista viabilizasse a anulação da Operação Castelo de Areia, em 2009 - investigação que citava a Camargo Corrêa e supostos pagamentos a políticos.

Parte do dinheiro teria sido entregue ao então presidente do Superior Tribunal de Justiça, César Asfor Rocha.

Hoje aposentado e com escritório de advocacia em São Paulo, o ex-ministro também é alvo de buscas da PF.

Palocci foi preso na Operação Omertà, fase 35 da Operação Lava Jato, em setembro de 2016. Condenado a 12 anos e dois meses de prisão pelo então juiz Sérgio Moro, o petista decidiu fazer delação premiada.

Em novembro do ano passado ele deixou a prisão da Lava Jato e foi para casa.

"Eu considero que essa operação é um verdadeiro absurdo porque a delação do sr. Palocci não encontra respaldo sequer nas datas reais", afirma Celso Vilardi. "Ele mentiu sobre a data da liminar."

A Castelo de Areia foi deflagrada em 2009, por ordem do então juiz da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, hoje desembargador, Fausto Martin de Sanctis. Em 2010, Asfor Rocha, liminarmente, mandou suspender o inquérito da PF. Em 2011, a Sexta Turma do STJ confirmou a decisão de Asfor Rocha e decretou o fim da investigação sob argumento de que ela teve início com base em uma denúncia anônima.

"A decisão do então ministro César Asfor Rocha não anulou a Operação Castelo de Areia", lembra Vilardi. "Foi uma decisão que suspendeu o inquérito policial por catorze dias. A liminar foi mantida pela Sexta Turma do STJ."

O criminalista destaca que, depois, a ordem foi concedida pela Sexta Turma da Corte. "Mais tarde, referida decisão foi mantida pelo Supremo Tribunal Federal que, naquela oportunidade, afirmou, por sua Primeira Turma, que a decisão do STJ estava correta e de acordo com a jurisprudência do STF."

Vilardi revela sua indignação. "É espantoso que uma delação recusada pelo Ministério Público Federal de Curitiba, considerada a 'delação do fim da picada', possa gerar buscas e apreensões, sem qualquer elemento de corroboração e com uma narrativa que não guarda relação nem mesmo com as datas."

Com a palavra, a defesa de Palocci

A reportagem busca contato com a defesa do ex-ministro. O espaço está aberto para manifestações.

A juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba, concedeu indulto a Dalton dos Santos Avancini, ex-diretor-presidente da Camargo Corrêa e um dos delatores do processo de corrupção na Petrobras. A decisão, proferida na última terça-feira, 3, acolhe um pedido da defesa para a concessão do benefício regulamentado pelo Decreto 9.246 de dezembro de 2017, do então presidente Michel Temer.

Preso preventivamente em novembro de 2014, Avancini foi condenado pelo então juiz Sergio Moro a 15 anos e dez meses de reclusão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

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O ex-diretor-presidente da empreiteira ficou pouco mais de quatro meses na Polícia Federal e depois passou a cumprir regime fechado diferenciado em prisão domiciliar com monitoramento eletrônico.

Em março de 2016, Avancini recebeu progressão para regime semiaberto diferenciado, com recolhimento domiciliar no período noturno e nos finais de semana, também com uso de monitoramento. Ficou em tal situação até abril de 2019, quando passou para o regime aberto diferenciado, com prestação de serviços à comunidade por cinco horas semanais. A atividade terminou em junho deste ano.

Carolina considerou que Avancini cumpriu integralmente a prestação de serviços comunitários, quitou a multa penal, custas processuais e multa cível compensatória.

Na decisão, a magistrada ressaltou que o indulto é restritor à sanção corporal, devendo Avanicini cumprir as obrigações de seu acordo de colaboração fechado com o Ministério Público Federal.

A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU) assinaram, nesta quarta-feira, 31, acordo de leniência com a empresa Camargo Corrêa, investigada no âmbito da Operação Lava Jato. Além de confessar crimes e atos de improbidade, a empresa pagará um total de R$ 1,396 bilhão até janeiro de 2038, com correção pela taxa Selic. As informações foram divulgadas pela AGU.

Segundo a Advocacia-Geral da União, os "valores a serem ressarcidos pela empresa envolvem os pagamentos de dano, enriquecimento ilícito e multa, no âmbito de contratos fraudulentos envolvendo recursos públicos federais". São eles:

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- R$ 330,3 milhões correspondem à restituição de valores pagos a título de propinas;

- R$ 905,9 milhões correspondem ao enriquecimento ilícito obtido pela empresa em razão de influência em contratos fraudulentos;

- R$ 36,2 milhões correspondem à multa administrativa, prevista da Lei Anticorrupção (nº 12.846/2013);

- R$ 123,6 milhões correspondem à multa civil, prevista da Lei de Improbidade Administrativa (nº 8.429/1992).

"Os recursos serão integralmente destinados à União e às entidades lesadas", diz.

"Durante as negociações, a empresa colaborou com informações e provas sobre atos ilícitos cometidos por mais diversas pessoas físicas e jurídicas, de modo que o acordo contribui para a consolidação da segurança jurídica do microssistema de combate à corrupção e de defesa do patrimônio público e da probidade administrativa", afirma a AGU.

A AGU diz que o "total de R$ 1,396 bilhão fixado no acordo de leniência da CGU e AGU, calculado de forma detalhada e técnica, recepcionará parte dos valores do termo celebrado pela empresa com o Ministério Público Federal (MPF)".

"Após aprofundada avaliação, o acordo estabelece a obrigatoriedade de aperfeiçoamento do atual programa de integridade da empresa, determinando seu acompanhamento e aprimoramento contínuo, com foco na prevenção da ocorrência de ilícitos e privilegiando em grau máximo a ética e transparência na condução dos negócios das empresas", afirma.

"Em caso de inadimplemento ou descumprimento do acordo pela empresa, haverá perda integral dos benefícios pactuados no acordo de leniência, vencimento e execução antecipada da dívida, entre outras penalidades, assegurado ao Poder Público a utilização integral do acervo probatório fornecido", conclui a AGU.

Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro usou as redes sociais, nesta quinta-feira (18), para rebater as novas conversas vazadas pelo site The Intercept Brasil, através do jornal Folha de São Paulo. Na publicação, Moro defende que os juízes não homologuem acordos de delação que são generosos com os criminosos. 

“O juiz tem não só o poder, mas o dever legal de não homologar ou de exigir mudanças em acordos de colaboração excessivamente generosos com criminosos. Não foi, aliás, essa a crítica a acordos como os dos sócios da JBS (que não passaram por mim)?”, indaga.

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As novas conversas apontam que o ex-juiz responsável pela Lava Jato na primeira instância em Curitiba teria interferido nas negociações do acordo de delação da Camargo Corrêa e seus executivos

O ministro, contudo, diz que não reconhece a veracidade das mensagens. “Mais uma vez, não reconheço a autenticidade de supostas mensagens minhas ou de terceiros, mas, se tiverem algo sério e autêntico, publiquem. Até lá não posso concordar com sensacionalismo e violação criminosa de privacidade”, declarou.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, interferiu em negociações das delações de dois executivos da Camargo Corrêa. Ao menos é o que apontam as novas conversas vazadas, nesta quinta-feira (18), pelo site The Intercept Brasil, através do jornal Folha de São Paulo. O então juiz responsável pela Lava Jato na primeira instância em Curitiba, disse que só homologaria as delações se a pena proposta incluísse ao menos um ano de prisão em regime fechado para os executivos.   

A troca de diálogos divulgada aconteceu, de acordo com a reportagem, entre 21 de janeiro de 2015 e 6 de fevereiro de 2016. Período em que estavam sendo acordadas as delações e logo após o acordo ser fechado. 

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A interferência de juízes no acordo de delação é proibida, de acordo com a Lei das Organizações Criminosas, de 2013. A legislação, que prevê as normas para delações premiadas, observa que os magistrados devem, apenas, verificar a legalidade dos acordos de cooperação, a homologação e a aplicabilidade do que foi acordado. 

As mensagens trocadas, contudo, apontam que Moro impôs condições e isso causou desconforto entre os procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Dental Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima.

Veja os trechos das conversas:

- No início de 2015, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba negociava um acordo de leniência com a Camargo Corrêa.

21 de janeiro de 2015

Deltan Dallagnol (16:15:15) - Oi lindão

Carlos Fernando dos Santos Lima (16:16:42) Fechei o escopo ‘a princípio’ com a Camargo. Parece razoável. Petrobras, Belo Monte, Angra 3, Valec.

Deltan (16:27:37)Nós tínhamos que ser duros na negociação. Mas o sistema hoje não permite que eles digam tudo, e o que dirão é bem razoável. Agora temos que pensar na multa. Pede pro Roberto Leonel o faturamento e o lucro das empresas do grupo nos últimos 5 anos...

Carlos Fernando (21:29:50)Vou pedir 2 bilhões de dólares.

Deltan (22:10:24)Temos que ter os dados.... E calcular qto pagou de propina... Pra ter parâmetros. Sem prejuízo de pegar tudo que da

Carlos Fernando (22:19:56) Se tiver informações, sim. A reunião será na próxima semana.

- Em outro momento, já na reta final das negociações, Deltan sugeriu a Carlos Fernando que consultasse o então juiz Sergio Moro de fechar o acordo.

23.fev.2015

Deltan (23:57:09) Eu não estarei aqui na quarta, nem na reunião com o Moro, mas seria bom que houvesse uma conversa sobre os acordos dos três porquinhos. CF, Vc reclamou que me meti, mas podíamos ter problemas com a questão da Valec se o Helio Telho depois não concordasse ou criticasse nosso acordo, sendo ele o proc natural. A título de sugestão, seria bom sondar Moro quanto aos patamares estabelecidos ontem. Pensei sobre o que Vc disse de eles trazerem a CC. Pode acontecer, mas se eles não vão indicar um acionista, pegaríamos eventualmente outros diretores, torcendo para eles indicarem os acionistas. É possível que ocorra, mas temos que pensar em duas coisas: 1) vamos ter braço para tudo isso, ir atrás do diretor logo para que depois venha a CC? Há várias prioridades em andamento. 2) a meu ver, essa estratégia pode sim ser perseguida, mas as prioridades vivem mudando e o acordo deve ser justificável por si só. Colaborações são um flanco para críticas. Caminhamos com a força da opinião pública e não podemos perdê-la. Sei que Vc discorda do item 2, estou só colocando minha opinião. Estarei lá na quinta para sustentar isso; 3) uma crítica que virá é o do número de acordos de colaboração... não concordo com essa crítica se o acordo foi individualmente justificável, e não é minha maior preocupação, mas vi um ou dois de nós mencionarem essa preocupação.

24.fev.2015

Carlos Fernando (07:26:12)Deltan. Como disse ontem, não somos noviças virgens para ficar tão preocupados com o que vão pensar de nós. As críticas vem sempre, e ultimamente somos mais criticados pelo que não fazemos, como o PGR agora com o Pessoa. A minha crítica, e neste ponto falo pelo Januário, é que o procedimento de delação virou um caos. Creio que se a sua divisão de serviço pressupõe que eu e Januário estamos encarregados dos acordos, eles devem ser tratados por nós. Você é o Promotor natural e pode discordar, e eu sempre ouço todos, mas o que vejo agora é um tipo de barganha onde se quer jogar para a platéia, dobrar demasiado o colaborador, submeter o advogado, sem realmente ir em frente. Não sei fazer negociação como se fosse um turco. Isso até é contrário à boa-fé que entendo um negociador deve ter. E é bom lembrar que bons resultados para os advogados são importantes para que sejam trazidos novos colaboradores. Eu desejo que sejam estabelecidas pautas razoáveis, e que eu e Januário possamos trabalhar com mais liberdade. Os últimos acordos que fizemos foi por exclusiva vontade minha. E não vejo a reclamação generalizada contra eles. Muito pelo contrário. Agora o acordo com o Rafael foi bom para aplacar a insegurança de Brasília. Vamos pensar a longo prazo. Se falta de mãos fosse um argumento, não estaríamos aqui hoje.

Deltan (08:29:16) Carlos, eu apoiei todos os acordos que Vc fez. Essa autonomia não está existindo em nenhum setor. Todos estão opinando em AIAs, nas denúncias, no relacionamento com a imprensa, com a PGR, até no uso do meu tempo rs. Quanto mais sensível é o tema, mais todos querem contribuir para que o resultado seja melhor. O que acho que faltou no caso dos acordos, na minha opinião, foi conversarmos antes e pensarmos na estratégia. Reconheço que falhei em não organizar reuniões de coordenação. Devem existir mesmo. Como todos são Barbados e experientes, e não queria ficar me metendo, estava deixando rolar e que cada um marcasse reunião Qdo queria. Mas vejo agora que não é o ideal, e que tenho que estar mais perto de todos. Mas até isso não é unânime rs. Os acordos são sensíveis por diversas razões. Uma é opinião pública e precisamos dela meu amigo. Outra é o fato de que nossa e minha reputação estão ligados ao caso. Estamos numa era tecnológica e como promotores não ganhamos mas dependemos de nossas reputações. Isso me leva a ser mais conservador do que arrojado, mas te entendo também. Enfim, acho que devemos conversar mais e vamos fazer isso para trabalharmos como um time mais entrosado.

Carlos Fernando (09:37:52)Vou discordar de muitas das suas premissas, mas não aqui. Quero essa reunião com a presença de Januário e Orlando, ao menos.

25.fev.2015

Deltan (01:53:47)Carlos Vc quer fazer os acordos da Camargo mesmo com pena de que o Moro discorde? Acho perigoso pro relacionamento fazer sem ir FALAR com ele, o que não significa que seguiremos. Podemos até fazer fora do que ele colocou (quer que todos tenham pena de prisão de um ano), mas tem que falar com ele sob pena de ele dizer que ignoramos o que ele disse. Vc pode até dizer que ouve e considera , mas conveniência é nossa e ele fica à vontade pra não homologar, se quiser chegar a esse ponto. Minha sugestão é apenas falar.

- Depois da conclusão do acordo com a Camargo Corrêa, tornou-se natural os procuradores falarem sobre interferências de Moro. 

26.ago.2015

Douglas Fischer (11:35:24) Galera. O paulo disse ontem en passant aqui em Bsb que teria havia dois casos em que o Moro não aceitou proposta de acordos por falta de originalidade nas provas apresentadas. Vocês tem estas decisões dele ? Obrigado

Paulo Roberto Galvão (19:59:58)Douglas, o Moro tem reclamado bastante, mas ao final sempre concorda com a nossa proposta. No caso do Dalton Avancini, ele inclusive consignou a discordância (acho que em ata de audiência) e deu cinco dias para justificar, mas depois aceitou. Mais recentemente ele também implicou com o acordo do Musa, mas não sei se constou por escrito (Diogo sabe?)

Orlando Martello (20:02:52) Januario estão reforçando os depoimentos para superar a questão, mas ainda não foi homologado o do Musa.

- Já em fevereiro de 2016, Deltan procurou Moro para discutir o caso de outro executivo da Camargo Corrêa, João Ricardo Auler, que estava fechando acordo de delação premiada.

5.fev.2016

Deltan (23:36:36) Caro: Gebran e colegas da regional entenderam que não seria o caso de homologar o acordo do Auler lá, por não haver pessoas indicadas que tenham prerrogativa de foro. Ainda que discordando tecnicamente, vejo vantagens pragmáticas de homologar por aqui, mas não quisemos avançar sem sua concordância quanto à análise dessa questão por aqui... Podemos prosseguir? Se preferir, vou à JF conversar pessoalmente

6.fev.2016

Sergio Moro (01:20:08) Para mim tanto faz aonde. Mas quais foram as condições e ganhos?

Deltan (08:06:36)Ok. Não sei, quem fez, creio, foi CF. Vou checar e eu ou alguém informa.

Outro lado

Em nota, Sergio Moro disse que não participou de negociações de acordo de delação premiada.  “Enquanto juiz, não houve participação na negociação de qualquer acordo de colaboração”, diz o texto. “Cabe ao juiz, pela lei, homologar ou não acordos de colaboração”, acrescenta. 

Além disso, na nota Moro pondera que “pela lei, o juiz pode recusar homologação a acordos que não se justifiquem, sendo possível considerar a desproporcionalidade entre colaboração e benefícios.” O ex-juiz também observa que não reconhece a autenticidade das conversas vazadas. 

A força-tarefa da Lava Jato, por sua vez, disse que “não reconhece as mensagens que têm sido atribuídas a seus integrantes”.  “O material é oriundo de crime cibernético e não pode ter seu contexto e veracidade confirmados”, declarou em nota.

*As conversas foram transcritas sem correção ortográfica

A 1º Vara Criminal de São Paulo, por meio da juíza Maria Fernanda Belli, aceitou denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo e tornou réu Moacir Rossetti, ex-secretário estadual de Logística e Transporte do Governo Geraldo Alckmin (PSDB).

Emilio Eugenio Auler Neto, que hoje é delator, afirmou ter anuído "com o pedido, visando estreitar as relações e evitar que as 'portas se fechassem'". No entanto, ele disse ao Ministério Público que a Camargo Corrêa tinha dificuldade de viabilizar pagamentos de propina em dinheiro vivo em razão dos controles internos de compliance. De acordo com o delator, Rossetti então indicou "uma pessoa de confiança".

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"Tratava-se de Orlando La Bella Filho. Ele poderia viabilizar a elaboração de um contrato falso ("frio") de prestação de serviços para o pagamento de R$ 250.000,00 para a Secretaria. Esta seria, enfim, uma possibilidade de estreitar o relacionamento com a Secretaria de Logística e Transporte do Governo do Estado de São Paulo, inclusive para eventuais oportunidades futuras", diz a denúncia.

De acordo com a Promotoria, "Eugênio Auler Neto então repassou o contato de Orlando La Bella Filho a Alessandro Vieira Martins (CCCC), que operacionalizou o pagamento combinado, firmando contrato falso ('frio'), com a empresa LBR Engenharia e Consultoria Ltda, de propriedade de Orlando La Bella Filho, em 16/04/2012, cujo objeto seria 'Prestação de serviços de consultoria na área de engenharia para a contratante no âmbito dos projetos ETE Barueri, em prospecção pela contratante no estado de São Paulo', no valor de R$ 308.495,75, pago em 01/08/2012".

"A diferença entre o valor solicitado e o efetivamente pago deveu-se à inclusão dos impostos e custos de geração dos recursos", sustenta o MP.

O promotor afirma que para "operacionalizar a fraude e a prática da corrupção, Orlando La Bella Filho (LBR) foi procurado por um antigo amigo, Ilso Tamelini, assessor da Secretaria de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, da qual Moacir Rosseti era Secretário Adjunto".

"Ilso Tamelini lhe indagou da possibilidade da sua empresa, a LBR Engenharia e Consultoria Ltda, emitir uma Nota Fiscal de serviços fictícia para dar suporte a uma doação da empreiteira Camargo & Correa, no valor de R$ 300.000,00 para a campanha dos candidatos a prefeito do PSDB daquele ano de 2012", afirma o promotor.

Sigilo

Orlando La Bella Filho ainda apresentou à Promotoria Nota Fiscal no valor bruto de R$ 308.495,76 e um comprovante de pagamento do valor líquido de R$ 289.523,26 feito pela Camargo Correa à LBR Engenharia e Consultoria Ltda.

"Este mesmo valor foi encontrado no afastamento de sigilo bancário da empresa - uma transferência bancária da empresa CCCC à empresa LBR Engenharia e Consultoria Ltda no valor de R$ 289.523,26", afirma o promotor.

Contrapartida

Se acordo com a denúncia, a Camargo Corrêa "tinha especial interesse em um projeto de construção de um sistema viário de ligação entre Santos e Guarujá, que estava em estudo naquela Secretaria, com chances de ser encampado pelo Governo Estadual".

"A 'aproximação' junto às empresas e autarquias do Governo do Estado de SP estava a cargo de seu gerente comercial - Alessandro Vieira Martins", afirma a denúncia.

Além de Rossetti, Tamelini foi denunciado por lavagem, e Orlando La Bella foi acusado de lavagem e inserção de dados falsos em documentos público.

Depoimento

Moacir Rossetti ressaltou, em depoimento, que trabalhava ao lado de dois Procuradores de Justiça, Ivan Agostinho e Saulo de Abreu, e não havia a menor possibilidade de eventuais pedidos financeiros para quaisquer pessoas, sendo que essa nunca foi a orientação da Secretaria".

Ele, no entanto, afirmou à Promotoria que, em reunião em meados de 2012, o delator Emílio Auler, da Camargo, "manifestou desejo de colaborar financeiramente com a campanha de candidatos do PSDB para as eleições de prefeito".

"Mencionei a ele que deveria escolher um candidato e realizar a contribuição. Nesta reunião, Emílio mencionou desejo de contribuir com Celso Giglio, então candidato a prefeito de Osasco e perguntou se eu tinha algum tipo de restrição, o que respondi negativamente", diz. Celso Giglio foi deputado estadual pelo PSDB e faleceu em julho de 2017.

Rossetti alegou ter pedido a Ilso Tamelini, assessor de gabinete, que realizasse o contato com Celso Giglio. "Este candidato, por sua vez, afirmou que não tinha qualquer empresa que possibilitasse a doação sem que a Camargo Corrêa aparecesse. Diante disso, Ilson Tamelini entrou em contato com Orlando La Bella Filho e solicitou que a contribuição fosse realizada por intermédio da empresa LBR, o que efetivamente aconteceu", relatou.

Segundo denúncia do MPF, de 5 de fevereiro, Moacir recebeu supostas propinas de R$ 289 mil. A ele, são imputados os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Moacir Rossetti é o homem forte do ex-secretário Saulo de Castro Abreu Filho na pasta dos Transportes entre 2011 e 2014 - governo Geraldo Alckmin. Ele também ocupou o cargo de adjunto na Secretaria de Governo, quando Saulo era o titular, até o fim do governo Márcio França (PSB).

As investigações sobre Rossetti partiram da delação premiada da Camargo Corrêa junto ao Ministério Público Estadual de São Paulo. Ele também foi delatado pelo empresário Orlando La Bella Filho, que afirmou ter viabilizado o repasse.

Segundo o promotor Marcelo Mendroni, em 2012, o então secretário adjunto de Transportes Moacir Rossetti solicitou a Emílio Eugênio Auler Neto, executivo da Camargo Corrêa, uma "ajuda, justificando que precisava custear a Secretaria para complementação de salário dos funcionários comissionados".

O Grupo Especial de Delitos Econômicos (Gedec) do Ministério Público de São Paulo denunciou o ex-secretário adjunto de Transportes de São Paulo Moacir Rossetti por supostas propinas de R$ 289 mil. A ele, são imputados os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Também foram denunciados dois empresários por supostamente intermediar o pagamento das vantagens indevidas, que, segundo as investigações, teriam sido solicitadas para abastecer campanhas do PSDB às eleições municipais de 2012.

Moacir Rossetti é o homem forte do ex-secretário Saulo de Castro Abreu Filho na pasta dos Transportes entre 2011 e 2014 - governo Geraldo Alckmin (PSDB). Ele também ocupou o cargo de adjunto na Secretaria de Governo, quando Saulo era o titular, até o fim do governo Márcio França (PSB).

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As investigações sobre Rossetti partiram da delação premiada da Camargo Corrêa junto ao Ministério Público Estadual de São Paulo. Ele também foi delatado pelo empresário Orlando La Bella Filho, dono da LBR Engenharia, que afirmou ter viabilizado o repasse.

Segundo o promotor Marcelo Mendroni, em 2012, o então secretário adjunto de Transportes Moacir Rossetti solicitou a Emílio Eugênio Auler Neto, executivo da Camargo Corrêa, uma "ajuda, justificando que precisava custear a Secretaria para complementação de salário dos funcionários comissionados".

Auler Neto, que hoje é delator, afirmou ter anuído "com o pedido, visando estreitar as relações e evitar que "as portas se fechassem". No entanto, ele disse ao Ministério Público que a Camargo Corrêa tinha dificuldade de viabilizar pagamentos de propina em dinheiro vivo em razão dos controles internos de compliance. De acordo com o delator, Rossetti então indicou "uma pessoa de confiança".

"Tratava-se de Orlando La Bella Filho. Ele poderia viabilizar a elaboração de um contrato falso de prestação de serviços para o pagamento de R$ 250.000,00 para a Secretaria. Esta seria, enfim, uma possibilidade de estreitar o relacionamento com a Secretaria de Logística e Transporte do Governo do Estado de São Paulo, inclusive para eventuais oportunidades futuras", diz a denúncia.

De acordo com a Promotoria, "Eugênio Auler Neto então repassou o contato de Orlando La Bella Filho a Alessandro Vieira Martins (CCCC), que operacionalizou o pagamento combinado, firmando contrato falso, com a empresa LBR Engenharia e Consultoria Ltda, de propriedade de Orlando La Bella Filho, em 16/04/2012, cujo objeto seria "Prestação de serviços de consultoria na área de engenharia para a contratante no âmbito dos projetos ETE Barueri, em prospecção pela contratante no estado de São Paulo", no valor de R$ 308.495,75, pago em 01/08/2012".

"A diferença entre o valor solicitado e o efetivamente pago deveu-se à inclusão dos impostos e custos de geração dos recursos", sustenta o MP.

O promotor afirma que para "operacionalizar a fraude e a prática da corrupção, Orlando La Bella Filho (LBR) foi procurado por um antigo amigo, Ilso Tamelini, assessor da Secretaria de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, da qual Moacir Rosseti era Secretário Adjunto".

"Ilso Tamelini lhe indagou da possibilidade da sua empresa, a LBR Engenharia e Consultoria Ltda, emitir uma Nota Fiscal de serviços fictícia para dar suporte a uma doação da empreiteira Camargo & Correa, no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) para a campanha dos candidatos a prefeito do PSDB daquele ano de 2012", afirma o promotor.

Sigilo

Orlando La Bella Filho ainda apresentou à Promotoria Nota Fiscal no valor bruto de R$ 308.495,76 e um comprovante de pagamento do valor líquido de R$ 289.523,26 feito pela Camargo Correa à LBR Engenharia e Consultoria Ltda.

"Este mesmo valor foi encontrado no afastamento de sigilo bancário da empresa - uma transferência bancária da empresa CCCC à empresa LBR Engenharia e Consultoria Ltda no valor de R$ 289.523,26", afirma o promotor.

Contrapartida

Se acordo com a denúncia, a Camargo Corrêa "tinha especial interesse em um projeto de construção de um sistema viário de ligação entre Santos e Guarujá, que estava em estudo naquela Secretaria, com chances de ser encampado pelo Governo Estadual".

"A 'aproximação' junto às empresas e autarquias do Governo do Estado de SP estava a cargo de seu gerente comercial - Alessandro Vieira Martins", afirma a denúncia.

Além de Rossetti, Tamelini foi denunciado por lavagem, e Orlando La Bella foi acusado de lavagem e inserção de dados falsos em documentos público.

Moacir Rossetti ressaltou, em depoimento, que trabalhava ao lado de dois Procuradores de Justiça, Ivan Agostinho e Saulo de Abreu, e não havia a menor possibilidade de eventuais pedidos financeiros para quaisquer pessoas, sendo que essa nunca foi a orientação da Secretaria".

Ele, no entanto, afirmou à Promotoria que, em reunião em meados de 2012, o delator Emílio Auler, da Camargo, "manifestou desejo de colaborar financeiramente com a campanha de candidatos do PSDB para as eleições de prefeito".

"Mencionei a ele que deveria escolher um candidato e realizar a contribuição. Nesta reunião, Emílio mencionou desejo de contribuir com Celso Giglio, então candidato a prefeito de Osasco e perguntou se eu tinha algum tipo de restrição, o que respondi negativamente", diz. Celso Giglio foi deputado estadual pelo PSDB e faleceu em julho de 2017.

Rossetti alegou ter pedido a Ilso Tamelini, assessor de gabinete, que realizasse o contato com Celso Giglio. "Este candidato, por sua vez, afirmou que não tinha qualquer empresa que possibilitasse a doação sem que a Camargo Corrêa aparecesse. Diante disso, Ilson Tamelini entrou em contato com Orlando La Bella Filho e solicitou que a contribuição fosse realizada por intermédio da empresa LBR, o que efetivamente aconteceu", relatou.

Defesas

O criminalista Eduardo Carnelós, que defende Rossetti, disse que a "denúncia, inepta, trata-se dum disparate. A acusação não encontra suporte em prova, e baseia-se apenas na palavra vazia de premiados delatores. Um deles, aliás, mesmo assim é explícito ao dizer que tinha conhecimento de que o destino do dinheiro era campanha eleitoral de candidato partidário, o que faz da Justiça Eleitoral a única competente para julgar o caso".

"A imputação de corrupção é totalmente inverossímil, até porque a empresa dos delatores que a afirmam não venceu nenhuma licitação durante o período em que Moacir ocupou o cargo de Secretário Adjunto de Logística e Transportes. Nada faz sentido, e é de se lamentar acusação tão torpe".

A reportagem não localizou Saulo de Castro, Orlando La Bella e Tamelini. Procurada, a assessoria do PSDB Nacional, presidido por Geraldo Alckmin, não se manifestou. O espaço está aberto para as manifestações.

A Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo divulgou nota nesta segunda-feira, 18, após a empreiteira Camargo Corrêa revelar em acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) prática de cartel em 21 licitações que ocorreram em sete Estados e no Distrito Federal, em um período de 16 anos. Um processo administrativo foi instaurado pelo Cade para investigar suposto cartel em concorrências públicas para obras de metrôs e monotrilhos.

O cartel teria sido operado entre 1998 e 2014 na Bahia, Ceará, Minas, Paraná, Rio, Rio Grande do Sul e São Paulo e no Distrito Federal. De acordo com o Cade, os signatários indicaram que a conduta anticompetitiva alcançou, ao menos, 21 licitações.

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Na nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo afirmou que "o Metrô de São Paulo é o maior interessado na apuração das denúncias de formação de cartel ou de conduta irregular de agentes públicos e, assim, continua à disposição das autoridades".

Também em nota, a Camargo Corrêa afirmou que "a Construções e Comércio Camargo Corrêa, primeira construtora a firmar acordos de leniência, reafirma seu compromisso de manter investigações internas em bases permanentes e colaborar com as autoridades reportando quaisquer condutas ilícitas que venham eventualmente a ser descobertas".

"Em função de cláusulas de confidencialidade, a Camargo Corrêa não pode, neste momento, fazer qualquer comentário sobre os termos do acordo", afirma a construtora.

"Ressalta, porém, que a decisão, divulgada no site do CADE, configura evidência inequívoca do compromisso pioneiro assumido de colaboração contínua junto às autoridades competentes, tanto no âmbito das investigações internas como também da implementação de uma nova Governança e Compliance já concluídos", conclui a construtora.

Já a Odebrecht diz que "está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador e Panamá, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas".

Em nota, a Andrade Gutierrez informa que "está empenhada em corrigir qualquer erro ocorrido no passado. A companhia assumiu esse compromisso publicamente ao pedir desculpas em um manifesto veiculado nos principais jornais do país e segue colaborando com as investigações em curso dentro do acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal. A empresa incorporou diferentes iniciativas nas suas operações para garantir a lisura e a transparência de suas relações comerciais, seja com clientes ou fornecedores, e afirma que tudo aquilo que não seguir rígidos padrões éticos será imediatamente rechaçado pela companhia".

Por sua Assessoria de Imprensa, a Carioca disse que não vai comentar o acordo de leniência e a Queiroz Galvão afirmou que "não comenta investigações em andamento". A OAS afirmou que não irá se manifestar.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Transportes do Rio, mas ainda não obteve retorno.

O cartel dos metrôs e monotrilhos em São Paulo atingiu três obras, mas planejou estender seus tentáculos a outras seis, segundo revelou a empreiteira Camargo Corrêa, em acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica. O Cade, órgão antitruste do governo federal, ainda vê indícios de acordos anticompetitivos em outros dois empreendimentos.

A empreiteira confessou crimes de cartel em 21 licitações em 7 Estados e no Distrito Federal, durante longos 16 anos, no período entre 1998 e 2014. O acordo foi firmado no âmbito da Operação Lava Jato e as negociações envolveram o Ministério Público Federal em São Paulo. O Cade abriu processo administrativo para apurar os crimes do cartel.

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De acordo com executivos ligados à Camargo Corrêa, entre 1998 e 2005, o cartel assumiu as obras da Linha 4-Amarela - prevista para 2014, mas ainda não concluída - e duas obras da Linha 2-Verde. Em todo esse período, São Paulo tem sido governada por gestores ligados ao PSDB.

O Cade vê indícios de que houve acordos anticompetitivos concluídos e implementados em 2008 que afetaram outras duas obras para a Linha 2-Verde e Linha 5-Lilás.

Para oito licitações em todo o País realizadas entre 2008 e 2013, os acordos foram planejados, mas não chegaram a ser implementados "por razões alheias ao cartel", segundo relata o Conselho. Neste período, estão abarcadas duas obras de São Paulo: projeto de trecho paralelo à Raposo Tavares (futura Linha 22) e projeto na região M’Boi Mirim.

Os executivos da Camargo Corrêa ainda afirmam que houve tentativa de conluio entre 2010 e 2014 para a Linha 15 - Prata - Expresso Tiradentes e Linha 17 - Ouro, ambas do monotrilho de São Paulo; Linha 15 - Branca - Trecho Vila Prudente/Dutra e Linha 6, ambas do metrô de São Paulo.

Defesas

Em nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo afirmou: "O Metrô de São Paulo é o maior interessado na apuração das denúncias de formação de cartel ou de conduta irregular de agentes públicos e, assim, continua à disposição das autoridades."

A construtora Camargo Corrêa, em nota, afirma que "a Construções e Comercio Camargo Corrêa, primeira construtora a firmar acordos de leniência, reafirma seu compromisso de manter investigações internas em bases permanentes e colaborar com as autoridades reportando quaisquer condutas ilícitas que venham eventualmente a ser descobertas.

Em função de cláusulas de confidencialidade, a Camargo Corrêa não pode, neste momento, fazer qualquer comentário sobre os termos do acordo.

Ressalta porém, que a decisão, divulgada no site do CADE, configura evidência inequívoca do compromisso pioneiro assumido de colaboração contínua junto às autoridades competentes, tanto no âmbito das investigações internas como também da implementação de uma nova Governança e Compliance já concluídos."

Em acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a empreiteira Camargo Corrêa revelou a prática de cartel em 21 licitações que ocorreram em sete Estados e no Distrito Federal em um período de 16 anos. Um processo administrativo foi instaurado pelo Cade para investigar suposto cartel em concorrências públicas para obras de metrôs e monotrilhos.

O Cade, órgão antitruste do governo federal, informou que a investigação é desdobramento da Operação Lava Jato.

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O acordo com a empreiteira foi firmado na terça-feira, 5 e envolve confissões de executivos e ex-executivos da empresa. As negociações abrangem também o Ministério Público Federal de São Paulo.

O cartel teria operado entre 1998 e 2014 na Bahia, Ceará, Minas, Paraná, Rio, Rio Grande do Sul e São Paulo e no Distrito Federal. De acordo com o Cade, os signatários indicaram que a conduta anticompetitiva alcançou, ao menos, 21 licitações.

Entre as concorrências afetadas entre 1998 e 2005 estão duas obras na linha 2 (Verde) e uma na linha 4 (Amarela) do metrô São Paulo, além da linha 3 do metrô do Rio de Janeiro e os metrôs de Fortaleza e Salvador.

De acordo com o órgão antitruste, este é o 12º acordo de leniência firmado no âmbito da Lava Jato. Por meio da leniência, a empresa e as pessoas físicas signatárias confessaram a participação no cartel, "forneceram informações e apresentaram documentos probatórios a fim de colaborar com as investigações do alegado conluio".

O acordo é relacionado exclusivamente à prática de cartel, para a qual o Cade possui competência de apuração.

Em março de 2016, no âmbito da Operação Acarajé (23ª fase da Lava Jato 2), a Polícia Federal apreendeu com o presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Barbosa, o "BJ", hoje delator, um documento intitulado "Tatu Tênis Clube". À época, investigadores já desconfiavam de que o documento seria uma espécie de regulamento do cartel das empreiteiras.

Segundo o Cade, em acordo de leniência, Camargo Corrêa e as pessoas físicas signatárias "interpretam que tal documento aparentemente continha regras de organização do cartel envolvendo cinco empresas, que são representadas por cinco executivos" - Além da Camargo, são citadas outras gigantes do setor, Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão.

Os signatários disseram que cada executivo teria recebido um codinome relacionado a um renomado tenista, de acordo com o Cade. Os executivos da Camargo ainda dizem que o título "Tatu" possivelmente faz referência à máquina Shield - grande diferencial de atestação no mercado de obras de metrô -, que é popularmente conhecida por "Tatuzão", e que, naquele momento, apenas Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão tinham atestação para operar.

O Conselho dá conta de que os signatários relataram que, para obter uma licitação com termos de qualificação mais restritivos, essas empresas financiavam em conjunto estudos de viabilidade ou mesmo a elaboração do projeto base para as futuras obras como moeda de troca com governos locais.

Os executivos ainda disseram ao Cade que a divisão entre as concorrentes dos futuros projetos a serem licitados ocorriam em reuniões presenciais. Tais encontros eram agendados por e-mail ou contato telefônico, mas o seu teor, segundo descreveram, não era frequentemente reproduzido nas mensagens trocadas entre as concorrentes.

O agendamento das reuniões em que se discutiam licitações de metrô, os envolvidos valiam-se de códigos que objetivavam ocultar o caráter potencialmente ilícito desses contatos, disseram os executivos.

A expressão "mercado" era comumente utilizada para dissimular o agendamento de reuniões presenciais do cartel, de acordo com os dignatários do acordo. Eles ainda disseram que eram utilizados os codinomes "G-5", "Tatu Tênis Clube" ou "TTC" para identificar o grupo.

O Cade ainda revela que os signatários informaram que o G-5 se alinhava com empresas com bom trânsito local, como a Carioca, a Constran, a Serveng e a Marquise, bem como com empresas responsáveis pela elaboração de projetos base para o poder público, como a MWH e a TC/BR.

O objetivo, de acordo com a Camargo Corrêa, era compor um acordo em uma licitação específica e influenciar a adoção de conduta comercial uniforme entre as concorrentes.

Defesas

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo, mas não havia obtido resposta até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para manifestação.

A Odebrecht divulgou nota dizendo que "está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador e Panamá, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas".

Procuradores suíços e do principado de Andorra se uniram para investigar o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, trocando informações confidenciais sobre suas contas e tentando traçar o destino de propinas milionárias.

A descoberta da rota do dinheiro levou à constatação de que Andorra foi utilizada como base para que a construtora Camargo Correa pagasse supostas propinas para políticos brasileiros. Para isso, usou um banco acusado de ser o instrumento de lavagem de dinheiro de grupos criminosos pelo mundo e da máfia russa.

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Machado fechou acordo de delação premiada em meados de 2016. Em sua delação, Machado relatou ter repassado propina a mais de 20 políticos de diferentes partidos. Documentos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo e que foram transmitidos entre Berna e Andorra revelam como procuradores de paraísos fiscais já desconfiavam do brasileiro.

Numa carta enviada "com urgência" pelo Ministério Público da Suíça para Andorra em 1.º de junho de 2016, Berna alerta para a situação de Sérgio Firmeza Machado, filho do ex-presidente da Transpetro, sob suspeita de "lavagem de dinheiro agravada". Segundo os suíços, um inquérito foi aberto em 29 de dezembro de 2015 contra o brasileiro.

De acordo com Berna, Machado teria desviado, entre 2004 e 2012, cerca de R$ 256 milhões, o que favoreceria "diferentes empresas de construção organizadas em um cartel". Uma delas seria a Camargo Correa.

Berna indicou às autoridades de Andorra que o filho do ex-presidente da Transpetro era "suspeito de servir de homem de palha para seu pai, recebendo fundos provenientes da corrupção de sua conta na Suíça, aberta em nome da empresa Jaravy Investiments Inc, e o lavando abrindo diferentes contas na Suíça". Um dos bancos utilizados foi o HSBC Private Bank, em conta da qual Sérgio Firmeza Machado era beneficiário.

Em nota, o advogado António Moraes Pitombo, que defende o ex-presidente da Transpetro, diz que "conforme detalhado por Sérgio Machado e seus filhos em seu acordo de colaboração, entre as empresas que fizeram pagamentos de propina na conta do HSBC da Suíça está a Camargo Correa". Já a construtora diz que não pode se manifestar "por compromisso de confidencialidade" As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dois executivos da Camargo Corrêa afirmaram em acordo de delação premiada feito com o Ministério Público de São Paulo que a construtora pagou R$ 2,5 milhões em propina a um ex-diretor do Metrô paulista para fraudar a licitação das obras da Linha 5-Lilás, feita em 2010. Os repasses ilícitos, segundo os delatores, favoreceram um cartel formado pelas cinco maiores empreiteiras do País.

Em depoimento aos promotores, ainda sob sigilo na Justiça, os engenheiros Jorge Yazbek e Eduardo Maghidman detalham pagamentos ilícitos ao ex-diretor de Assuntos Corporativos Sérgio Corrêa Brasil, entre 2010 e 2011, nos governos José Serra, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin, todos do PSDB. De acordo com os delatores, a propina assegurou que os lotes mais caros da obra ficassem com Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão, chamadas de "G5".

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Esta é a primeira delação obtida pelo MP paulista envolvendo obras do Metrô, mas o nome de Brasil já foi citado por quatro executivos da Odebrecht em delações da Operação Lava Jato como beneficiário de pagamentos ilícitos por vantagens em contratos da companhia envolvendo as Linhas 2-Verde, 5-Lilás e 6-Laranja, entre 2003 e 2013.

Nas planilhas da Odebrecht, Brasil aparece com os codinomes "Brasileiro" e "Encostado". No caso da Linha 5-Lilás, executivos da Odebrecht disseram que o ex-diretor cobrou propina de 0,5% sobre os pagamentos mensais feitos pelo Metrô às construtoras. Brasil deixou a estatal em dezembro do ano passado, em um Plano de Demissão Voluntária (PDV).

As obras da Linha 5 foram divididas em oito lotes - sete contratos foram assinados em outubro de 2010 no valor total de R$ 6,2 bilhões (corrigidos pela inflação). A Camargo venceu o lote 3 em consórcio com a Andrade Gutierrez pelo valor de R$ 1,7 bilhão, e Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão dividiram o lote 7 (R$ 1,8 bilhão).

Segundo Yazbek, diretor da Camargo até abril deste ano, foi um executivo da Andrade, em 2010, que apresentou a demanda de pagamento de propina a Brasil. De acordo com o delator, o ex-diretor do Metrô indicou que os pagamentos fossem feitos por meio da empresa AVBS, de Gilmar Alves Tavares.

Yazbek e Tavares teriam combinado dois contratos fictícios no valor de R$ 1,25 milhão cada, vinculados a uma obra da Camargo em Jundiaí, no interior, para dar aparência de legalidade ao negócio e disfarçar a propina. Os pagamentos foram feitos entre 2011 e 2012 e divididos em cinco parcelas de R$ 250 mil. Nenhum serviço foi prestado pela AVBS.

Segundo Maghidman, os recursos pagos à empresa do suposto laranja de Brasil foram retirados das obras da Linha 2-Verde, onde a Camargo também tinha contrato.

Acordo

As delações foram feitas na esfera criminal, onde Yazbek e Maghidman estão entre os 13 réus da ação penal movida em 2012 pelo MPE contra o cartel na Linha 5.

Na esfera cível, em que há uma ação de improbidade contra as empresas desde 2011, a Camargo e a promotoria fizeram um acordo no qual a empreiteira deve pagar multa de R$ 24,3 milhões e desistir de uma ação contra o Metrô no valor de R$ 27 milhões, conforme revelou a Folha de S. Paulo. Pela proposta, que ainda está sob análise da Justiça, a Camargo admite o crime de cartel e continua livre para contratar com o poder público.

O Ministério Público do Peru pediu o congelamento de contas da Camargo Corrêa no país e de outras empresas em uma investigação sobre corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo o MP local, a cifra total congelada chega a US$ 1 milhão e pode aumentar conforme as informações forem atualizadas pelas instituições bancárias.

A medida foi solicitada pela procuradoria peruana especializada em corrupção e pela unidade de inteligência financeira do país, como parte de uma investigação vinculada ao empresário Josef Maiman, considerado amigo do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006).

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A Camargo Corrêa teria, segundo investigações, determinado transferência de US$ 91 mil a uma conta manejada por Maiman. A suspeita é de que o valor é oriundo de corrupção. Também foi pedido o congelamento de outras contas no âmbito da mesma investigação, inclusive de empresas vinculadas a Gonzalo Monteverde - apontado como um operador de empresas brasileiras no Peru, entre elas a Odebrecht.

Em nota, a Construtora Camargo Corrêa afirmou que "ainda não foi notificada da referida decisão e reitera que apresentará os esclarecimentos cabíveis no momento oportuno".

De acordo com pessoas com acesso à investigação, o bloqueio em contas da Camargo Corrêa não está relacionado aos desdobramentos da apuração que acontece no país após a delação da Odebrecht. A empreiteira baiana admitiu ter pago US$ 29 milhões a autoridades do país em troca de contratos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O recall da delação de executivos da empreiteira Camargo Corrêa deve levar a Lava Jato a fazer uma devassa em contratos de obras municipais e estaduais em São Paulo. A necessidade de a construtora refazer seu acordo é um efeito colateral da delação de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht, que mencionaram casos de corrupção em contratos de outras empresas e não foram citados anteriormente.

No caso da Camargo, fontes ligadas à negociação do recall consideram que a Lava Jato pretende resgatar suspeitas de corrupção apuradas pela Operação Castelo de Areia, de 2009, que havia identificado indícios de irregularidades em pelos menos 12 obras paulistas. A operação foi invalidada pela Justiça.

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Relatórios da Castelo de Areia já apontavam indícios de pagamentos indevidos no Rodoanel, no túnel da Avenida Jornalista Roberto Marinho e na expansão do metrô. Havia suspeitas também em contratos com a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), de Campinas, e com a prefeitura de Jundiaí. Foram levantados indícios ainda em obras dos metrôs de Fortaleza, Salvador e Rio.

Visto com receio por advogados, o recall é de interesse tanto de investigadores como de empreiteiras. Para os procuradores, as informações vão complementar a delação da Odebrecht de modo a alcançar todas as esferas de governo e políticos ligados aos principais partidos. As empresas apostam no aditamento para evitar que os acordos já assinados sejam invalidados pela Justiça, uma vez que não contemplaram a totalidade dos atos ilícitos praticados.

Para obter novas revelações, o acordo deve incluir mais delatores, o que tem levado as empresas a temer a elevação das multas já negociadas e das penas.

A dúvida entre investigadores e advogados é saber como a Justiça vai tratar as informações complementares. A reportagem apurou três possibilidades: os novos fatos podem ser incluídos em aditamentos dos acordos atrelados a condições mais "gravosas" de pena para delatores; executivo e empresa podem ser processados por fatos não apontados anteriormente; e há o risco até de rescisão dos acordos, caso fique provado que as informações foram ocultadas intencionalmente.

Abrangência

A expectativa de procuradores e policiais federais é de que o recall abranja obras delatadas pela Odebrecht e também obrigue a Camargo a revelar mais irregularidades não esclarecidas pela Castelo de Areia. Além da Camargo, Andrade Gutierrez e UTC também devem apresentar novos casos nos quais pagaram propina em troca de contratos.

A volta da apuração dos casos revelados pela Castelo de Areia deve piorar ainda mais a situação de partidos já denunciados, como PT e PMDB. Na investigação de 2009, os dois partidos, ao lado do PSDB, eram os que mais apareciam nas planilhas apreendidas pela Polícia Federal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As defesas do senador Edison Lobão (PMDB-MA) e do ex-secretário da Casa Civil do Maranhão Luiz Fernando Moura da Silva sustentam que a colaboração de Gustavo da Costa Marques tem de ser anulada por ele ter admitido que "mentiu" em depoimentos supostamente orientados pela Camargo Corrêa.

"Ou você fala a verdade ou perde o direito à delação. Nesse caso, não houve espontaneidade", afirmou nesta segunda-feira (14) o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que representa Lobão. Ele negou que seu cliente tenha recebido "qualquer coisa" do executivo e se disse "perplexo" com a mudança de versões. "Não pode haver recall."

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Os advogados Daniel Gerber e Bernardo Fenelon, que defendem Silva, alegam que o acordo de Costa Marques está "nitidamente viciado" e não deve ser mantido. Em petição enviada ao ministro do Supremo Edson Fachin, eles argumentam que a Lei 12.850/13 impõe como condição de validade o compromisso de dizer a verdade.

"Tal situação é intolerável. Isso porque a aceitação de mentiras nesse meio de obtenção de prova tão controverso subverte totalmente a finalidade jurídica do instituto da colaboração premiada", diz o documento.

A Camargo Corrêa informou que não se manifestaria. O advogado Celso Vilardi, que representa executivos da empresa, afirmou que todas as colaborações são verdadeiras e auxiliaram as autoridades. Com relação a Costa Marques, disse não ter como explicar "porque mentiu" e retificou suas versões.

Fernando Brito e seus advogados não atenderam aos telefonemas do Estadão. Em depoimento à PF, o empresário admitiu que sua empresa foi usada no esquema de corrupção. O defensor de Rodrigo Brito, Daniel Bialski, informou que não poderia comentar as declarações de Costa Marques, pois o caso é sigiloso. Costa Marques e sua defesa não atenderam aos telefonemas da reportagem nesta segunda-feira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Operação "O Recebedor", que investiga um esquema de corrupção envolvendo grandes empreiteiras na construção das ferrovias Norte-Sul e de Integração Oeste e-Leste (Fiol), foi feita a partir de informações obtidas pela Operação Lava Jato nos acordos de colaboração firmados pela Camargo Corrêa e seus executivos.

As investigações revelaram prática de cartel e lavagem de dinheiro ilícito, obtido por meio de superfaturamento das obras públicas. Somente no Estado de Goiás foi detectado desvio de cerca de R$ 630 milhões, considerando-se somente trechos executados na construção da Ferrovia Norte-Sul. Odebrecht, Queiroz Galvão, Mendes Junior, Serveng e Constran estão entre as empreiteiras investigadas nessa operação.

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Nos depoimentos de colaboração, os executivos da Camargo Corrêa entregaram provas contra o ex-presidente da Valec, a estatal das ferrovias, José Francisco das Neves, o Juquinha. Ele foi afastado do cargo em 2011, por suspeita de corrupção, na "faxina" da presidente Dilma Rousseff. Conforme as colaborações, teria recebido R$ 800 mil em propina. A PF cumpre mandado de busca e apreensão em endereços de Juquinha. Indicado à presidência da Valec em 2003 pelo PR - partido do deputado federal Valdemar Costa Neto (SP), seu padrinho político -, ele precisou do aval do ex-senador José Sarney (PMDB-AP) para assumir o cargo na estatal.

A Camargo, que é alvo da Lava Jato, já anunciou acordos de colaboração com o Ministério Público Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), por meio dos quais se comprometeu a pagar mais de R$ 800 milhões.

Os investigadores concluíram que empreiteiras realizavam pagamentos regulares, através de contratos simulados, a um escritório de advocacia e mais duas empresas sediadas no estado de Goiás, indicadas por Juquinha, usadas como fachada para maquiar origem lícita para o dinheiro proveniente de fraudes em licitações públicas.

Os delatores da Camargo forneceram provas documentais e indicaram testemunhas contra outras empresas e pessoas que também teriam participado do esquema criminoso apurado pela "O Recebedor". O nome da operação é referência à defesa apresentada por Juquinha na operação intitulada "Trem pagador". Seus advogados alegaram que, "se o trem era pagador, o alvo não era o recebedor". Juquinha foi preso na ocasião.

As investigações da Trem Pagador começaram quando a Procuradoria da República em Goiás fazia levantamento para pedir à Justiça a indisponibilidade de bens de Juquinha, investigado por inflar preços da obra da Ferrovia Norte-Sul quando presidente da Valec, beneficiando empreiteiras. O trabalho mostrou que um vasto patrimônio, avaliado em R$ 60 milhões, estava em nome do ex-dirigente, parentes e laranjas.

Os 51 mandados da Operação "O Recebedor" estão sendo cumpridos no Paraná, Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. Não há ordens de prisão, apenas de condução coercitiva (sete) e de busca e apreensão (44). Em dezembro, a PF fez a primeira operação resultado de investigações da Lava Jato, a Crátons, que teve como foco a extração e comercialização ilegal de diamantes em terras dos índios cinta-larga, em Rondônia. A Lava Jato investiga esquema de corrupção na Petrobras.

Obras

A Fiol é um projeto de 1.527 km de extensão que corta o Estado da Bahia, para escoamento de grãos e minérios. Conforme reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo em setembro passado, a obra já consumiu R$ 3 bilhões e ainda não foi concluída. Na ocasião, a estatal Valec, responsável pela construção, acumulava dívida de R$ 600 milhões com fornecedores. A Ferrovia Norte-Sul é um projeto dos anos 1980 e foi iniciada no governo de José Sarney (1985-1990). Na época, o então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva dizia que era uma obra para ligar "nada a lugar nenhum". Anos depois, a ferrovia virou uma das vitrines do governo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O projeto, que foi ampliado por Lula, prevê ligar Açailândia, no Maranhão, até Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

Em Açailândia ela se interliga, hoje, com a Ferrovia dos Carajás e vai até São Luiz. O governo quer construir outro braço até Barcarena (PA), um percurso de 477 km com investimento estimado de R$ 3,7 bilhões. A parte já construída, com recursos públicos, vai de Açailândia até Anápolis (GO). Há outro trecho praticamente pronto, de Anápolis até Estrela d’Oeste (SP), uma obra de 682 km estimada em R$ 3,38 bilhões. Foi uma obra bancada com recursos do PAC, mas que será entregue à exploração pela iniciativa privada mediante concessão.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga possíveis irregularidades nos empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ouve, nesta terça-feira (06), o ex-presidente da empresa Camargo Corrêa, Dalton Avancini, condenado na operação Lava-Jato por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa.

Os deputados Carlos Melles (DEM/MG) e Arnaldo Jordy (PPS/PA) foram os autores dos requerimentos para realização da audiência pública. O objetivo é obter esclarecimentos sobre as denúncias de pagamento de propina que envolve a construção da usina Belo Monte, no Pará, financiada pelo BNDES.

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Delator da Operação Lava Jato, o ex-presidente da Camargo Correa relatou que a empreiteira se comprometeu a pagar propina correspondente a R$ 20 milhões para atuar na construção da usina, segunda maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O empreendimento, previsto para ser concluído em janeiro de 2019, tem um investimento estimado em R$ 28,9 bilhões. 

*Da Agência Câmara.

A movimentação da Camargo Corrêa para vender ativos e ficar mais enxuta não é isolada no setor. Para sobreviver, as grandes empreiteiras do País terão de adequar suas estratégias à uma nova realidade: de crise, menos investimento em infraestrutura, mais transparência e com Lei Anticorrupção. A Operação Lava Jato, da Polícia Federal, levou uma série de empresas envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras aos tribunais, especialmente grandes construtoras. Endividadas, sem crédito e com contratos cancelados ou suspensos, 253 pediram recuperação judicial neste ano.

"As empresas vão ter de enxugar seus negócios e buscar outras linhas de crédito", diz Sérgio Lazzarini, do Insper. "Isso porque o capital público (financiamento) secou e os custos dispararam."

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O grupo Camargo Corrêa colocou à venda parte de seus negócios, entre eles a Alpargatas (dona da Havaianas), uma fatia da divisão de cimento InterCement e não descarta se desfazer da participação que tem na CPFL, de energia, segundo apurou a reportagem. Os recursos serão usados para reduzir seu endividamento e como reserva para pagamento de pesadas multas. A construtora, uma das 23 empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobrás, fechou acordo de leniência (espécie de delação premiada de empresas) para devolver R$ 700 milhões aos cofres públicos.

Além de fazer frente a obrigações financeiras, as vendas também estão ligadas à intenção da família - cuja terceira geração está praticamente fora do dia a dia dos negócios - de reduzir a dependência da construtora de obras públicas e de buscar opções de investimento mais rentáveis dentro e fora do Brasil. Apesar de manter residência oficial no País, parte da família passa parte do tempo em Londres.

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Fundado em 1939 como construtora por Sebastião Camargo, o grupo participou de momentos importantes da história do País - como a construção de Brasília -, mas trilhou caminho diferente de boa parte das empreiteiras, com diversificação de negócios. Essa característica hoje põe a Camargo Corrêa em situação financeira mais confortável do que as demais envolvidas na Lava Jato. "O grupo tem entre seus ativos CPFL e CCR (concessionária de infraestrutura), dois caminhões de dinheiro, geradores de dividendos, que podem dar liquidez à empresa", disse uma fonte.

Apesar dessa posição relativamente confortável, há também problemas. O primeiro é o endividamento do grupo, de R$ 15,7 bilhões (descontado o fluxo de caixa) - a maior parte concentrada na cimenteira. Há ainda negócios em dificuldades, como o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), considerado um "erro estratégico" que passa por reestruturação pelas mãos da RK Partners (a ordem é vendê-lo o mais rápido possível).

E, por fim, vêm as multas. Além dos R$ 700 milhões da Lava Jato, a empresa também tem obrigações referentes à participação na formação de um cartel entre as cimenteiras brasileiras. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aplicou multa de R$ 241,7 milhões à InterCement, mas a empresa tenta reverter a decisão na Justiça.

'Vende-se'

A venda de ativos do grupo Camargo Corrêa está em diferentes estágios. No caso da Alpargatas, fundos como Carlyle e KKR estão em processo competitivo pelos 44% da Camargo Corrêa, que garantem o controle do negócio. Fontes dizem que o Advent teria sido procurado, mas não se interessou.

A CPFL, que começou a ser oferecida ao mercado há cerca de dois meses, não deve ter problemas para atrair interessados. "Vendem a hora que quiserem", disse um banqueiro sobre o ativo de energia.

Já a InterCement, que concentra um terço da receita do grupo, de R$ 26 bilhões, até agora não conseguiu atrair interessados, segundo fontes. A dívida alta (de ¤ 2,5 bilhões), a baixa demanda por cimento no Brasil e a fusão global entre Holcim e Lafarge, que pôs vários ativos à venda, reduzem o apelo do negócio neste momento.

Analista sênior da agência de classificação de risco Fitch, Phillip Wreen diz que qualquer movimento de capitalização do grupo é bem-vindo, embora o momento difícil da economia brasileira possa ser um empecilho.

A Camargo Corrêa informou, em nota, que "está sempre atenta às oportunidades de investimento que criem valor no longo prazo". Procurados, Advent, Carlyle, CCR e CPFL não quiseram comentar. RK e KKR não retornaram os contatos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente da divisão de Engenharia da Camargo Corrêa Dalton dos Santos Avancini confirmou em depoimento à Justiça Federal, na manhã desta terça-feira, 15, a existência do cartel em contratos da Petrobras e detalhou o suposto envolvimento da empreiteira Andrade Gutierrez, no esquema de fraudes e propina em contratos da estatal.

"Existiram reuniões, quando se decidiu quem seriam os vencedores do Comperj", afirmou Avancini ao ser ouvido pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato, em ação penal contra executivos da Andrade Gutierrez.

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As obras do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj), iniciadas em 2008, por mais de US$ 8 bilhões, foi alvo da divisão de obras entre empresas do cartel, alvo da Lava Jato. Foi nesta obras que foi montando a tabela do "Bingo Fluminense", que classificava os pacotes de obras como torneio e previa os contratos como prêmios.

Avancini apontou que as reuniões do cartel foram feitas inclusive na sede da Andrade Gutierrez - empresa que seria do grupo de líderes. Um dos encontros citados por ele teria ocorrido em 12 de setembro de 2011. Ele apontou o executivo Elton Negrão como representante de contato da empreiteira.

"Tinham várias dessas reuniões. Por isso não me recordo de detalhes destas reuniões. Mas esta reunião foi mencionada porque é uma reunião que foi feita na sede da Andrade, já em 2011, e acredito que um dos motivos dessa reunião discussões do projeto do Comperj que estavam por vir", afirmou Avancini, ao ser questionado pelo procurador da Repúblico Paulo Roberto Galvão.

Segundo o executivo da Camargo, houve direcionamento dos contratos dentro das reuniões do cartel. "Essas decisões não se tomavam em uma reunião. Havia um direcionamento que vinha sendo construído e provavelmente nessa reunião foi para se confirmar isso."

Delator da Operação Lava Jato, Avancini foi ouvido na ação penal em que são réus o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, e executivos da empreiteira - uma das líderes do esquema de corrupção na Petrobras que pagava propinas de 1% a 3% nos contratos da estatal para o PT, PMDB e PP.

Regra

O delator afirmou que "todas as empresas pagavam propina". "Era uma regra e todo mundo pagava."

Questionado pelo juiz Sérgio Moro, Avancini explicou que a propina paga pelo cartel era repassado à Petrobras dentro do custo da obra. "Na formação de preço já se incluía que haveria esse 1% que seria pago como propina para as diretorias", explicou o executivo.

Segundo o ex-presidente da Camargo, o valor era embutido em forma de provisão no item "contingências".

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