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O ministro dos Transportes, Renan Filho, reforçou nesta quarta-feira, 18, que irá trabalhar para destravar o projeto da Ferrogrão, conforme já mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), e afirmou que buscará a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para ouvi-la sobre o empreendimento. Planejado para ter 933 quilômetros de trilhos, ligando Sinop (MT) a Miritituba (PA), o projeto da ferrovia está parado por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). A obra é estruturada para ser o principal centro de escoamento de grãos de MT, papel que hoje é exercido pela BR-163, mas enfrenta percalços há décadas em razão, em parte, dos impactos ambientais que podem ser gerados pela construção.

Em coletiva sobre o anúncio do plano para os 100 primeiros dias de trabalho da pasta, Renan Filho defendeu a obra, que, para ele, pode ser ambientalmente mais sustentável do que manter o modal rodoviário como principal centro de escoamento da safra na região. Ressalvando que ouvirá a opinião de Marina Silva, o ministro destacou que, na visão técnica do Ministério dos Transportes, a obra é viável, inclusive com 100% de investimentos privados. Segundo ele, a conversa com a ministra do Meio Ambiente sobre o projeto foi uma recomendação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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Com a imagem do projeto desgastada, em razão das resistências ambientais, o ministro disse não gostar do nome "Ferrogrão" para a ferrovia. "Fica parecendo que é algo que vai contra o meio ambiente", disse o ministro a imprensa.

Questionado sobre a relação que construirá com a área ambiental do governo, diante do histórico atrito entre o setor de infraestrutura e o MMA, Renan Filho respondeu que não irá defender medidas que causem um dano irreversível ao meio ambiente, mas que trabalhará para defender avanços dentro das condições ambientais "possíveis". Ele reconheceu que poderão existir conflitos, mas afirmou que o diálogo será o caminho de "saída" para o Brasil.

"Muitas pessoas do agro têm me dito que não têm interesse em desmatar. A ideia do ministro Rui Costa é fazer o que for possível, ninguém vai defender construir uma obra que destrua o meio ambiente, porque isso é ruim para o agro, tem que ir pra fronteira da possibilidade. Estratégia do governo anterior, de 'vamos passar boiada', travou. Essa agenda não é boa para o País, agenda boa é fazer o que dá pra ser feito dentro das condições de sustentabilidade ambiental consideradas, estabelecidas internacionalmente", disse Renan Filho.

Perguntado ainda se levará diversidade para sua equipe no Ministério, que ainda não foi anunciada, o ministro respondeu que vai "procurar trabalhar nisso". "Acho que é um exercício que todos nós devemos fazer. O presidente Lula fez", disse ele, que considera o setor de engenharia muito masculinizado.

Pauta que atravessa governos, o aumento da malha ferroviária no País também aparece com destaque nos planos do novo ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB). Assim como outras gestões, o ministro tem o desafio de tirar do papel projetos que exigem um capital expressivo e, muitas vezes, geram pouco apetite da iniciativa privada em assumir riscos. Por isso, o ministro afirmou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que avalia na pasta qual será o melhor caminho para desenvolver o modal, de forma que atraia o privado junto da participação do setor público - o que pode incluir projetos de Parcerias Público-Privadas (PPPs).

Demanda histórica do agronegócio, a Ferrogrão também se tornou parte da agenda de Renan Filho, que vê caminhos para retomar o projeto paralisado por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante de resistências ambientais ao empreendimento, o ministro fez uma defesa dos benefícios de se substituir o transporte rodoviário pelo ferroviário. Ele ainda elogiou o Marco Legal das Ferrovias e indicou que a pasta quer melhorar o arcabouço de regras sem mexer no "cerne" da lei.

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O Brasil conta com uma participação baixa de ferrovias no transporte de cargas - menos de 20% da matriz. Renan Filho destaca como isso tem "estressado" as rodovias, diante do crescimento robusto da produção de grãos no País.

"O objetivo é criar as condições para termos uma atuação mais arrojada em ferrovias", apontou o ministro, para quem é fundamental intensificar esforços para escoar via ferrovias a produção do oeste da Bahia, da região do Matopiba e da região central do País, especialmente do Mato Grosso. É por essa razão que, além da Ferrogrão, as ferrovias de Integração Oeste-Leste (Fiol) - que já teve um segmento leiloado - e de Integração Centro-Oeste (Fico) também aparecem com destaque na agenda da pasta.

Atualmente, parte desses traçados é construída com recursos obtidos pela União por meio das renovações antecipadas de contratos de concessão - o chamado investimento cruzado. O ritmo de construção, contudo, não é o mais desejado. Questionado se poderá alocar mais recursos públicos nesses projetos, o ministro antecipou que conversará com o governo sobre o assunto, uma vez que, pelo orçamento previsto para as ferrovias, não há "tanto espaço" para se pensar em PPPs e constituição de fundos. "Se pudermos fazer uma revisão, podemos discutir essa questão", explicou.

"O ideal era que os projetos de concessão fossem exclusivamente privados. Entretanto, entre alguns segmentos, ainda não há viabilidade. Então o público não pode se eximir da responsabilidade de estudar a possibilidade de participar. Esse é o caminho que deve acontecer. Esperamos construir condições para ter um modelo novo", completou o ministro. Ele ainda citou as renovações antecipadas de contratos de concessão de ferrovias, instrumento que, segundo ele, deve continuar, desde que "signifique também um benefício robusto para a sociedade".

Ferrogrão.

Planejado para ter 933 quilômetros de trilhos, ligando Sinop (MT) a Miritituba (PA), o projeto da Ferrogrão está parado por ordem do ministro Alexandre de Moraes. A obra é estruturada para ser o principal centro de escoamento de grãos de MT, papel que hoje é exercido pela BR-163. Moraes suspendeu o projeto a pedido do PSOL. A questão de fundo está ligada a uma lei - resultado de uma medida provisória - que alterou os limites do Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, ponto importante para viabilizar o traçado da Ferrogrão.

Questionado se irá atuar no STF para destravar o projeto, Renan Filho afirmou que a questão será discutida "com profundidade", e emendou dizendo ver caminhos para retomar a ferrovia. "É muito importante que a gente discuta a importância do País para alimentar o planeta, conter a inflação internacional de alimentos. E para proteger o meio ambiente. Porque a Ferrogrão é uma proteção do meio ambiente, porque com ela tiramos caminhão da estrada, e assim reduz o desmatamento também", citou o ministro, antecipando qual deve ser sua linha de argumentação ante o STF e outras instâncias que cuidam de questões ambientais. Os benefícios ambientais do projeto já eram parte da linha de defesa feita pelo ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.

Além de reduzir a emissão de carbono em relação ao que é emitido por caminhões, Renan Filho vê na Ferrogrão um caminho também de diminuir as intervenções humanas por quem passa pela região por meio das estradas. "É muito importante essa discussão com o Meio Ambiente, com o STF, e com os investidores internacionais", disse.

Marco legal das ferrovias.

Após dizer em sua posse como ministro que se debruçaria sobre o marco legal das ferrovias, em vigor desde o ano passado, Renan Filho fez elogios à lei, relatada no Senado pelo petista Jean Paul Prates - indicado à Petrobras por Lula - em trabalho conjunto com o Ministério da Infraestrutura.

O ministro vê, contudo, formas de aprimorar o arcabouço de regras, em especial nas regulamentações, mas indica que não irá romper contratos já assinados com base na legislação. Por esse modelo, as empresas conseguem aval do poder público para erguer por conta e risco próprios uma ferrovia privada.

"Tem alguns vetos que precisam ser observados, como a gente pode melhorar um pouco, algumas regulamentações que podem clarear dúvidas. Mas, de maneira geral, o marco legal foi um grande avanço. E durante esses 100 dias esperamos nos posicionar detalhadamente", explicou o ministro, destacando que as empresas têm prazos para cumprir e tirar do papel as ferrovias autorizadas. "Por exemplo, tem três anos para conseguir a licença prévia, até três anos não é recomendável retirar a autorização. É recomendável cumprir o contrato", disse.

Companhia de operações logísticas para terminais, ferrovias e portos, a VLI realiza processo seletivo para 22 vagas destinadas a jovens aprendizes. De acordo com a empresa, do total de oportunidades, 11 são direcionadas à área de eletromecânica em Divinópolis, oito são para Montes Claros e três são voltadas ao setor de logística, em Santa Luzia. Todas as cidades ficam em Minas Gerais.

Os candidatos devem ter ensino médio completo e disponibilidade diária de oito horas. As qualificações para os participantes serão desenvolvidas em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com duração de até dois anos.

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De acordo com a VLI, o processo seletivo será totalmente on-line, incluindo entre suas etapas uma análise curricular. Além de bolsa no valor de R$ 1.100 por mês, os selecionados terão cartão refeição, vale alimentação, ônibus fretado, assistência médica, entre outros benefícios.

Os interessados devem se inscrever por meio do site da empresa enquanto houver vagas. No mesmo endereço eletrônico é possível obter mais detalhes sobre as oportunidades.

Fruto de um consenso atípico entre o governo Bolsonaro e um parlamentar petista, o novo marco legal para ferrovias deve ser votado pelo Senado na semana que vem, com a promessa de organizar o arcabouço de regras do setor e permitir novos formatos para a atração de investimentos privados.

Em discussão desde 2018, quando um texto enxuto foi proposto pelo senador José Serra (PSDB-SP), o projeto está na lista de prioridades do governo e tomou novas proporções sob a relatoria do senador Jean Paul Prates (PT-RN), que estabeleceu um diálogo direto com o Ministério da Infraestrutura e com o setor.

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O projeto nasceu da ideia de introduzir no mercado ferroviário o regime de autorização. Nele, é o próprio investidor quem leva ao governo seu interesse em construir e operar uma nova linha, por sua conta e risco, e portanto com mais liberdade. Diferentemente de uma concessão, o poder público (Prefeitura, Estado ou governo federal) não precisa fazer um leilão para decidir quem vai operar o trecho, uma vez que a ideia da linha customizada surge da necessidade do investidor privado. A União precisa apenas autorizar o projeto. O modelo é uma aposta para suprir a necessidade de ferrovias em trechos curtos.

O relator dá o exemplo de um fazendeiro que, em vez de transportar sua carga por caminhões até uma via principal, resolve montar uma pequena ferrovia para atender sua necessidade. No jargão do setor, nasce assim uma "short line", comum em países como Estados Unidos e Canadá. "O grande passo que está se dando no setor é que efetivamente estamos introduzindo o domínio privado no setor das ferrovias", afirmou Prates.

O modelo de concessão para ferrovias continuará existindo e é importante, por exemplo, para grandes projetos que envolvem mais de uma carga, interesses difusos e cujo traçado corta mais de um Estado. Nesses casos, há um interesse de política ferroviária por parte do Estado brasileiro, fazendo com que o esquema de concessão - com regras mais rígidas, mas também com compartilhamento de riscos com o poder público - seja mais interessante.

"Não consideramos o modelo de concessão ultrapassado ou ruim, mas estamos colocando uma alternativa paralela", disse o relator. Hoje, são cerca de 30 mil km de ferrovias concedidas.

Outro destaque do projeto é relativo a ferrovias abandonadas ou subutilizadas. O texto autoriza o governo a promover um chamamento público para saber se há algum investidor interessado em obter autorização para explorar trechos ferroviários ociosos por mais de três anos. A estimativa da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut) é de que existam 18 mil km de trechos abandonados ou subutilizados. Para o senador, esse formato deve despertar interesse porque a parte mais cara da fase inicial da ferrovia, que envolve o direito de passagem, já está realizada.

O projeto ainda prevê, no caso das ferrovias urbanas (trens), a possibilidade de Estados e municípios permitirem a exploração de imóveis ao lado da ferrovia para diversificar a fonte de receita da operação. Por exemplo: uma área de estacionamento, de hotel, de restaurante, que ficaria acoplada à ferrovia e poderia ser usada para aumentar a receita da empresa em vez de aumentar a tarifa do usuário.

Veja quais são as propostas do novo marco ferroviário legal:

Modelos de operação

Como é: De domínio público, as ferrovias hoje só podem ser operadas por um parceiro privado por regimes de concessão ou permissão, e ambos envolvem processo de licitação.

Como fica: Se aprovado o novo marco legal, além das concessões e permissões, as ferrovias poderão ser operadas em regime de autorização.

Regulação

Como é: A regulação do setor está concentrada em órgãos ligados ao poder concedente.

Como fica: A agência reguladora continuará com o mesmo papel, mas também existirá a figura do "autorregulador ferroviário".

Trechos abandonados

Como é: Não há política ou regra específica para recuperação de trechos abandonados ou subutilizados.

Como fica: Governo poderá fazer um chamamento para saber se há investidor interessado em explorar trechos ferroviários ociosos por mais de 3 anos.

Receita

Como é: Não há regra geral sobre a possibilidade de o operador de ferrovia urbana explorar outras fontes de receita em imóveis ao lado do trem.

Como fica: Poder público poderá permita a exploração de imóveis ao lado da ferrovia urbana para diversificar a fonte de receita da operação.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, prometeu que o governo vai se empenhar para concluir obras de ferrovias na sua gestão. Segundo ele, isso representa "zelo pelo recurso público". Bolsonaro falou sobre o assunto ao visitar as obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), em São Desidério (BA).

"Nós optamos. Antes de investir massivamente em ferrovias, é terminar as obras já começadas. Isso demonstra que temos zelo pelo recurso público e realmente estamos investindo em algo bom para o nosso Brasil", disse Bolsonaro no evento.

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Para acelerar a obra da Bahia, o governo fez uma parceria com o Exército para a construção. Em sua fala, o presidente elogiou os militares e afirmou que eles não fazem parte de uma "instituição isolada", e sim representam "o povo, o Brasil".

Antes de o presidente discursar, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou que a obra da Ferrovia de Integração Oeste-Leste é uma das mais importantes do Brasil atualmente. "É progresso na veia. É uma obra que vai fazer toda a diferença", disse.

Tarcísio destacou que a gestão Bolsonaro é "um governo de entrega". "Nós vamos transformar o agronegócio brasileiro com essa ferrovia, ainda mais em uma região em que o agronegócio mais cresce."

O Ministério de Infraestrutura prevê investimentos de R$ 30 bilhões para ampliar a malha ferroviária do país. Os recursos seriam obtidos por meio de concessões. Informações foram detalhadas pelo ministro Tarcísio Gomes de Freitas, que participou nessa quinta-feira (6) do 1º Fórum de Desenvolvimento Sustentável da Costa Verde, realizado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), na cidade de Seropédica (RJ).

"Vamos investir R$ 30 bilhões em ferrovias nos próximos 5 ou 6 anos", disse. O primeiro contrato de concessão foi assinado no ano passado e envolve a Ferrovia Norte-Sul, no trecho entre Porto Nacional (TO) e Estrela D'Oeste (SP). Para este ano, são previsas as concessões da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, que ligará Ilhéus (BA) a Figueirópolis (TO), e a Ferrogrão, projeto com origem em Cuiabá (MT) e término em Santarém (PA).

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O governo planeja ainda trabalhar por uma mudança legislativa que permita o regime de autorização. Trata-se de um modelo em que o investidor tem mais liberdade do que no regime de concessão. "Hoje não é possível nós operarmos com autorização nas ferrovias. No setor portuário, nós já fazemos isso. As autorizações abrem uma nova porta. Vale para aquele investidor que quer tomar o risco de engenharia, para que possa empreender e ter a propriedade da ferrovia, ter o benefício da perpetuidade, a liberdade para definir sua tarifa. Isso é importante para quem assume risco de longo prazo e proporciona novos investimentos ferroviários no Brasil", disse Tarcísio.

Segundo um estudo de 2018 da Fundação Dom Cabral, a malha rodoviária é utilizada para o escoamento de 75% da produção no país. As ferrovias respondem por 5,4%. Os impactos causados pela greve dos caminhoneiros de 2018 expôs a dependência do país do transporte rodoviário e gerou um debate público sobre a necessidade de se ampliar a malha ferroviária .

Tarcísio disse que o Ministério da Infraestrutura tem conversado com todos os setores em busca de melhorias coletivas. No caso dos caminhoneiros, ele destacou ter abarcado algumas demandas nos projetos de concessões de novas rodovias como a Rodovia Presidente Dutra, conhecida popularmente como Via Dutra, que liga o Rio de Janeiro à São Paulo.

"Eu tenho 70 grupos de Whatsapp de caminhoneiros para vocês terem uma ideia. E eu costumo responder todas as questões. Dá um trabalho danado, mas é importante porque isso muda um ponto de vista, às vezes segura uma greve", disse.

O governo avalia que o Supremo Tribunal Federal (STF) deve dar sinal verde à lei que fundamenta o programa de renovação antecipada de concessões ferroviárias no Brasil. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, plataforma de notícias em tempor eal do Grupo Estado, a área técnica já recebeu sinalizações de que a liminar que questiona a legislação - em vigor desde 2017 - tende a ser negada pelo plenário da Corte, em julgamento marcado para 20 de fevereiro.

Dois ministros do STF ouvidos reservadamente também acreditam haver maioria para manter o texto, apesar de considerarem difícil cravar um resultado faltando mais de um mês para a sessão. Já o ministro Marco Aurélio Mello disse à reportagem não ver problemas na renovação quando o contrato já prever a possibilidade de a parceria ser prorrogada. "Vai depender. Se não há cláusula prevendo a prorrogação e se renova sem abrir concorrência, aí a coisa fica séria." A princípio, essa posição não atrapalharia os planos do governo sobre a malha paulista, por exemplo, cujo contrato de 1998 já previa a possibilidade de prorrogação por mais 30 anos.

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O Tribunal de Contas da União (TCU) deu aval à renovação antecipada da malha paulista no fim do ano passado, mas o novo contrato ainda não foi assinado entre o governo e a concessionária Rumo. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, já afirmou que não seria necessário aguardar a posição do STF.

A posição do TCU era aguardada com expectativa pelo Executivo, já que a postura do tribunal dá uma sinalização de como deve se portar diante dos demais pedidos de renovação antecipada que estão na fila. Agora, Freitas se movimenta para evitar uma derrota no Supremo Tribunal Federal, tendo já se encontrado com alguns ministros para tratar da ação.

A lei foi contestada em agosto de 2018 pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na gestão de Raquel Dodge, que deixou o comando do órgão em setembro. O atual procurador-geral da República, Augusto Aras, confirmou que vai manter a posição de sua antecessora.

A PGR acionou o Supremo sob a alegação de que a prorrogação antecipada ofende a regra das licitações e o princípio da competitividade, afastando potenciais interessados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou, por meio de vídeo publicado em seu perfil no Twitter, que o governo de Jair Bolsonaro vai retomar as concessões de ferrovias e prometeu três licitações até 2020. O programa, conforme ele, será "ambicioso, mas possível", e permitirá que o setor ferroviário dobre sua participação na matriz de transporte brasileira até 2025, saindo dos atuais 15% para algo entre 29% e 30% em um período de oito anos.

A primeira concessão, segundo o ministro da Infraestrutura, será realizada já em março com a licitação da ferrovia Norte-Sul, que vai ligar Porto Nacional, em Tocantins, à Estrela do D'Oeste (SP), unindo Porto do Itaqui, no Maranhão (MA), ao Porto de Santos, em São Paulo (SP). As outras duas concessões serão a ferrovia de integração Oeste-Leste na Bahia, que vai ligar Caetité ao Porto de Ilhéus, e ainda a Ferrogrão, no Mato Grosso (MT).

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"Vamos ter uma grande espinha dorsal ferroviária. Isso vai ser transformador para o País", destacou Freitas, em vídeo publicado em seu perfil no Twitter. A mensagem foi compartilhada pelo presidente Bolsonaro que exaltou a formação e a experiência militar do ministro.

Freitas anunciou ainda que o governo fará a prorrogação antecipada dos contratos de concessão e vai usar as outorgas (antecipação da receita futura dos licitantes) para a construção de novos trechos. A primeira que utilizará este modelo, conforme o ministro, será a Ferrovia da Integração do Centro-Oeste, que vai ligar Água Boa, no Mato Grosso, a Campinorte, em Goiás.

"Vamos impulsionar uma área de influência que representa praticamente 16 milhões de toneladas no Vale do Araguaia. Isso vai ter um impacto muito forte no frete e vai gerar uma competição entre eixos importantes. É tirar caminho das rodovias e diminuir o custo Brasil", conclui o ministro.

As fortes nevascas atrapalharam viagens em partes da Alemanha e da Áustria neste sábado. Autoridades fecharam estradas e ferrovias por causa do perigo de avalanches e aeroportos reportavam cancelamentos relacionados ao clima.

O aeroporto de Munique, o segundo maior da Alemanha, disse que 120 voos foram cancelados e que ocorreram adiamentos enquanto os trabalhadores tiravam neve da pista e removiam gelo dos aviões. A polícia alemã disse que uma pessoa morreu e duas ficaram gravemente feridas quando um carro derrapou no trânsito em estrada congelada próxima à cidade de Bad Toelz.

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Na Áustria, o treinamento e a etapa de qualificação para o torneio de salto de esqui anual Four Hills foram cancelados depois de mais de 50 centímetros de neve durante a noite. Autoridades fecharam estradas ao redor de Bischofshofen, onde a competição está sendo realizada. A empresa ferroviária austríaca OeBB informou que várias conexões de trem no país foram suspensas devido ao risco de avalanche. Autoridades regionais de Salzburgo advertiram ainda contra o esqui fora de trilhas, acrescentando que "muitas avalanches grandes e muito grandes são possíveis à tarde e durante a noite", o que pode afetar estradas e ferrovias.

A emissora pública austríaca ORF informou que a pequena vila de St. Johann foi evacuada porque autoridades temiam que ventos fortes pudessem desencadear uma grande avalanche. Cerca de 600 moradores e turistas ficaram presos na aldeia de Soelktal após o fechamento de uma estrada, segundo a mesma emissora.

O aeroporto de Innsbruck informou que "as condições climáticas atuais causaram grande restrições no tráfego aéreo" e pediu aos viajantes para verificar o status de seus voos antes de irem para o aeroporto.

Quantidades significativas de neve estão previstas para partes da Alemanha, Áustria e Suíça nos próximos dias.

Autoridades na Grécia relataram interrupções de viagens devido à neve no norte do país. Fonte: Associated Press.

O Ministério Público Federal (MPF) ingressou nesta semana com uma ação de inconstitucionalidade contra a prorrogação dos contratos de concessão de cinco malhas de ferrovias já em operação. A ação questiona medida provisória que foi convertida em lei no ano passado, reduzindo exigências e abrindo caminho para a prorrogação. O governo diz que vai manter os preparativos para assinatura dos contratos, apesar do pedido do MPF de suspensão imediata.

"Há um pedido do Ministério Público, mas não tem nada decidido", disse ao Estado o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Mario Rodrigues. "A agência vai continuar a fazer o seu papel e vamos aprovar a Rumo."

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A prorrogação do contrato da Rumo Malha Paulista, com 1.989 km de linhas no interior de São Paulo, é a primeira de uma fila de cinco concessionárias que ganharão mais tempo à frente dos negócios, em troca de investimentos. As outras são: Estrada de Ferro Carajás, Estrada de Ferro Vitória a Minas, Ferrovia Centro-Atlântica e a MRS Logística. Juntas, elas prometem investir mais pelo menos R$ 32 bilhões.

Além disso, a Rumo aceitou pagar ao governo R$ 1,3 bilhão pela renovação do contrato. O dinheiro já tem destino: a construção de uma nova ferrovia em Mato Grosso, ligando Água Boa até uma conexão com a Ferrovia Norte-Sul em Campinorte (GO). Com essa obra, os grãos produzidos no Centro-Oeste conseguem chegar de trem até o Porto de Itaqui (MA), barateando o custo do transporte.

Contratos

O problema é que, até agora, as concessionárias não fizeram os investimentos prometidos nos contratos de concessão assinados nos anos 90, segundo petição assinada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ela cita relatório da ANTT sobre a Rumo Malha Paulista, que aponta a falta de quase R$ 1 bilhão em obras e serviços. A agência reguladora já abriu 147 processos administrativos contra a concessionária.

A prorrogação é prevista nos atuais contratos. Mas sob uma condição: que os serviços tenham sido prestados de maneira adequada durante todo o prazo. O MPF alega que os contratos têm "vasto histórico de descumprimento de cláusulas contratuais, de dilapidação de patrimônio público e de flagrante desrespeito ao interesse público."

A Lei 13.448/17, que reduziu as exigências para a prorrogação, determina que a análise sobre a prestação do "serviço adequado" ficou restrita ao cumprimento das metas de produção e segurança, em pelo menos três dos últimos cinco anos de execução contratual.

A Advocacia-Geral da União (AGU) informou que ainda não foi notificada da ação. Enquanto isso, os trabalhos para as prorrogações seguem seu curso. O próximo passo previsto é a ANTT entregar, no TCU, os estudos econômicos referentes à prorrogação do contrato da Rumo. Essa medida vem sendo construída desde 2015. "Para mim, como técnico, como gestor, é uma decepção", disse Rodrigues. "Porque nós temos contratos que ainda têm mais sete a dez anos de duração, mas são totalmente ineficientes." Com a renovação, acrescentou, os investimentos seriam retomados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O secretário especial da Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Adalberto Santos de Vasconcelos, disse que o governo está em negociações para criar uma regra de transição e não ter que adotar já a nova sistemática do Tribunal de Contas da União (TCU) que passou a exigir o envio de extrato com todas informações de uma licitação com antecedência de no mínimo 150 dias da data da publicação do edital.

Isso obriga o governo a enviar todos os dados seis meses antes do dia da disputa, o que inviabiliza qualquer plano do governo de licitar novos projetos até o fim do ano. Entre os projetos que seriam afetados pela nova regra estão rodovias, ferrovias e até mesmo o leilão do óleo excedente da cessão onerosa, com o qual o governo esperava arrecadar R$ 100 bilhões em bônus de outorga e, com parte desses recursos, pagar a Petrobrás pela revisão do contrato assinado em 2010.

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"O governo está em tratativas com TCU para ter uma regra de transição", disse Vasconcelos, sem esclarecer quais projetos teriam tratamento especial. Segundo ele, alguns estão em "pleno andamento", por isso a necessidade de uma regra de transição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo já tem pronto o texto final da Medida Provisória (MP) que vai modificar os contratos de concessão em infraestrutura. A MP abrirá caminho para que as concessionárias de rodovias, ferrovias e aeroportos possam antecipar a prorrogação da concessão em troca de investimentos não previstos em contrato.

A medida também permitirá a devolução voluntária das concessões pelos consórcios que não tiveram condições de tocá-las. Cálculos preliminares indicam que as mudanças regulatórias poderão injetar R$ 15 bilhões de novos investimentos só em rodovias e ferrovias.

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O texto da MP passa por uma última análise jurídica na Casa Civil antes de ser editado, o que deve ocorrer em breve, segundo apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A MP seria editada junto com o pacote de concessões, anunciado no início em setembro, mas não foi possível concluir a tempo as discussões técnicas com o Tribunal de Contas da União (TCU).

A possibilidade de prorrogar o prazo das concessões estava em estudo no governo de Dilma Rousseff, na tentativa de destravar investimentos de forma mais rápida, pois o concessionário já está escolhido e de posse do negócio. "O texto está bem maduro", disse uma fonte. Não haverá mudanças na regulação para outras áreas, como portos, energia e saneamento.

A devolução de concessões que se mostraram insustentáveis seria uma rescisão amigável do contrato, que permitiria ao governo "relicitar" o negócio. Os investimentos que tenham sido realizados serão calculados e incluídos no preço pelo qual o empreendimento irá a novo leilão. Assim, o novo concessionário ressarcirá o antigo.

Segundo essa mesma fonte, como se tratam de investimentos feitos recentemente, ao contrário do ocorreu com o setor elétrico, o cálculo da indenização é mais fácil. A agência reguladora fará uma avaliação e os donos da concessão apresentarão a conta dos investimentos feitos. Se não houver acordo, será chamada uma câmara arbitral.

A MP é a aposta do governo para resolver o impasse que se instalou sobre algumas concessões leiloadas no governo Dilma. A possibilidade de devolução amigável do negócio é destinada sobretudo a consórcios liderados por construtoras que estão sob investigação na Operação Lava Jato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo acabou de vez com a possibilidade de abrir as ferrovias do País para um modelo aberto de operação, no qual diferentes empresas poderiam contratar a capacidade de transporte da malha federal e, a partir daí, fazer uso dos trilhos para o transporte de carga. Com a decisão, o governo esvazia um pouco mais as atribuições da estatal Valec, responsável pela gestão das ferrovias.

Segundo fontes do governo, a medida faz parte de um movimento do Palácio do Planalto para enxugar a estrutura da Valec, eliminando cargos da estatal. Neste mesmo caminho está a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), criada em 2012 para cuidar dos estudos do trem-bala, projeto que foi abandonado, e que depois passou a cuidar do "planejamento integrado de logística no País, interligando rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias".

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Na quinta-feira (13) o plano desenhado para as ferrovias pela ex-presidente Dilma Rousseff foi enterrado de vez. Por meio de um decreto 8.875 publicado no Diário Oficial da União, o governo cancelou os efeitos de outro de decreto (8.129/2013), que instituía o chamado "open access" e atribuía à Valec a missão de administrar a exploração aberta das estradas de ferro. Com a decisão, fica mantido o modelo atual de outorga ferroviária, no qual o governo concede determinado trecho de ferrovia para uma única empresa, que passa a ser responsável por sua operação e manutenção.

A Valec não comentou o assunto. Por meio de nota, o Ministério dos Transportes informou que, "após mais de dois anos de edição do decreto que instituiu a política de livre acesso, mesmo com a realização de estudos no âmbito da primeira etapa do Programa de Investimento em Logística (PIL), não se logrou a realização de novas outorgas da infraestrutura ferroviária".

A proposta previa que a Valec atuasse como uma intermediária das transações de transporte, comprando a capacidade logística de empresas que responderiam pelos trechos e revendendo para terceiros, os donos das cargas. Segundo o ministério, o fracasso da tentativa está atrelado à "ausência de suficiente previsibilidade fiscal para a aquisição de capacidade pela empresa estatal, o que se agravou diante da atual crise econômica" e afastou o interesse de investidores.

"Desta forma, fez-se premente que fossem avaliados distintos modelos para o alcance dos objetivos de ampliação da infraestrutura e da ampliação da capacidade de transporte", declarou o ministério. "O referido decreto tornou-se incompatível com a nova perspectiva de concessões ferroviárias e por isso precisava ser revogado."

Apesar de permanecer com o "modelo vertical" de operação ferroviária, o governo afirma que o acesso de outras empresas à malha está garantido, "por meio do compartilhamento da infraestrutura ferroviária, na modalidade de tráfego mútuo e de direito de passagem".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Operação "O Recebedor", que investiga um esquema de corrupção envolvendo grandes empreiteiras na construção das ferrovias Norte-Sul e de Integração Oeste e-Leste (Fiol), foi feita a partir de informações obtidas pela Operação Lava Jato nos acordos de colaboração firmados pela Camargo Corrêa e seus executivos.

As investigações revelaram prática de cartel e lavagem de dinheiro ilícito, obtido por meio de superfaturamento das obras públicas. Somente no Estado de Goiás foi detectado desvio de cerca de R$ 630 milhões, considerando-se somente trechos executados na construção da Ferrovia Norte-Sul. Odebrecht, Queiroz Galvão, Mendes Junior, Serveng e Constran estão entre as empreiteiras investigadas nessa operação.

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Nos depoimentos de colaboração, os executivos da Camargo Corrêa entregaram provas contra o ex-presidente da Valec, a estatal das ferrovias, José Francisco das Neves, o Juquinha. Ele foi afastado do cargo em 2011, por suspeita de corrupção, na "faxina" da presidente Dilma Rousseff. Conforme as colaborações, teria recebido R$ 800 mil em propina. A PF cumpre mandado de busca e apreensão em endereços de Juquinha. Indicado à presidência da Valec em 2003 pelo PR - partido do deputado federal Valdemar Costa Neto (SP), seu padrinho político -, ele precisou do aval do ex-senador José Sarney (PMDB-AP) para assumir o cargo na estatal.

A Camargo, que é alvo da Lava Jato, já anunciou acordos de colaboração com o Ministério Público Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), por meio dos quais se comprometeu a pagar mais de R$ 800 milhões.

Os investigadores concluíram que empreiteiras realizavam pagamentos regulares, através de contratos simulados, a um escritório de advocacia e mais duas empresas sediadas no estado de Goiás, indicadas por Juquinha, usadas como fachada para maquiar origem lícita para o dinheiro proveniente de fraudes em licitações públicas.

Os delatores da Camargo forneceram provas documentais e indicaram testemunhas contra outras empresas e pessoas que também teriam participado do esquema criminoso apurado pela "O Recebedor". O nome da operação é referência à defesa apresentada por Juquinha na operação intitulada "Trem pagador". Seus advogados alegaram que, "se o trem era pagador, o alvo não era o recebedor". Juquinha foi preso na ocasião.

As investigações da Trem Pagador começaram quando a Procuradoria da República em Goiás fazia levantamento para pedir à Justiça a indisponibilidade de bens de Juquinha, investigado por inflar preços da obra da Ferrovia Norte-Sul quando presidente da Valec, beneficiando empreiteiras. O trabalho mostrou que um vasto patrimônio, avaliado em R$ 60 milhões, estava em nome do ex-dirigente, parentes e laranjas.

Os 51 mandados da Operação "O Recebedor" estão sendo cumpridos no Paraná, Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. Não há ordens de prisão, apenas de condução coercitiva (sete) e de busca e apreensão (44). Em dezembro, a PF fez a primeira operação resultado de investigações da Lava Jato, a Crátons, que teve como foco a extração e comercialização ilegal de diamantes em terras dos índios cinta-larga, em Rondônia. A Lava Jato investiga esquema de corrupção na Petrobras.

Obras

A Fiol é um projeto de 1.527 km de extensão que corta o Estado da Bahia, para escoamento de grãos e minérios. Conforme reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo em setembro passado, a obra já consumiu R$ 3 bilhões e ainda não foi concluída. Na ocasião, a estatal Valec, responsável pela construção, acumulava dívida de R$ 600 milhões com fornecedores. A Ferrovia Norte-Sul é um projeto dos anos 1980 e foi iniciada no governo de José Sarney (1985-1990). Na época, o então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva dizia que era uma obra para ligar "nada a lugar nenhum". Anos depois, a ferrovia virou uma das vitrines do governo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O projeto, que foi ampliado por Lula, prevê ligar Açailândia, no Maranhão, até Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

Em Açailândia ela se interliga, hoje, com a Ferrovia dos Carajás e vai até São Luiz. O governo quer construir outro braço até Barcarena (PA), um percurso de 477 km com investimento estimado de R$ 3,7 bilhões. A parte já construída, com recursos públicos, vai de Açailândia até Anápolis (GO). Há outro trecho praticamente pronto, de Anápolis até Estrela d’Oeste (SP), uma obra de 682 km estimada em R$ 3,38 bilhões. Foi uma obra bancada com recursos do PAC, mas que será entregue à exploração pela iniciativa privada mediante concessão.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira, 26, a Operação "O Recebedor" resultado de desdobramento da Operação Lava Jato com base em informações colhidas em um depoimento de delação premiada e acordos de leniência que apontaram pagamento de propina para a construção de ferrovias Norte-Sul e Integração Leste-Oeste. As investigações revelaram prática de cartel e lavagem de dinheiro ilícitos obtidos por meio de superfaturamento de obras públicas.

Os investigadores concluíram que as empreiteiras realizavam pagamentos regulares, por meio de contratos simulados, a um escritório de advocacia e mais duas empresas sediadas no estado de Goiás, utilizadas como fachada para maquiar origem lícita para o dinheiro proveniente de fraudes em licitações públicas.

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Os mandados estão sendo cumpridos no Paraná, Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. Em dezembro, a PF fez a primeira operação resultado de investigações da Lava Jato, a Crátons, que teve como foco a extração e comercialização ilegal de diamantes em terras dos índios cinta-larga, em Rondônia. A Lava Jato investiga esquema de corrupção na Petrobras.

No histórico de problemas acumulados nas obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), fazer qualquer previsão sobre a conclusão do projeto baiano virou um exercício de futurologia. As dúvidas desaparecem, porém, quando o assunto é o preço da ferrovia baiana.

Com seu cronograma original completamente comprometido, a Fiol viu seu orçamento estourar em nada menos que R$ 2,2 bilhões. O custo inicial da ferrovia baiana, que foi estimada em R$ 4,3 bilhões, agora já chega a R$ 6,5 bilhões.

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Na quarta-feira (21), na tentativa de dar uma resposta e acalmar os ânimos de deputados durante audiência na Câmara, o presidente da estatal federal Valec, Mário Rodrigues Júnior, disse que, até o primeiro trimestre de 2018, deverá ser entregue um trecho total de 1 mil km da ferrovia, ligando as cidades de Barreiras, no oeste baiano, a Caetité e, finalmente, a Ilhéus, no litoral do Estado.

Metade desse trecho, segundo Rodrigues, tem possibilidade de ser concluído no segundo semestre de 2017.

Previsões à parte, o fato é que a Fiol já acumula dois anos e meio de atraso. Iniciada em 2010, a obra deveria ter ficado pronta em julho de 2013. Se a nova profecia da Valec se cumprir, serão cinco anos de adiamentos e aumentos de custos.

Extensão

Se pairam dúvidas sobre a execução desses 1 mil quilômetros de trilhos, não é melhor a situação de um trecho adicional do projeto, um traçado de 500 km previsto para ligar a Fiol à Ferrovia Norte-Sul, a partir de Figueirópolis, no Tocantins.

Sobre essa malha, não há sequer licenciamento ambiental ou traçado definitivo. Na prática, não há nada em execução nesta ponta da Fiol. Quanto ao outro extremo da linha, onde espera-se a conclusão do chamado "Porto Sul", também não há mais um cronograma definido.

Na quarta, durante audiência pública na Comissão do Trabalho, da Administração e Serviço Público da Câmara, o deputado Arthur Maia (BA), líder do Solidariedade pressionou o presidente da Valec sobre as demissões em massa feitas pelas empreiteiras contratadas pela estatal.

Conforme reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo no mês passado, até um ano atrás os lotes da Fiol eram ocupados por 5,6 mil trabalhadores. Hoje, esse número caiu pela metade, para 2,9 mil funcionários.

Por trás dessas demissões estão os atrasos nos pagamentos da Valec para as empresas. Em alguns casos, disse Rodrigues, houve atrasos de até 90 dias nos pagamentos.

"Fizemos uma redução drástica, por conta do corte do orçamento", argumentou o presidente da Valec, admitindo que há ainda novos pedidos de suspensão de serviços, por conta do ritmo lento que domina o empreendimento.

Apesar das dificuldades, disse Rodrigues, a expectativa é de que a Fiol passe a retomar gradualmente suas obras a partir de março do ano que vem, com a perspectiva de novas contratações. Hoje a prioridade é concentrar os poucos recursos disponíveis na execução de trabalhos de contenção, para que não se perca o que já foi executado.

Nos cálculos da Valec, a execução física entre Barreiras e Ilhéus chega a 39% do total. Rodrigues afirmou que, apesar do ritmo lento, não há atualmente nenhum lote paralisado. Quanto às dívidas com os trabalhadores, disse ele, foram todas quitadas. A Fiol já consumiu R$ 3 bilhões dos cofres públicos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo tem conversado com as atuais concessionárias de ferrovias para negociar uma proposta de prorrogação de seus contratos, que começam a vencer em 2026. A negociação antecipada é vista como uma forma de planejar investimentos no setor, com obras que permitam ampliar a capacidade de tráfego dos trechos, além de abrir espaço para a construção de novos pátios, duplicações e ramais. Em troca das obras, as concessionárias ficariam mais anos à frente de seus trechos.

Em junho, quando anunciou a nova fase de seu pacote de concessões, o chamado Programa de Investimentos em Logística (PIL), o governo estimou que essas intervenções podem atrair investimentos de até R$ 16 bilhões no médio prazo. A medida é bem vista pelas concessionárias.

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"Esse plano de revitalização a partir das atuais concessões é aguardado pelo setor. É fundamental que essa negociação avance para que haja melhoria da malha existente", diz Rodrigo Vilaça, diretor executivo da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros (ANPTrilhos).

As ferrovias são o "calcanhar de Aquiles" no plano de concessões do governo. Há mais de três anos - em agosto de 2012 - foi anunciada a concessão de 11 mil quilômetros de malha ferroviária País afora, um gigantesco volume de obras que atrairia, à época, R$ 99,6 bilhões em investimentos.

Nenhum metro de ferrovia foi concedido até hoje, por conta de sucessivas mudanças de propostas e dificuldades de se estruturar um modelo de negócios que atraísse o empreendedor.

"Essas alternâncias de planos afastaram o investidor, que ainda hoje espera uma proposta mais consolidada e convincente. Há um certo desdém com o setor, mas acredito que há espaço para que as concessões avancem, agora que se busca um modelo mais centralizado de operação das ferrovias", afirma Vilaça. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O revés da economia brasileira tem rendido bons negócios para as companhias ferroviárias. Tradicionalmente bancadas pelo transporte de granéis, como minério de ferro e grãos, elas abriram espaço para novas cargas transportadas em contêineres. Detalhe: nem precisaram se esforçar muito para conquistar novos clientes. Eles vieram até elas na busca por redução de custos. A lista de produtos transportados nas grandes "caixas" de aço vão de milho, soja, açúcar e celulose a produtos industrializados, como TVs de plasma.

Se antes da crise a prioridade do setor produtivo era entregar a mercadoria no menor tempo possível, agora com a demanda mais fraca e margens reduzidas, o que importa é diminuir as despesas e garantir a rentabilidade. O movimento pode ser percebido no aumento do transporte de contêineres pelos trilhos. De janeiro a maio deste ano, seis das oito principais ferrovias que fazem esse tipo de transporte no País registraram aumentos entre 8,9% e 154% em relação a igual período do ano passado, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

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Na MRS Logística, operadora que administra uma malha de 1.643 quilômetros (km) nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, o volume transportado para o Porto de Santos - o maior da América do Sul - cresceu 57% entre janeiro e maio deste ano. Em toda a concessão, o aumento da movimentação de contêiner foi de 22%. "A crise econômica abriu a cabeça de muitas empresas, que deixaram de lado uma série de preciosismos em favor de uma redução de custos mesmo que seja de R$ 1", afirma o gerente geral de Negócios da ferrovia, Guilherme Alvisi.

O aumento da participação dos contêineres na movimentação total da MRS - embora ainda pequena - é uma novidade. O forte da empresa, formada por CSN, Vale, Usiminas, Gerdau, Namisa e Minerações Brasileiras Reunidas, é o transporte de commodities minerais. Mas o objetivo da companhia é ampliar os horizontes, afirma Alvisi. Segundo ele, nos últimos meses, 70% de seu tempo tem sido dedicado a negócios no segmento de contêineres. "Todos os dias recebemos a visita de potenciais clientes. Hoje (2/7) já estou no quarto encontro", afirma o executivo.

Foi numa dessas reuniões, que a empresa conquistou o transporte de TVs de plasma da coreana LG. Os aparelhos saem de Manaus e descem até o Porto Santos em navios de cabotagem (navegação apenas no litoral brasileiro). Ali são transferidos para trens que levam a mercadoria até Cajamar, na Região Metropolitana de São Paulo. Somente nessa operação são cerca de mil contêineres por mês. "Com a vantagem de risco zero de roubo de carga em relação ao transporte por caminhão", afirma Alvisi.

Segundo ele, a empresa está fazendo um mapeamento dos potenciais mercados para tentar explorar daqui pra frente. "Há uma infinidade de empresas que podem se tornar nossos clientes, mas queremos um direcionamento para ganharmos tempo."

Na Brado Logística, braço da Rumo Logística (ALL) na movimentação de contêiner, além de novos contratos, clientes antigos aumentaram o volume transportado por contêiner. Pelos dados da ANTT, as malhas Norte, Sul e Paulista da ALL registraram crescimento nesse segmento de 27,59%, 56,47% e 8,92%, respectivamente, entre janeiro e maio deste ano comparado a igual período do ano passado.

"Nesse momento de crise, as companhias olham mais para as ferrovias como solução para a redução de custos (na média, o transporte por ferrovia é 15% mais barato que o rodoviário). Nós estamos aproveitando a oportunidade para expandir a atividade", afirma o diretor comercial da empresa, Angelo Baptista.

Segundo ele, desde o fim do ano passado, a empresa passou a fazer o transporte de celulose em contêiner para os portos de Santos e Paranaguá. Normalmente esse tipo de produto é transportado a granel. Um dos fortes da ferrovia é a movimentação de cargas "frigorificadas", que exigem contêiner especiais para transportar especialmente carnes. "Esse é um nicho que deve crescer bastante nos próximos anos. O Brasil precisará agregar valor aos seus produtos, não só exportar a soja em grão, mas em forma de produto industrializado."

Menor ferrovia

Os efeitos da crise também chegaram aos trilhos da Ferrovia Tereza Cristina, o menor corredor ferroviário do País, com 164 km em Santa Catarina. Do ano passado para cá, a movimentação de contêiner da empresa teve um salto de 154%.

Nesse caso, a redução de gargalos no Porto de Imbituba também ajudou a incrementar a movimentação de carga da empresa, que tem transportado produtos cerâmicos, mel e arroz. Boa parte das mercadorias fica no mercado interno. O arroz, por exemplo, segue de ferrovia até o Porto de Imbituba e depois vai para o Nordeste em navios de cabotagem.

Em todos os casos, o desafio é conseguir fidelizar os novos clientes para que continuem nas ferrovias mesmo quando a economia se recuperar e o tempo de transporte voltar a ser um fator primordial para os clientes. "A diversificação é saudável para as ferrovias, pois em situação de crise elas não ficam muito expostas", afirma o superintendente da ANTT, Alexandre Porto, referindo-se à volatilidade do mercado de commodities que interfere no volume transportado das ferrovias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O modelo de concessão das ferrovias será aperfeiçoado na nova etapa do Programa de Investimento em Logística, informou o Ministério do Planejamento. De acordo com a pasta, a definição do modelo será baseada nas características particulares de cada projeto. O governo poderá realizar leilões por maior valor de outorga, menor tarifa ou compartilhamento de investimento.

O governo prevê investimentos de R$ 7,8 bilhões na Ferrovia Norte-Sul, nos trechos de Palmas (TO) - Anápolis (GO) e Barcarena (PA) - Açailândia (MA); e R$ 4,9 bilhões entre Anápolis (GO), Estrela D'Oeste (SP) e Três Lagoas (MS).

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O Ministério do Planejamento prevê que a concessão da ferrovia entre Lucas do Rio Verde (MT) e Miritituba (PA) representará um investimento de R$ 9,9 bilhões. A ferrovia que ligará o Rio de Janeiro (RJ) a Vitória (ES), por sua vez, deverá significar um investimento de R$ 7,8 bilhões.

Oceano Pacífico

Segundo o Ministério do Planejamento, a Ferrovia Bioceânica, que deverá fazer a interligação do Centro-Oeste e do Norte do Brasil com o Peru, prevê investimento de R$ 40 bilhões para o trecho brasileiro. O objetivo dessa ferrovia é escoar a produção agrícola nacional para os mercados asiáticos.

O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou falhas grave no Programa de Investimentos em Logística (PIL) voltado para a concessão de novas ferrovias. O recado básico dado pela corte de contas ao governo é o de que os estudos apresentam problemas básicos de planejamento, como a falta de integração entre os novos trechos previstos com a atual malha ferroviária.

"Verifica-se que a precariedade no planejamento do PIL Ferrovias pode resultar no insucesso de sua implantação e gera grave risco de desperdício de recursos públicos, em ofensa aos princípios constitucionais da eficiência e economicidade", declarou o tribunal, em relatório submetido nesta quarta-feira, 20, ao plenário da corte.

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Lançado em agosto de 2012 pela presidente Dilma Rousseff, o pacote de concessões de ferrovias prometia conceder 11 mil quilômetros de novas estradas de ferro, com previsão de investimentos da ordem de quase R$ 100 bilhões. Nada saiu do papel até hoje.

Depois de analisar o programa, o TCU determinou que o Ministério dos Transportes, responsável pela iniciativa, encaminhe ao tribunal, em até 120 dias, um plano de ação para incorporar as medidas pedidas pela auditoria. Foi recomendado que o plano passe a apresentar objetivos de forma clara, estabelecendo metas e indicadores de eficiência que permitam avaliar e monitorar o cumprimento desses objetivos.

Detalhamento

O governo terá de detalhar cada uma das medidas que serão adotadas, seus respectivos prazos e responsáveis, ou apresentar justificativa sobre a decisão de não seguir as recomendações.

Paralelamente, foi enviada uma mensagem clara do tribunal à Casa Civil, Ministério do Planejamento, Ministério dos Transportes, Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Valec e à Empresa de Planejamento e Logística (EPL): "Na hipótese de permanência do cenário evidenciado nesta fiscalização, a falta de estudos técnicos e econômicos atinentes ao referido programa será levada em consideração quando da fiscalização dos processos de outorgas de concessões, permissões ou autorizações baseados no modelo do PIL-Ferrovias."

Segundo o TCU, ficou demonstrado o "insuficiente grau de governança da política pública do PIL Ferrovias", condição que pode "comprometer a viabilidade econômico-financeira do programa".

Meta

A principal meta do governo no setor ferroviário é viabilizar a concessão dos 883 quilômetros da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), entre Lucas do Rio Verde (MT) e Campinorte (GO). O projeto é olhado com atenção pelos chineses, que explicitaram o interesse no projeto nesta semana. A meta do governo é licitar o projeto no primeiro semestre do ano que vem, disse ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

Em fevereiro do ano passado, esse trecho foi alvo de análise pelo TCU, que autorizou a publicação do edital de concessão da ferrovia, desde que fossem atendidas algumas determinações, como o valor previsto para a obra.

Em linhas gerais, o TCU determinou que o custo do projeto fosse reduzido em até 27%, caindo de R$ 6,3 bilhões estimados pelo governo para R$ 4,6 bilhões. O governo entrou com um recurso questionando a decisão.

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