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O juiz Fábio Aguiar Munhoz Soares, da 17ª Vara Criminal de São Paulo, rejeitou denúncia que imputava crime de racismo ao vereador Camilo Cristófaro (sem partido) em razão do episódio em que o parlamentar usou a expressão "é coisa de preto" durante uma sessão da CPI dos Aplicativos. O magistrado registrou que a fala do parlamentar poderia sim ser considerada discriminatória, mas foi dita 'sem a vontade de discriminar'. Segundo Soares, a frase 'foi extraída de um contexto de brincadeira, de pilhéria, mas nunca de um contexto de segregação'.

Em sentença assinada nesta quinta-feira, 13, o magistrado absolveu o parlamentar por entender que o fato imputado a Cristófaro 'não constitui infração penal'. "A prova dos autos não demonstra, portanto, ser límpida e firme para fins de condenação, surgindo a decisão absolutória como a mais acertada", ponderou.

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O despacho foi assinado um ano depois de Cristófaro ser denunciado pelo Ministério Público de São Paulo. A Promotoria argumentou que, com a frase 'é coisa de preto', o vereador 'depreciou e inferiorizou a coletividade de pessoas negras ao associá-la a comportamento reprovável, ratificando estereótipos raciais negativos e reforçando representações culturais derrogatórias ao manifestar desprezo por pessoas negras, praticando preconceito e discriminação'.

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou por unanimidade, nesta terça-feira, 24, a admissibilidade da representação que pede a cassação do vereador Camilo Cristófaro por fala racista. Foram 51 votos a favor e nenhum contra - eram necessários 28. Durante uma sessão híbrida da CPI dos Aplicativos, Cristófaro, sem saber que seu áudio estava aberto durante a sessão, afirmou: "Olha só, lavando a calçada, isso é coisa de preto".

Em suas redes sociais, Camilo Cristófaro se intitula hoje como o "vereador mais atuante da cidade de São Paulo". De acordo com vereadoras negras, vereadores e vereadoras transsexuais, militantes quilombolas e outros denunciantes, o parlamentar tem repetidos registros de falas racistas e transfóbicas.

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Na semana passada, a Corregedoria da Câmara havia aprovado a admissibilidade do processo que pede a cassação do mandato do vereador. Com a decisão do plenário desta terça, o processo agora volta para a Corregedoria, que terá de elaborar um novo parecer, em que ouvirá a defesa de Cristófaro. Caso a Corregedoria aprove a punição em definitivo, o processo retorna ao plenário e precisa do aval de dois terços dos vereadores, 37 votos.

A pena mínima prevista é de suspensão temporária de 30 a 90 dias e a máxima, requisitada pelo partido de oposição, é a cassação do mandato por quebra de decoro parlamentar.

Além desta acusação, o parecer aprovado relembra um outro episódio de setembro de 2019, em que o então vereador do PSB foi acusado em um outro caso de racismo. Segundo relatos da bancada do PSOL na Corregedoria da Casa, Cristófaro também foi flagrado depois, por inúmeras pessoas, dizendo a uma mulher negra que ela "não merecia ser ouvida".

No plenário da Câmara Municipal, ele chamou o vereador Fernando Holiday (Novo) de "macaco de auditório". Na época, Holiday disse ao Estadão que se sentiu "revoltado" ao ouvir as falas. Cristófaro se defendeu dizendo que a "macaco de auditório" é uma "expressão popular".

Por unanimidade, a Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo determinou a admissibilidade do processo que pede a cassação do mandato do vereador Camilo Cristófaro (sem partido). Os seis vereadores que participaram da reunião desta quinta-feira, 19, votaram a favor do relatório apresentado pela vereadora Elaine do Quilombo Periférico (PSOL). Ela esteve entre os primeiros parlamentares a protestar contra a fala de Cristófaro, que se referiu a lavar o chão como "coisa de preto" durante uma sessão híbrida da CPI dos Aplicativos. O pedido foi feito em nome do PSOL.

Com a decisão, o processo será encaminhado ao plenário para votação de todos os vereadores paulistanos. Elaine justificou o pedido citando o artigo 5º da Constituição Federal, que afirma que o "racismo é crime inafiançável e imprescritível". E mencionou mais três episódios em que o vereador Camilo Cristófaro foi acusado de racismo, um deles contra o colega Fernando Holiday (Novo).

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"O vereador reiterou a percepção de que pessoas negras são executoras de trabalhos manuais e que a ineficiência é relacionada à inaptude", disse Elaine, ao ler o relatório na reunião desta quinta-feira. Ao tentar justificar a fala como uma "piada", destacou a vereadora, Cristófaro reafirmou um estereótipo de que as pessoas negras não seriam tão capazes quanto as demais.

Ao final da sessão, o vereador Aurélio Nomura (PSDB) mencionou a ausência de justa causa, do ponto de vista jurídico, no pedido de cassação do colega. Ele elogiou o relatório do PSOL, mas citou análises do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre casos similares de acusações de racismo contra parlamentares e a falta de intenção de dolo específico na fala de Cristófaro. Nomura foi o relator do processo contra o vereador Arnaldo Faria de Sá.

O corregedor-geral da Câmara, Gilberto Nascimento Jr. (PSC), encerrou a reunião por volta das 15h30 e prometeu dar celeridade ao processo. Ele não votou sobre o relatório, já que só teria direito ao voto em caso de empate. O objetivo é reunir o relatório do PSOL aos processos anteriores sobre racismo e discriminação contra Cristófaro que já tramitaram na Casa. Não há data prevista ainda para a votação em plenário.

Corregedor-geral da Câmara Municipal de São Paulo, o vereador Gilberto Nascimento Jr. (PSC) afirmou em entrevista à Rádio Eldorado nesta quinta-feira, 5, que dará celeridade ao processo envolvendo denúncia de racismo praticada por Camilo Cristófaro (sem partido). A expectativa é que a admissibilidade do pedido de cassação do mandato possa ser levada a Plenário no dia 19. Depois, Cristófaro terá até 90 dias para se defender, o que deve estender o caso para o segundo semestre.

O parlamentar foi gravado pelo sistema da Casa usando a expressão "é coisa de preto" durante uma sessão da CPI dos Aplicativos na terça, 3. Ele é alvo de outras nove representações por quebra de decoro parlamentar desde 2017 - duas delas também por racismo. Ele diz que a expressão foi "infeliz" e nega ser racista.

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Segundo Nascimento Jr., a representação inicial feita pela vereadora Luana Alves (PSOL) contra Cristófaro deve incorporar outras denúncias semelhantes feitas por colegas da Casa e mesmo cidadãos paulistanos que procurarem a Corregedoria. Após apensar todos os documentos em um processo único, o corregedor vai escolher um relator para o caso: dois representantes do órgão são negros e podem liderar a acusação interna: Eliane do Quilombo (PSOL) e André Santos (Republicanos).

Regras mais claras

Ao responder sobre a demora na resposta a denúncias de quebra de decoro parlamentar na Câmara Municipal - dados oficiais mostram que há processos em tramitação desde 2012 -, Gilberto Nascimento Jr. afirmou que o grupo que lidera está elaborando uma proposta de reforma do trecho do regimento interno que define o que ou não passível de punição e qual a mais adequada.

Com regras mais claras, segundo o vereador, será mais rápido e também mais transparente processar parlamentares envolvidos em quebra de decoro na Casa. Também no dia 19 deve ser votado na Corregedoria o caso envolvendo Arnaldo Faria de Sá (PP), representado por mais uma denúncia de racismo. Ele usou a expressão "negro de alma branca" ao se referir ao ex-prefeito Celso Pitta durante um discurso feito por ele em julho de 2021.

Assim como no caso de Camilo Cristófaro, Luana Alves pediu a cassação do parlamentar, mas o relator Aurélio Nomura (PSDB) sugeriu uma pena mais branda: "advertência verbal". É esse o relatório que pode ser votado dia 19. Na atual legislatura, iniciada em 2020, são dez os processos em andamento por quebra de decoro.

O diretório estadual do PSB desfiliou o vereador Camilo Cristófaro da legenda nesta quarta-feira, 4, após a repercussão de uma fala racista dita por ele durante reunião da CPI dos Aplicativos na Câmara Municipal de São Paulo. A decisão foi tomada pelo presidente estadual da sigla, Jonas Donizette, e será informada ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP).

Sem saber que seu áudio estava aberto durante a sessão, que ocorria de forma híbrida, o parlamentar comentou: "olha só, lavando a calçada, isso é coisa de preto". Em seguida, a vereadora Luana Alves (PSOL), que é negra, pediu que a reunião fosse suspensa e, depois, ao confirmar que a frase havia sido dita por Cristófaro, informou que faria uma representação formal à Corregedoria da Casa.

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Donizette classificou a fala como "grave" e disse que racismo é uma prática condenável pelo PSB, que, segundo ele, tem uma "negritude" muito forte. "Como o processo de expulsão exige um determinado trâmite legal, às vezes demorado, optei por despachar o ofício apresentado pelo próprio vereador no qual ele cita o artigo que trata de desfiliação", afirmou.

O ofício em questão foi enviado por Camilo Cristófaro ao PSB no dia 28 de abril. Nele, o vereador pede seu "imediato desligamento do diretório municipal de estadual do PSB" e cita o artigo 17, inciso sexto da Constituição Federal, o mesmo que trata de desfiliação partidária. "Diante desse pedido anterior ao fato, resolvi despachar e resolver assim de forma mais rápida", afirmou.

Ao Estadão, Camilo Cristófaro afirmou que a desfiliação tem a sua "anuência". "Fiz o pedido em 28 de abril", confirma. Em nota, o presidente da Câmara, vereador Milton Leite (União Brasil) repudiou o fato e afirmou que vê com "indignação imensa mais uma denúncia de episódio racista dentro da Câmara de Vereadores de São Paulo, local democrático, livre e que acolhe a todos".

Leite, que é negro, disse ainda "lutar com todas as forças contra o racismo, crime que insiste em ser cometido dentro de uma Casa de Leis e fora dela também". Do plenário, afirmou ainda que o ocorrido está sendo apurado e será encaminhado para a Corregedoria do Parlamento paulistano. "Que o corregedor dê celeridade ao processo. O desfecho cabe aos seus membros da Corregedoria. Não dá para aceitar mais isso", disse Leite.

O vereador de São Paulo Camilo Cristófaro (PSB) foi flagrado nesta terça-feira, 3, falando uma expressão racista durante a CPI dos Aplicativos na Câmara Municipal de São Paulo.

Na frente de outros parlamentares, o áudio vazado dizia: "Olha só, lavando a calçada isso é coisa de preto".

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Essa, entretanto, não é a primeira polêmica do político na Casa Legislativa paulistana.

Em março deste ano, ele trocou farpas com o vereador Adilson Amadeu (União Brasil). Segundo Cristófaro, o colega o teria ofendido em um grupo de WhatsApp interno, durante uma discussão sobre a atuação parlamentar na Feirinha da Madrugada, área de comércio no centro da cidade de São Paulo.

Cristófaro ingressou com uma representação na Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo contra Amadeu.

Em setembro de 2019, o vereador do PSB foi acusado em um outro caso de racismo. No plenário da Câmara Municipal, ele chamou o vereador Fernando Holiday (Novo) de "macaco de auditório".

Na época, Holiday disse ao Estadão que se sentiu "revoltado" ao ouvir as falas. Cristófaro se defendeu dizendo que a "macaco de auditório" é uma "expressão popular".

Caixa 2

Na legislatura anterior (2017-2020), Cristófaro foi condenado à sanção máxima pelo Tribunal Regional Eleitoral por fazer captação ilícita de recursos financeiros durante as eleições de 2016 e ainda foi acusado de receber verbas de campanha da mesma "laranja" que teria abastecido a candidatura de José Auricchio Jr. (PSDB), prefeito de São Caetano do Sul, na época. Na época, o vereador perdeu o mandato, mas conseguiu restituir seu cargo após uma decisão do ministro do STF Luiz Fachin.

Transfobia

Na sessão de volta à Casa, Cristófaro teve uma atitude transfóbica no plenário da Casa ao chamar o vereador Thammy Miranda (PL) no feminino. "Cumprimentar a Thammy, quem eu vi nascer. Filha da Maria Odete, amiga do Colégio Regina Mundi, da minha irmã... Filha, na época, da minha amiga Maria Odete, quando fui visitá-la na Aclimação", disse na época.

Miranda era quem iria assumir o cargo de Cristófaro após a decisão do Tribunal Regional Eleitoral.

O Estadão entrou em contato com o vereador para questionar sobre o episódio desta terça-feira, na CPI dos Aplicativos, mas não obteve retorno até o fechamento essa matéria.

A 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) absolveu o vereador Camilo Cristófaro (PSB) em ação por ter comparado o governador de São Paulo João Doria (PSDB) a Hitler nas redes. Na campanha ao governo do Estado, em 2018, Camilo compartilhou vídeo no qual Doria era comparado à imagem do ditador e o escritório tucano à sala de reuniões de soldados nazistas.

O desembargador J.L. Mônaco da Silva, relator, considerou o vídeo "de gosto duvidoso", mas não entendeu que ele "tenha a intenção de macular a honra e a imagem". "É bem verdade que a imagem de Adolf Hitler causa bastante repúdio ao homem médio, sobretudo considerando as indescritíveis atrocidades e crimes praticados contra a humanidade. No entanto, o vídeo em discussão não atribui ao autor as mesmas práticas do ditador, fazendo críticas tão somente à sua campanha eleitoral em tom jocoso."

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Mônaco da Silva sentenciou. "Com efeito, embora de gosto duvidoso, o vídeo não atrela a imagem do autor à figura do ditador Hitler, mas apenas representa uma sátira à campanha eleitoral do réu, fazendo críticas bem-humoradas a respeito do que, na opinião do autor, reflete a posição do eleitorado."

O desembargador destaca que o vídeo não acarretou prejuízos eleitorais, "já que (Doria) venceu as eleições no primeiro turno".

O desembargador lembrou que "um sem número de pessoas são diariamente satirizadas por meio de 'memes'" e que autoridades estão mais "vulneráveis à exposição pública". "Mas nem por isso se mostra razoável todas baterem às portas do Poder Judiciário para pleitear indenizações."

Exclusão

A juíza da 1ª instância havia dado provimento à ação e condenou o vereador ao pagamento de R$ 50 mil por danos morais. O vereador também foi obrigado a excluir o vídeo de suas redes sociais.

Camilo afirma que não agiu de forma ilícita e que "apenas exerceu seu direito fundamental de liberdade de expressão e livre manifestação do pensamento".

O desembargador, embora tenha provido o recurso do vereador, recomendou que ele não republique o vídeo. "As eleições se encerraram há muito tempo e o direito à liberdade de expressão do pensamento já foi suficientemente exercido no momento da postagem do vídeo."

A reportagem buscou a assessoria de Doria, que disse que o governador não vai se manifestar sobre a decisão judicial.

A vereadora de São Paulo pelo PSOL Isa Penna relatou, em vídeo divulgado nas redes sociais, que foi agredida pelo vereador Camilo Cristófaro (PSB) na noite dessa quinta-feira (16). Segundo Isa, o pessebista a xingou de "vagabunda" e disse que ela não ficasse surpresa caso “levasse uns tapas na rua”. O episódio ocorreu por volta das 19h30 dentro do elevador da Câmara Municipal. 

“Encontrei no elevador privativo dos parlamentares o vereador Camilo Cristófaro (PSB) e o cumprimentei: ‘Tudo bem?’ Ao que ele respondeu: ‘Não, não está nada bem! Com essa boca que você tem, não se assuste se tomar uns tapas lá fora!’. Não bastando isso, me empurrou e me chamou de ‘vagabunda’”, descreveu a psolista. 

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Para a vereadora, a agressão foi uma “clara reação” ao pronunciamento feito por ela na última quarta-feira (15) no plenário. “Denunciei e falei aquilo que eu penso. A Câmara Municipal de São Paulo está distante de representar os direitos da população e que tudo é negociável”, lembrou. 

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Na manhã desta sexta (17), Isa Penna foi até o Departamento de Polícia da Sé para registrar uma queixa sobre a agressão e prestar depoimento. “Se isso não é quebra de decoro e violência grave contra a mulher, não sei mais o que é. Um arraigado machismo que acreditou que se imporia a uma mulher jovem”, argumentou. A vereadora é suplente de Toninho Vespoli, também do PSOL, que se licenciou por motivos de saúde. Ela assumiu o cargo no dia 8 de março.

Isa Penna também registrou o episódio na corregedoria da Câmara e uma sindicância por quebra de decoro contra Cristófaro deve ser instaurada. Segundo ela, a ascensorista do elevador testemunhou o fato. O vereador pessebista negou qualquer agressão e chegou a dizer que “quem confirmou mentiu”.

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